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CAPÍTULO 2 – TESTEMUNHOS DE PROFESSORES DE HISTÓRIA

2.1 Barcelona – Lola, Josep e Fidelio

2.1.4 Utopias, sonhos, frustrações e esperanças

Neste subtítulo, procuro a presença de utopias político-educacionais mobilizadas por Lola, Josep e Fidelio. Pretendo expor os momentos da entrevista em que elas se expressaram e, em seguida, analisá-los em relação aos processos formativos.

Formar alunos melhores (mais críticos, mais tolerantes, menos influenciáveis, para Lola, Josep e Fidelio, respectivamente) é tarefa do professor de História, com o que concordam acadêmicos como Pagès (1993) e Guimerà (1991). Porém, é preciso ultrapassar um primeiro (e enorme) desafio: motivá-los para o conhecimento – uma preocupação que lançou Boixader (2004) à sua pesquisa de doutorado. Se os jovens não percebem o significado de aprender História, fica muito mais difícil conduzir as atividades de ensino. Lola reforça que “no tienen ganas de trabajar” e, por isso, o professor deve ter muito entusiasmo e paciência.

Ser professor, para Fidelio, não foi “cuestión de vocación”. Porém, com os estudos no Magistério, acabou por encantar-se com o tema do ensino e adicionou esse encanto a uma motivação utópica. Por isso, a princípio, projetava sua vida profissional bem diferente da realidade que enfrentaria futuramente. Na entrevista, respondeu à pergunta sobre sua utopia

inicial, acreditava em transformar a sociedade a partir do ensino. É interessante, aqui, a relação com a tese de Bravo (2002, p.128), a qual notou que os professores vocacionados – isto é, que acreditavam possuir talentos ou inclinações para a docência (CHIOZZINI, 2011) – tinham mais facilidade em enfrentar as dificuldades do processo formativo.

Com isso em mente, ele procurou as chamadas “Escuelas Activas”, na rede privada, porque teriam melhores condições para a realização dessa utopia:

En aquél momento, yo optaba por un tipo de escuela que no era la pública. Era escuela privada. Escuela que la podríamos cualificar dentro de los parámetros de “Escuela Activa”, dinámica. Y con unos principios que tenía mucho más ambiciosos, utópicos.

Mas todas as tentativas foram frustradas150. A educação em Barcelona se caracteriza por seguir uma tradição iniciada em princípios do século XX, junto com os movimentos republicanos, anarquistas e socialistas antes da Guerra Civil: trata-se de conceber a educação a partir de ideários identificados, de forma geral, com Escuelas Activas, baseados, principalmente, no pensamento de John Dewey, de Paulo Freire e em visões anarquistas ou progressistas da construção de conhecimento por parte do aluno (MONÉS, 1981; AJUNTAMENT, 2003)151. O filme “La lengua de las mariposas” ilustra a figura do professor republicano que ensinava nesses moldes: um cordial senhor, com leituras anarquistas e profundo respeito pelos alunos, prezando pelas aulas ativas, pela experimentação e pelas visitas de campo, sem desprezar o sonho e a beleza da literatura152.

Josep também passou por um desencanto com a profissão. O profissional que desejava ser, no começo da carreira, já não é mais seu objetivo principal. Mudou a procura do equilíbrio entre o ideal de professor e as possibilidades oferecidas pelos seus alunos:

150

Em sua tese, Joan Pagès também afirmou filiação às Escolas Ativas, mas sem diferenciar as possibilidades em escolas públicas ou privadas.

151

Segundo Angela Fernandes, o princípio das “escuelas activas” faz parte da Legislação Educacional espanhola desde, pelo menos, a Ley de Ordenación General del Sistema Educativo (Logse) de 1990 (FERNANDES, 1995, p.141).

152

A LÍNGUA DAS MARIPOSAS. Direção: José Cuerda. Produção: Canal + España. Intérpretes: Fernando Fernán, Manuel Lozano, Uxía Blanco, Gonzalo Uriarte e outros. Produtor executivo: Fernando Bovaira. Roteiro: Rafael Azcona, Manuel Rivas e José Cuerda. Música Ángel Illarramendi. Espanha: Canal + España, 1999. DVD (95 min.), widescreen, color., legendado.

