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PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLÍTICO

Conforme escreveu Samuel Dal-Farra Naspolini: “segundo a etmologia, a

palavra pluralismo deriva do termo latino “pluralis”, significando a qualidade daquilo

que é composto por vários elementos”.

115

Samuel Dal-Farra escreve o conceito da elaboração sintética na visão de

Sartori: “ïndica uma diversificação do poder e,mais precisamente, a existência de

uma pluralidade de grupos que são ao mesmo tempo independentes e não-

inclusivos”.

116

Ainda segundo Dal-Farra, segue em paralelo conceituado por Kung

Chuan Hsiao, segundo o qual:

O Estado pluralista é simplesmente um Estado onde não existe uma fonte única de autoridade que seja competente em tudo e absolutamente abrangente, isto é, a soberania, onde não existe um sistema unificado de direito, nem um órgão central de administração, nem uma vontade política geral. Pelo contrário, existe ali a multiplicidade na essência e nas manifestações; É um Estado divisível e dividido em partes.117

A Constituição Brasileira é declaradamente incisiva na necessidade do

pluralismo político, com o firme propósito de constituir um fundamento forte e

absoluto na construção e manutenção de um Estado Democrático de Direito, que se

caracteriza pela exigência integral da participação de todos na vida política do país.

Tal qual os demais fundamentos, o constituinte também entendeu que o

Estado Democrático de Direito depende da participação popular efetiva, de eleições

livres e periódicas, e que, assim, o pluralismo político é o caminho condutor à

liberdade de convicção filosófica e à política exercida através de partidos políticos.

114 CRISTÓVAM, José Sérgio da Silva. Colisões entre princípios Constitucionais. Curitiba: Juruá,

2008. p.101.

115 NASPOLINI, Samuel Dal-farra. Pluralismo Político. Curitiba: Juruá, 2010. p. 28. 116 Ibid., p. 33.

E assim diz Paulo Bonavides: “sistema multipartidário é de cunho

profundamente democrático, pois confere autenticidade ao governo.”

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O objetivo de qualquer partido político é o poder, para tanto, as

agremiações políticas precisam apresentar uma bandeira de convencimento popular.

Sobre o assunto escreve Manoel Gonçalves Ferreira Filho:

Os partidos políticos tendem a sublinhar na disputa eleitoral apenas questões genéricas, ideológicas. Para triunfarem nas eleições em grupos secundários complexos, como os Estados contemporâneos, devem eles encontrar uma bandeira bastante atraente para arregimentar homens de todas as classes, idades, sentimentos, tradições, preocupações. Necessariamente, esta bandeira tem de ser cambiante, seu programa, vago, abstrato.119

Apesar da ideia de que democracia pressupõe a participação de muitos,

Manoel Gonçalves Ferreira Filho escreveu que: “a doutrina democrática não via de

início, e não viu por muito tempo, com bons olhos, o partido político. Isto é o

aparecimento de grupos organizados, instituídos para disputa das eleições, com o

objetivo de obter o poder.”

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O pluralismo político foi institucionalizado legalmente com a Emenda

nº11/78 à Constituição de 1967, que instituiu o art. 152-A, § 1º, inc. I, após a

experiência bipartidária criada pelo ato institucional nº 2/65, descrita no livro de

Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Curso de Direito Constitucional, vejamos a

redação do mencionado artigo:

Art. 152- A organização e o funcionamento dos partidos políticos, de acordo com o disposto neste artigo, serão regulados em lei federal.

§ 1º - Na organização dos partidos políticos serão observados os seguintes princípios:

I - regime representativo e democrático, baseado na pluralidade dos partidos e garantia dos direitos humanos fundamentais;121

No Brasil vigora, atualmente, o pluripartidarismo, cujo respaldo legal está

amparado na Constituição Federal e na Lei n° 9.096/95, que trás em seu artigo 2º:

118 BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 392

119 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2005.

p. 88.

120 Ibid., p. 86.

121 BRASIL. Constituição (1967). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Art. 2º. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.122

O Pluralismo Político tem sua importância fundamentada no equilíbrio de

forças políticas, na disputa pelo espaço a ser representado em nome do eleitor nas

casas legislativas, e nos cargos executivos, com mandatos pré-estabelecidos, sobre

a administração pública.

A Constituição Federal estabeleceu o pluralismo politico como

fundamento da República Federativa do Brasil:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

I [...] II [...] III [...] IV [...]

V - o pluralismo político123.

O pluralismo na força da expressão gramatical tem seu significado

próprio, agregando o adjetivo político, remete seu significado a uma abrangência

muito maior, conforme nos ensina Gilmar Ferreira Mendes:

Pluralismo agregando-lhe o adjetivo político, fato que a primeira vista poderia sugerir tratar-se de um princípio que se refere apenas a preferências políticas e/ou ideológicas, em verdade a sua abrangência é muito maior, significando pluralismo na polis, ou seja, um direito fundamental a diferença em todos os âmbitos e expressões da convivência humana – tanto nas escolhas de natureza política quanto nas de caráter religioso, econômico, social e cultural entre outras, um valor fundamental, portanto, cuja essência Arthur Kaufimann, logrou traduzir em frase de rara felicidade, não só, mas também.124

Até chegarmos ao pluralismo político atual, diversas fases foram

vencidas, e nos ensina Gilmar Mendes, no dizer de Paul Ricoeur, que se proclama a

diferença como inerente à própria dignidade da pessoa humana, observamos:

a- Inicialmente, tolera-se aquilo que se desaprova mas não se pode impedir

122 BRASIL. Lei n° 9096, 20 de setembro de 1995. Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os

arts. 17 e 14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9096.htm>. Acesso em: 21 maio 2011.

123 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da república federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado, 1988.

124 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO; Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.

b- A seguir, tenta-se compreender as convicções contrárias às nossas, mas

sem aderir a elas.

c- E, finalmente, reconhece-se o direito ao erro, ou seja, o direito de todo indivíduo de acreditar no que bem entender e de levar a vida como lhe convier, com a só condição de que as suas escolhas pessoais não causem prejuízo a outrem, nem impeçam o exercício de igual direito pelos demais integrantes do grupo.125

Complementando o conceito atribuído ao pluralismo, assim comentou

Gilmar Mendes: “o mesmo se diga a idéia de tolerância – correlata ao conceito de

pluralismo, a significar que ninguém pode ser vítima de preconceitos, de ódio ou de

perseguição pelo simples fato de ser diferente.”

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O legislador constituinte consagrou o pluralismo político como fundamento

do Estado brasileiro, ao determinar a defesa da ampla e livre participação popular

nos destinos políticos do país, garantindo a liberdade de convicção filosófica e

política, assegurando a possibilidade de organização e participação em partidos

políticos.

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