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Este experimento intermedia, enquanto processo comunicacional, cognitivo do corpo (o qual abarca instâncias sensório-motoras, intelectuais, emocionais) um agir (com)partilhado para a vida (RENGEL, 2007). A idosa que dança e que vive a experiência artística da arte na maturidade pode versar acerca das possibilidades da expressão do corpo emancipado. Compreender as configurações do corpo maduro na dança, suas mudanças, transformações, compartilhamentos, entrecruzamentos e conquistas a partir da experimentação do fazer e do fruir artístico que corroboram para os entendimentos do próprio corpo, ou seja, da Dança.

Todos estes processos aconteceram com a entrega e a permissão das idosas e se manifestaram como reações químicas de uma entalpia, são como naftalinas em processo de ressonâncias17.

Naftalinas, são hidrocarbonetos aromáticos, ou seja, formado por anéis em grupos de elementos químicos que se unem por afinidades e que possuem atração iônicas para se manterem agrupados. As naftalinas ou naftalenos, ao sofrerem oxidações energéticas em contato com o ar, oxigênio, faz com que haja ruptura de um dos anéis aromáticos, formando assim novos componentes químicos. As naftalinas são consideradas como híbridos de ressonância A ressonância molecular é uma componente chave nas ligações entre as moléculas a sua manifestação aumenta quando existem ligações duplas ou triplas. Numerosos compostos orgânicos apresentam

17 Usarei este termo para expressar metaforicamente os processos químicos das naftas quando

entram em contato com o oxigênio e sublimam e de como entender o comportamento das idosas nas aulas em grupo que se transformam e ressonam em novos componentes químicos.

ressonância, como é o caso dos compostos aromáticos. (DUMONT, 2017, p. 322)

Sendo assim, quando escolhi a metáfora “vamos tirar as naftalinas do armário” entende-se que novas possibilidades de transformar em sublim(ação) acontecem no corpo, nos cheiros de guardado, nas memórias do que é ser velho, do retirar as amarras e sair dos seus guarda-roupas.

Apresentava também no ato de “acender” as chamas do corpo para iniciar a aula com a proposta de soltar o corpo destas senhoras para dançar. Fazia a seguinte pergunta: naftalinas lembram o quê? Lembranças, cenas, falas, gestos... Logo a corponectividade acontece, pois, o uso desta metáfora, e neste caso empregada como catalizadoras do processo, já o aciona e imprime sobre essas, disseminando catarses de reações que as fazem entrarem em agitação, calor e combustão (chamas da vida).

As metáforas eram usadas também como proposições na exploração das qualidades dos movimentos expressivos de Laban, como subsídio, material de dança, que estão inseridas nas ações corporais como fatores de movimento. Nesse sentido, Rengel (2008) destaca que tais proposições podem auxiliar na ampliação das possibilidades do movimento, oportunizando ao sujeito descobrir muito mais ações do que imaginava que o corpo pudesse realizar. Para instigar essa descoberta, as estratégias de aula privilegiaram as improvisações, uma vez que a autora lembra sobre a proposta de Laban de experimentação, conhecimento e exploração do repertório motor.

Esses fatores foram compreendidos pelas idosas por meio das fluências de sua execução, no entendimento do espaço do corpo e do corpo no espaço, do peso como fator importante na dinâmica das forças gravitacionais que incidem sobre o corpo e seu controle (equilíbrios, forças, energias), o tempo, como elas lidavam com ele, e suas dilatações específicas nesta fase.

Os processos de dança envolveram, junto às aulas, oficinas de arte, pintura em tecido feitas à mão, confecção de figurinos, oficinas de bordados, maquiagem artística, confecção e construção de acessórios cênicos, oficinas de técnica vocal e de expressão no teatro, canto livre e memória, todas auxiliam assim, o desenvolvimento dos trabalhos para a cena e para a vida.

As oficinas foram ministradas por profissionais convidados, discentes da FSBA, na qualidade de atividade extensionista, acompanhados por seus preceptores, e/ou foram ministradas por integrantes do próprio GPG.

Figura 8 – Oficina de Capoeira com alunos Curso de Educação Física (FSBA), 2018

Fonte: Acervo pessoal.

