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CAPÍTULO 2 – TESTEMUNHOS DE PROFESSORES DE HISTÓRIA

2.1 Barcelona – Lola, Josep e Fidelio

2.1.2 Prática docente e ensino de Historia/Ciencias Sociales

Lola trabalha todas as manhãs na escola, de segunda a sexta, com três turmas de Segundo e uma de Primeiro de Bachillerato. Seu salário é referente a, aproximadamente, 22 horas, mas costuma trabalhar muito mais No momento da entrevista, não desenvolvia nenhum projeto novo, mas continuava com as pesquisas sobre o exílio e a memória oral dos “abuelos” dos alunos. Em 2010, uma dessas pesquisas, desenvolvida por uma aluna do Segundo Ano, recebeu um prêmio da Agència de Gestió d’Ajuts Universitaris i de Recerca (AGAUR104) – Recerca Jove. A própria Lola recebeu diversos prêmios ao longo da carreira.

Além da prática escolar, Lola também escreveu, em co-autoria, uma coleção de livros didáticos sobre Educação para a Cidadania. Como resultado dos trabalhos de pós-graduação, das atividades como formadora de professores e pesquisadora, acumula cerca de dezoito publicações, entre livros, capítulos e artigos em revistas acadêmicas e de divulgação científica. Já Fidelio declarou não possuir publicações e Josep escrevera um livro, em co-autoria: intitulado Memòria

de la utopia, em 2001.

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Observações concedidas nas seguintes datas: Lola, entre os dias 10, 13, 14, 15, 16 e 17 de dezembro de 2010. Josep, em 31/01, 01/02, 07/02 e 08/02 de 2011. Fidelio em 14 e 15 de fevereiro de 2011.

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Órgão de fomento acadêmico da Generalitat de Catalunya. Disponível em: <http://www10.gencat.cat/agaur_web/AppJava/a_beca.jsp?categoria=altres&id_beca=1586>. Acesso em: 24 maio 2011.

Fiz várias perguntas sobre as primeiras experiências e as mudanças e permanências ao longo da carreira. Josep e Fidelio as descreveram mais detalhadamente. Lola preferiu concentrar- se em suas realizações atuais, destacando, simplesmente, que o princípio da carreira fora muito intuitivo. Ela não tinha o desejo de atuar como seus antigos professores, mas não sabia, exatamente, como fazer diferente. Foi no contato com os pares, nas leituras e, posteriormente, durante a Pós-Graduação, que firmara suas concepções sobre ensino de História.

Já Josep começou sua prática docente no Ensino de Jovens e Adultos. Este foi um grupo muito diferente do que ele então esperava e, por isso, sentiu-se despreparado para trabalhar com eles na época. Frustrante e difícil:

Fatal, fatal porque, primero porque no estás acostumbrado a un tipo de alumnado. No es el alumnado que piensas cuando hace muchos años tenías en mente cuando pensabas ser profesor. Entonces ha cambiado mucho, han cambiado las formas, han cambiado las maneras de hacer clase, ha cambiado el tipo de alumnado, existen nuevos problemas, nuevas formas de enfocar las clases y en un primer momento el alumnado es, quizás, que tiene el problema de fundo es, como siempre, los distintos valores que tiene o que ha asumido un profesor y sus alumnos, ¿no? Eso creo que ha sido como una adaptación o como una progresiva adaptación de cómo es el tipo de alumnado y cómo puedo ser profesor de este tipo de alumnado. Mis primeras experiencias fueron duras (...) en alumnos que tenían dificultades de aprendizaje, de integración (...) social. Entonces eran alumnos bastante conflictivos y la primera experiencia fue muy difícil, porque eran difíciles de motivar, no tenían, les faltaban muchos hábitos, tenían muchas dificultades académicas y, bueno, te tienes que moverte en un ámbito en que no tienes ningún tipo de habilidad, no es el tipo de clase

académica que has recibido y que pretendes ofrecer a tus alumnos. (grifos

adicionados)

Os projetos não se realizaram da forma como Josep imaginava. Ele queria ser professor para transmitir conhecimentos úteis na construção de um mundo mais justo e tolerante. Mas compreendeu que os alunos e a forma de ensinar mudaram e isso lhe causou angústia e frustração, principalmente por não se sentir preparado para enfrentar um alunado com índice baixo de motivação e pouca informação sobre conhecimentos gerais.

