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Infidelidade partidária e cassação de mandato eletivo

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(1)

UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

JAIRO TEIXEIRA MARTINS

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA E CASSAÇÃO DE MANDATO ELETIVO

Tubarão

2011

(2)

JAIRO TEIXEIRA MARTINS

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA E CASSAÇÃO DE MANDATO ELETIVO

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção de grau de bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Políticas públicas, multilateralismo e emancipação humana

Orientador: Professor Ricardo Willemann

Tubarão

2011

(3)

JAIRO TEIXEIRA MARTINS

INFIDELIDADE PARTIDÁRIA E CASSAÇÃO DE MANDATO ELETIVO

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovada em sua forma final pelo Curso de Direito, Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 22 de Junho de 2011

_______________________________________________________

Prof. e Orientador Ricardo Willemann, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

:_______________________________________________________

Professor Lester Camargo, Me.

Universidade do Sul de Santa Catarina

_______________________________________________________

Professor Marcelo Cardozo, Esp.

(4)

Dedico este trabalho a todos aqueles que

reconhecem na justiça o princípio

fundamental para a vida harmônica entre

os seres humanos.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço a nosso Deus, senhor do universo, pela vida que me deu, pela

oportunidade, energia, saúde. Agradeço a minha família na pessoa de meus pais,

(pai, in memorian) que me possibilitaram estar neste mundo e desde os primeiros

passos em minha vida foram de tamanha importância para chegar até este

momento. A minha esposa e filho testemunhas e parceiros na luta que travei. Aos

amigos que conquistei durante o curso, aos professores de quem obtivemos o

conhecimento necessário a nossa formação.

(6)

RESUMO

O objetivo deste trabalho monográfico é buscar na doutrina e na legislação brasileira as

verdadeiras possibilidades legais capaz de ensejar a perda do mandato eletivo. Analisar

o instituto jurídico da fidelidade partidária, com o intuito de elucidar em quais situações

cabe a cassação do mandato eletivo, tendo como argumento legal a infidelidade

partidária frente à Constituição Federal de 1988. Verificar a constitucionalidade da

resolução do Tribunal Superior Eleitoral, que instituiu a infidelidade partidária como

pressuposto para cassação do mandato eletivo. Investigar os casos em que a

infidelidade partidária enseja a perda do mandato eletivo de acordo com a resolução

(colocar o número da resolução) do TSE, com o argumento de que os votos pertencem

ao partido, em que pese o fato dos partidos instituírem em seus estatutos a exigência do

comportamento ético e a fidelidade partidária, atendendo a previsão Constitucional.

Analisar a infidelidade partidária a luz da decisão (colocar número da decisão) do

Supremo Tribunal Federal e, ainda, a constitucionalidade frente à ausência de

manifestação do Congresso Nacional. Compreender a relação entre o voto de legenda e

voto atribuído ao candidato, bem como o voto dado à coligação Partidária

Palavras – Chave: Fidelidade Partidária. Infidelidade Partidária. Mandato Eletivo.

Cassação. Coligação.

(7)

ABSTRACT

The objective of this monograph is to seek from Brazilian law and doctrine which the

true legal possibilities capable of offering the loss of elective office. Analyze the legal

institution of party loyalty, in order to clarify in what situations it is the forfeiture of

elective office as a legal argument with the party loyalty before the Federal

Constitution. Check and understand the constitutionality of the TSE resolution

establishing the party loyalty as a condition for forfeiture of elective office. Identify

which cases in which party loyalty entails the possibility of losing an elective office in

accordance with the TSE resolution, arguing that the votes belong to the party,

despite the fact that the parties write in their statutes the requirement of the institute's

ethics and party loyalty a given Constitutional provision. Analyze about party loyalty

the Supreme Court decision in light of the identification of their constitutionality in the

absence of manifestation of the national congress and understand the relationship

between the party vote and vote the candidate and vote in party coalition

(8)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...09

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMUNALAÇÃO DO PROBLEMA...09

1.2 JUSTIFICATIVA ...09

1.3 OBJETIVOS ...10

1.3.1 Geral ...10

1.3.2 Específico ...10

1.3.3 Hipóteses...11

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...11

1.5 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURAÇÃO DOS

CAPITULOS...12

2 PARTIDOS POLÍTICOS...13

2.1 PARTIDO POLÍTICO: CONCEITO...13

2.2 PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL...15

2.3 REGRAS APLICADAS AOS PARTIDOS POLÍTICOS...25

2.4 SISTEMAS DE COLIGAÇÃO...29

2.4.1 Conceito...29

2.4.2 Objetivo das coligações ...30

2.4.3 Previsão legal do sistema de coligação...31

3 PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLITICO...34

3.1 PRINCÍPIO ...33

3.1.1 Conceito e Força normativa dos princípios ...34

3.1.2 Princípios e seus efeitos...38

3.1.2.1 Efeito interpretativo...38

3.1.2.2 Efeito fundamental...39

3.1.2.3 Efeito Supletivo ...40

3.2 PRINCÍPIO DO PLURALISMO POLÍTICO...41

3.3 DEMOCRACIA...44

3.4 PARADIGMA ENTRE O PRINCÍPIO DO PLURALISMO

POLÍTICO E A DEMOCRACIA...45

4 FIDELIDADE PARTIDÁRIA...49

(9)

4.2 HISTÓRIA DA FIDELIDADE PARTIDÁRIA...50

4.3 FUNDAMENTOS PARA A EXIGÊNCIA DA FIDELIDADE PARTIDÁRIA...55

4.4 PERDA DO MANDATO POR INFIDELIDADE PARTIDÁRIA...58

5 CONCLUSÃO...66

(10)

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão do curso tem como objetivo principal

pesquisar e estudar o processo de cassação do mandato eletivo frente à infidelidade

partidária, a luz do entendimento de nossos tribunais, e considerando a ausência de

previsão legal e constitucional sobre o tema.

1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMUNALAÇÃO DO PROBLEMA

O verdadeiro detentor do mandato eletivo frente à troca de sigla

partidária durante o mandato, com base na lei eleitoral e nas decisões do Tribunal

Superior Eleitoral e do Supremo Tribunal Federal, analisando a omissão do

Congresso Nacional e a necessidade de previsão constitucional.

Quando estará caracterizada a infidelidade partidária capaz de ensejar a

perda do mandato eletivo frente ao Código Eleitoral Brasileiro, considerando o fato

de não estar previsto na Constituição Federal, consequentemente, a forma de

preenchimento da vaga deixada pelo infiel.

1.2 JUSTIFICATIVA

O presente trabalho de conclusão do curso a ser desenvolvido acerca do

tema “INFIDELIDADE PARTIDARIA E A POSSÍVEL CASSAÇÃO DE MANDATO

ELETIVO” tem entre outras finalidades elucidar o público leitor, e, principalmente os

acadêmicos de direito, dos diversos reveses que tratam os tribunais a respeito,

destacando que fidelidade partidária, a nosso ver, está diretamente ligada à ética e

responsabilidade cívica, e tem como pano de fundo o país e seu povo.

Entre os diversos desencontros acerca do tema, destaca-se o fato de a

Constituição Brasileira de 1988 não prever este instituto de forma clara, entretanto,

foi delegado aos Partidos Políticos tratar desta questão em seus respectivos

estatutos, abrindo a possibilidade de punição com a desfiliação de seus quadros.

