2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.3 PESQUISA QUANTITATIVA
3.3.2 Instrumento de coleta de dados quantitativos
3.3.2.1 Pré-teste do instrumento de pesquisa quantitativo
O pré-teste do instrumento descrito no tópico 3.4.2 foi realizado levando em
consideração as recomendações de Cooper e Schindler (2011). Os autores afirmam que os
pré-testes são conduzidos para detectar pontos falhos no instrumento. Ainda, recomendam que
o pré-teste seja realizado da mesma forma como serão coletados os dados com os
respondentes finais. No caso desta pesquisa, o questionário foi disponibilizado na plataforma
Google Forms, na qual também foram obtidas as respostas do universo pesquisado.
Um protocolo de pré-teste foi elaborado com o objetivo de melhor aproveitar o
feedback dos voluntários. Nesse sentido, um ambiente foi preparado para a aplicação desta
testagem, conforme apresentado na figura 29.
Figura 29 – Layout do ambiente de realização do pré-teste
Legenda:
X – Voluntário ao pré-teste; – Pesquisador.
Fonte: Elaboração própria (2019)
O questionário foi disponibilizado na plataforma Google Forms e um notebook foi
colocado em frente ao voluntário. Antes de começar o pré-teste, o pesquisador, minimizando
o viés de se ter alguém observando o que o voluntário fazia, informou que aquele era um
ambiente artificial com o objetivo de testar o instrumento da pesquisa e esclareceu que era o
instrumento que estava em avaliação, e não o voluntário. Em seguida, os procedimentos da
observação foram descritos.
Foi solicitado ao voluntário que respondesse o questionário, não levando em
consideração a variável tempo, sem pedido de auxílio ao pesquisador, que estava ali, nesse
primeiro momento, apenas como observador. Ao iniciar o teste, o pesquisador usou um
cronômetro para averiguar o tempo de resposta para cada item do questionário. Esse critério
foi incorporado para identificar os itens com maior tempo de respostas (esta indicação
forneceu o entendimento de itens mais complexos e/ou mal formulados).
O pré-teste ocorreu em três momentos distintos. No primeiro momento, o tempo de
resposta de cada item do questionário foi observado em dez voluntários. Em média, esses
voluntários levaram cerca de 16 segundos para cada item. Com base nas respostas médias, o
segundo momento do pré-teste foi iniciado. Tomando como base a média de 16 segundos por
resposta, decidiu-se aceitar até 20 segundos por cada item levando em consideração a
condição artificial da testagem, uma vez que, mesmo com as informações de que o
questionário estava em avaliação e não as pessoas, alguns voluntários se sentiram
“pressionados” a responder rápido. Nesse sentido, uma tolerância de 4 segundos por item foi
incorporada à média de respostas do primeiro momento do pré-teste. Ou seja, respostas dadas
abaixo de 20 segundos seriam interpretadas como coerente com o ambiente de teste. Caso o
tempo de resposta fosse igual ou superior a 20 segundos, o item seria investigado com os
voluntários.
Após o voluntário completar o questionário, o pesquisador apresentou uma versão
impressa ao respondente e verificaram juntos os itens que levaram um maior tempo para
responder. Nessa etapa, foi averiguado se o item estava claro, porém necessitava de maior
reflexão para a resposta ou obscuro, trazendo confusão ao respondente. Após a avaliação dos
itens com maior tempo de resposta, foi perguntado se houve outros itens que trouxeram
entendimento ambíguo mas não foram captados pelo critério de tempo de resposta.
As análises foram realizadas levando em consideração as respostas dos voluntários no
segundo momento da testagem, ou seja, 60 respondentes. Esse procedimento possibilitou a
compreensão dos seguintes pontos:
O tempo médio de respostas do segundo momento do pré-teste foi de 14 segundos por
item;
O grau de concordância dos respondentes em relação à média em todos os itens foi de
19 respostas de “concordo totalmente” e 11 respostas de “concordo parcialmente”;
Dos 30 itens do questionário, 19 apresentaram pelo menos dois respondentes com
tempo de reposta superior a 20 segundos. Destes, 12 itens não apresentaram
dificuldade de compreensão, mas exigiram um maior tempo de reflexão dos
respondentes, enquanto 07 apresentaram problemas e serão descritos abaixo;
Na dimensão de ambiente cultural, dos doze itens, sete apresentaram pelos menos dois
não muito claros para os respondentes. Eles relaram falta de coesão e direcionamento
da afirmativa;
Na dimensão de ambiente empresarial, dos sete itens, cinco apresentaram pelo menos
dois respondentes com tempo superior de 20 segundos. Desses, dois itens se
mostraram longos e de difícil compreensão;
Na dimensão dinamização das economias regionais, dos seis itens, quatro
apresentaram pelo menos dois respondentes com tempo superior de 20 segundos.
