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3.1 PRINCÍPIO

3.1.2 Princípios e seus efeitos

3.1.2.1 Efeito interpretativo

Na página jurídica virtual jusnavegandi, o professor José de Albuquerque

Rocha, em artigo de sua autoria, afirma que:

Nos casos de lacunas da lei os princípios atuam como elemento integrador do direito. A função de fonte subsidiária exercida pelos princípios não está em contradição com sua função fundamentadora. Ao contrário, é decorrência dela. De fato, a fonte formal do direito é a lei. Como, porém, a lei funda-se nos princípios, estes servem seja com guia para a compreensão de seu sentido (interpretação), sejam como guia para o juiz suprir a lacuna da lei, isto é, como critério para o juiz formular a norma ao caso concreto.104

A função orientadora da interpretação desenvolvida pelos princípios

"decorre logicamente de sua função fundamentadora do direito.”

105

No mesmo sentido escreveram Ada Pellegrini Grinover; Cândido Rangel

Dinamarco, Antonio Carlos de Araújo Cintra:

Quando ainda a analogia não permite a solução do problema, deve-se recorrer aos princípios gerais do direito, que compreendem não apenas os princípios decorrentes do próprio ordenamento jurídico, como ainda aqueles que o informam e lhes são anteriores e transcendentes. Na utilização dos princípios gerais do direito é de ser percorrido o caminho do crescente grau de abstração, partindo dos princípios gerais atinentes ao ramo do direito em foco.106

Acerca do tema escreveu José Sérgio da Silva Cristovam que: “a função

interpretativa auxilia e norteia a resolução das dúvidas que podem existir acerca do

significado de uma determinada disposição normativa.”

107

104 LIMA, George Marmelstein. As funções dos princípios constitucionais. Jus Navigandi. Teresina.

ano 7, n. 54, fev./2002. Disponível em: <http://jus.uol.com.br/revista/texto/2624>. Acesso em: 21 maio 2011.

105 LIMA, George Marmelstein. As funções dos princípios constitucionais. Jus Navigandi. Teresina.

ano 7, n. 54, fev./2002. Loc. cit.

106 GRINOVER, Ada Pellegrini, Antonio Carlos de Araújo Cintra. Cândido Rangel Dinamarco. Teoria

geral do processo: São Paulo. Malheiros, 2005. p.105.

107 CRISTÓVAM, José Sérgio da Silva. Colisões entre princípios Constitucionais. Curitiba: Juruá,

3.1.2.2 Efeito fundamental

Por oportuno aprender com o nobre Ministro Gilmar Mendes que,

parafraseando Eduardo Couture, informou que:

Os princípios são as regras a longo prazo, porque embora pareçam precedê-las – como enganosamente sugere o seu nome – em verdade é delas que eles vão sendo extraídos e generalizados, pelos juízes e tribunais, ao construírem as regras de decisão, que lhes permitem realizar a justiça em sentido material, dando a cada um o que é seu.108

No informativo jurídico “O Neófito”, em texto escrito por George

Marmelstein Lima, no qual citou Celso Bandeira de Mello, assim definiu:

O princípio, enquanto "mandamento nuclear de um sistema", exerce a importante função de fundamentar a ordem jurídica em que se insere, fazendo com que todas as relações jurídicas que adentram ao sistema busquem na principiologia constitucional "o berço das estruturas e instituições jurídicas". Os princípios são, por conseguinte, enquanto valores, "a pedra de toque ou o critério com que se aferem os conteúdos constitucionais em sua dimensão normativa mais elevada".109

A força normativa do princípio, muito bem esposada por Accioly em sua

monografia para Escola de Magistratura do Estado do Ceará, tem a seguinte

descrição:

Inicialmente, há que se frisar que se compartilha do entendimento de que os princípios constitucionais podem ser utilizados imediatamente na solução de controvérsias concretas,

crendo-se, inclusive, que a evolução do direito está diretamente relacionada a essa nova tendência interpretativa, segundo a qual se atribui aos

principios força normativa capaz de solucionar poblemas de forma concreta.110

108 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet.

Curso direito constitucional. ed. Saraiva, 2007. p. 27.

109 LIMA, George Marmelstein. As funções dos princípios constitucionais: o neófito-informativo

jurídico. 2002. Disponível em: < http://www.angelfire.com/pro/arquivos/files/e13.pdf>. Acesso em: 29 maio 2011.

110 ACCIOLY, Janine Adeodato. Perda de mandato eletivo por infidelidade Partidária. 2009. 55f.

Monografia (graduação em Direito)- Universidade Estadual Vale do Acara, Fortaleza, 2009. Disponível em:<http://bdjur.tjce.jus.br/jspui/bitstream/123456789/220/1/Monografia%20Janine %20Adeodato%20Accioly.pdf>. Acesso em: 27/05/2011.

3.1.2.3 Efeito supletivo

O magistrado, na falta de norma legal regulamentadora, utiliza-se dos

princípios previstos no ordenamento jurídico vigente, regra disposta no Código de

Processo Civil, especificamente em seu artigo 126, vejamos:

Art. 126. O juiz não se exime de sentenciar ou despachar alegando lacuna ou obscuridade da lei. No julgamento da lide caber-lhe-á aplicar as normas legais; não as havendo, recorrerá à analogia, aos costumes e aos princípios gerais de direito111

A previsão legal para que o magistrado possa valer-se dos princípios,

para achar solução ao caso concreto frente à omissão da norma jurídica, encontra-

se disposta na Lei de Introdução ao Direito Brasileiro, decreto lei 4.657/42, art. 4º,

que dispõe: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a

analogia, os costumes e os princípios gerais de direito.”

112

Doutrinadores de renome, ainda hoje, discutem acerca da diferenciação

entre princípios e regras, importante é o comentário de Manoel Gonçalves Ferreira

Filho:

Falou-se até agora de princípios e regras como se tratasse de conceitos bem definidos, isto não ocorre, porém, em face dos modismos contemporâneos. A distinção tradicional apóia-se num critério formal. Numa análise de abrangência, os princípios seriam normas jurídicas, sim, mas generalíssimas, tanto na sua hipótese quanto no seu dispositivo. Por isso a sua diferenciação seria de grau de generalidade. Por exemplo, o princípio democrático, na hipótese, abrange a atribuição do poder, no dispositivo a supremacia do povo, mas num e noutro ponto cabem incontáveis fórmulas.113

Sobre o efeito supletivo ou integrador, encontramos o comentário de José

Sérgio da Silva Cristovam citando Prieto Sanchís: “como normas que subministram

111 BRASIL. Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível

em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869.htm>. Acesso em: 22/05/2011.

112 BRASIL. Lei de introdução ao código civil brasileiro: decreto-lei n° 4.657, de 4 de setembro

de 1942/ Oscar Tenório. Disponível em:

<http://www6.senado.gov.br/biblioteca/DetalhaDocumento.action>. Acesso em: 24/05/2011.

113 FILHO, Manoel Gonçalves Ferreira, Curso de direito constitucional. São Paulo: Saraiva, 2006.

aos operadores jurídicos os critérios substantivos que devem inspirar a emissão de

uma norma geral ou particular, por exemplo, de uma lei ou de uma sentença.”

114

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