(11)

Diferentemente da Constituição Brasileira de 1967 que trazia com muita

clareza esta questão em seu artigo 149, ganhou status constitucional, o instituto da

fidelidade partidária, somente com a EC n. 1/69, o parágrafo único do artigo 152

fixava que: “Perderá o mandato no Senado Federal, na Câmara dos Deputados, nas

Assembléias Legislativas e nas Câmaras Municipais quem, por atitudes ou pelo

voto, se opuser às diretrizes legitimamente estabelecidas pelos órgãos de direção

partidária ou deixar o partido sob cuja legenda foi eleito”. Mais ainda, que a “perda

do mandato será decretada pela Justiça Eleitoral, mediante representação do

partido, assegurado o direito de ampla defesa”.

A emenda constitucional n. 11/78, art. 152 §5º, acresceu ressalva à perda

de mandato, “deixar o Partido”, para participar como fundador da constituição de

novo partido. A emenda constitucional n. 25/85 desconstitucionalizou o tema,

porquanto simplesmente excluiu o texto antes em vigor.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

Analisar o instituto jurídico da fidelidade partidária, com o intuito de

elucidarem quais situações em que ocorrerá a cassação do mandato eletivo, tendo

como argumento legal a infidelidade partidária diante da Constituição Federal.

1.3.2 Específicos

Verificar e compreender a constitucionalidade da resolução do Tribunal

Superior Eleitoral que instituiu a infidelidade partidária como pressuposto para

cassação de mandato eletivo.

Identificar quais os casos em que a infidelidade partidária enseja a

possibilidade de perda o mandato eletivo de acordo com resolução do TSE, com o

(12)

argumento que os votos pertencem ao partido, que pese o fato dos partidos

instituírem em seus estatutos a exigência do instituto da ética e fidelidade partidária.

Analisar a infidelidade partidária após confirmação do Superior Tribunal

Federal, concedendo a segurança nos mandados de segurança impetrados, a fim de

que a mesa da Câmara procedesse a posse dos suplentes.

Identificar a constitucionalidade da decisão frente à omissão do

Congresso Nacional.

Compreender a relação entre o voto de legenda e voto atribuído ao

Candidato.

1.3.3 Hipóteses

Poderá estar caracterizada a infidelidade partidária a partir do momento

em que o parlamentar ou detentor do mandato muda de partido político durante o

mandato, conforme imposição judicial.

A infidelidade partidária capaz de ensejar a perda do mandato eleitoral

deverá estar fundamentada em lei eleitoral, devendo ser argüida por agente legitimo

para tanto.

Com a comprovação da infidelidade partidária, o partido político poderá

pedir a vaga antes ocupada pelo parlamentar ou detentor de mandato, que mudou

de partido durante o mandato pelo qual foi eleito, com o argumento de que o

parlamentar não é o dono do mandato.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para elaboração do presente trabalho utilizar-se-á o método dedutivo, que

parte de teorias e leis mais gerais de premissas, teorias e hipóteses que deverão ser

confirmadas, ou não, para a pesquisa e ocorrência de fenômenos particulares .

A pesquisa utiliza-se de método de procedimento monográfico, que deve

ser entendida como o conjunto detalhado e seqüencial de métodos e técnicas

(13)

científicas a serem executados ao longo da pesquisa, de tal modo que se consiga

atingir os objetivos inicialmente propostos.

Técnica de Pesquisa é bibliográfica, desenvolvida com base em material

já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos, jornais e

revistas.

1.5 DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: ESTRUTURAÇÃO DOS CAPITULOS

O presente trabalho divide-se em três partes distintas, porém interligadas,

descritas da seguinte forma:

A primeira parte discorremos acerca dos partidos políticos desde o

período imperial, quando não eram em nada organizados. Trataremos das

legislações, que ao longo do tempo foram sendo editadas. Bem como, a parte

histórica dos partidos no Brasil, seu surgimento, passando pelo período em que a

doutrina considera um hiato na vida política partidária brasileira, até os dias atuais.

Na segunda parte adentramos mais especificamente ao cerne do tema

demonstrando na legislação vigente a sua importância, quando falamos de princípio

constitucional considerado fundamental à vida política do cidadão brasileiro, qual

seja, o princípio de pluralismo político, demostrar-se-á sua a necessidade para a

sobrevivência da democracia, estabelecendo, assim, um liame paradigmático entre o

princípio e a democracia.

Nesta terceira e ultima parte, conforme o tema proposto para esta

monografia, procuramos com o auxilio da legislação diversa e específica, bem como

de doutrinadores renomados, mostrar onde nasceu efetivamente a discussão, e a

tão falada cassação de mandato eletivo para o parlamentar infiel a sua agremiação

partidária, e, em quais condições estará caracterizada a infidelidade partidária, bem

como o entendimento de nossos Tribunais Superiores diante da precária previsão

legal e constitucional, a reação da mesa da Câmara Federal, que se omite em

decidir com mais clareza sobre o assunto.

(14)

2 PARTIDOS POLÍTICOS

2.1 PARTIDO POLÍTICO: CONCEITO

Iniciaremos o trabalho falando sobre os Partidos Políticos, a fim de

chegarmos ao centro do tema principal, qual seja a fidelidade partidária e a

cassação do mandato eletivo. Neste norte, devemos, inicialmente, conceituar

etimologicamente o vocábulo partido, derivado do latim ‘pars’, dá a idéia de parte,

parcela de um todo.

Pela etimologia da palavra vê-se claramente que um partido político deve

representar a opinião pública de uma parcela da população de um determinado

Estado, tal qual Bonavides em 1970, escreveu: “Um corpo de pessoas unidas para

promover, mediante esforço conjunto, o interesse nacional, com base em algum

princípio especial, ao redor do qual todos se acham de acordo.”

1

Na visão de Bonavides “Partido Político é uma organização de pessoas

que, inspiradas por ideias ou movidas por interesses, buscam tomar o poder,

normalmente pelo emprego de meios legais, e nele conservar-se para realização

dos fins propugnados.”

2

Diversos escritores conceituaram os Partidos Políticos, mas pertencendo

a classe dos mais modernos, Bonavides apresenta o entendimento de Kelsen e

escreve: “Os Partidos políticos são organizações que congregam homens da mesma

opinião para afiançar-lhes verdadeira influência na realização dos negócios

públicos.”

3

Neste sentido, também escreveu Pimenta trazendo a opinião do escritor,

político e diplomata Gilberto Amaral, qual seja: “afirma que os partidos são o único

meio de cultura social e política que podemos por em prática para elevar as massas

brasileiras à compreensão dos destinos nacionais.”

4

No século XVIII, embora muitos filósofos postularam em defesa dos

Partidos Políticos, outros se posicionaram contra, entre eles destacamos o

1 BONAVIDES, Paulo. apud BURK. Ciência política, 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 370. 2 BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 372.

3 BONAVIDES, Paulo. apud KELSEN. Ciência política, 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 371. 4 PIMENTA, Fernando Gurgel. Guia Prático da Fidelidade Partidária. São Paulo: Mizuno. 2008.

