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PRINCÍPIOS ESTRATÉGICOS E METODOLÓGICOS PARA QUE OS AGRICULTORES PROTAGONIZEM O SEU

DESENVOLVIMENTO

Com o objetivo de promover o desenvolvimento agropecuário através deste modelo mais endógeno e autogestionário, deverão ser seguidos alguns princípios estratégicos e metodológicos, entre os quais se destacam os seguintes:

1) Reconhecer e considerar que a família rural é o recurso mais importante, valioso e decisivo para

promover o desenvolvimento agropecuário; só ela poderá fazê-lo; se por qualquer motivo ela não o fizer, de pouco servirão os recursos materiais que se lhe proporcionem e as políticas agrícolas favoráveis que se adotem.

O desenvolvimento deverá começar com o ser humano (com a sua decisão e iniciativa) e terminar com ele (ele deverá ser o seu beneficiário)."O potencial humano é o único capaz de gerar potencial econômico, político e social. Uma sociedade de pessoas capacitadas gera mais indivíduos capacitados. Um povo é grande quando pensa grande e atua em razão de sua grandeza. O libertador Simon Bolívar afirmou: A Pátria é do tamanho do saber do seu povo [8]".

Consequentemente, se deve priorizar a capacitação das famílias rurais (por sobre a alocação de recursos materiais) de modo que elas estejam em condições de utilizar racionalmente as potencialidades do seu meio, as quais não são tão limitadas como muitas vezes se pensa. É necessário considerar que os

problemas, suas causas e suas soluções estão mais nos seres humanos que nos recursos materiais; quanto mais capacitação se outorgue aos primeiros, menor será sua dependência dos últimos.

Muitos agricultores são pobres, não necessariamente por falta de recursos, mas sim porque não têm a suficiente capacidade para utilizá-los e aproveitá-los com fins produtivos e geradores de riquezas.

É o desenvolvimento intelectual das pessoas o que produz os recursos e promove o desenvolvimento material. É o trabalho eficiente e não tanto o capital abundante o que gera produtividade, rentabilidade, prosperidade e independência.

Os países da América Latina estão pagando um preço muito alto por ter privilegiado a distribuição de bens materiais de alto custo (obras de irrigação, drenagem, eletrificação, centros de armazenagem, créditos subsidiados, insumos, reprodutores e maquinaria) e subestimado a importância de capacitar a baixo custo as famílias rurais para que elas pudessem transformar tais recursos materiais em produção, renda e bem estar.

Devido, em grande parte, a este lamentável equívoco, os resultados dos projetos de desenvolvimento rural têm sido decepcionantes. Somente agora estamos nos dando conta que a melhor forma de distribuir renda é distribuindo conhecimentos para que as pessoas melhorem a sua eficiência e produtividade; e por esta via se desenvolvam, graças aos seus próprios esforços e a sua própria capacidade de geração de renda. "O equívoco máximo da América Latina foi o de não considerar o potencial humano como a chave do desenvolvimento e ter deixado passar os anos sem começá-lo por onde deveria tê-lo feito: isto é, pela mente do homem. Existem países subdesenvolvidos porque os seus habitantes são

subdesenvolvidos".[8]

2) Atribuir maior importância ao protagonismo das famílias rurais que ao paternalismo do Estado. O

desenvolvimento deverá ser promovido basicamente com a iniciativa, os recursos e os esforços de todos os membros das famílias e da comunidade. Eles devem entender que a solução dos seus problemas não depende tanto de uma determinada autoridade de governo, mas do esforço individual e coletivo de todas as famílias rurais; porque na realidade o desenvolvimento rural não ocorre nos ministérios de

economia, nos parlamentos ou nos bancos agrícolas, mas sim nos lares, sítios e comunidades rurais; a partir de mudanças de atitudes que se iniciam na mente das famílias.

O Estado não pode e não deve fazer pelos agricultores o que eles mesmos podem executar; se o faz não terá tempo nem recursos para proporcionar-lhes os conhecimentos que os emancipariam da dependência do paternalismo estatal. O Estado deve ajudar com conhecimentos àquelas pessoas que querem ajudar-se a si mesmas, com o seu próprio esforço.

No entanto, afirmar que as famílias rurais devem protagonizar o seu autodesenvolvimento, não significa que na atualidade elas estejam preparadas, motivadas e capacitadas para fazê-lo. Esta emancipação deverá ocorrer de maneira paulatina; e para que elas possam assumir em forma gradual a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento, necessitam que os governos as capacitem, organizem e ofereçam oportunidades perduráveis e não paternalismos efêmeros. Se os agricultores não desenvolvem a sua capacidade de autogestão, autodependência e cooperação mútua, seguirão sempre dependentes do Estado; este continuará atendendo as mesmas pessoas ano após ano, sem conseguir sua emancipação e, em consequência, sem poder deslocar a assistência governamental a novos beneficiários e sem possibilidade de ampliar a sua cobertura.

Consequentemente, mais importante que conseguir que os agricultores tenham acesso ano a ano

aos fatores escassos e externos às suas propriedades, é capacitá-los e organizá-los para que se tornem autosuficientes e menos dependentes de tais fatores. Ao emancipar-se da dependência de

ajudas externas, perderão menos tempo em longas caminhadas, viagens, trâmites e esperas que utilizam para adquirir insumos prescindíveis, obter empréstimos, pedir ajudas, etc.

3) Promover o desenvolvimento de dentro para fora e de baixo para cima, estimulando e fomentando a

autosuficiência individual e coletiva. Basear o desenvolvimento nas potencialidades e oportunidades

internas; isto é, naqueles recursos que os agricultores realmente possuem em seus sítios (geralmente mão-

de-obra, terra e alguns animais), em vez de insistir nas debilidades e restrições externas (no que eles não possuem).

