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RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, FÁBIO PASSOS DE GÓES, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FIDELIS CANGUÇU

FATO II.14- ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DE KARIN SABEC VIANA NO VALOR DE R$ 10.000,

RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, FÁBIO PASSOS DE GÓES, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FIDELIS CANGUÇU

os terceiros MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA APARECIDA DUARTE DE

SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO MANDREDINI, DANIEL MANFREDINI, JOSÉ LEMES DOS SANTOS, WILSON MAKOTO YOSHIDA, CRISTINA INUMARU YOSHIDA, PEDRO VICTOR BRESCIANI e CLAUDIANE MANDELLI, violaram, flagrantemente, o Princípio da Legalidade.

De efeito, os atos praticados pelos agentes públicos e demais

requeridos constituem crimes previstos no art. 288, caput, do Código Penal; art. 317, § 1º, c/c artigos 29 e 69, ambos do C.P.,; art. 333, § único 1º, c/c artigos 29 e 69, ambos do C.P.,; art. 89, caput, da Lei nº 8.666/93, c/c art. 29 do C.P.; art. 1º, inciso I, do Decreto-lei nº 201/67, c/c artigos 29 e 69, ambos do C.P.; art. 1º, inciso V, da Lei nº 9.613/98,88 c/c artigos 29 e 69, ambos do C.P.,; art. 90 da Lei nº 8.666/93, c/c artigos 29 e 69, ambos do C.P, todos com incidência do disposto no art. 62, inciso I, do Código Penal, e na Lei nº 9.034/95, além dos art. 9º, 10º da Lei 8.429/92, e art. 37, caput, da Constituição Federal.

Celso Antônio Bandeira de Mello89 consigna que:

"... o princípio da legalidade é o da completa submissão da Administração às leis. Esta deve tão somente obedecê-las, cumpri-las, pô-las em prática. Daí que a atividade de todos os seus agentes, desde o que lhe ocupa a cúspide, isto é, o Presidente da República, até o mais modesto dos servidores, só pode ser a de dóceis, reverentes, obsequiosos cumpridores das disposições gerais fixadas pelo Poder Legislativo, pois esta é a posição que lhes compete no direito brasileiro"

É induvidoso que a conduta de todo agente público90, deve estribar-se nos termos e limites da lei. O particular pode fazer tudo o que a lei não proíbe; ao administrador, em sentido inverso, apenas é admitido fazer o que a lei expressamente autoriza. No caso vertente, os requeridos praticaram atos expressamente proibidos por lei.

88 Atual artigo 1º, caput, da Lei nº 9.613.98, conf. alterações da Lei nº 12.683/12. 89

Ob. cit., p. 48.

90 Conforme dispõe o art.2º da lei 8.429/92: “Reputa-se agente público para os efeitos desta Lei, todo aquele

que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição nomeação, designação contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior.”

Além de ilegais, os comportamentos dos requeridos também foram ostensivamente imorais, já que em total descompasso com o sentimento médio de justiça, de honestidade e de boa fé exigido pelo senso comum.

Emerson Garcia91 delimita, apropriadamente, o princípio da

moralidade:

“O princípio da legalidade exige a adequação do ato à lei, enquanto que o da moralidade torna obrigatório que o móvel do agente e o objetivo visado estejam em harmonia com o dever de bem administrar.”

Não se pode conceber como moral a conduta de quem se utiliza do respectivo cargo público, para obter vantagens patrimoniais indevidas, permitindo e contribuindo para que recursos que deveriam ser utilizados para a consecução da finalidade de interesse coletivo, no caso, para a aquisição de uniformes para os alunos da rede municipal de ensino, sejam desviados em benefício pessoal ou de terceiros. Os agentes públicos e demais requeridos agiram em total desamparo da boa fé e da honestidade que deve pautar, principalmente, o agente público na condução dos interesses de ordem pública.

O princípio constitucional da moralidade administrativa exige do agente público um comportamento ético no exercício de sua função, vedando qualquer conduta voltada para angariar benefícios indevidos em proveito próprio ou alheio, ou para beneficiar ou prejudicar terceiros. Neste sentido ensina REGIS FERNANDES DE OLIVEIRA:

“O administrador público não só tem que parecer honesto, como tem o dever de assim se comportar. Independentemente de ser um princípio constitucional previsto no art. 37 da Constituição da República, há o dever ético de conduta impecável. Não se trata do fato de confundir princípios morais com jurídicos. Cuida-se da incorporação de deveres éticos ao ordenamento normativo.”92

91 Ob. cit., p. 75 e 76.

Não há dúvida de que os agentes públicos, agindo em concurso com os demais requeridos, infringiram o princípio da moralidade administrativa, ao favorecerem, indevidamente, as empresas e pessoas físicas ligadas aos grupos econômicos da G8, Kriswill e Capricórnio, em troca de vantagens patrimoniais indevidas, causando vultoso prejuízo ao erário.

Ressalte-se, outrossim, que os comportamentos dos

requeridos afrontaram o princípio da impessoalidade. Com efeito, exige-se do agente público comportamento impessoal na condução dos negócios públicos.

Hely Lopes Meirelles93, com habitual propriedade, estabelece

os limites da atuação administrativa, ao registrar que:

“O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal”.

É inadmissível, portanto, valer-se do cargo público para beneficiar ou prejudicar terceiros, em detrimento do interesse público e coletivo. Neste sentido, orienta-se Carlos Ari Sundfeld94:

“...A Constituição Nacional de 1988, na linha da vigorosa tradição jurídica acumulada desde nossa Carta Imperial, sujeitou a Administração Pública ao princípio da impessoalidade (art. 37, caput), em virtude do qual as funções estatais se ligam a finalidades públicas impessoais, meta- individuais, objetivas.

Porque a atividade do Estado é impessoal, não pode ser orientada por interesses pessoais, quer do agente, quer do particular, não pode estar embebida de subjetividade, mas de objetividade, não pode privilegiar nem amesquinhar”.

93 Citado por SUNDFELD, Carlos Ari. Princípio da impessoalidade e abuso do poder de legislar. In: Revista Trimestral de Direito Público, v. 05, 1994.

94 SUNDFELD, Carlos Ari. Princípio da impessoalidade e abuso do poder de legislar. In: Revista Trimestral de Direito Público, v. 05, 1994.

Restou demonstrado, portanto, que os requeridos afrontaram os princípios da legalidade, da moralidade administrativa e da impessoalidade, o que consubstancia improbidade administrativa expressamente prevista no artigo 11, “caput”, e inciso I da Lei 8.429/92.

Ressalte-se, que os terceiros, não agentes públicos, que concorreram para a concretização dos atos de improbidade administrativa descritos nesta ação, sujeitam-se às sanções deles advindas. Com efeito, além dos agentes públicos HOMERO BARBOSA NETO, JOSÉ JOAQUIM MARTINS

RIBEIRO, LINDOMAR MOTA DOS SANTOS, FÁBIO PASSOS DE GÓES, MARCO ANTONIO CITO, KARIN SABEC VIANA, FIDELIS CANGUÇU RODRIGUES JUNIOR, FABIO CESAR REALI LEMOS todos os demais

requeridos, pessoas físicas e jurídicas que figuram no pólo passivo desta ação, sujeitam-se às sanções previstas na Lei 8.429/92, na condição de terceiros, por terem concorrido ou se beneficiado da prática de atos de improbidade administrativa, nos termos do que estabelece o art. 3º da Lei nº. 8.429/9295.

Assim, os requeridos MARCOS DIVINO RAMOS, PAULINA

APARECIDA DUARTE DE SOUZA, ELIANE ALVES DA SILVA, JÚLIO