(15)

comentário do filósofo escocês Hume: “Do mesmo modo que os legisladores e

fundadores de Estados devem ser honrados e respeitados pelo gênero humano, os

fundadores de partidos políticos e facções devem ser odiados e detestados.”

5

Diversos escritores do século XVII e XVIII, não faziam distinção entre

partido político e facção, e quando empregados era de modo indiferente, mas

Bluntschli, escreve “A Facção é a Caricatura do partido.”

6

Também no século XX os partidos políticos foram alvo de críticas

igualmente cruéis, porquanto segundo Alain: “O século das massas viu o partido

transformar-se numa máquina de pensar em comum, e acrescenta, o partido é a

morte do pensamento.”

7

O direito anteriormente previa a necessidade de fidelidade partidária do

candidato em relação ao partido, Manoel Gonçalves assim escreveu:

Buscando imprimir nos partidos um mínimo de coerência e autenticidade, o direito anterior chegou a prever Fidelidade Partidária. Ou seja, a perda do mandato do membro do congresso nacional, de assembléia legislativa ou de câmara Municipal que votasse contra as diretrizes do partido, o seu programa, ou o abandonasse para vincular-se a outro. Isto porém considerado por muitos como antidemocrático, foi abolido pela emenda constitucional n. 25/85, à Constituição anterior.8

Filho, em sua obra Curso de Direito Constitucional assim dissertou: “O

eleitor tem um desapreço muito grande pelos programas partidários e o candidato é

o alvo principal do eleitor. A política brasileira é uma disputa personalíssima.”

9

Manoel Gonçalves Ferreira, leciona ainda, acerca da importância dos

partidos políticos para democracia, vejamos:

É essencial a democracia pelos partidos que estes girem em torno de programas definidos. Nisto, sem dúvida está o maior empecilho ã efetivação de tal modelo. O povo em geral, em toda parte, parece relutar em formular as escolhas eleitorais levando em conta acima de tudo os programas dos partidos. O elemento pessoal continua a pesar e não raro a preponderar. Mormente hoje quando os meios audiovisuais de comunicação de massa valorizam as personalidades em detrimento das idéias. No Brasil,

5 BONAVIDES, Paulo apud David Hume. Ciência política. 16. Ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p.

373.

6 BONAVIDES Paulo, apud BLUNTSCHLI. Ciência política. 16. Ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p.

375.

7 BONAVIDES Paulo apud Alain. Ciência política. 16. Ed. São Paulo: Malheiros.2010. p. 381. 8 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 32. ed. São Paulo: Saraiva.

2006. p. 125.

(16)

especialmente, é generalizado o desapreço pelos programas partidários, vale mais o candidato que o partido.10

Filho, também esclareceu que “entretanto, os partidos brasileiros não

estão a altura da missão que a democracia pelos partidos lhe impõe. Não passam

de conglomerados decorrentes de exigências eleitorais, sem programa definido e, o

que é pior, sem vida própria.”

11

A legislação constitucional de 1988, especificamente em seu art. 17,

enfatiza a necessidade de criação e funcionamento de partidos políticos, o parágrafo

1º do mencionado dispositivo resguarda certos princípios, recomendando:

§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e

fidelidade partidária.12

(grifo nosso)

2.2 PARTIDOS POLÍTICOS NO BRASIL

Ao discorrer sobre a inexistência dos partidos políticos nos primeiros anos

do império, Rodrigo Patto escreve:

Quanto aos partidos, nos primeiros anos do Império eles praticamente não existiam, pelo menos não na forma moderna. Havia grupos de opinião, pessoas que partilhavam determinados pontos de vista políticos, por exemplo, republicanos, absolutistas e liberais. Mas os grupos não eram nem

10 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 32. ed. São Paulo:

Saraiva. 2006. p. 126.

11 Ibid., p. 124.

12 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado Federal, 1988. Disponível em:

(17)

organizados nem duradouros o suficiente para serem caracterizados como partidos.13

Os primeiros movimentos com características de partidos políticos no

Brasil datam dos tempos imperiais. “Antes de 1822, a luta política restringia-se a

Brasileiros (os que aspiravam a independência) e aos Portugueses (os que a

bloqueavam). Embora estas forças pudessem algumas vezes identificar grupos

sociais específicos, estavam ainda longe de constituir organizações políticas.”

14

A primeira vez que se usou o termo “Partido Político” no país foi por

ocasião da independencia do Brasil, uma vez que até então se falava apenas em

Partido Português e Partido Brasileiro. Os primeiros partidos políticos brasileiros,

que tiveram existência legal, foram o Partido Conservador e o Partido Liberal, no

segundo reinado (1840-1889), estes e o Partido Republicano Paulista foram os

partidos políticos de mais longa duração no Brasil.

15

.

Segundo Motta: “os partidos liberal e conservador, formados no calor das

lutas travadas nas duas primeiras décadas após a independência, eram também

chamados de Luzias e Saquaremas.”

16

Motta, narra ainda, o desenrolar dos fatos num período Imperial e sua

consequências:

Mesmo mantida a monarquia o Estado brasileiro nasceu sob influência direta das idéias liberais. O Imperador não deveria ter poderes absolutos, nem o Estado prerrogativas ilimitadas.Uma assembléia de representantes elitos pelo povo deveria aprovar uma constituição, contendo o código de leis básicas, outro pressuposto essencial era a existencia de um parlamento, que funcionaria ao mesmo tempo como contrapeso ao poder do monarca. D. Pedro atuou de acordo com o figurino liberal. No decorrer das atividades constituintes começaram a surgir conflitos entre o Imperador e uma parte dos deputados, que culminaram com o fechamento da Assembléia. D. Pedro nomeou uma comissão de juristas para elaborar uma constituição a seu feito, outorgada por ele em 1824.17

13 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado Federal, 1988. Disponível

em:<http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_17_.shtm>. Acesso em: 21 maio 2011.

14 PARTIDO Político. Wikipédia Disponível em: <http://www.arturbruno.com.br/cursos/texto.asp?

id=932>. Acesso em: 18 maio 2011.

15 PARTIDO Político. Wikipédia. loc. cit.

16 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução a História dos Partidos Políticos Brasileiros. 2. Ed.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 23.

(18)

O estudioso supracitado, ainda lecionando diz que: “Os liberais

consideravam o fechamento da Assembléia Constituinte um atentado imperdoável à

liberdade e, naturalmente, recusavam legitimidade a Constituição de 1824.”

18

Ressalta que: “embora questionassem o poder central, algumas vezes

apelando às armas como na revolução de 1842, os liberais eram leais à monarquia.

Seu projeto era limitar o poder monárquico, não acabar com ele.”

