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Práticas de comunicação e divulgação das ações

7.2 A BIBLIOTECA COMO ARTESÃ: costurando as histórias de leitura

7.2.3 Práticas de comunicação e divulgação das ações

Em todas as atividades e ações realizadas, a equipe da biblioteca sempre faz o possível para registrá-las e divulgá-las, desde a etapa do planejamento até o momento da execução. Por isso, outra prática informacional e leitora observada foi a produção e compartilhamento da informação realizada por meio dos dispositivos de divulgação das atividades, seja em cartazes, redes sociais ou oralmente.

A comunicação realizada pelas bibliotecas envolve tanto a divulgação do próprio espaço, das ações realizadas para dentro e fora da comunidade, quanto as estratégias de comunicação com os entes públicos e privados para dar visibilidade e sustentabilidade às suas ações.

Notamos que existem duas formas de comunicação: uma interna e outra externa. A interna se refere ao ato de informar a comunidade sobre as atividades que serão oferecidas. Já a externa visa a dar visibilidade às ações para o público que não convive nela.

Assim em relação aos meios de comunicação pelos quais elas publicizam suas demandas, notamos que existe uma apropriação das mídias impressas e orais bem como das mídias virtuais. O Blog, a o Facebook, o E-mail e o WhatsApp foram as redes sociais citadas pelos entrevistados para divulgação de suas ações na internet, conforme figuras 50 e 51.

Figuras 50-51 – Uso de redes sociais para comunicação e divulgação das ações

Fonte: Fanpage Releitura-PE (https://www.facebook.com/Releitura-PE) Blog da Biblioteca do Coque (http://bpcoque.com.br/).

Para os meios impressos eles relataram utilizar panfletos, cartazes e folders e distribuir ou afixar em locais públicos de grande circulação na comunidade ou em instituições educacionais e comerciais.

Figura 52-53 – Uso de cartazes e panfletos para comunicação e divulgação das ações

Fonte: Blog da Biblioteca do Coque (http://bpcoque.com.br/).

Conforme o Gráfico 3, o rádio, carros e bicicletas com som também são usados na comunicação dessas atividades, por atingirem um grande número de pessoas, mais até do que as mídias impressas. Mas a forma mais indicada, e que segundo eles é a que dá mais resultado, é o chamado boca a boca, a comunicação oral que parte da biblioteca para os interagentes e depois deles para seus colegas, vizinhos e familiares.

Gráfico 3- Formas de comunicação e divulgação das ações realizadas nas bibliotecas.

Fonte: Dados da pesquisa.

Quanto aos locais de divulgação das atividades, as bibliotecas costumam propagá-las em escolas, postos de saúde, paradas de ônibus, estabelecimentos comerciais entre outros. Dessa forma eles pretendem atingir aos diversos públicos e ampliar o raio de abrangência de divulgação da unidade.

Das quatro bibliotecas, a BPC e a BMN possuem blogs que são alimentados frequentemente, no caso da primeira desde 2007, e da segunda desde 2009. A BCEPOMA possui um blog, mas ele está sem atualizações, e a BAL possuía um site, mas atualmente está inativo. A Releitura também possui um blog mantido desde 2007 com atualizações constantes. Quanto a páginas na rede social Facebook, todas as bibliotecas possuem Fanpages. No entanto, algumas são mais atualizadas que outras.

O fato de as bibliotecas se utilizarem de meios virtuais para a divulgação de suas atividades e a comunicação com seu público se configura como uma forma a mais de interação e compartilhamento de informações com ele, de modo a facilitar o acesso às suas opiniões e

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 1

Blog Facebook Comunicação boca a boca

Panfleto/cartaz/folder E-mail Bicicleta com som

Pôster lembe-lambe Carro de som Whatsapp

sensações. Além disso, refletem de forma mais direta as práticas informacionais dessas bibliotecas quando elas registram e produzem informações sobre suas ações.

Contudo, foram apresentadas algumas dificuldades encontradas na comunicação, como a falta de recurso para fazer peças gráficas ou para a alocação de pessoal para fazer a divulgação das ações. Notou-se especialmente na comunicação externa, sobretudo nas redes sociais de algumas bibliotecas, a não atualização de informações, o que dificulta muito a visibilidade das ações para pessoas não ligadas às comunidades que possuem interesse em conhecer ou acompanhar essas ações. O gestor Felipe reconhece a importância dessa atualização de informações, quando afirma que:

Nosso blog é uma das coisas que eu dou muita prioridade porque é a nossa voz no mundo inteiro. Então, como nós temos esse projeto internacional de intercâmbio [...], a gente entende que o nosso blog é a porta para divulgar nosso trabalho, ele sempre tá atualizado o máximo possível que a gente consegue atualizar.

A falta de um plano de comunicação organizado ou de alimentação de informações nessas redes sociais na Internet impede inclusive a articulação de parcerias e a sustentabilidade das ações. Isto fica claro na fala de Estela, ao defender que:

A divulgação é essencial até para a visibilidade, para depois a gente conseguir parceiro, até para as atividades. Para fazer as atividades, muitos poetas, muita gente que vem aqui faz de graça, sem cobrar, contador de história, poeta que vem aqui numa parceria e faz a atividade para a gente porque acompanha, e aí a coisa da comunicação é muito legal para isso também, porque a pessoa acompanha, vê que tem um trabalho sendo feito, e aí se sente mais à vontade de tá contribuindo.

Esse aspecto também é notado pelo Programa Prazer em Ler quando reconhece que os polos precisam avançar nesse sentido, pois, embora todas as bibliotecas já possuam peças gráficas e meios de divulgação, essas estratégias são pontuais e de pouca repercussão, atuando, portanto, de forma incipiente na projeção local, municipal e estadual de cada biblioteca (PRAZER EM LER..., 2016).

As estratégias e ações de comunicação e divulgação das atividades das bibliotecas e da Releitura demonstram que, além de produção e criação de informações, essas bibliotecas também registram e divulgam esses dados, seja de maneira escrita, em blogs ou cartazes, ou de forma oral. Existe um ciclo informacional no qual essas pessoas se apropriam da informação, produzem suas informações e, por sua vez, as registram e disseminam para que novamente elas sejam reapropriadas por outros sujeitos e por eles mesmos.

Além disso, observa-se o quanto a divulgação dessas informações é relevante para a mobilização de outros sujeitos em prol da articulação de pessoas e de recursos. As campanhas de doação de acervo, as campanhas de voluntariado nas bibliotecas, são exemplos disso, porquanto facilitam e ampliam o acesso de mais pessoas na interação com esses espaços e na adesão à causa.

A comunicação, desse modo, além de ser uma prática que mantêm as ações registradas, é uma forma de prestação de contas à sociedade das ações que se realizam nesses espaços. Constituem-se ações informacionais inseparáveis do contexto social, histórico, cultural e político no qual estas práticas estão inseridas, configurando-se como um movimento mediador de recepção, apropriação e reapropriação da informação. A síntese desta categoria é apresentada no Quadro 11.

Quadro 11 - Práticas de comunicação e divulgação das ações

Fonte: Dados da pesquisa.