• Nenhum resultado encontrado

13 Outros casos expressamente referidos em lei

VII – DO PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO: (PODE SER ANTECIPAÇÃO DE TUTELA RECURSAL)

08. AGRAVO INTERNO

8.1 Previsão legal:

O agravo interno tem previsão legal no art. 994, III e art. 1.021 do Código de Processo Civil.

Ainda, conforme o próprio caput do artigo 1.021 do CPC, devem ser observadas, quanto ao

processamento, as regras do regimento interno do tribunal.

8.2 Cabimento

O recurso de agravo interno ataca decisão monocrática no âmbito dos tribunais, conforme art. 1.021 do Código de Processo Civil, que dispõe:

Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. (BRASIL, 2015)

Sobre o cabimento do agravo interno ensina DIDIER E CUNHA (2018, p. 339): “é o recurso cabível contra as decisões unipessoais proferidas em tribunal, sejam elas proferidas pelo relator, sejam elas proferidas por Presidente ou Vice-Presidente do Tribunal”.

Consoante TARTUCE E DELLORE (2016, p. 369): “Trata-se de recurso interposto no Tribunal, a ser processado nos próprios autos do processo em trâmite. Assim, não é necessário formar instrumento (não se exigem peças para sua interposição) (...)”.

O agravo interno faz com que o órgão colegiado se manifeste acerca daquela decisão que foi proferida pelo relator de forma monocrática, o que possibilita também o esgotamento das vias recursais.

Nesse sentido, com o agravo interno, há a possibilidade de que a parte submeta a análise do recurso aos demais integrantes da Turma ou da Câmara. Isto é, se o relator decidir de forma monocrática, para que haja a manifestação dos demais desembargadores, se faz necessária a interposição do agravo interno. (TARTUCE; DELLORE, 2016, p. 370)

Ou seja, em certas hipóteses o relator decide sozinho, porém, o respectivo colegiado poderá rever essa decisão unipessoal a partir da interposição do Agravo Interno, preservando a colegialidade que é a regra em termos de duplo grau de jurisdição. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 239)

Segundo Lourenço (2017, p. 501), o Novo CPC fez com que acabasse a polêmica que existia entre agravo interno e o regimental, pois denominou no artigo 1.021 de Agravo Interno, sendo o recurso a ser utilizado contra a decisão monocrática do relator para o órgão a que este relator pertença.

EXEMPLOS DE CABIMENTO: É cabível o agravo interno quando o relator, em decisão monocrática, avaliar previamente o recurso e não admitir seu processamento/negar provimento, justamente para destrancar o recurso e fazer com que a decisão monocrática seja avaliada por órgão colegiado. (CHACON, 2.020, p. 234)

Exemplos de cabimento do agravo interno segundo Medina (2016, p. 1342): “pode tratar-se de decisão monocrática que não conheceu do recurso, ou que lhe deu ou negou provimento, ou, ainda, que tenha apreciado requerimento do efeito suspensivo ou de antecipação dos efeitos da tutela, ou decidido outra questão, como, por exemplo, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica (cf. art. 932, VI, do CPC/2015)”.

Da mesma, cabe agravo interno quando o relator negar ou conceder efeito suspensivo ou a antecipação de tutela recursal Enunciado 142 do FPPC:

142. (art. 298; art. 1.021) Da decisão monocrática do relator que concede ou nega o efeito suspensivo ao agravo de instrumento ou que concede, nega, modifica ou revoga, no todo ou em parte, a tutela jurisdicional nos casos de competência originária ou recursal, cabe o recurso de agravo interno nos termos do art. 1.021 do CPC”. (Grupo: Tutela Antecipada)

Segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 240), o recurso de agravo interno é cabível para atacar decisão em qualquer recurso, ação originária de Tribunal (como a ação rescisória) ou mesmo no reexame necessário previsto no art. 496, do CPC. O art. 1.021 não faz qualquer tipo de distinção em relação ao tipo de procedimento onde o agravo interno é aplicável”.

Cabe, portanto, de decisões singulares do relator. Observar, no entanto, outras hipóteses de cabimento do agravo interno e que estão estabelecidas no próprio CPC:

1º) Previsão do Parágrafo único do art. 136 do CPC:

Caso a decisão sobre a desconsideração da personalidade jurídica seja do relator, caberá o agravo interno:

Art. 136. Concluída a instrução, se necessária, o incidente será resolvido por decisão interlocutória.

2º) Previsão do artigo 1.037, §13º, II do CPC:

Art. 1.037. Selecionados os recursos, o relator, no tribunal superior, constatando a presença do pressuposto do caput do art. 1.036, proferirá decisão de afetação, na qual:

§ 9o Demonstrando distinção entre a questão a ser decidida no processo e aquela a ser julgada no recurso especial ou extraordinário afetado, a parte poderá requerer o prosseguimento do seu processo.