19

Ao se referir à história dos partidos políticos no Brasil, Motta (2008)

destaca as distinções da época imperial e atual, e comenta;

Analisando com cuidado as características dos partidos da época Imperial percebemos importantes distinções em relação às organizações partidarias atuais. Eles eram modelos típicos da era liberal, quando a participação política era restrita a pequena parcela da população. A própria legislação eleitoral tinha um embasamento elitista: só podiam votar os cidadãos possuidores de uma determinada renda anual e, para serem eleitos, os representantes parlamentares deveriam ter renda maior ainda que a exigida para os eleitores.20

Assim como Bonavides escreveu sobre partidos políticos, outros

pensadores também se manifestaram sobre o tema, vejamos:

O Pensador Lieber, assinalava que um partido político se bate apenas pela mudança de governo, ao passo que a facção ameaça a estrutura geral do poder, abala o regime mesmo e sua ordem constitucional, atua em segredo ou abertamente, mas em qualquer hipótese sempre para obtenção de fins sórdidos e inconfessáveis.21

Surge na primeira República os primeiros núcleos para formação de

partidos políticos, vejamos;

Surgiram assim núcleos em varias províncias, sendo os mais fortes os de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, não por acaso, Estados que ocuparam posição de destaque na primeira fase republicana. Após 1889 a tendência se consolidou com a formação dos P.R.s. estaduais, Partido Republicano Mineiro (PRM), Partido Republicano Paulista (PRP) etc.22

18 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução a História dos Partidos Políticos Brasileiros. 2. Ed.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 24.

19 Ibid., p. 25. 20 Ibid., p. 28.

21 BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 376 22 MOTTA, op. cit., p. 39.

(19)

Naspolini informa que no plano jurídico havia um silêncio acerca do tema,

que foi quebrado a partir da regulamentação dada pelo Código Civil Brasileiro de

1916, conforme se denota:

No plano jurídico, permanecia o silêncio legal e constitucional quanto aos partidos. O fundamento das agremiações existentes é o direito geral de associação civil, regulado a partir de 1916, pelo Código Civil. A se destacar, contudo, o aparecimento do movimento sindical brasileiro, principalmente na segunda década do século XX, que trás consigo a formação dos primeiros partidos proletários, ou de esquerda, dos quais o mais relevante, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) surge em 1922.23

O Partido Comunista Brasileiro (PCB), oriundo da junção de sindicalistas

revolucionários e intelectuais progressistas, foi considerado ilegal já em junho do

ano da sua fundação. Não obstante, conquistou a legalidade no mês janeiro de

1927, quando elegeu Azevedo Lima para a Câmara dos Deputados. No entanto, em

agosto do mesmo ano, voltou a ser considerado ilegal.

24

Descontente com a atuação do PCB, Evaristo de Morais funda o Partido

Socialista Brasileiro (PSB), em maio de 1925, ano também da fundação do Partido

Democrático, formado por dissidentes do Partido Republicano Paulista (PRP).

25

Schneider, citando Afonso Arinos, diz que este, ao analisar o sistema

eleitoral parlamentar, comentou:

Reputa-o, face às suas conseqüências dentro de nossas fronteiras, como uma das chagas profundas que corromperam a Primeira República. Em suas palavras, ‘a sorte dos eleitores permanecia à mercê das preferências palacianas, que conduziam os Partidos, quando não, de caudilhos surgidos no próprio seio das Câmaras.26

Entre os ideais da Revolução de 1930 estava a instituição de uma Justiça

Eleitoral.

O sistema eleitoral estava deturpado, corrompido, comprometido. O poder político e econômico havia se apoderado do sistema eleitoral. Diante do caos, surge a Justiça Eleitoral, através do Código de 1932. Abandona-se o sistema de verificação de poderes, orientado por critérios políticos, para

23 NASPOLINI, Samuel Dal-farra. Pluralismo Político. Curitiba: Juruá, 2010. p. 139-140. 24 PARTIDO político. Wikipedia. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_pol

%C3%ADtico>. Acesso em: 18 maio 2011.

25 PARTIDO político. Wikipedia. Loc. cit.

26 SCHNEIDER, Jeferson. A Justiça Eleitoral e sua Reforma Constitucional. Disponível em:

(20)

adotar-se o sistema jurisdicional, a cargo do Poder Judiciário, o qual passa a decidir consoante as normas legais.27

Antes da Constituinte de 1934, foi promulgado o Decreto nº 21.076/32,

que regulava as eleições e o funcionamento dos Partidos Políticos, comenta

Fernando Gurgel Pimenta sobre o primeiro Código Eleitoral:

Após a revolução de 1930, a chamada “Revolução de 30”, que adotou como lema as palavras “Representação e Justiça”, numa clara condenação às fraudes eleitorais da primeira República, surgiu o primeiro Código Eleitora Brasileiro, trazido pelo decreto n. 21.076 de 24 de fevereiro de 1932. Esse Código pela primeira vez no Brasil, mencionou os Partidos Políticos, “as alianças de partidos”, como eram referidas nos artigos 58, 1º, e 99.28

Vejamos a transcrição do art. 99 do decreto n° 21.076/32, mencionado no

primeiro Código Eleitoral:

Art. 99 Consideram-se partidos políticos para os efeitos deste decreto: 1) os que adquirirem personalidade jurídica, mediante inscrição no registro a que se refere o art. 18 do Código Civil;

2) os que, não a tendo adquirido, se apresentarem para as mesmos fins, em caráter provisório, com um mínimo de 500 eleitores;

3) as associações de classe legalmente constituídas.

Parágrafo único. Uns e outros deverão comunicar por escrito ao Tribunal Superior e aos Tribunais Regionais das regiões em que atuarem a sua constituição, denominação, orientação política, seus órgãos representativos, o endereço de sua sede principal, e o de um representante legal pelo menos.29

Nessa época, as associações de classes legitimamente constituídas

equiparavam-se aos partidos políticos, sendo permitida, ainda, a candidatura avulsa,

ou seja, sem a necessária vinculação a qualquer agremiação partidária.

30

Da Constituição de 1934 à Constituição de 1946, com o advento do

Estado Novo e a implantação da ditadura em 1937, ocorreu um hiato de toda vida

partidária em nosso país.

31

27 SCHNEIDER, Jeferson. A Justiça Eleitoral e sua Reforma Constitucional. Loc. cit.

28 PIMENTA, Fernando Gurgel. Guia Prático da Fidelidade Partidária. São Paulo: Mizuno, 2008.

p. 30.

29 BRASIL. Decreto n° 21.076, de 24 de fevereiro de 1932. Da interferência dos partidos e eleitores:

da fiscalização. Senado Federal. Disponível em:

<http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=33626>. Acesso em: 18 maio 2011.

30 ACCIOLY, Janine Adeodato. Perda de mandato eletivo por infidelidade Partidária. 2009. 55f.

Monografia (graduação em Direito)- Universidade Estadual Vale do Acara, Fortaleza, 2009. Disponível em: <http://bdjur.tjce.jus.br/jspui/bitstream/123456789/220/1/Monografia%20Janine %20Adeodato%20Accioly.pdf>. Acesso em: 27 maio 2011.

(21)

Até então, diversas experiências partidárias foram surgidas, Rodrigo

escreve a mais consistente:

Entre as experiências partidárias mais consistentes surgidas na primeira fase do governo Vargas destacam-se sem sobra de dúvida, os casos da AIB, (Ação Integralista Brasileira), e da ANL (Aliança Nacional Libertadora), esta ultima uma frente de esquerda sob hegemonia do clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).32

Rodrigo lembra que Getúlio Vargas sofreu um golpe em outubro de 1945,

apressando seu afastamento do poder.