Figura 9 – Oficina de condicionamento físico (FSBA), 2018

Fonte: Acervo pessoal.

Com GPG, junto às oficinas e atividades de alongamento, pilates solo e ginástica sempre pensamos em criar e desenvolver um espaço de formação e

discussão crítica sobre acessibilidade e inclusão a partir de “Ciclo de Debates”, de caráter educativo e formativo, voltado à criticidade das idosas participantes.

Estabelecemos então, a criação de vínculos afetivos em meio aos encontros que tiveram, não apenas um compromisso com o trabalho desenvolvido no grupo, mas o exercício da cidadania e a oportunidade de vivenciar as experiências de ações em dança.

As experiências situaram-se no campo da dança por meio de vivências em grupo e da prática de direitos e deveres da pessoa idosa, garantidas nas leis que as amparam e em um espaço onde prevalece o respeito, a confiança, a cumplicidade mútua e a delicadeza.

Etimologicamente, a palavra processos advém do latim, “processu.us” e segundo o Dicionário On-line de Português traduz-se pela maneira de se fazer algo; procedimento; processo de criação; ação continuada e prolongada que expressa continuidade na realização de determinada atividade.

Os processos de dança desenvolvidos no GPG foram conectados com as rotinas de trabalho desempenhadas nos encontros do grupo pelas idosas nas perspectivas de como podem ser entrecruzadas com a dança e as formas de procedimentos e ações utilizadas ao longo da vida. A partilha de conhecimentos desenvolvidas em ações de empoderamento no GPG, promoveram reflexões acerca dos enfrentamentos na condição de serem idosas que dançam e enquanto dançavam, reelaboraram suas próprias condições do fato de existirem frente à vida.

No GPG, a busca acontecia em cada aula, nas direções feitas durante os exercícios de alongamentos, dinâmicas e de deslocamentos espaciais, nas aulas de contato, improvisação com palavras-chave que indicavam empoderamentos com altivez, perspectivas de futuro, positividade e fortalecimento dos afetos.

Na tentativa de completar o pensamento complexo e reorganização do conhecimento, não só em um fazer/pensar em dança que aceite o outro, mas que desencadeou a solidariedade como forma de pensamento, o estar em grupo proporcionando rede de colaborações.

Figura 10 – Rede de colaborações e diálogos: Grupo Poder Grisalho, Faculdade Social da

Bahia, 2017

Foto: Jonas Lima.

Redes que com os diálogos em grupo constituem ações com essas senhoras com o intuito de que possam ser propagadas e estimuladas dentro e fora de sala de aula, uma espécie de aprendizagem inventiva e produtora de novas situações- problema.

Os registros dos processos de dança no GPG se deram por meio de reuniões e rodas de conversas, para falar das práticas em sala de aula, dos contextos sociais em que vivenciam contando com o auxílio de recursos de fotografias, diários de bordo e filmagens em vídeos disponibilizados via WhatsApp, e Facebook.

As investigações se deram a partir dos processos criativos em dança desenvolvidos em sala de aula, associados a exercícios que se apoiam em ações do cotidiano social experienciados ao longo da vida pelas idosas.

Por meio destas ações, surgiram as questões, que foram manifestadas durante a execução dos exercícios e que estabeleceram as possibilidades de conexões entre elas.

Estas conexões permitiram, possivelmente, um tipo de provocação que desencadearam uma certa contaminação no fazer coletivo, que fizeram emergir a abertura de lugares sem uma aparente busca de resultados no ato do fazer, mas sim uma abertura que apontou para representações de operar no mundo.

Tais operações propiciaram mergulhos em mundos e lugares de frequências, de reverberações, de ressonâncias e de articulações onde a dança com estas idosas refletiram desejos e demandas que nem sempre foram visibilizadas com seus polimorfismos de estar no mundo.

“Somos todos velhos?”

“E quem, não é?”

“Não é?”

“É?”

Elaboração do autor (2018).

