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PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO PROCESSO CIVIL E AO PROCESSO DO

Os princípios são fontes utilizadas para a interpretação e criação de normas, que ajudam a compreender e justificar de forma ideológica a ordem jurídica. Além disso, quando houver lacuna na lei que impossibilite o julgamento de determinado caso concreto, os princípios serão invocados pelo juiz para motivar a sentença (TEIXEIRA FILHO, 2018).

Nessa ordem, a harmonia de um sistema jurídico, no qual as normas assumem um caráter instrumental de acordo com os valores idealizados pela sociedade, provém da observância dos princípios, que podem ser gerais e especiais (LEITE, 2005).

Ensina Zangrando (2013) que princípios e normas eram observados isoladamente, porém são os princípios que definem o conteúdo prescrito na norma jurídica, afirmando-se que os princípios existem independente de norma jurídica, porém, a norma jurídica que não observa os princípios, é carente de legitimidade.

Assim, a norma estabelece um padrão de comportamento e regula sua aplicação em relação ao caso concreto e os princípios são observados como mecanismo de interpretação da norma (ZANGRANDO, 2013).

Ademais, os princípios amparados pela Constituição Federal têm aplicação em todos os ramos do direito processual. Entretanto, o processo civil traz alguns princípios por meio de leis infraconstitucionais, os quais regulam o processo não penal, logo aplicáveis também ao processo do trabalho (SCHIAVI, 2015a).

Como são fontes que devem ser observadas pelo ordenamento jurídico durante todo o trâmite de um processo, cada ramo do direito possui seus princípios característicos. Dessa forma, serão explicitados princípios gerais aplicáveis ao processo civil e processo do trabalho, ressaltando que somente serão estudados aqueles que interessam para o presente o trabalho.

3.2.1 Princípio da demanda ou do dispositivo

Diz respeito ao direito da parte de provocar a jurisdição por livre iniciativa ao se sentir lesada ou ameaçada em relação ao seu direito, do qual é titular. A parte poderá tanto apresentar sua pretensão quanto desistir dela, no momento que quiser (LEITE, 2005).

É também chamado de princípio da iniciativa processual, no qual o Poder Judiciário irá se manter inerte até que a parte, por meio da demanda, provoque os órgãos do judiciário (ZANGRANDO, 2013).

Esse princípio também assegura a liberdade da parte de praticar todos os atos processuais que estão ao seu alcance. Dessa forma, o juiz terá um poder mais acentuado no processo, pois sua atuação dependerá, exclusivamente, da iniciativa da parte interessada (SCHIAVI, 2015a).

3.2.2 Princípio do impulso oficial

De acordo com princípio anterior, o início do processo se submete à exclusiva iniciativa da parte, não podendo o juiz iniciar uma demanda de oficio. Porém, após a propositura da ação, caberá ao juiz impulsioná-la durante o seu desenvolvimento (SCHIAVI, 2015a). Ou seja, o juiz assumirá o seu dever de prestar a tutela jurisdicional conforme os poderes que lhe são conferidos (LEITE, 2005).

Segundo Zangrando (2013), o processo civil inicia por exclusiva iniciativa da parte, mas seu andamento se dá por impulso oficial, onde o órgão jurisdicional é responsável por movimentar o processo, determinando os atos processuais necessários para a prestação da tutela jurisdicional.

Ainda, para Schiavi (2015a), esse princípio também é observado no processo de execução trabalhista, uma vez que o juiz pode promover a execução trabalhista de ofício.

3.2.3 Princípio da instrumentalidade das formas

O processo é um instrumento de serviço do direito e da justiça, não sendo considerado um fim em si mesmo por meio do qual se materializa o direito material (SCHIAVI, 2015a). É através do processo que o Estado realiza a prestação da tutela jurisdicional, e cumpre o seu dever de resolver os conflitos (LEITE, 2015).

Logo, por ser um instrumento destinado à solução de conflitos, as regras processuais possuem caráter absoluto, devendo o juiz, conduzir o processo de modo que se efetive a pacificação social de forma justa, dando para cada um o que é seu por direito (SCHIAVI, 2015a).

O princípio da instrumentalidade então, versa sobre o cumprimento do ato conforme prescrito em lei, não acarretando nulidade do ato se este, apesar de ser praticado de forma diversa, alcançar sua finalidade (LEITE, 2005).

3.2.4 Princípio da oralidade

Esse princípio é próprio do processo civil, porém, possui maior destaque no Direito Processual do Trabalho, uma vez que este é caracterizado por ser um procedimento de audiências e partes (SCHIAVI, 2015a). No processo do trabalho há a previsão da denominada reclamação verbal. Permite-se também, no momento da audiência, que as partes se se manifestem para o magistrado provocando debates orais, e este resolve as questões levantadas através de registro em ata (LEITE, 2005).

Para Nery Júnior (2007, p. 392) “o princípio da oralidade consiste no conjunto de subprincípios que interagem entre si, com o objetivo de fazer com que seja colhida oralmente a prova e julgada a causa pelo juiz que a colheu”.

Pelo exposto, esse princípio procura simplificar o procedimento ao dar maior ênfase nas palavras ditas pelas partes, atribuindo ao juiz maior poder na condução do processo e propiciando assim, maior celeridade nas demandas (SCHIAVI, 2012).

3.2.5 Princípio da economia processual

É um princípio aplicável em todos os ramos do direito processual, segundo o qual, a prestação jurisdicional deve proporcionar o máximo de resultado com o mínimo de esforço (LEITE, 2005).

Conforme ensina Zangrando (2013, p. 636) “o processo deve se orientar de modo a obter o máximo de rendimento com o mínimo de atividade jurisdicional, respeitadas as garantias das partes e as regras procedimentais e legais que o governam.”

Assim, a economia processual objetiva também a celeridade do processo, pois um processo econômico que com o mínimo de atos processuais realizados, atinge o maior número de resultados, representa também o processo moderno (ZANGRANDO, 2013).

3.2.6 Princípio da cooperação

No processo civil, as partes assumem posições antagônicas, cada uma defendendo seus direitos e interesses, que geralmente se colidem entre si. Entretanto, o CPC de 2015 prevê que todos os sujeitos do processo devem cooperar em todas as fases do processo (SCHIAVI, 2015).

Segundo Schiavi (2015a), o novo processo civil segue uma linha cooperativa, ou seja, as partes sem que alterem suas posições no processo devem cooperar entre si, cooperar com o magistrado e o magistrado também deve cooperar com as partes, buscando uma maior democracia durante do processo e uma solução efetiva.