Desses, apenas um item causou confusão nos respondentes por ter informações
duplicadas;
Na dimensão modificação da infraestrutura local, dos cinco itens, três apresentaram
pelo menos três respondentes com tempo superior de 20 segundos. Desses, dois itens
foram confusos para os respondentes.
Dos 30 itens, 17 tiveram grau de homogeneidade “homogêneo”, 7 “muito homogêneo”
e 6 “heterogêneo”;
Os itens heterogêneos foram a Q.7, Q.10 e Q.13 da dimensão de ambiente cultural, a
Q.24 de ambiente empresarial, a Q.30 de dinamização das economias regionais e a
Q. 31 de modificação da infraestrutura local. Destes, 3 foram relatados como de difícil
interpretação dos respondentes, ou seja, tempo de resposta acima de 20 segundos.
Especificamente, Q.10 do ambiente cultural, Q.30 de dinamização das economias
regionais e a Q. 31 de modificação da infraestrutura local;
Ainda, 11 respondentes afirmaram que não levaram em consideração todas as
instituições de ensino superior do estado de Alagoas ao responderem o questionário.
Ainda que houvesse menção no termo de consentimento no início do questionário que
deveria se levar em consideração todas as instituições de ensino superior do estado, os
respondentes tenderam a avaliar apenas a instituição com a qual tiveram ou tinham
vínculo.
Após estes achados, os 07 itens apresentados como problemáticos foram revistos e
reescritos e o terceiro momento do pré-teste foi realizado. Nessa ocasião, 60 voluntários, 20
respondentes de cada estrato da pesquisa, ou seja, acadêmico, empresarial e governamental,
responderam o questionário nas mesmas condições até aqui descritas e as seguintes
conclusões puderam ser aferidas:
O tempo médio de respostas do terceiro momento do pré-teste foi de 15 segundos por
item;
As variâncias médias das quatros dimensões do estudo (ver figura 28) foram de 0,94,
0,89 e 0,93 para os respondentes dos estratos acadêmicos, empresarial e
governamental, respectivamente;
O grau de concordância em relação à média em todos os itens foi de 16 respostas de
“concordo totalmente” e 14 respostas de “concordo parcialmente;
Dos 30 itens do questionário, 12 apresentaram pelo menos dois respondentes com
tempo de reposta superior a 20 segundos. Desses, apenas um item apresentou
dificuldade de compreensão de três respondentes. A questão 30 da dimensão de
dinamização das economias regionais afirmava que: as universidades sabem lidar com
os problemas complexos da região por meio do capital humano que possuem e
formam nas diferentes áreas do conhecimento (grifo meu). A dificuldade, segundo
estes, era de compreensão da palavra “formam”, que estava sendo interpretada como
moldar, adaptar. Objetivando, melhor entendimento dos futuros respondentes, esta
questão foi reescrita eliminado a palavra “formam”. Nesse sentido, a questão se
tornou: as instituições de ensino superior sabem lidar com os problemas complexos da
região devido à alta qualificação de seus funcionários e daqueles que entrega ao
mercado;
Dos 30 itens, 18 tiveram grau de homogeneidade “homogêneo”, 8 “muito homogêneo”
e 4 “heterogêneo”;
Os itens heterogêneos foram Q.7 e Q.13 da dimensão de ambiente cultural, a Q.24 de
ambiente empresarial e a Q.27 de dinamização das economias regionais;
Após a reescrita, os 3 itens identificados na averiguação qualitativa do segundo
momento do pré-teste como problemáticos (Q.10 da dimensão de ambiente cultural,
Q.30 da dimensão de dinamização das economias regionais e Q.31 de modificação da
infraestrutura local) tornaram-se, respectivamente, homogêneo, homogêneo e muito
homogêneo. No entanto, o item Q.27 da dimensão de dinamização das economias
regionais se tornou heterogêneo nessa amostra;
Com o objetivo de levar os respondentes a avaliar todas as IES do Estado, além de
menção no termo de consentimento, foi comunicado em cada enunciado da dimensão
do questionário que todas as Instituições de Ensino Superior deveriam ser avaliadas.
No documento
AUGUSTO FERREIRA RAMOS FILHO
(páginas 120-124)