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6.3 Performatividade na economia e a participação dos jornais

6.3.1 Prescrição da política fiscal de desoneração do IPI

Conforme verificado anteriormente, as categorias I, II e X da análise de conteúdo categórico prescrevem a política de desoneração do IPI, ou seja, através do conteúdo das matérias verifica-se o efeito de prescrever a política fiscal de desoneração do IPI para assim os agentes econômicos moldar suas ações na economia com intuito de atingir os resultados esperados na economia, ou seja, aumento da demanda agregada refletido no aumento do consumo, produção, manutenção e aumento dos empregos, em especial.

Verifica-se através da tabela 5 que nas matérias da Categoria I (Desoneração IPI), 7,7% das matérias, predomina o enquadramento GOTI (Técnico Informativo Governo) com 41,2%; seguido por EMTI (Técnico Informativo Setor Empresarial) com 20,6% e por EXPE (Expectativa) com 17,6%. Observa-se que a categoria I é composta por 34 matérias e que dessas 28 prescrevem a política fiscal de desoneração do IPI. Desse montante, o enquadramento GOTI compõe-se de 14 matérias, e o enquadramento EMTI compõe-se de 7 matérias, sendo que todas prescrevem a referida política. O enquadramento EXPE compõe-se de 6 matérias, sendo que 3 matérias prescrevem e 3 matérias não prescrevem a política em questão (1 matéria no jornal FSP e 2 matérias no jornal ESP).

Sobre as vozes predominantes, verifica-se que a categoria I possui 82,3% de suas vozes concentradas nas categorias que formam as vozes do governo e as vozes do empresariado, ou seja, 48,5% de suas vozes alocadas nas categorias que conjuntamente denominamos vozes do empresariado (ID, CM, EP, JS) e ainda 33,8% de suas vozes nas categorias que conjuntamente denominamos vozes do governo (PL, GO, GS, GM).

Assim, em síntese, para a categoria I, verifica-se que os enquadramentos GOTI e EMTI, em sua totalidade de matérias, prescrevem a política de desoneração do IPI e que as vozes dominantes estão concentradas também, assim como os enquadramentos, em categorias relacionadas ao setor governamental e empresarial, reforçando os quadros verificados.

Para as matérias da categoria II (Prorrogação da desoneração do IPI), 11% das matérias, predomina o enquadramento EXPE (Expectativa) com 44,2%; seguido por GOTI (Técnico Informativo Governo) com 42%. Observa-se que a categoria II é composta por 50 matérias e que dessas 33 prescrevem a política fiscal de desoneração do IPI. Desse montante, o enquadramento

EXPE compõe-se de 22 matérias, sendo que 9 prescrevem e 13 não prescrevem a referida política (5 matérias no jornal FSP, 3 matérias no jornal ESP, 2 matérias no jornal OG e 3 matérias no jornal VE); o enquadramento GOTI compõe-se de 21 matérias que prescrevem, em sua totalidade, a política fiscal de desoneração do IPI.

Nas vozes da categoria II verifica-se que 81,2% estão concentradas nas categorias que formam as vozes do governo e as vozes do empresariado, ou seja, 49,5% de suas vozes nas categorias que conjuntamente denominamos vozes do governo (PL, GO, GS, GM), e ainda, 31,7% de suas vozes alocadas nas categorias que conjuntamente denominamos vozes do empresariado (ID, CM, EP, JS).

Logo, em síntese, para a categoria II, verifica-se que o enquadramento GOTI, em sua totalidade de matérias, prescreve a política de desoneração do IPI e que o 40,9% das matérias do enquadramento EXPE prescrevem a referida política, assim como observa-se que a totalidade das matérias da categoria II possui vozes concentradas em categorias relacionadas ao setor governamental e empresarial, mesmo para a categoria EXPE, reforçando os quadros verificados.

Nas matérias da categoria X (IPI Verde), 4,4% das matérias, predomina o enquadramento GOTI (Técnico Informativo Governo) com 60%, seguido por EXPE (Expectativa) com 25% e o por EMTI (Técnico Informativo Setor Empresarial) com 10%. Constata-se que a categoria X é composta por 20 matérias e que dessas 10 prescrevem a política fiscal de desoneração do IPI, todas classificadas no enquadramento GOTI, que possui na totalidade 12 matérias, onde 2 não prescrevem a política de desoneração do IPI. Verifica-se que a totalidade de matérias para os enquadramentos EXPE e EMTI não prescreve a política de desoneração do IPI.