Evidentemente cada uno tiene en la mente, cuando quiere ser profesor, un ideal. (…) pero en sentido de poder cambiar, de hacer cambiar a las personas, a los alumnos y tal, eso es un modelo, es una idea que tú tienes de lo que debe ser el buen profesor. Pero creo que se ha modificado cada año de mi experiencia profesional. (...) Es un proceso de cambio continuo.

Lola desejava transformar o mundo desde muito jovem e, conforme seu testemunho, as dificuldades atravessadas na escola não permitiram que desistisse. Acredito que a formação continuada fortaleceu sua esperança com o potencial transformador da educação. Apenas no caso de Lola é possível estabelecer uma relação positiva entre os processos vividos na formação e as propostas das teses defendidas em Barcelona, principalmente no que se refere ao modelo do professor crítico e reflexivo defendido por todos os autores, notadamente Guimerà (1991), Pagès (1993), Boixader (2004) e Ferreira (2004).

Entretanto, Josep ainda não encontrou os caminhos que lhe possibilitariam tranquilidade e estabilidade na forma de dar aula e, por isso, não quer permanecer por muito tempo no mesmo lugar. Mesmo assim, não deixaria de ser professor e acredita que ainda poderá aperfeiçoar sua prática. De forma intrigante, Lola e Fidelio coincidem na resposta à questão “por que segue na profissão”.

Independente das frustrações e do cansaço, Fidelio parece sentir-se muito à vontade na escola e no contato com os alunos: “La faena esa me gusta, la verdad. No tengo porque cambiar (...)”. Em suas aulas (apesar de utilizar poucos recursos), percebi que Fidelio é atencioso, aproveita bem o tempo e faz o que pode para que aprendam. Sentimentos de desistência ou frustração estão invisíveis para os alunos. No entanto, ele recomendaria para ninguém, hoje, a opção por ser professor. Nelson Vásquez (2004), em sua tese, constatou um número importante de professores que também mudariam de profissão, se pudessem. Segundo o autor, as maiores dificuldades estão na incongruência entre as exigências sociais e as condições de trabalho e formação. Na opinião de Fidelio, lutar contra o poder da mídia torna o trabalho ingrato. Lola diz que continua sendo professora porque gosta e porque traz sentido à sua vida. A tabela 10 demonstra essas mudanças:

Tabela 10: Razões para ser professor de História para Lola, Josep e Fidelio.

Lola Josep Fidelio

Por que se tornou professor?

Vocação153.

Não separa compromisso profissional com o gosto. Facilidade com crianças

Para transmitir

conhecimentos úteis na construção de mundo mais justo e tolerante

Não foi a primeira opção, mas com o tempo, acreditava que a educação era capaz de mudar a sociedade, por tornar as pessoas menos passivas

Por que continua sendo professor?

“Porque me gusta, me

gusta muchísimo y le veo sentido, es decir yo creo que todos estamos en el mundo toda la vida buscando sentido a la vida, ¿no?”

Não mudou as razões, mas é mais cético quanto ao efetivo alcance de sua ação no futuro

Por que gosta, mas não acredita mais no papel transformador. "La

faena esa me gusta, la verdad."

Para concretizar melhor essas respostas, os professores contaram quais eram seus planos futuros. Lola gostaria de mais tempo para escrever artigos e livros que ajudassem outros professores a inovar como ela. Porém, isso reduziria o tempo para preparar aulas e corrigir os trabalhos dos alunos. Portanto, ela adia a dedicação à vida acadêmica, em nome dos jovens, para quem deve abrir “ventanas”.

A ansiedade para que a época da aposentadoria chegasse logo era visível, tanto na entrevista, quanto nas conversas informais com Fidelio154. Ele tem vários planos para o futuro. Em primeiro lugar, aposentar-se assim que possível, praticar exercícios e senderismo (caminhadas pelo campo). É possível que decida por terminar sua tese de doutorado. Outra opção é dedicar-se com maior afinco à Associação Deumil.cat. Aposentaria significa desinvestimento: nada relacionado com a escola, ciencias sociales ou educação.

