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13 Outros casos expressamente referidos em lei

V – DO EFEITO SUSPENSIVO:

10. Recurso ordinário

10.1 Previsão legal

O Recurso Ordinário encontra respaldo nos arts. 994, V e 1.027 a 1.028 do Código de Processo Civil. Encontra previsão também nos artigos 102, II e 105, II da Constituição Federal.

O Recurso ordinário é julgado pelo STF ou pelo STJ, conforme for situação do inciso I ou II do art. 1.027 do CPC.

10.2 Cabimento

As hipóteses de cabimento do recurso ordinário estão previstas no artigo 1.027, incisos I e II do Código de Processo Civil e artigo 102, II e artigo 105, II, ambos da Constituição Federal.

O recurso ordinário possibilita que o recorrente tenha o reexame das decisões que são de competência originária dos tribunais. Algumas ações são de competência originária dos Tribunais, não podendo ser distribuídas na primeira instância. (VIANA, 2018, p. 406)

É cabível contra determinadas decisões proferidas em ações cuja competência originária seja dos Tribunais. Julgado pelo STJ ou pelo STF. Tem previsão constitucional nos artigos 102, II e 105, II DA CF:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

II - julgar, em recurso ordinário:

a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

b) o crime político; (BRASIL, 1988)

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário:

a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; (BRASIL, 1988)

Segundo Haroldo Lourenço (2017, p. 521): “cabe àqueles tribunais exercer competência recursal, funcionando como segundo grau de jurisdição, não havendo qualquer espécie de limitação em relação à matéria fática, havendo devolução ampla da matéria a ser apreciada ao STF/STJ, abrangendo tanto matéria de fato como reexame de provas e cláusulas contratuais, bem como matéria de direito, como constitucional, federal e local, dispensando-se, ainda, o prequestionamento”.

Importante ainda mencionar o entendimento de DONOSO E SERAU JUNIOR (2018, P. 291) no sentido de que se o mandado de segurança FOI IMPETRADO INICIALMENTE PERANTE A PRIMEIRA INSTÂNCIA, contra o qual tenha sido interposto o competente recurso de apelação (porque da sentença cabe apelação) perante o Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal caberá contra o acórdão desse recurso de apelação, recurso extraordinário ou recurso especial, conforme o caso. Ou seja, é incabível o recurso ordinário neste caso.

Recurso ordinário a ser julgado pelo STF:

No artigo 1.027, inciso I do CPC está estabelecido o cabimento do recurso ordinário a ser julgado pelo STF:

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário:

I - pelo Supremo Tribunal Federal, os mandados de segurança, os habeas data e os mandados de injunção decididos em única instância pelos tribunais superiores, quando denegatória a decisão; (BRASIL, 2015)

Os tribunais superiores que aos quais cabem recurso ordinário encaminhando ao STF são: STJ, TSE, TST E STM. (LOURENÇO, 2017, p. 523)

Observar que somente caberá neste caso o recurso ordinário quando for competência originária daqueles tribunais, de forma que se tais meios de impugnação chegarem aos tribunais superiores por meio do manejo de apelação, por exemplo, não será cabível o recurso ordinário, consoante entendimento de HAROLDO LOURENÇO (2017, p. 522).

Haroldo Lourenço (2017, p. 522) apresenta os seguintes requisitos para interposição do recurso ordinário para o STF (art. 1.027, I do CPC):

 Decisões denegatórias;

É de se destacar que a Constituição Federal, no artigo 102, II da CF, também prevê o cabimento do recurso ordinário:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

II - julgar, em recurso ordinário:

o habeas corpus , o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; (BRASIL, 1988)

Recurso ordinário a ser julgado pelo STJ:

O recurso ordinário também poderá ser julgado pelo STJ, caso ocorra uma das situações previstas no artigo 1.027, II, alíneas “a” e “b” do CPC, e do artigo 105, II, alíneas “a”, “b” e “c” da Constituição Federal.