Frustração é uma palavra-chave para sintetizar alguns aspectos da trajetória de Josep e, também, a de Fidelio. Embora a narrativa das experiências iniciais, em Primaria, tenha um tom mais positivo, o desencanto de Fidelio para com os colegas de Secundaria é forte. Em sua visão, eles não se identificam como educadores e resistem às inovações. Ele chegou a trabalhar em outras atividades, simultaneamente à escola, principalmente na área de Consultoria Ambiental.

Iniciou um curso de Doutorado, mas não conciliou a escrita da tese com a profissão e abandonou o Doutorado.

Entendo que os primeiros anos de profissão foram difíceis para Lola, Josep e Fidelio. Sem clareza quanto ao tipo de alunado, com parco conhecimento didático e pedagógico ou, então, cercados de impedimentos materiais ou ideológicos, buscaram construir um estilo de trabalho que comportasse minimamente suas utopias e cumprisse as exigências da escola e da sociedade. É importante salientar que esta dificuldade docente para começar a carreira aparece nas teses já apresentadas no Capítulo Um. Quando Nelson Vásquez (2004) discutiu os problemas enfrentados na implantação de Reformas Educacionais, destacou o despreparo dos professores. Mas Liliana Bravo (2002) e Agnès Boixader (2004) trataram o problema como responsabilidade da formação docente: os pesquisadores deveriam acompanhar os professores em seus primeiros anos de trabalho – e apoiá-los em situações de mudança, como prega Joan Pagès (1993).

A escola em que Lola trabalha é parte de uma rede cristã. Cada departamento de disciplinas (ciencias sociales, naturales, lengua, matemáticas, etc.) tem sua própria sala, onde os professores dispõem de uma mesa, computador com acesso à Internet, impressora e armários para guardar seus livros e materiais. Lola costuma dirigir-se a esta sala a cada mudança de turma, para deixar alguns materiais e apanhar outros. Aí aconteceram muitas das nossas conversas informais, que ajudaram a esclarecer as observações e complementaram a entrevista inicial. Presenciei trocas rápidas entre os professores, para combinar as confraternizações de fim de ano e ajudar às colegas com problemas – profissionais ou não.

A escola existe desde 1933, fundada por um grupo de pais e mães105. Goza de respeito e admiração na cidade, mas passa por um período de crise (é uma escola concertada na parte de

Enseñanza Obligatoria, mas privada no Bachillerato) e sofre um declínio no número de

matrículas106. O edifício fica em zona comercial e elegante, perto da praça principal, onde costuma haver feiras de alimentos e artesanato. Todas as salas de aula têm calefação e projetores

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Neste período, escolas católicas não estavam permitidas. Por isso, foi fundada por um grupo civil, mas existia a organização religiosa que coordenava os trabalhos.

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As taxas escolares são diferentes conforme o nível. Para a Educació Secundària Obligatòria, os responsáveis pagam dez meses de 170 ou 190 euros (mais os custos com alimentação e material escolar). No Batxillerat, as taxas sobem para 420 euros.

(data show), são arejadas e bem iluminadas, mas as cadeiras e mesas parecem pequenas para os rapazes e moças do Batxillerat.

A escola em que Josep e Fidelio trabalham fica num bairro operário de uma pequena cidade da Comarca do Vallés Occidental. Os arredores são urbanos e residenciais, com uma zona de comércio diversificada (mercados, bares, padarias, floristas, açougues, bazares, tabacaria, bancas de jornais etc.). É cercada por edifícios residenciais (entre 6 e 8 andares), jardins com grama e parques infantis. Bem próximo fica o Mercat de Serraperera (onde se vendem frutas, verduras, carnes e peixes, ao estilo dos Mercados Municipais do Brasil).

A escola é Pública e atende, basicamente, à população dos arredores nas modalidades de

Educació Secundària Obligatòria (ESO) e Batxillerat107. Localiza-se num edifício de três andares quase todo cercado por alambrados ou muros. Há uma quadra e um ginásio que parecem bem conservados. Conforme o Plano Estratégico de Implantação de Tecnologias da Informação, dezoito salas de aula dispõem de projetores (data show), com computadores e rede de internet sem fio. Também conta com dois laboratórios de ciências, oficinas de tecnologia, duas salas de informática, equipamentos móveis de informática (a chamada, por exemplo, é feita a partir de um

Palm), ateliês para educação artística, sala de música e biblioteca.