Josep oscila entre o ceticismo e a esperança. Ele gosta de ser professor e, por isso, continua na carreira, mas não quer permanecer muito tempo na mesma escola. Seus planos futuros são “(…) continuar mejorando mi docencia, continuar aportando lo que yo creo que se

153

Ao utilizar esta palavra, Lola afirmou estar ciente dos problemas que carrega. Para ela, ser professora não foi um acaso, mas uma escolha afetiva e consciente da qual não poderia abrir mão. Na página 133 está transcrita parte de sua explicação a respeito.

154

debe aportar a las clases y motivar al alumnado para que pueda seguir esas clases, digamos. Pero no hay un objetivo concreto”. Nota-se, aqui, a busca pela estabilidade e excelência, sem estagnação.

Parece que o desejo de continuar na carreira tem relação com o reconhecimento do potencial de interferência no futuro. Com esta pergunta, pretendia detectar sinais das utopias políticas e educacionais na vivência concreta de Lola, Josep e Fidelio com a profissão. Talvez seja interessante começar pelo mais cético, Fidelio.

Quando ele falou de futuro, tratou dos sentidos de ser professor de Historia/Ciencias

Sociales e do poder de impacto de suas aulas sobre a vida dos alunos. Ele é pessimista quanto ao

alcance de sua ação educativa sobre os alunos, pelo menos, na escola pública.

Entre a esperança e a frustração, encontra-se Josep. Ele não está certo quanto ao impacto de suas aulas na vida dos alunos. O sentimento de compromisso profissional acompanha sua prática e, mesmo que seja difícil mapear os avanços em sua trajetória e na vida dos alunos, ele busca continuamente a melhora. Para ele, a relação entre política e ser professor encontra-se no equilíbrio entre aquilo que acredita que deve fazer e o que pode, efetivamente, realizar: “Yo creo que eso en parte sí es como una relación que fluye entre lo que tú piensas, en lo que tú piensas profesionalmente que quieres hacer y lo que tú crees que puedes hacer en la sociedad”.

Na sua prática, notei as tentativas de fazer com que os alunos compreendessem a importância da disciplina. Parecia que Josep procurava conjugar as utopias políticas gerais com as tarefas possíveis de concretizar na escola. Seria o reconhecimento dos limites dos professores, dos alunos ou do sistema como um todo?

Apesar de ter tido vida política fora do ambiente escolar, aparece em seu testemunho o desejo de que o conhecimento que transmite na escola tenha alguma utilidade para que os alunos transformem suas vidas. Ele não deixou de acreditar que história e política estão relacionadas. Renunciar a essa ligação seria uma “neutralidad demasiado hipócrita”. É na forma de apresentar as aulas, muito mais que no conteúdo, segundo suas próprias palavras, que essa relação política se estabelece:

(…) la historia es algo que está relacionado para mí con la acción, es decir, con lo que tú puedes hacer, con algo que realmente puede cambiar, que puede hacer cambios. Aunque el hecho de impartirlas como profesor, dentro de las aulas, da la sensación que es un conocimiento académico que se queda aquí. Pero, en

general, como es un conocimiento que está relacionado con lo que tú vives, con lo que todos han vivido, con lo que se ha vivido, con lo que colectivamente hemos vivido, entonces es una disciplina que te da posibilidad de pensar para cambiar.

Nesse sentido (de pensar para a mudança), há uma possibilidade, aberta, quase incontornável, de que seu trabalho modifique o futuro e influencie o comportamento dos jovens, já que transmite um passado comum para gerações passadas, presentes e vindouras. Porém, ele reconhece que é impossível saber até que ponto essa influência acontece:

(...) creo que en un futuro les va a aportar cambios en su vida y además, lo más importante es que a partir de lo que hayan visto intentar incidir en su entorno. Entonces, pienso que sí, pero es una idea, porque no sabes realmente hasta qué punto estos alumnos pueden después haber seguido pensarlo lo que tú les has dicho o a tener una influencia tan grande. No sabes hasta qué punto la influencia de lo que les está aportando puede ser decisiva. Quizás tú piensas como profesor que estás influyendo mucho pero después en la realidad no lo es tanto. Entonces sé que es un poco idealista por mi parte o pensando de esta manera.