Figura 11 – Ensaio do concurso Vovó Simpatia no Teatro do Instituto Social da Bahia

(ISBA), 2015

Nossa querida matriarca do GPG, Carmelita Moura, que chegava todos os dias com seu caminhar devagar e sempre, de posicionamentos firmes e cobertos de sabedoria, regido pelo largo sorriso no rosto dizia, cantando e encantando a seguinte música acerca de seu envelhecer e participação no grupo:

Quando eu não puder Pisar mais na avenida Quando as minhas pernas Não puderem aguentar Levar meu corpo Junto com meu samba O meu anel de bamba Entrego a quem mereça usar Eu vou ficar No meio do povo espiando A Mangueira perdendo ou ganhando Mais um carnaval Antes de me despedir Deixo ao sambista mais novo O meu pedido final Antes de me despedir Deixo ao sambista mais novo O meu pedido final Não deixe o samba morrer Não deixe o samba acabar O morro foi feito de samba De Samba, pra gente sambar.

Compositores: Edson Gomes da Conceição e Aloisio Silva.

Figura 12 – Projeto Diálogos: ações de empoderamento, Sistema Único de Saúde (SUS),

dança com idosas e políticas em trânsito

Figura 13 – Projeto Diálogos: ações de empoderamento, Sistema Único de Saúde (SUS),

dança com idosas e políticas em trânsito

Fonte: Acervo pessoal.

O fomento de ações como essas, que incitam estas senhoras, conceituadas e vistas socialmente como “vulneráveis”, colaboram para promoção de projetos que tornam-nas visíveis, atuantes no processo de transformação das posturas políticas do grupo, tirando-as da condição de carentes e incapazes para a de exigentes e reivindicadoras e explicitam o seu poder e compromisso com questões presentes no cotidiano.

Foi preciso, no entanto, contar ainda com a formação de rede de apoio que incluem a família, os amigos, a Universidade e a Sociedade, nos amparos emocionais e materiais ao considerar que, estas ações são mais do que informação e conhecimento, representa o corpo em movimento.

Nesse sentido, a família faz parte de todo projeto, por se constituir pilar para reconhecimento das conquistas pessoais de cada uma dessas senhoras e contribuir para o pertencimento e legitimação social. O estar em grupo desencadeia o desejo e o gosto pela prática das atividades oferecidas dentro do grupo e fazem com que elas identifiquem as mudanças sensório-motoras, que implicam em impactos que refletem principalmente em suas vidas.

Outro ponto a ser mencionado foi o da possibilidade de se ter um espaço no qual pode ser realizadas diferentes atividades e, ao mesmo tempo, conversar, sorrir

e estar com outras pessoas. Tal situação favorece um aumento na autoestima, valoriza a pessoa que envelhece e faz com que o idoso exerça sua cidadania.

Para elencar outras atividades/ações de empoderamento realizadas pelo GPG, informaremos na ordem em que aconteceram: Caminhada em locais públicos/privados da cidade como Praças, Parques, Zoológico e praias da orla marítima, participações e apresentações de dança com rodas de samba, trechos e coreografias de alguns dos espetáculos, em Centros Comunitários, Shoppings Centers, Institutos de Longa Permanência (ILP’s).

Figura 14 – Atividade externa: alunos do curso de Psicologia (FSBA) - Passeio e

Visit(AÇÃO) no Palacete das Artes, 2018

Figura 15 – Atividade externa: alunos do curso de Psicologia (FSBA) - Passeio e

Visit(AÇÃO) no Palacete das Artes, 2018

Fonte: Acervo pessoal.

Foram realizadas atividades em homenagem ao Dia Internacional da Mulher; participação e promoção de Feiras de Artesanato, na FSBA, no Colégio Salesiano Dom Bosco, localizado no bairro da Paralela. Foram promovidas também atividades na praia de recreação, expressão corporal em contemplação e contato com a natureza.

Contamos com nossos momentos ecumênicos, congregando as diferentes religiões e crenças, discutindo a intolerância religiosa no mundo e princípios de laicidade além da realização dos cafés da manhã, onde abordamos a boa alimentação e seu poder energético e a contribuição no processo de partilha e socialização entre todos.