A direção foi solícita em facilitar os documentos informativos sobre a escola e alguns professores se interessaram pela minha presença. Nos murais da sala de professores, além dos horários de aulas e avisos administrativos, observei cartazes dos sindicatos e panfletos pelas mesas. Os docentes costumam usar os computadores que estão à sua disposição e é comum vê-los trabalhando e, naturalmente, trocando ideias sobre os alunos e as turmas com as quais têm mais dificuldades.

Os alunos provêm de quatro escolas de Primària da vizinhança e, segundo o diretor, são de classe média trabalhadora. Pelos corredores da escola, é possível ver meninos e meninas negros, brancos, orientais e várias garotas muçulmanas portando véu. As roupas que usam são simples e as mochilas, desgastadas pelo uso. Conforme o Projecte Educatiu da escola (documento equivalente ao Projeto Político Pedagógico no Brasil), a maioria dos alunos nasceu na Catalunya, mas de língua materna castelhana.

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Do total de alunos, 16% são imigrantes. Destes, 60% da América do Sul. Por isso, no período letivo 2005/6 foi criada a aula d’acollida108. Para atender melhor aos alunos no tema da diversidade, a escola adotou várias estratégias sugeridas pela Generalitat: turmas com número reduzido de alunos, matérias optativas e atenção específica para jovens com alto rendimento e para aqueles com “capacitat limitada”.

Após a entrada na União Europeia, com forte crescimento econômico, a grande quantidade de mão-de-obra vinda do exterior para a Espanha foi bem vinda. As escolas catalãs criaram estratégias para auxiliar a adaptação dos alunos estrangeiros e a literatura educacional dos últimos anos procurou incentivar as escolas a promoverem o multiculturalismo, a tolerância e a paz, em articulação com alguns princípios da educação de alcance europeu (GONZÁLEZ, 2000; DOMÍNGUEZ, 2006; LÓPEZ MARTÍNEZ, 2007; PAGÈS, 2008; TEICHLER, 2009). Nos Projetos Educativos das escolas que participaram desta pesquisa, esse conjunto de preocupações transparece nos princípios filosóficos estabelecidos pelas escolas, os quais orientam o trabalho dos professores.

Os alunos da escola de Lola são incentivados a continuar os estudos para atingir a Universidade. Cerca de 90% dos jovens que concluem o Batxillerat, segundo a Diretora Pedagógica, realiza os Exámenes de Selectividad e quase todos passam. Lola destacou que a sua maior preocupação com os alunos do Segundo Ano é o preparo para esses exames, mantendo, simultaneamente o interesse por aprender História. Seus alunos costumam passar pelos exames com notas acima da média da Catalunha. Para Lola, isso significa cumprir com parte da sua “obligación moral”.

A turma que observei tem 34 alunos, todos europeus, à exceção de uma garota nepalesa, adotada por uma catalã aos 8 anos de idade. Os jovens provêm de classes média e média-alta, usam roupas de boa qualidade e penteados da moda. Sentam-se em duplas, mesmo que as atividades sejam individuais. Quase não se nota lixo no chão e há poucos riscos ou desenhos nas paredes.

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Os alunos estrangeiros frequentam as “salas de acolhida” pelo tempo que for necessário, durante o horário de aulas normal. Nessas salas, entram em contato com a cultura catalã – principalmente com a língua – e aprendem sobre os novos hábitos que o sistema escolar lhes exige.

A observação da aula d’acollida na escola de Josep e Fidelio mostra as dificuldades para enfrentar a heterogeneidade nas escolas públicas. Havia um aluno chinês, uma brasileira, uma espanhola da Andaluzia, dois garotos da República Dominicana e uma garota colombiana. O professor os estimulava a usar a língua catalã em situações do cotidiano (principalmente escolar) e a descrever cenas corriqueiras. Outra diferença está no número de alunos em Batxillerat. Na escola privada, há cerca de 30 alunos por turma, enquanto na pública (recorde-se que o nível não é obrigatório) havia apenas 5. Nas turmas de ESO, entretanto, há entre 30 e 35 alunos. Este dado se refere apenas às instituições visitadas, não constituindo uma regra. Segundo os professores entrevistados, as escolas públicas primam por manter um nível reduzido de alunos por turma.