Essa diferença entre o que desejava, no início da carreira, e o que acredita que pode fazer hoje é grande e, por isso, seu grau de esperança, elemento forte da utopia (Schiavone, 1987), é menor que o de Lola. Josep afirma que sua participação política diminuiu porque “Quizás soy más consciente del pequeñísimo papel que puedo tener en la sociedad”, o que não supõe um desinvestimento na qualidade de suas aulas. Aliás, este é o único plano de futuro que elencou.

Lola, entretanto, não duvida do impacto de seu trabalho sobre o futuro dos jovens. Quando solicitei que sintetizasse o sentido da profissão para ela, notei o quanto se afeta pelo seu trabalho com os alunos:

Me interesa estar en la práctica del aula y abrir ventanas a esos jóvenes que están en una edad como maravillosa, como para abrir esas ventanas. Y que sé que yo la puedo abrir y que no les voy a provocar ningún trauma, porque lo hago desde el afecto, lo hago desde el conocimiento, desde … que no los voy a manipular… pues eso, yo creo que ahí está, ahí está mi lugar en el mundo, ¿no? Eso sí que lo tengo claro y ya hace bastantes años.

Para ela, é possível que, a partir de sua prática, os alunos mudem suas visões: “Estoy convencida. No con todos, ¿eh?, no con todos, eso ya sería, tendría que ser divina”. Ela tem clareza de que não consegue garantir a aprendizagem de toda a classe, mas isso não retira a segurança de que seu trabalho é importante. Na tabela a seguir, condensam-se as diferentes

posições desses professores quanto à influência sobre o futuro, a partir do trabalho como professores de Historia/Ciencias Sociales.

Tabela 11: Influência sobre o futuro para Lola, Josep e Fidelio.

Lola Josep Fidelio

Projeção da vida profissional antes da entrada na escola

Não queria ser como os professores que teve, desejava ensinar história diferente

Imaginava atuar da mesma forma que seu professor no Batxillerat

Desejava, junto com outros colegas, trabalhar no estilo das Escolas Ativas O professor tem poder sobre o futuro dos jovens? Como? Sim Pode modificar as práticas e visões de mundo de seus alunos

Pelo conhecimento, os alunos podem participar mais e ter boas posturas É “idealismo” pensar que pode mudar o futuro

Não na escola pública Pouco provável que o conhecimento tenha alguma repercussão na vida dos alunos

Você acredita que sua prática contribui para um mundo diferente?

Sim, mas não será com todos e nem apenas na escola, mas também nas ONGs e na Universidade

Sim, sua prática influencia, mas não sabe até que ponto

Não

Lola, a professora que mais confia no potencial transformador de seu trabalho é a que menos participa de atividades políticas partidárias fora da escola. No entanto, seu trabalho pedagógico é o mais reconhecido entre os pares e é no âmbito profissional e social (principalmente assistencial/educacional) que sua participação é mais ativa. Josep e Fidelio parecem não acreditar que associações profissionais possam ajudá-los em sua trajetória.

Fidelio frustrou-se, principalmente, porque as famílias não colaboram com a escola e os professores são incapazes de oferecer resultados. Josep explicou que todo professor possui, pessoalmente, a crença de que seu trabalho pode mudar as pessoas. No entanto, ele está inseguro porque é muito difícil acompanhar o desenvolvimento posterior de seus alunos – elemento que Vásquez (2004) valorizou ao explicar o “mal-estar docente”. Lola, ao contrário de ambos, não duvida em nenhum instante de que ela é capaz de interferir e mudar.

Dessa forma, aproxima-se daquilo que Lola, Josep e Fidelio consideraram, na entrevista, responsabilidade do professor de História: aquele que ensina um conhecimento com alto potencial transformador, mas reconhece que há limitadores. Para isso, pode ser interessante

visualizar as respostas diretas à questão “Qual o papel do professor de História hoje?”, que sintetizei na Tabela 12:

Tabela 12: Papel do professor de História segundo Lola, Josep e Fidelio

Papel do professor de História

Lola

“Yo creo que es un compromiso, como es ser profesor de historia y ciencias sociales, es un

compromiso. Que adquieres con tu mundo, con tu sociedad, con tu entorno, con … con tu presente, pues eso, con tu presente y con tu futuro y con el futuro de los demás, no sólo con tu futuro. Es un compromiso, por decirlo llanamente. Pero no creo que sea un compromiso ni mayor ni menor que el que adquiere cualquier otro docente…”

Josep “Bueno, es difícil, pero quizás es el leitmotiv de todo lo que te he dicho en la entrevista y es

ofrecer un conocimiento al alumno que les sirva para transformar sus vidas y la sociedad.”