§ 13. Da decisão que resolver o requerimento a que se refere o § 9o caberá: I - agravo de instrumento, se o processo estiver em primeiro grau;

II - agravo interno, se a decisão for de relator. (BRASIL, 2015)

Ou seja, a decisão de distinção é recorrível, cabe tanto da decisão que a reconhece, como a que rejeita. Estando o processo em primeiro grau, a decisão é impugnável por meio de agravo de instrumento, se a decisão for de relator, cabe recurso de agravo interno.

3º) Previsão do artigo 1.030, I e III C/C §2º do CPC:

No caso de inadmissão de recurso especial ou extraordinário  via de regra o recurso é o agravo em recurso especial ou extraordinário (art. 1.042 do cpc). Porém, se a decisão que inadmitir o recurso especial ou extraordinário estiver fundada na aplicação de entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recurso repetitivo  será cabível o agravo interno e não mais o agravo em recurso especial ou extraordinário (art. 1.030, I e III C/C §2º do CPC):

Art. 1.030. Recebida a petição do recurso pela secretaria do tribunal, o recorrido será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual os autos serão conclusos ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal recorrido, que deverá:

I – negar seguimento:

a) a recurso extraordinário que discuta questão constitucional à qual o Supremo Tribunal Federal não tenha reconhecido a existência de repercussão geral ou a recurso extraordinário interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal exarado no regime de repercussão geral; b) a recurso extraordinário ou a recurso especial interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado no regime de julgamento de recursos repetitivos; II – encaminhar o processo ao órgão julgador para realização do juízo de retratação, se o acórdão recorrido divergir do entendimento do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça exarado, conforme o caso, nos regimes de repercussão geral ou de recursos repetitivos;

III – sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se trate de matéria constitucional ou infraconstitucional; IV – selecionar o recurso como representativo de controvérsia constitucional ou infraconstitucional, nos termos do § 6º do art. 1.036;

V – realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justiça, desde que: a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de julgamento de recursos repetitivos;

b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou

c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.

§ 1º Da decisão de inadmissibilidade proferida com fundamento no inciso V caberá agravo ao tribunal superior, nos termos do art. 1.042.

§ 2º Da decisão proferida com fundamento nos incisos I e III caberá agravo interno, nos termos do art. 1.021. (BRASIL, 2015)

Sobre essa previsão de cabimento do agravo interno, DONOSO e SERAU JUNIOR (2017, p. 240) explicam que cabe agravo interno contra a decisão de não admissão de recurso especial ou recurso extraordinário, direcionado ao próprio Tribunal de origem, quando verificadas as situações do artigo 1.030, incisos I e III c/c §2º do CPC.

4º) Previsão do art. 1.035, §7º do CPC:

Art. 1.035. O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.

§ 6o O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal de origem, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 7º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 6º ou que aplicar entendimento firmado em regime de repercussão geral ou em julgamento de recursos repetitivos caberá agravo interno. (BRASIL, 2015)

5º) Previsão do art. 1.036, §3º do CPC:

Art. 1.036. Sempre que houver multiplicidade de recursos extraordinários ou especiais com fundamento em idêntica questão de direito, haverá afetação para julgamento de acordo com as disposições desta Subseção, observado o disposto no Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal e no do Superior Tribunal de Justiça.

para fins de afetação, determinando a suspensão do trâmite de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no Estado ou na região, conforme o caso.

§ 2º O interessado pode requerer, ao presidente ou ao vice-presidente, que exclua da decisão de sobrestamento e inadmita o recurso especial ou o recurso extraordinário que tenha sido interposto intempestivamente, tendo o recorrente o prazo de 5 (cinco) dias para manifestar-se sobre esse requerimento.

§ 3º Da decisão que indeferir o requerimento referido no § 2º caberá apenas agravo interno. (BRASIL, 2015)

6º) Caberia contra qualquer decisão do art. 932 do CPC: condutas do relator, segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 240);

Segundo Donoso e Serau Junior (2017, p. 240) em razão de qualquer regra em sentido contrário é cabível contra qualquer tipo de decisão proferida monocraticamente pelos relatores em sede de Tribunal: decisões interlocutórias, decisões que resolvam o mérito da demanda.

Observar ainda que em muitos casos, a interposição do agravo interno é mecanismo processual exigido para efetuar o esgotamento das instâncias recursais ordinárias, condição essa para interposição e admissibilidade dos recursos especiais e extraordinários

SÚMULA 281 do STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando couber na Justiça de origem, recurso ordinário da decisão impugnada”. (DONOSO; SERAU JUNIOR, 2017, p. 239)

Observar que, segundo DONOSO E SERAU JUNIOR (2017, p. 240) o agravo interno é cabível em qualquer recurso, ação originária de tribunal (como ação rescisória) ou mesmo no reexame necessário previsto no artigo 496 do CPC, isso porque o art. 1.021 do CPC não faz qualquer tipo de distinção em relação ao tipo de procedimento em que o agravo interno é aplicável.