A Ley Orgánica de Educación da Espanha (2006) estabelece como máximo 30 alunos por turma em Secundaria. Entretanto, nos últimos meses, cresceram os rumores de que esta determinação seria extinta, devido aos cortes de gastos feitos pelo Estado. Segundo a reportagem “El Gobierno propone subir un 20% el número de alumnos por clase”, o atual Ministro de Educação, José Ignacio Wert propôs, no mês de abril de 2012, aumentar este dado e a quantidade de horas trabalhadas (em média, entre 18 e 21 horas, segundo a reportagem), entre outras medidas. O ministro declarou para o jornal: "Estamos pidiendo un sacrificio importante a los

docentes. Estamos en disposición de hablar con ellos" (grifos no original)109.

As duas escolas divulgam, na suas páginas web e também nos Proyectos Educativos de

Centro, textos sobre seu “estil”, em que definem as obrigações de professores, alunos e

administração. Eles determinam o que os docentes devem esperar de seus alunos a cada período letivo. Josep, Lola e Fidelio também foram convidados a responder a esta questão na entrevista. Na escola concertada, privilegiam-se as habilidades acadêmicas dos alunos paralelamente ao desenvolvimento de competências, do “aprender a aprender”, da autonomia e da atenção às necessidades emocionais ou físicas. Uma citação do Relatório Delors (1998) é utilizada como epígrafe do documento. A espiritualidade, embora não seja objeto deste estudo, é um eixo permanente para a escola e aparece ao final das listas de habilidades e competências.

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EL GOBIERNO propone subir un 20% el número de alumnos por clase. Público.es. 16 abr. 2012. Disponível em: <http://www.publico.es/429688/el-gobierno-propone-subir-un-20-el-numero-de-alumnos-por-clase>. Acesso em 23 abr. 2012. ESPAÑA. Ley Orgánica n.2, de 3 de maio de 2006. Educación. Disponível em: <http://www.boe.es/aeboe/consultas/bases_datos/doc.php?id=BOE-A-2006-7899>. Acesso em: 23 maio 2012.

Na escola em que Lola trabalha, o professor deve planejar antecipadamente, junto aos seus pares, as tarefas de todo o ano. Logo, deve seguir com atenção e responsabilidade o desenvolvimento de cada aluno, velando pelas relações interpessoais e pela dinamização das atividades. Por fim, deve avaliar o trabalho dos alunos, sua própria prática e a escola em geral. Não se exige que o professor seja cristão, mas que fomente a tolerância, o respeito aos direitos humanos, à vida, à solidariedade e à justiça – valores, como se viu, importantes também para Lola.

O Projeto Educativo da instituição em que Josep e Fidelio trabalham também explicita que os professores devem adequar-se aos objetivos da escola:

(...) La principal tasca del professorat és dotar els alumnes dels continguts curriculars que els permetin assolir una bona formació, amb l'afegitó dels valors socioculturals que els facilitin la comprensió autònoma de la realitat que els envolta. (…) L'estratègia educativa se centra: en el seguiment de l'alumne sota la direcció de l'acció tutorial, i en l'atenció individualitzada (amb diversos recursos per atendre la diversitat).

Para isso, eles devem promover excelência, equidade, esforço, equilíbrio, formação tecnológica e digital, educação para a integração europeia, respeito ao meio ambiente, valorização das experiências extracurriculares, promoção da cultura da Paz, dos Direitos Humanos, do raciocínio e espírito críticos e da democracia. Note-se que, apesar do documento não citar referências bibliográficas, fica nítida a influência de organismos internacionais como a Unesco, através do Relatório Delors (1998), principalmente no que se refere à equidade, à coesão social e a formação individual do aluno. Orientações acadêmicas sobre a formação docente, como a tese de Eduardo Fuentes Abeledo (1995) - “Pensamiento y acción de futuros profesores de ciencias sociales”, o artigo já citado de Pilar Benejam (2002) e as teses de Joan Pagès (1993), Nélson Vásquez (2004) e Tomás Villaquirán (2008), denunciam a formação universitária que não ajuda a enfrentar os desafios e as mudanças necessárias requisitadas no documento da escola de Josep e Fidelio.

Apesar, portanto, das diferenças econômicas e culturais, as duas escolas apresentam estilos pedagógicos semelhantes, ao valorizar o aprendizado formativo, que conduza à autonomia e à valorização da justiça. O perfil do professor é igualmente parecido. Espera-se que acompanhe todas as exigências sociais relativas à profissão, que atue com ética e carinho e que ensine conhecimentos sólidos.

