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PREJUÍZO AO ERÁRIO DE R$ 2.912.373,51, DECORRENTE DAS CONTRATAÇÕES POR MEIO DA ADESÃO ÀS ATAS DE REGISTRO DE

PREÇOS DO MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO: “CARONA”

Com os comportamentos acima descritos, com unidade de propósitos e em divisão de tarefas, os agentes públicos, requeridos HOMERO

DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, especialmente

os que ocupavam as funções de prefeito municipal e de Secretários Municipais de Educação, de Fazenda e de Gestão Pública, e os terceiros, requeridos MARCOS

DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, que representavam a

G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA E CAPRICÓRNIO S/A,CDF CIA FUTURO, IRIDIUM – IND. CONFECÇÕES LTDA, BYD INDUSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA e KRISWILL INDUSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECÇÕES E BOLSAS LTDA., além de outras empresas, alegando falsas situações de urgência e vantajosidade, aderiram às atas de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo-SP, para adquirirem uniformes escolares para a rede municipal de ensino de Londrina, das

empresas G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E

REPRESENTAÇÕES LTDA. e CAPRICÓRNIO S/A, pelo valor atualizado de R$

7.175.146,29 (sete milhões, cento e setenta e cinco mil, cento e quarenta e seis reais e vinte e nove centavos-DOC 06.15) , causando um prejuízo ao erário

no valor de R$ 2.912.373,51 (dois milhões, novecentos e doze mil, trezentos e

setenta e três reais e cinquenta e um centavos-(DOC 06.16).

Nesse sentido, as auditorias realizadas pela própria Controladoria Geral do Município de Londrina e pelo Setor de Auditoria do Ministério Público evidenciaram que a adesão às atas de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo, resultou da prática de uma série de atos ilegais e inválidos, porquanto a alegada urgência para a utilização do “carona” nunca existiu, os uniformes não atenderam à demanda dos alunos de Londrina, havendo verdadeiro desperdício de materiais e recursos públicos; foram pagos preços superiores aos de mercado; que os ítens adquiridos pelo Município de Londrina eram diferentes daqueles constantes das atas de registros de preços de São Bernardo do Campo; o Município de Londrina pagou por serviços não

utilizados (separação, distribuição, entrega dos materias nas escolas), demonstrando que as contratações das empresas G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA E CAPRICÓRNIO S/A., não atenderam ao interesse público e representaram prejuízo aos cofres públicos e propiciaram o enriquecimento ilícito dos particulares, mediante o pagamento de propina a agentes públicos.(DOC 06 e seguintes, DOC 11 e DOC 42).

O Setor de Auditoria do Ministério Público (DOC 06 e seguintes, destacando-se os relatórios 117/12 (DOC 06.16), 119/12 (DOC 06.17) e 123/12 (DOC 06.14)) verificou que em relação aos procedimentos de Inexigibilidade decorrentes da “ Adesão às Atas de Registro de Preços do

Município de São Bernardo do Campo” foi possível apurar um

sobrepreço/superfaturamento da ordem de R$ 2.912.373,51 (dois milhões, novecentos e doze mil, trezentos e setenta e três reais e cinquenta e um centavos).

Oportuno destacar trechos do Relatório nº 123/12 (DOC 06.14) do Setor de Auditoria do Ministério Público que após a análise de todas as contratações aperfeiçoadas pelo Município de Londrina (Inexigibilidades de Licitação nº 071/2010 e 0378/2010, Pregão nº 156/2011 e Pregão 21/2012) com as empresas dos GRUPOS G8 e CAPRICÓRNIO, concluiu que houve um prejuízo ao erário municipal que ultrapassa os quatro milhões de reais:

] (...)

“Portanto, houve excesso no valor pago pelo Município de Londrina às empresas Capricórnio, G8 e CDF pelos uniformes escolares, sendo que ambas as formas de cálculo convergem a montantes superiores a 4 milhões de reais; onde com a aferição do custo do produto (valor absoluto) obteve-se um superfaturamento de R$4.030.278,30 e

através da metodologia de preço de mercado (valor relativo), o excesso foi de R$4.075.233,25. Assim, os valores encontrados se confirmam (se validam), demonstrando que os contratos analisados foram significativamente superestimados.

...

Conclusão: o custo do produto determina o valor de venda enquanto que o seu valor de mercado é um referencial limitador para eventuais variações ou negociações. Assim, reportando-nos a todos os trabalhos realizados nestes autos, concluímos que o Município de Londrina teve um prejuízo de R$4.030.278,30 com a aquisição de uniformes escolares, no período entre 2010 a 2012.”