Para as vozes da categoria X, observa-se que 92,4% estão concentradas nas categorias que formam as vozes do governo e do empresariado, ou seja, 50,9% de suas vozes alocadas nas categorias que conjuntamente denominamos vozes do empresariado (ID, CM, EP, JS) e ainda 41,5% de suas vozes nas categorias que conjuntamente denominamos vozes do governo (PL, GO, GS, GM).

Em síntese verifica-se que 83,4% das matérias do enquadramento GOTI prescrevem a política de desoneração do IPI e que todas as matérias do enquadramento EXPE e EMTI não prescrevem a referida política. Observa-se ainda que as vozes dominantes, para a categoria X, estão concentradas também em categorias de vozes relacionadas ao setor governamental e empresarial, em especial para a porcentagem do enquadramento GOTI que possui efeito prescritivo, reforçando o quadro verificado.

Verifica-se que três categorias de análise de conteúdo categórico, que perfazem 23,1% do total das matérias produzidas no corpus, possuem matérias classificadas como prescritivas com conteúdo elaborado considerando os decretos promulgados pelo governo Federal, no intuito de prescrever à audiência dos jornais a política fiscal de desoneração do IPI. Tais conteúdos são de natureza descritiva sobre a política econômica adotada, ou seja, prescrevem através das matérias dos jornais o modelo econômico adotado e suas características e possuem em sua constituição, conforme verificado, enquadramentos também prescritivos.

Não foi possível verificar na totalidade das referidas categorias de conteúdo categórico esse efeito prescritivo, ou seja, conteúdo que ao ser utilizado na produção da matéria jornalística tem o sentido de prescrever a política de desoneração do IPI com o intuito de informar aos agentes econômicos que a partir dessa informação, eles podem moldar suas ações econômicas conforme a prescrição realizada. Logo, metade das matérias alocadas no enquadramento EXPE não possui efeito prescritivo na categoria I para a referida política econômica. Para o enquadramento EXPE, presente na categoria II, observa-se que 40,9% prescrevem a política e 50,1% não prescrevem a política econômica. Verifica-se ainda que 100% das matérias do enquadramento EXPE da categoria X não prescrevem a política fiscal em questão.

Para o enquadramento GOTI é possível verificar exceção quanto à prescrição na categoria X onde 83,5% prescrevem a política e 16,5% não prescrevem a política de desoneração do IPI. Logo para as demais categorias, ou seja, categoria I e II, em sua totalidade para o enquadramento GOTI, há efeito prescritivo da política de desoneração do IPI na economia.

Para ao enquadramento EMTI, verifica-se exceção na categoria X onde 100% das matérias classificadas para esse enquadramento não prescrevem a política de desoneração do IPI. Mas a totalidade de matérias presentes no enquadramento EMTI que compõe a categoria I prescreve a política de desoneração do IPI.

Os enquadramentos GOTI, EMTI e EXPE formadores das categorias I, II e X possuem em suas matérias conteúdo que prescreve a política fiscal de desoneração do IPI, salvo exceções explicadas nos parágrafos anteriores e, portanto, apresentam para a política econômica efeito prescritivo sobre os agentes econômicos.

Verificou-se ainda complementarmente que para as três categorias de análise de conteúdo categórico que possuem efeito prescritivo sobre a política de desoneração do IPI, há predominância de vozes alocadas nas categorias de análise de vozes que conjuntamente denominamos vozes do governo (PL, GO, GS, GM) e também nas categorias de análise de vozes que conjuntamente

denominamos vozes do empresariado (PL, GO, GS, GM). Verifica-se também que as vozes presentes na matéria dão autoridade aos conteúdos transmitidos, ou seja, as vozes do governo que elaborou a política de desoneração do IPI e as vozes do empresariado interessado que a política elaborada, descrita e prescrita através dos jornais, traga resultados para a economia. Pontua-se ainda que as vozes são utilizadas para demonstrar a credibilidade da matéria elaborada, ou seja, os jornalistas escolhem as vozes para elaboração da matéria com o intuito de complementá-la, e assim, trazer sentido de confirmação dos fatos relatados. Como as matérias elencadas nesse primeiro momento, ou seja, na prescrição da política, possuem sentido mais técnico de descrever o postulado econômico com informações que transformem os decretos do governo para a desoneração do IPI em conteúdo jornalístico escrito para audiência dos jornais, tais conteúdos técnicos são complementados com vozes do governo e das empresas, ambos interessados nos resultados na economia provenientes da política fiscal de desoneração do IPI.