33

Continua Rodrigo rememorando:

Pressionado por todos os lados e temendo ficar isolado o governo tomou medidas para acalmar os opositores: decretou a anistia dos presos políticos, em abril de 1945, e em maio convocou para o final do ano eleições para presidente e para representantes de uma assembléia constituinte.34

Diante da pressão sofrida, Vargas tentou amenizar a crise e publicou o

decreto presidencial 7.586/45, lembra Rodrigo:

O mesmo decreto lei presidencial de maio de 1945, marcando eleições estabeleceu os parâmetros para a formação partidária. De acordo com o texto da lei, para habilitar-se eleitoralmente a associação política deveria cumprir os seguintes requisitos:

1- obter o apoio de, pelo menos, dez mil eleitores, distribuídos em cinco ou maus estados;

2- Possuir personalidade jurídica de acordo com o código civil; 3- Atuar em âmbito nacional.35

Motta reforça que: “Vargas aproveitando a dificuldade que a oposição

teria para criar um partido político deixou sua marca em dois partidos criados o PSD

e PTB, tornando possível manter grande influência política e retornar ao poder nas

eleições de 1950.”

36

32 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução a História dos Partidos Políticos Brasileiros. 2. ed.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 54.

33 Ibid., p. 66. 34 MOTTA, loc. cit. 35 Ibid., p. 67.

36 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução a História dos Partidos Políticos Brasileiros. 2. ed.

(22)

Com a bandeira antigetulista nasce a UDN (União Democrática Nacional),

criado em 1945, para combater as idéias e o legado do líder do Estado Novo,

conforme Motta.

37

Floresceu, segundo, José Afonso da Silva, “diversos pequenos partidos

de expressão basicamente regional (PSP, PL, PDC, PRT, PTN, MTR), embora o

PDC estivesse mais desenvolvido, além do partido comunista na clandestinidade

após 1948.”

38

Paulo Bonavides nos ensina que “a Constituição de 1946 vedava a

organização, registro e funcionamento de qualquer partido político ou associação

que contrariasse o regime democrático, baseado na pluralidade de partidos

políticos e na garantia dos direitos fundamentais do homem. (Art. 141, § 13).”

39

Em 1966, o regime militar instaurado pela Revolução de 1964 implantou o

bipartidarismo no Brasil, Dal Farra informa que: “formavam-se, assim, a Aliança

Renovadora Nacional (ARENA), responsável pela defesa do regime, e o Movimento

Democrático Brasileiro (MDB), que realizava a oposição parlamentar consentida.”

40

A Constituição de 1967, embora num período pós-ditadura, preveu, em

seu art. 149, as regras para sua criação, funcionamento e extinção dos partidos

políticos, regulados, até então, em lei federal, sem esquecer de escrever na Carta

Constitucional os princípios basilares a serem observados, vejamos:

Art 149 - A organização, o funcionamento e a extinção dos Partidos Políticos serão regulados em lei federal, observados os seguintes princípios:

I - regime representativo e democrático, baseado na pluralidade de Partidos e na garantia dos direitos fundamentais do homem;

II - personalidade jurídica, mediante registro dos estatutos;

III - atuação permanente, dentro de programa aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral, e sem vinculação, de qualquer natureza, com a ação de Governos, entidades ou Partidos estrangeiros;

IV - fiscalização financeira; V - disciplina partidária;

VI - âmbito nacional, sem prejuízo das funções deliberativas dos Diretórios locais;

VII - exigência de dez por cento do eleitorado que haja votado na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, distribuídos em dois terços dos Estados, com o mínimo de sete por cento em cada um deles, bem assim dez por cento de Deputados, em, pelo menos, um terço dos Estados, e dez por cento de Senadores;

VIII - proibição de coligações partidárias.41

37 Ibid., p. 70.

38 SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 24. ed. São Paulo:

Malheiros, 2005. p. 396.

39 BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 418. 40 NASPOLINI, Samuel Dal-farra. Pluralismo Político. Curitiba: Juruá, 2010. p. 149.

(23)

Sobre a hegemonia político eleitoral do MDB dissertou Dal Farra que: “em

fins da década de 70 impulsionou os dois últimos mandatários militares, os

presidentes Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo, a promoverem uma certa

distinção do sistema.”

42

O governo do general Figueiredo começou com um novo quadro político,

conforme se denota:

Pouco depois de sua eleição e antes da posse, o Congresso aprovou uma lei que modificava as regras para a criação de partidos políticos. A Lei n.º 6.767 de 1979 reformulou vários dispositivos da Lei Orgânica dos Partidos Políticos. Acabavam ali situação e oposição como as únicas posições políticas no país. A maior liberdade para criar partidos, somada à volta de todos os políticos cassados propiciada pela anistia, imprimiu novo dinamismo à vida política nacional. A Arena transformou-se em PDS (Partido Democrático Social), mas continuou sendo o que era: o partido de sustentação do governo,43

Brizola tenta manter a sigla PTB buscando a herança de Getulio Vargas,

Patto esclarece o seu objetivo:

O Partido Democrático Trabalhista (PDT) foi organizado por elementos ligados ao trabalhismo e fiéis a herança de Getúlio Vargas. Na verdade, identificavam-se mais com a ala reformista e ideológica do antigo PTB, próxima ao pensamento de esquerda. O líder e animador principal do PDT era Leonel Brizola, célebre por sua participação nos acontecimentos anteriores a 1964, como defensor das reformas sociais.44

A restauração do pluripartidarismo ocorreu no início da década de 80, e,

consoante Dal Farra, contou com três partidos organizados de forma definitiva:

A Restauração do pluripartidarismo conheceu, em um primeiro momento, seis agremiações partidárias, três definitivas – o Partido Democrático Social (PDS), denominação adotada pela antiga ARENA, o Partido Popular (PP) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), este último originário do MDB – além de três legendas provisórias, cujo registro definitivo dependia dos resultados das eleições de 1982, - o Partido Democrático Trabalhista (PDT), o Partido Trabalhista Brasileiro )PTB), e o Partido dos Trabalhadores (PT).45

41 BRASIL. Constituição (1967). Constituição da república federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado Federal, 1967. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constitui %C3%A7ao67.htm>. Acesso em: 02 maio 2011.

42 NASPOLINI, Samuel Dal-farra. Pluralismo Político. Curitiba: Juruá, 2010. p. 152. 43 A HISTÓRIA dos partidos políticos brasileiros. Analgesi. Disponível em:

<http://analgesi.co.cc/html/t9923.html>. Acesso em: 18 maio 2011.

44 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução a História dos Partidos Políticos Brasileiros. 2. ed.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 106-107.

(24)

Ainda comentou Dal-Farra que apesar das restrições a formação de

novos partidos, os movimentos sociais eram fortes à época:

As normas restritivas dos últimos anos do regime, contudo, não poderiam conter por muito tempo o avanço das forças sociais democráticas, processo este que atinge seu clímax no movimento nacional por eleições diretas a Presidência da República (“Diretas Já”).46

O quadro partidário completou-se com o surgimento de três partidos na

faixa trabalhista:

O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) renasceu, sob o comando de Ivete Vargas, sobrinha do presidente Getúlio Vargas. O ex-governador Leonel Brizola fundou o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e por fim o Partido dos Trabalhadores (PT), fundado por políticos de esquerda e os novos sindicalistas que surgiram depois das greves de 1978 e 1979.47

Os dissidentes do PDS fundaram um novo Partido, o Partido da Frente

Liberal (PFL), que veio a ocupar uma situação de destaque no quadro partidário

recente, comentou Rodrigo.