Na descrição das aulas, procuro contextualizar cada professor. Lola prepara o Plano de Curso no início do primeiro trimestre. As aulas observadas correspondem à disciplina Història

del Món Contemporani do primeiro ano. Lola, Josep e Fidelio afirmaram, na entrevista, adaptar-

se de diferentes formas às determinações dos currículos oficiais110. O Programa de Curso de Lola está redigido em primeira pessoa. Nele se cruzam suas perspectivas próprias, as exigências da Instituição e as considerações recentes da Didática da História e da Ciência Histórica – expostas em detalhe na tese de Villaquirán (2008), já apresentada no Capítulo Um. A docente afirma cumprir os prescritos oficiais, mas não trabalhou sempre da mesma forma. Sua prática docente é o resultado de 33 anos de uma carreira não conformista, de constante investigação e experimentação, sozinha ou acompanhada por colegas.

Ela justifica o fato de começar os estudos com a República Española (década de 1930) e, a partir daí, dialogar com variadas fontes de informação (documentos históricos, novelas, poesias, relatos orais, visitas a monumentos, filmes, recortes de jornais etc.) em diferentes perspectivas temporais: "(...) yo creo que es muy importante en nuestro país que se conozca la hora de la Segunda República Española para entender todo lo que pasó después en la Transición". E assim é possível discutir questões candentes, como, por exemplo, a democracia.

Os temas do currículo são escolhidos, portanto, não apenas por razões de praticidade. Na entrevista, Lola qualificou essa opção como política, didática, pedagógica e filosófica. Sua declaração intenciona dizer que, para ela, esta é a melhor forma de fazer ligações com o presente e com as gerações passadas.

Quando o Partido Popular, em 1998, mudou o currículo de Ciencias Sociales espanhol, obrigando todas as crianças a aprenderem a História da Espanha desde o Paleolítico até os Reis Católicos, Lola teve que tomar uma atitude radical: "Yo me voy a declarar insumisa (…) No me da la gana trabajar desde el Paleolítico hasta la actualidad. Si viene un inspector, voy a tener que cargar con las consecuencias (…)”. Atualmente, o currículo oficial do Bachillerato está organizado de tal forma que pode fazer suas adaptações sem deixar de respeitá-lo.

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Os Currículos Oficiais vigentes no momento das entrevistas estão disponíveis nos seguintes endereços

eletrônicos: Ciencias Sociales para ESO:

<http://phobos.xtec.cat/edubib/intranet/file.php?file=docs/ESO/curriculum_eso.pdf>. Currículo de Història del Món

Contemporani para Batxillerat:

<http://phobos.xtec.cat/edubib/intranet/file.php?file=docs/Batxillerat/Curriculum%20mat%E8ries/Modalitat%20d%2 7humanitats%20i%20ci%E8ncies%20socials/historia_mon_contemporani.pdf>. Acessos em: 28 fev. 2012.

Os planos de Curso dos outros dois professores não trazem as mesmas justificativas e motivações que o de Lola, pois apenas enunciam os objetivos e descrevem as atividades. Josep não vê conflitos entre sua forma de ensinar e o currículo estabelecido. Ele é responsável por duas turmas do Primeiro Ano de ESO para quem leciona a disciplina de Drets Humans i Ciutadania111 e pela aula d’acollida, que abriga jovens de todas as turmas simultaneamente. Ele concorda com os programas oficiais, mas procura evitar o engessamento de seus cursos. A cada ano, experimenta uma conduta diferente e a autoavaliação permite verificar seus pontos fracos e repensar as tarefas para o ano seguinte. Em geral, planeja aos sábados e domingos e, durante a semana, utiliza algumas horas para realizar ajustes, adaptações, reproduzir textos...

Quando Josep trabalha em conjunto com outros professores, o faz com colegas da aula

d’acollida de outras escolas. Todo ano, os jovens que freqüentam a aula d’acollida na cidade em

que Josep trabalha visitam o Museu d’Història de Catalunya112. Assim, o professor dedica dezesseis horas semanais para trabalho efetivo em sala de aula, mas é remunerado por vinte e quatro horas. Lola trabalha por um período semelhante, mas afirmou passar muito mais tempo na escola, de livre e espontânea vontade, além de ter ocupado cargos diretivos, no passado. Já a carga horária de Fidelio é a maior de todas. Segundo ele, dedica aproximadamente oito horas por dia às atividades escolares, incluídas aquelas realizadas em casa, para preparação de aulas e