Conforme previsão do Código de Processo Civil:

Art. 1.027. Serão julgados em recurso ordinário: (...)

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

a) os mandados de segurança decididos em única instância pelos tribunais regionais federais ou pelos tribunais de justiça dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. (BRASIL, 2015)

Conforme previsão da Constituição Federal:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário:

a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; (BRASIL, 1988)

Ou seja, aqui também somente caberia recurso ordinário quando o MS for interposto diretamente no tribunal de justiça ou Tribunal regional federal e não chegando lá em caso de eventual recurso de apelação. (LOURENÇO, 2017, p. 523).

Observar que na hipótese do inciso II, alínea b, entende-se que o recurso ordinário se equipara a apelação, inclusive o §1º faz a ressalva de que nestes processos, as decisões interlocutórias serão impugnadas por meio de agravo de instrumento dirigidas ao STJ, nas hipóteses do artigo 1.015 do CPC:

II - pelo Superior Tribunal de Justiça:

b) os processos em que forem partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País. § 1o Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015. (BRASIL, 2015)

Segundo Lourenço (2017, p. 526) no caso da alínea “b” tais processos são de competência dos juízes federais de primeira instancia, nos termos do artigo 109, II da CF, competência definida em razão da pessoa. Sendo irrelevante se for pessoa física ou jurídica, bem como em qual dos polos estão os sujeitos, basta que estejam em polos adversários. RECURSO QUE CABE DA SENTENÇA.

10.3 Objetivo

O recurso ordinário (também chamado de ROC) permite o duplo grau de jurisdição para as decisões denegatórias de ações constitucionais. É considerado semelhante ao recurso de apelação pelo seu processamento.

Destaca-se que, somente das decisões denegatórias é que será admitido o recurso ordinário, conforme inciso I e inciso II, alínea “a” do art. 1.027 do CPC, de forma que trata-se de recurso secundum eventum litis, ou seja, o recurso será ou não cabível de acordo com o resultado do processo. (LOURENÇO, 2017, p. 524)

O recurso ordinário exercerá competência recursal sem qualquer limitação quanto à matéria de fato. Dessa forma, pelo recurso ordinário se admite, por exemplo, o reexame de prova. Ainda, o recurso ordinário dispensa o prequestionamento. Os tribunais superiores funcionariam aqui como segundo grau de jurisdição. (DIDER JUNIOR; CUNHA, 2018, p. 348)

10.4 Interposição

Conforme Aguirre e Montans de Sá (2017, p. 105), o recurso ordinário é interposto perante o presidente do Superior Tribunal de Justiça, do Tribunal Regional Federal ou do

Tribunal de Justiça, ou ainda perante o juiz federal da causa que prolatou a decisão recorrida, com as razões dirigidas ao STF ou STJ, dependendo do caso.

Interposição no caso do art. 1.027, II, alínea “b” do CPC:

Na hipótese da alínea B do inciso II do art. 1.027 do CPC, a interposição do Recurso ordinário vai seguir os requisitos de admissibilidade e o procedimento, os relativos à APELAÇÃO e o regimento interno do STJ, conforme previsão do art. 1.028 do CPC:

Art. 1.028. Ao recurso mencionado no art. 1.027, inciso II, alínea “b”, aplicam-se, quanto aos requisitos de admissibilidade e ao procedimento, as disposições relativas à apelação e o Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. (BRASIL, 2015)

Os processos que envolvam de um lado estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, município ou pessoa residente ou domiciliada no país são de competência dos juízes federais de primeira instância, nos termos do art. 109, II da CF.”E, das sentenças prolatadas por tais juízos, será cabível recurso ordinário para o STJ. Observe-se que é rara hipóteObserve-se de recurso per saltun em nosso ordenamento, em que a causa, por meio do recurso ordinário constitucional, sairá de um juízo federal e irá diretamente para o STJ (...)”. (LOURENÇO, 2017, p. 526)