Fidelio "Como mero transmisor de conocimientos y poca cosa más."

Na interpretação de Lola, ser professor é assumir um compromisso com o futuro de todos, carregado de profissionalismo e de afeto, como na citação presente na tabela. A concepção de professor como intelectual transformador – influência de Henry Giroux e Paulo Freire (ambos inspirados em Gramsci) – conjuga-se com a afetividade dirigida aos alunos, conforme Max van Manen. Lola entende isso como vocação, sem ingenuidade, mas com afeto e mobilização:

Si quiero ser una buena profesional de las ciencias sociales, yo creo que hay algo de vocacional en eso. Mi modo de estar en el mundo es siendo profesora de historia. Es mi manera de actuar en el mundo. (…) Es este espíritu, como de contradicción, yo me voy a rebelar, yo creo que es algo también que ha sido como muy natural.

Fidelio não comunga deste sentimento. Ele entende que é pouco provável que as aulas de História sirvam para alguma coisa. Quando muito, alguns jovens guardarão lembranças positivas ou carinhosas das aulas de Historia/Ciencias Sociales: “¿Poder? Ninguno. {risas} (…) Quizás un buen recuerdo. (…) Quien tiene poder son los medios de [comunicación de] masa, pero nosotros. Creo que no, ¿eh?”. Talvez por isso, diz que, se pudesse começar de novo, não seria professor, pois não compensa o esforço: “Si yo tuviese que escoger no me dedicaría a la enseñanza. No sé si es un consejo o una conclusión. Es un trabajo desagradecido. Problemático.”. A renúncia é acompanhada pela frustração e a procura por responsáveis não exclui a si próprio:

si tenemos unos porcentajes de Insuficientes de un 30% a un 35%, es difícil estar satisfecho con tu trabajo. ¿Culpa tuya? Una parte. ¿Culpa de las familias? Otra

parte. ¿Culpa del ambiente? Otra parte. Yo creo que todos podemos aquí hablar, hablar, no buscando culpables sino buscar una manera de que eso se solucione. Porque vamos mal. Es frustrante para ellos, mucho ¿eh? Es frustrante para nosotros, para las familias cuando ves estos resultados.

Houve várias tentativas de “consertar” esse problema. Para Fidelio, a mais crítica delas foi a crença de que a tecnologia resolveria todos os problemas da escola. Para ele, falham aspectos humanos e afetivos e não poupa críticas à falta de didática de seus colegas na Secundaria. Apesar de dizer que não pode fazer nada a respeito, notei em suas aulas sinais de resistência: o toque nos ombros e nos cabelos dos alunos, o diálogo amistoso, as piadas e os risos, as explicações simples e claras, as ajudas individuais.

Para Josep, o conhecimento histórico deve ser vivo, fazer sentido na vida dos alunos: “Que esté vivo significa que lo que ellos van a aprender les sirva en su vida personal y en su entorno, en su propia historia”. As raízes para este tipo de posição sobre seu papel político e profissional, segundo o próprio Josep, podem advir de suas leituras em História Social e Marxismo que cultiva desde os quinze anos. Trata-se de uma forma de compreender o papel da ciência da História para a transformação da sociedade. Não é à toa que Eric Hobsbawn é um dos autores mais influentes para Josep. Este historiador, defensor das posições de esquerda e do marxismo, recentemente publicou um livro intitulado “Como mudar o mundo”155. É o conhecimento histórico ensinado na escola que cumpre o papel de transformação. Aliás, quem deve realizá-la são os alunos. Ao professor cabe a transmissão – em formatos atraentes e participativos – que é o momento em que sua posição política se manifesta sem doutrinar. Ele