Observa-se que nas contratações decorrentes da utilização da “carona”, apenas no ítem relativo aos tênis, a Controladoria Geral do Município de Londrina (DOC. 11) fez um comparativo com os preços pagos pelo Município de Santos /SP em tênis, cuja especificação é semelhante ao material adquirido pelo Município de Londrina, tendo constatado que uma diferença equivalente a R$ 480.080,00 entre o valor pago pelo Município de Londrina e o preço obtido por meio do processo licitatório realizado no Município de Santos/SP. Na sequência, a Auditoria do Ministério Público efetuou um exame mais completo, abrangendo os levantamentos feitos pela Controladoria do Município, apurando, consoante relatórios nº 101/12, 117/12,119/12 e 123/12 35

que nos itens tênis e meias foi possível sobrepreço/superfaturamento dessas mercadorias, de R$ 552.840,00 (quinhentos cinquenta e dois mil, oitocentos e

quarenta reais), ou seja, de 72,11% % sobre o custo de produção dos aludidos itens, o que evidencia o prejuízo causado ao erário na aquisição desses itens.

No curso das investigações, apurou-se que a quase a totalidade dos bens (exceto tênis e meias) fornecidos ao Município de Londrina pelas empresas do GRUPO G8 E CAPRICÓRNIO eram, de fato, fabricados pelas empresas do GRUPO KRISWILL (comandado pelo requerido WILSON YOSHIDA). As empresas dos GRUPOS G8 E CAPRICÓRNIO adquiriam esses produtos do GRUPO KRISWILL a preços compatíveis com os valores de mercado (DOC.06 e seguintes, especialmente DOC 06.12 e 123/12 DOC 06.14) e os repassavam ao Município de Londrina com um sobrepreço que variava entre 47% a 62%, tornando evidente, a um só tempo, que todos esses bens poderiam ter sido adquiridos pelo Município de Londrina de outros fornecedores a um custo muito menor e que a aquisição dos bens dos GRUPOS G8 e CAPRICÓRNIO, em razão da utilização da “carona” representou flagrante prejuízo ao erário municipal, quantificado no montante de R$ 2.912.373,51 (dois milhões, novecentos e doze mil, trezentos e setenta e três reais e cinquenta e um centavos).36

Assim, com os pagamentos efetuados entre dezembro de 2010 e abril de 2011, na cidade de Londrina, decorrentes da adesão ás atas de registros de preços do Município de São Bernardo do Campo, os requeridos

HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, dolosamente

agindo, em concurso de vontades, com os terceiros MARCOS DIVINO RAMOS,

PAULINA APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, permitiram o enriquecimento

ilícito das empresas G8 COMÉRCIO DE EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E

36

Ressalte-se, por fim, que realizando um comparativo entre os bens adquiridos pelo Município de Londrina, com os valores de mercado, o Setor de Auditoria do Ministério Público constatou que os valores cobrados pelo GRUPO KRISWILL para produzir os bens entregues ao Município de Londrina eram mais altos que os de outros fornecedores, o que reforça a assertiva de superfaturamento dos bens e respectivos valores pagos pelo Município de Londrina aos Grupos G8 e CAPRICÓRNIO.

REPRESENTAÇÕES LTDA E CAPRICÓRNIO S/A37 correspondente ao sobrepreço ou superfaturamento dos valores dos produtos fornecidos, causando prejuízo ao erário no valor de R$ 2.912.373,51 (dois milhões, novecentos e doze mil, trezentos e setenta e três reais e cinquenta e um centavos).

Posteriormente,38 parte dessa importância, R$ 2.912.373,51, foi utilizada pelos particulares, após processo de “lavagem”, pelo

qual foi dissimulada a origem e natureza de tais valores, para pagamento de vantagens indevidas aos agentes públicos com os quais estavam associados.

Com tais comportamentos, os agentes públicos

HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM MARTINS RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FÁBIO PASSOS DE GÓES e FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, dolosamente

agindo em concurso com os requeridos MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA

APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANFREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, e as empresas G8 COMÉRCIO DE

EQUIPAMENTOS, SERVIÇOS E REPRESENTAÇÕES LTDA E CAPRICÓRNIO S/A, praticaram os atos de improbidade administrativa previstos nos artigos 10, “caput”, inciso I e XII e 11, “caput”, inciso I, combinado com art. 3º, todos da Lei 8.429/92.

FATOS II.5., II.6, II.7, II.8, II.9: CORRUPÇÂO PARA LIBERAR PAGAMENTOS DAS INEXIGIBILIDADES DE 2010- ENRIQUECIMENTO ILÍCITO E LESÃO AO ERÁRIO RELACIONADAS AO PREGÃO 156/2011- FRUSTRAÇÃO DA LICITUDE DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

FATO II.5 - CORRUPÇÃO PARA LIBERAR PAGAMENTOS DA