48

A cisão para eleger Tancredo, consistiu, segundo Rodrigo, em grandes

negociações:

Negociações entre lideres peemedebistas e dissidentes do PDS levaram a articulação da “Aliança Democrática”, que disputou e ganhou as eleições indiretas no colégio eleitoral. A cisão do PDS foi de fundamental importância, pois a oposição sozinha não teria os votos necessários para escolher o sucessor de Figueiredo, último general Presidente. A chapa reunindo Tancredo Neves e José Sarney, foi eleita em janeiro de 1985 e, com a morte de Tancredo Sarney assumiu a presidência.49

Descontente com Sarney e o PMDB, um grupo dissidente criou o Partido

Social Democracia Brasileira:

Dentre as dezenas de partidos criados no período pós autoritário merece destaque o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira), formado em 1987/1988 a partir de uma cisão no interior do PMDB. O novo partido da reunião de um grupo de parlamentares descontentes pelos rumos adotados pelo PMDB, durante as votações da constituinte. Além das divergências

46 NASPOLINI, loc. cit.

47 A HISTÓRIA dos partidos políticos brasileiros. Analgesi. loc. cit.

48 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução a História dos Partidos Políticos Brasileiros. 2. ed.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 110.

(25)

doutrinárias estavam incomodados com o controle exercidos por certos políticos sobre a máquina do PMDB.50

Nas eleições diretas para Presidente, que ocorreram no ano de 1989,

vinte e dois partidos se habilitaram à disputa, sendo que, atualmente, o país conta

com vinte e sete agremiações partidárias.”

51

Além da Constituição Federal, que estabelece em seu texto diversas

passagens acerca dos partidos políticos, outros dispositivos legais regulamentam o

instituto, entre os quais se destaca, devido a sua importância, a Lei 9.096/95 que

regulamenta os Partidos Políticos, cujas razões para sua criação merecem ser

colacionadas no presente estudo:

O advento dessa lei (9.096/95, possibilitou dirimir quaisquer dúvidas acerca da aplicabilidade da antiga (Lei 5.682/71), Lei Orgânica de partidos políticos que, mesmo em confronto com a Constituição em vigor, ainda suscitava questionamentos sobre sua aplicação. Sob a égide da referida norma, os partidos políticos passaram, então, a ter natureza de pessoa jurídica de direito privado, devendo ainda assim operar seu registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).52

Ferreira Filho comenta sobre a importância dos partidos na solidificação

da democracia, segundo ele: “São eles os incumbidos de mostrar ao eleitorado

quais são as opções políticas possíveis, indicando ao mesmo tempo pessoas que

afiançam serem capazes de realizá-las.”

53

2.3 REGRAS APLICADAS AOS PARTIDOS POLÍTICOS

A legislação brasileira é farta na normatização dos partidos políticos,

devendo, apenas, adequar-se a realidade, haja vista, a questão polemica da

50 MOTTA, Rodrigo Patto Sá. Introdução a História dos Partidos Políticos Brasileiros. 2. ed.

Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. p. 112.

51 BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. Partidos políticos registrados no TSE. Disponível em:

<http://www.tse.gov.br/internet/partidos/index.htm>. Acesso em: 18 maio 2011.

52 BRASIL. Lei n° 9096 de 19 de setembro de 1995. Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta

os arts. 17 e 14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9096.htm>. Acesso em: 22 maio 2011.

53 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 32. ed. São Paulo:

(26)

infidelidade partidária, que, felizmente, reavivou no Congresso Nacional a discussão

acerca da tão esperada reforma política.

O Texto Político de 1988 trata, em seu capítulo V, dos partidos políticos,

sua criação, atribuições, dentre outras premissas. O art. 17 da CF/88, reza que:

Art. 17 – É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os

direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I – caráter nacional;

II – proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo

estrangeiros ou de subordinação a estes. III – prestação de contas à Justiça Eleitoral;

IV – funcionamento parlamentar de acordo com a lei. [...]54

A Constituição assegura autonomia aos partidos políticos, mas antecipa

regras e exige a observância de princípios básicos, conforme ensina o Ministro da

Suprema Corte Gilmar Mendes:

A Constituição assegura aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade partidária (art. 17 e § 1º). A autonomia partidária não poderá realizar-se sem observância dos princípios básicos enunciados na Constituição, especialmente o respeito à soberania nacional, o regime

democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.55

Gilmar Mendes também escreveu que a autonomia dos partidos não pode

impedir a participação de seus membros no processo decisório:

A autonomia organizatória não há de realizar-se com o sacrifício de referências democráticas. A função de mediação e de formação da vontade impõe que o partido assegure plena participação a seus membros nos processos decisórios. Não poderá o partido adotar, em nome da autonomia e da liberdade de organização, princípios que se revelem afrontosos a idéia de democracia, ou, como observa Canotilho, a democracia de partidos postula a democracia no partido.56

54 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:

Senado Federal, 1988. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 19 maio 2011.

55 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.

Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007. p.730-731.

56 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.

(27)

Os partidos políticos têm nos seus estatutos as normas para o seu

funcionamento regidas pela Lei orgânica 9.096/95, especificamente em seu art. 15, o

legislador eleitoral definiu as diretrizes de conteúdo:

57

Art. 15. O Estatuto do partido deve conter, entre outras, normas sobre: I - nome, denominação abreviada e o estabelecimento da sede na Capital Federal;

II - filiação e desligamento de seus membros; III - direitos e deveres dos filiados;

IV - modo como se organiza e administra, com a definição de sua estrutura geral e identificação, composição e competências dos órgãos partidários nos níveis municipal, estadual e nacional, duração dos mandatos e processo de eleição dos seus membros;

V - fidelidade e disciplina partidárias, processo para apuração das infrações e aplicação das penalidades, assegurado amplo direito de defesa;

VI - condições e forma de escolha de seus candidatos a cargos e funções eletivas;

VII - finanças e contabilidade, estabelecendo, inclusive, normas que os habilitem a apurar as quantias que os seus candidatos possam despender com a própria eleição, que fixem os limites das contribuições dos filiados e definam as diversas fontes de receita do partido, além daquelas previstas nesta Lei;

VIII - critérios de distribuição dos recursos do Fundo Partidário entre os órgãos de nível municipal, estadual e nacional que compõem o partido; IX - procedimento de reforma do programa e do estatuto.

A lei nº 4.737, que instituiu o Código Eleitoral, data de 15 de julho de

1965, e traz em seu art. 1º o objetivo de sua criação bem como seu conteúdo o “Art.

1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício

de direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado.”

58

A Competência do Tribunal Superior Eleitoral é relevante quando o

assunto versa sobre direito eleitoral nos aspectos referentes aos partidos políticos,

eleições, candidatos, mandatos eletivos. Desta forma cumpre trazer à baila os

dispositivos exarados na lei 4.737/65, acerca da competência do TSE:

59

Art. 22. Compete ao Tribunal Superior: I - Processar e julgar originariamente:

a) o registro e a cassação de registro de partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à Presidência e vice-presidência da República;

b) [...] c) [...]