Ainda, é de se destacar a previsão do §1º do art. 1.027 do CPC quando menciona que nos processos referidos na alínea “b” do inciso II do artigo 1.027 do CPC, contra as decisões interlocutórias CABERÁ AGRAVO DE INSTRUMENTO DIRIGIDO AO STJ:

§ 1º Nos processos referidos no inciso II, alínea “b”, contra as decisões interlocutórias caberá agravo de instrumento dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nas hipóteses do art. 1.015 . (BRASIL, 2015)

Interposição no caso do art. 1.027, I e inciso II, alínea “b” do CPC:

No mais, o CPC não indica expressamente quais os requisitos específicos do recurso ordinário previsto no inciso I e alínea “a” do inciso II do artigo 1.027, indicando apenas parte do seu procedimento no §2º do art. 1.028 do CPC:

§ 2o O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões. (BRASIL, 2015)

§ 3o Findo o prazo referido no § 2o, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior, independentemente de juízo de admissibilidade. (BRASIL, 2015)

apresentar as contrarrazões no prazo de 15 dias. Findo o prazo das contrarrazões, os autos serão remetidos ao tribunal (STJ OU STF, conforme o caso) independentemente do juízo de admissibilidade.

10.5 Prazo para interposição do Recurso Ordinário:

O prazo do recurso ordinário é de 15 dias, devendo a parte contrária ser intimada no prazo de 15 dias para apresentar contrarrazões, conforme previsão do art. 1.028, §2º do CPC:

§ 2o O recurso previsto no art. 1.027, incisos I e II, alínea “a”, deve ser interposto perante o tribunal de origem, cabendo ao seu presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para, em 15 (quinze) dias, apresentar as contrarrazões. (BRASIL, 2015)

10.6 Da previsão do artigo 1.027, §2º do CPC:

O art. 1.027, §2º do CPC estabelece que se aplica ao recurso ordinário a previsão do §3º do art. 1.013 do CPC: “§ 2º Aplica-se ao recurso ordinário o disposto nos arts. 1.013, § 3º , e 1.029, § 5º .

Por sua vez o §3º do art. 1013 do CPC prevê que o tribunal poderá desde logo julgar o mérito nas seguintes situações:

§ 3º Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando:

I - reformar sentença fundada no art. 485 ;

II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir;

III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo;

IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. (BRASIL, 2015)

10.7 Do efeito suspensivo:

No que tange ao efeito suspensivo no recurso ordinário, é de se mencionar que o artigo 1.027, §2º do CPC se reporta à previsão do artigo 1.029, §5º do CPC, o qual regula a possibilidade da concessão do efeito suspensivo ao recurso especial e ao recurso extraordinário. Dessa forma, o recurso ordinário não teria efeito suspensivo, mas seria possível a concessão de tal efeito, seguindo a regra geral do artigo 995 do CPC. (LOURENÇO, 2017, p. 524-525)

Ainda, no que tange ao efeito suspensivo, ensina DIDIER JUNIOR E CUNHA (2018, p. 350): “Embora não ostente efeito suspensivo automático, ao recurso ordinário é possível haver a agregação de tal efeito, aplicando-se o disposto no §5º do art. 1.029 do CPC. Em outras palavras, o meio para concessão de efeito suspensivo a recurso extraordinário ou a recurso especial é igualmente aplicável ao recurso ordinário”.

10.8 Da estrutura do Recurso:

Petição de interposição + petição das razões:

A petição de interposição será dirigida ao PRESIDENTE DO TRIBUNAL RECORRIDO. Já a petição das razões do recurso ordinário será dirigida ao STF ou STJ, de acordo com a hipótese de cabimento do recurso ordinário. Cuidar ainda a situação do artigo 1.027, II, alínea “b” do CPC porque no caso a interposição vai ser perante o juiz de primeiro grau e com a folha das razões ao STJ;

* Para todos verem: esquema