Outras atividades contaram com a realização dos atos político-humanitários, como as idas à Câmara de Vereadores para participarmos de sessões solenes e com o entendimento político cidadão na participação e execução de ações de campanhas de doações de roupa e alimento para as pessoas vítimas das chuvas no último mês de mais aqui na cidade de Salvador.

Como processos de ensino/aprendizagem no grupo, foram fomentados ciclos de debates com as senhoras, com intuito de promover discussões e reflexões nos quais foram apresentadas questões frente às danças produzidas pelo grupo e seus modos de fazer, dançar e nas relações do aprender/ensinar.

Figura 16 – Projeto Diálogos: ações de empoderamento, Sistema Único de Saúde (SUS),

dança com idosas e políticas em trânsito

Figura 17 – Flyer do espetáculo O Mágico de NÓS, 2018

Fonte: Acervo pessoal.

Foram agregadas então no ano de 2017 à nossa programação a idealização, construção e apresentação do nosso espetáculo de dança vinculado ao projeto de extensão da FSBA: Teatro Médico Didático, colocando em pauta qual seria o possível tema.

A tempestade de ideias não poderia faltar para a decisão do espetáculo proposto para o segundo semestre, resolvemos falar da força que move o corpo, dos

caminhos que nos move, do conhecer, do ato de ensinar e aprender juntos a partir de relatos pessoais, das nossas histórias e rítmicas de dor, sabores, suores, coragens, enfrentamentos e de amores.

Este grupo é composto por senhoras advindas de diferentes partes da cidade de Salvador, com idades compreendidas de 60 a 89 anos, com perfil de vidas bem peculiares e contribuições muito expressivas no processo criativo de suas vivências com a dança, falariam das suas potências de viver, empoderar em processo de ensino/aprendizagem.

A motivação para a construção do espetáculo se deu a partir da história de vida contada por Rubi, uma das idosas do GPG. Ela retratou sua vida modesta na zona rural de uma cidade do interior, morando com tios que a criaram, pois havia sido “doada” para eles quando criança.

Neste momento, ela compartilha as suas vivências, experiências e aprendizados em uma das aulas em que havia a intenção de busca pelo tema gerador do espetáculo para o ano seguinte. Ao ouvi-las na elocução cheias de gestos formas e sentimentos, pude notar o quanto suas histórias de vida se cruzavam com tantas já ouvidas no grupo.

Para construção do espetáculo, utilizei fragmentos de histórias partilhadas, descritas de forma oral pelas próprias idosas pertencentes ao grupo a partir de suas vivências e de um passado que parece estar presente e ser comum a boa parte delas. Este processo envolveu a escuta atenta e para isso, atentei-me a cada palavra mencionada enquanto ação corponectada e como estas poderiam produzir formas de mover no percebermos/sentirmos (juntos).

Apresentamos propostas de ensino da dança englobando produções a partir do que é denominado de dança contemporânea e de danças populares. Elas se dão em processos de composições que se relacionam a (re)leituras de questões sociais e políticas vigentes com traço artístico, a fim de dialogar e contribuir com o seu processo de empoderamento e emancipação. (RENGEL; COSTA, 2017, p. 5) O processo se fez importante na medida em que viabilizou a escolha e uso de metáforas que incitou a costura do texto/movimento nas andanças ladrilhadas no decorrer das aulas, oficinas, ações executadas pelo grupo e em grupo para a composição e tessitura artística.

Professor, eu não conheci meus pais num sabe... quem cuidou de mim foi dois tios meus... a vida na roça é dura... eu não tinha tempo pra brincar! Quando fazia isso, num sabe, era sozinha e minha mente, até hoje sou assim, brinco, sorrio, sou corajosa, enfrento tudo, num

recramo de nada... só num sei lê muito sabe, mente fraca, pouco estudo... saúde de ferro, uma gripe de vez em outra e os osso tudo duro e enferrujado.

Rubi.

Com os relatos de Rubi, em outubro de 2017, começo a pensar nas metáforas que contribuiriam para a formulação das aulas, oficinas e possível culminância de mais um de nossos espetáculos. Outros relatos nos processos com o grupo me ajudaram a traçar os caminhos da construção do espetáculo.