57 BRASIL. Lei n° 9096, 20 de setembro de 1995. Dispõe sobre partidos políticos, regulamenta os

arts. 17 e 14, § 3º, inciso V, da Constituição Federal. Disponível em:

<http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-1/leis-ordinarias/legislacao-1/leis-ordinarias/1995>. Acesso em: 19 maio 2011.

58 BRASIL. Lei n° 4.737, de julho de 1965. Institui o código eleitoral. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4737.htm>. Acesso em: 19 maio 2011.

59 BRASIL. Lei n° 4.737, de julho de 1965. Institui o código eleitoral. Disponível em:

(28)

d) [...]

f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;

g) as impugnações á apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de Presidente e Vice-Presidente da República;

h) [...] i) [...]

j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível, possibilitando-se o exercício do mandato eletivo até o seu trânsito em julgado. (Incluído pela LCP nº 86, de 14.5.1996)

II - julgar os recursos interpostos das decisões dos Tribunais Regionais nos termos do Art. 276 inclusive os que versarem matéria administrativa.

Parágrafo único. As decisões do Tribunal Superior são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 281.

O Tribunal Superior Eleitoral, entre outros órgãos compõe a Justiça

Eleitoral, conforme o art. 12 da Lei n° 4.737/65:

60

art. 12. São órgãos da Justiça Eleitoral:

I - O Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da República e jurisdição em todo o País;

II - um Tribunal Regional, na Capital de cada Estado, no Distrito Federal e, mediante proposta do Tribunal Superior, na Capital de Território;

III - juntas eleitorais; IV - juízes eleitorais.

De igual importância é a atuação dos Tribunais Regionais Eleitorais,

durante o processo eleitoral de interesse direto dos partidos:

61

Art. 29. Compete aos Tribunais Regionais: I - processar e julgar originariamente:

a) o registro e o cancelamento do registro dos diretórios estaduais e municipais de partidos políticos, bem como de candidatos a Governador, Vice-Governadores, e membro do Congresso Nacional e das Assembléias Legislativas;

b) [...] c) [...] d) [...]

e) o habeas corpus ou mandado de segurança, em matéria eleitoral, contra ato de autoridades que respondam perante os Tribunais de Justiça por crime de responsabilidade e, em grau de recurso, os denegados ou concedidos pelos juízes eleitorais; ou, ainda, o habeas corpus quando houver perigo de se consumar a violência antes que o juiz competente possa prover sobre a impetração;

f) as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto a sua contabilidade e à apuração da origem dos seus recursos;

g) os pedidos de desaforamento dos feitos não decididos pelos juízes eleitorais em trinta dias da sua conclusão para julgamento, formulados por partido candidato Ministério Público ou parte legitimamente interessada sem

60 BRASIL. Lei n° 4.737, de julho de 1965. Institui o código eleitoral. Loc. cit. 61 BRASIL. Lei n° 4.737, de julho de 1965. Institui o código eleitoral. Loc. cit.

(29)

prejuízo das sanções decorrentes do excesso de prazo. (Redação dada pela Lei nº 4.961, de 4.5.1966)

II - julgar os recursos interpostos:

a) dos atos e das decisões proferidas pelos juízes e juntas eleitorais.

b) das decisões dos juízes eleitorais que concederem ou denegarem habeas corpus ou mandado de segurança.

Parágrafo único. As decisões dos Tribunais Regionais são irrecorríveis, salvo nos casos do Art. 276.

Conforme Dal-Farra: “Partido político importante ao sistema democrático,

as funções por ele desempenhadas são imediatamente necessárias a dinâmica do

sistema representativo e democrático, argumentando alguns inclusive serem os

partidos órgãos constitucionais.”

62

O Constituinte fortaleceu a autonomia dos partidos, ressalta Michel

Temer, esposado por Alexandre:

“Tenta criar (ou fortalecer) partidos políticos sólidos, comprometidos com determinada ideologia político-administrativa, uma vez que o partido há de ser o canal condutor a ser percorrido por certa parcela da opinião pública para chegar ao governo e aplicar o seu programa”.63

Por fim lembra Alexandre, “apesar de serem os principais operadores

políticos em um regime democrático, os partidos não são os únicos, havendo a

possibilidade de tutela de interesses sociais (grupos ecológicos, feministas,

pacifistas), através de associações e grupos de pressão.”

64

2.4 SISTEMAS DE COLIGAÇÕES

2.4.1 Conceito

62 NASPOLINI, Samuel Dal-farra, Pluralismo Político. Curitiba: Juruá, 2010. p. 158. 63 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 26. ed. São Paulo: Atlas, 2010. p. 269. 64 MORAES, loc. cit.

(30)

A Coligação é a reunião de partidos, em determinado pleito, para

buscarem juntos a conquista do poder público. Podem as agremiações celebrar

coligação para a eleição majoritária, proporcional ou para ambas.

65

A legislação trata do tema declarando a força política da coligação,

dispondo no art. 4 da lei 7.454/85 os seguintes termos:

Art 4º - A Coligação terá denominação própria, a ela assegurados os direitos que a lei confere aos Partidos Políticos no que se refere ao processo eleitoral, aplicando-lhe, também, a regra do art. 112 da Lei nº 4.737, de 15 de julho de 1965, quanto à convocação de Suplentes.66

Por oportuno trazer o texto exarado no art. 112 da lei 4.737/65, em razão

da sua importância no que tange à discussão acerca de quem pertencerá a vaga

nos casos de perda do mandato por infidelidade partidária, ora travada em nossos

tribunais:

Art.112. Considerar-se-ão suplentes da representação partidária: (Vide Lei nº 7.454, de 30.12.1985)

I - os mais votados sob a mesma legenda e não eleitos efetivos das listas dos respectivos partidos;

II - em caso de empate na votação, na ordem decrescente da idade.67

Rodrigues escreveu que: “Coligação partidária, como nos ensinou o

Professor Edisio Souto – em aulas ministradas na Escola Superior da Magistratura

da Paraíba, é um grande partido.”

68

Continua Rodrigues, “esse grande partido político que é a coligação,

funcionará unitariamente no relacionamento interno (interpartidário) e externo

(perante o Poder Judiciário).”

69

2.4.2 Objetivo das Coligações

65 RODRIGUES, Rodrigo Cordeiro de Souza. Partidos e coligações: A sucessão dos suplentes. Jus

Navigandi, Teresina. ano 16, n. 2781, fev./2011. Disponível em:

<http://jus.uol.com.br/revista/texto/18469>. Acesso em: 19 maio 2011.

66 BRASIL. Lei n° 7.454, de 30 de dezembro de 1985. Altera dispositivo da Lei nº 4.737, de 15 de

julho de 1965, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7454.htm >. Acesso em: 27 maio 2011.

67 BRASIL. Lei n° 4.737, de julho de 1965. Institui o código eleitoral. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4737.htm >. Acesso em: 27 maio 2011.

68 RODRIGUES, loc. cit.

69 RODRIGUES, Rodrigo Cordeiro de Souza. Partidos e coligações: A sucessão dos suplentes. Jus

Navigandi, Teresina. ano 16, n. 2781, fev./2011. Disponível em:

(31)

Afirma Rodrigues tem-se que: “historicamente, os partidos políticos e as

coligações foram utilizados como instrumento de elegibilidade dos candidatos, numa

verdadeira ‘dança de cadeiras’ que sempre punha em xeque a representatividade

popular.”

70

Paulo Bonavides foi ainda mais enfático relembrando a formação de

coligações esdrúxulas, vejamos:

Maquina eleitoreira, que ensejavam as mais esdrúxulas combinações, como, em certos Estados, a da EX-UDN com o extinto PTB, determinavam as coligações estremecimentos com respeito as idéias a aos princípios, aluindo assim a confiança popular nos partidos provocando a desmoralização dos programas, precipitando a decomposição das lideranças.71

A coligação conforme já previsto na legislação, tem, entre diversas outras

vantagens, a possibilidade de somatório do tempo de propaganda eleitoral, bem

como o cálculo dos votos, porquanto prestigia qualquer candidato mais votado na

coligação, independentemente do partido. Importante destacar as considerações de

Rodrigo sobre o tema:

A coligação tem se mostrado um instrumento bastante eficaz para tornar possível a eleição de candidatos, uma vez que reúne todas as forças dos partidos que a integram. Em decorrência, aproveita-se das benesses da lei no tempo da propaganda eleitoral (que será maior que o de um partido descoligado, já que resultará do somatório do tempo que cada um, individualmente, teria). Não fosse só isso, nas eleições proporcionais, os votos conferidos a quaisquer das legendas coligadas e nos respectivos candidatos elegerão aqueles mais bem votados dentro da própria coligação e não nos partidos (dado o cálculo do quociente partidário). Ou seja, o cálculo do quociente partidário é direcionado para coligação, que elegerá, pois, aqueles mais bem votados dentro da mesma, uma vez definidos os números de vagas que tem a preencher.72

Costa, em sua tese de mestrado, adianta que, na reforma política em

discussão, existe a possibilidade de excluir a formação das coligações em eleições

proporcionais, e asseverou que: “Coligações que são utilizadas como forma para

70 RODRIGUES, Rodrigo Cordeiro de Souza. Partidos e coligações: A sucessão dos suplentes. Jus

Navigandi, Teresina. ano 16, n. 2781, fev./2011. Loc. cit.

71 BONAVIDES, Paulo. Ciência política. 16. ed. São Paulo: Malheiros, 2010. p. 428.

72 LINS, Rodrigo Martiniano Ayres. A (in)fidelidade partidária e o processo para decretação da

perda do mandato eletivo. Para quem vai a vaga: suplente do partido ou da coligação?. Jus

Navigandi, Teresina. ano 16, n. 2770, jan./2011. Disponível em:

(32)

burlar as regras eleitorais quanto ao quociente eleitoral; a previsão da cláusula de

barreira, impõe que somente partidos políticos com representatividade mínima de

5% dentro dos votos obtidos poderiam assumir cadeiras no parlamento.”

73

2.4.3 Previsão legal do Sistema de Coligação

Mediante a análise da Constituição Federal conhecemos as possibilidade

de coligações com outros partidos políticos durante o processo eleitoral, conquanto

o art. 17, § 1º assim determina:

Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

§1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.74

Permitindo a coligação partidária, a lei 4.737/65, alterada pela lei

7.454/85, em seu artigo 105 §1º, remeteu aos partidos a deliberação, vejamos:

Art. 105. Fica facultado a 2 (dois) ou mais partido coligarem-se para o registro de candidatos comuns a Deputado Federal, Deputado Estadual e Vereador.

§ 1º - A deliberação sobre coligação caberá à Convenção Regional de cada Partido, quando se tratar de eleição para a Câmara dos Deputados e Assembléias Legislativas, e à Convenção Municipal, quando se tratar de eleição para a Câmara de Vereadores, e será aprovada mediante a votação favorável da maioria, presentes 2/3 (dois terços) dos convencionais, estabelecendo-se, na mesma oportunidade, o número de candidatos que caberá a cada Partido.75

73 COSTA, Marcos José. Atuação do Judiciário Brasileiro no Controle da Fidelidade Partidária.

2010, 142f. Tese de Mestrado. Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo, 2010.

74 BRASIL. Lei n° 7.454, de 30 de dezembro de 1985. Altera dispositivo da Lei nº 4.737, de 15 de

julho de 1965, e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 19 maio 2011.

75 BRASIL. Lei n° 7.454, de 30 de dezembro de 1985. Altera dispositivo da Lei nº 4.737, de 15 de

julho de 1965, e dá outras providências. Disponível em:

(33)

A lei n° 9.504/94, em seu art. 6º, completa o rol de decisões que podem

ser tomadas pelos partidos políticos previstas em lei, estabelecendo que:

Art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição, celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas, podendo, neste último caso, formar-se mais de uma coligação para a eleição proporcional dentre os partidos que integram a coligação para o pleito majoritário.76

A doutrina se manifesta nas palavras de Paulo Bonavides: “dada a

multiplicidade partidária, as alianças ou coligações de partidos, frequentes as

vésperas dos pleitos, desvirtuavam o critério da proporcionalidade e minavam as

bases desse sistema de representação.”

77

Sobre o assunto, qual seja, as coligações partidárias, o Tribunal Superior

Eleitoral editou a resolução de n° 21.002, de 26/02/2002, relatada pelo Ministro

Garcia Vieira, cuja redação foi citada por Dal-Farra:

Consulta. Coligações. Os partidos políticos que ajustarem coligação para eleição de presidente da república não poderão formar coligações para eleição de governador de Estado, ou do Distrito Federal, Senador, deputado federal, deputado estadual ou distrital com outros partidos políticos que tenham, isoladamente ou em aliança diversa, lançado candidato a eleição presidencial, Consulta respondida negativamente.78

Os partidos políticos e atores jurídicos estranharam a interpretação do

Tribunal. Desta forma, Dal-Farra esclarece:

A interpretação atribuída pelo Tribunal Superior Eleitoral ao comando eleitoral causou certa perplexidade aos atores políticos e jurídicos, mormente porque as eleições gerais anteriores, ocorridas em 1998 e disputadas, portanto, já sob a égide da lei n° 9.504/97, transcorreram sob interpretação diversa.79

Continuando os ensinamentos Dal-Farra diz que: “ainda que de forma

mais tímida, ergueram-se os defensores da compreensão esposada pelo TSE,

identificando na resolução 21.002, fator de agregação e coerência do sistema

partidário nacional.”

80

76 BRASIL. Lei n° 9.504, de 30 de setembro de 1997. Estabelece normas para as eleições.

Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9504.htm>.Acesso em: 22 maio 2011.

77 BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 16. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 427. 78 NASPOLINI, Samuel Dal-farra, Pluralismo Político. Curitiba: Juruá, 2010. p. 160. 79 NASPOLINI, Samuel Dal-farra, Pluralismo Político. Curitiba: Juruá, 2010. p. 160. 80 Ibid., p. 161.

(34)

No mesmo sentido Dal-Farra escreveu: “sob este prisma, a regra da

verticalização como então ficou conhecido o preceito eleitoral, fortaleceria as

agremiações em detrimento dos interesses políticos meramente locais.”

81

Em seu comentário, Paulo Bonavides, citando Hermes Lima, asseverou

que: “uma das perversões mais audaciosas do sistema proporcional, pelas

conseqüências que produzem, pela confusão que estabelecem, pelos cinismos das

combinações que possibilitam.”

82

81 NASPOLINI, loc. cit.

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