Os relatos foram utilizados nas aulas de dança com improvisações que acessavam as memórias das idosas e possibilitaram assim o surgimento de novos elementos e padrões de movimentos para as composições coreográficas. A partir destas improvisações e da construção de padrões de movimentos, estabeleceram- se os processos de entrecruzamentos com as histórias partilhadas, os corpos em movimento e experimentação e ações em dança para a construção dos espetáculos.

A construção dos espetáculos segue operações que partem das ações em dança com estas idosas como um “esvaziar das gavetas” expondo assim, as naftalinas que aos poucos em sublim(ação) disseminam no grupo em novas versões de movimentos. Movimentos estes que surgem e que permitem as idosas afirmarem- se enquanto dançam, a desenvolverem suas capacidades percebendo seu lugar no grupo e no mundo. As atividades têm a intenção de provocarem-nas, bem como veicular iniciativas pelas quais as tomadas de decisões permitem aguçar as possibilidades de (i)limitações corporais e favorecer reflexão do autorreconhecimento.

Outro ponto a ser considerado foi o fato de que estas propostas de atividades com uso de metáforas e a dança, motivam e promovem a estimulação cognitiva, isso porque ter memória prévia não é sinônimo de apreensão de conhecimento, pois, no processo de envelhecimento há déficit cognitivo e perdas neuronais, tendo em vista que este fato pode implicar em diminuição da capacidade de aprender e memorizar, pois tudo pode ficar classificado apenas como meros registros escritos e corporais.

No entanto, em nossos processos de danças, foram utilizados os recursos fotográficos, audiovisuais e de anotações para auxiliar as idosas no acesso das aulas, coreografias, onde ao consultá-los, a atenção voltava-se para o que se repetia

na execução de movimentos, gestos, direções e espaços e associá-los às metáforas que foram usadas.

Percebo que o que ficou de fora (que não foram utilizados nos repertórios coreográficos para serem usados nas apresentações) comporão alguns temas que aos poucos tornam-se coreografias e que poderiam ser usados em outros eixos, a fim de construírem redes a partir do enredo principal do espetáculo e das danças.

Neste momento de improvisações em grupo, procurei usar metáforas que auxiliassem e provocassem o corpo em suas dimensões espaciais, de tempo, intensidades e peso por meio de jogos lúdicos. “... vamos dar bom dia ao corpo... abram o peito e tirem o sol de dentro de vocês... cresçam, cresçam, cresçam, lá no céu você é claridade de amor, sintam o calor que sai do peito... esquentem a alma e abracem o seu corpo, cobrindo-o de amor. Sua batata está assando... cresça o corpo para cima bem alto... meninas quero pé de tentáculos de polvo... firmes, dedos se abrindo e distribuídos no chão... agora vocês estão caminhando sobre um chão de estrelas, quero pés de algodão, caminhem pela sala e cuidado ao andar, para não as quebrar”.

Neste momento, a metáfora usada proporcionava estados do corpo de espreguiçar e acionar memórias e movimentos sensório-motores e intelectualmente. Ribeiro (2015) ajuda a pensar a construção de conhecimento pelo movimento do corpo na dança e a considerar “[...] o corpo como espaço-tempo de entrecruzamento da cultura-biologia associado a sentidos políticos e sociais [...]” (p. 24).

As metáforas usadas nos processos e foram elas que entrelaçadas às características do trabalho, permitiram ladrilhar e alicerçar diálogos necessários para arquitetar o espetáculo. Um mosaico da dança com idosas, que se construiu, se transformou e se materializou em seu fazer com uso de metáforas que estavam presentes em seu cotidiano, que não eram apenas proferidas de forma expositiva ou unicamente em função de acionar movimentos meramente ensaiados, mas que representavam as redescobertas de si mesmas.

Além das aulas de contato, improvisação para construção de material coreográfico, outras atividades como aulas de teatro e música compõem o material que permite a costura com os textos durante os ensaios. Com isso, otimizamos o tempo para trabalhar mais as coreografias e associá-las às cenas.

Este trabalho de composição dança(s), coreografia(s) é bastante exaustivo,