O desenho no.2 indica que o agricultor geralmente tem mais recursos do que ele é capaz de usar racionalmente e administrar eficientemente [7]. Uma estratégia realista e de bom senso deveria começar por incrementar a produtividade dos três recursos recém-mencionados; começando pela capacitação da mão-

de-obra para elevar a sua própria produtividade e para que esta desenvolva o potencial produtivo da terra;

esta por sua vez, ao melhorar sua fertilidade e elevar sua produtividade, produzirá maiores excedentes, que alimentarão a família e os animais. A mão-de-obra, ao estar bem alimentada, terá melhor saúde e maior produtividade; os animais por sua vez, ao estar bem alimentados, melhorarão o seu desempenho reprodutivo e através deste também o produtivo. Com isto se desencadeará um círculo virtuoso, no qual os três fatores que eles possuem gerarão as riquezas e a renda, com os quais os agricultores poderão adquirir os fatores que eles não possuem.

4) Valorizar mais o pragmatismo realista das soluções endógenas que o perfeccionismo utópico das soluções

exógenas. Para os agricultores, mais vale uma solução modesta que esteja ao seu alcance imediato (e que no futuro possa ser melhorada), que outra ideal, porém não alcançável (quer seja no presente ou no futuro); mais valem as medidas imperfeitas que a estagnação e o imobilismo.

5) Não superestimar a importância dos recursos e serviços externos para evitar que o ser humano - quem

deveria ser o agente e beneficiário do seu desenvolvimento - se transforme em objeto e vítima do

subdesenvolvimento. Ao esperar que outros lhe proporcionem os recursos e adotem as decisões, o

produtor não se sente comprometido com a solução dos seus próprios problemas: se paralisa, se imobiliza, se descompromete e por fim cai na resignação e no fatalismo. O paternalismo (doar ou fazer coisas) reforça a atitude de acomodação e o sentimento de incapacidade e impotência dos agricultores para solucionar os seus próprios problemas.

Se não se oferece às famílias rurais efetivas oportunidades para que tomem consciência do seu próprio potencial e das potencialidades do seu meio, que estejam motivadas e desejosas de se superar e capacitadas para solucionar tais problemas, simplesmente não haverá desenvolvimento. Ou os próprios afetados pelos problemas do meio rural os solucionam de maneira protagônica e basicamente com os seus próprios meios, ou tais problemas dificilmente serão solucionados.

As pessoas que propõe uma estratégia de desenvolvimento agropecuário, baseada fundamentalmente em recursos e soluções externos às propriedades e comunidades rurais, geralmente estão propondo utopias inatingíveis; além do mais:

a) com a boa intenção de favorecer aos mais pobres, de fato os estão prejudicando, porque fomentar um

modelo exógeno, significa favorecer aos mais favorecidos e privilegiar aos já privilegiados (os quais com maior facilidade têm acesso aos fatores externos e escassos); e

b) estão subestimando a capacidade potencial das famílias rurais para solucionar problemas que são seus e

que devem ser solucionados por elas mesmas. Apesar das suas boas intenções, os defensores do desenvolvimento exógeno de fato estão prejudicando as famílias rurais; ao criar-lhes ilusões(27*) de

que outras pessoas ou instituições solucionarão as suas dificuldades, desvia as suas atenções e contribuem para que elas não assumam a responsabilidade pela solução dos seus próprios problemas; e contribuem para que as famílias rurais continuem pensando que "se as causas são externas,

as soluções e os recursos também deverão vir de fora"; é necessário entender que a participação popular não é só um direito, mas também um dever de todos os membros de cada família rural.

Muitas das suas dificuldades poderiam ser superadas pelas próprias famílias rurais, independente das ajudas que proporcione ou das decisões que adote o governo; não se deve superestimar a importância de tais ajudas."Na medida em que o pobre entenda que mesmo que careça de riquezas materiais próprias, existem ao seu redor recursos que pode aprender a utilizar; que capte o valor da solidariedade bem orientada; que aprenda as noções mínimas de um manejo técnico dos recursos, ferramentas e matérias primas a sua disposição; que espere de si mesmo e não das esmolas ou ajudas, então e só então darão resultados os planos para lhe ajudar a solucionar os seus problemas"[8].

Em outras palavras, os agricultores deveriam colocar menos ênfase na espera de uma pouco provável

ajuda externa e mais ênfase em uma segura possibilidade de melhorar a eficiência interna de

suas granjas e comunidades.

6) Eliminar as causas que originam os problemas, se é possível de uma só vez para que não seja

necessário corrigir ano a ano as suas consequências. Por exemplo, capacitar aos agricultores para que melhorem a produção de forragens a nível de propriedade, em vez de conceder-lhes ad infinitum empréstimos para que comprem rações e concentrados; capacita-los para que produzam com eficiência, reduzam custos de produção e incrementem preços de venda para tornar-se rentáveis, sem necessidade de que o Estado tenha que corrigir as consequências da baixa rentabilidade com subsídios; atacar as causas e não os sintomas.

7) Partir do conhecido ao desconhecido; da árvore para a floresta e não da floresta para a árvore. Iniciar

pela solução dos problemas mais simples e de menor custo(28*) e avançar paulatinamente para aqueles mais complexos e de maior custo; existem várias soluções que custam pouco, porém rendem muito. A solução dos problemas mais simples, geralmente exige pouca capacitação, é de menor risco e requer

menor quantidade de recursos; em tais circunstâncias, é mais fácil e provável que os agricultores se

decidam a enfrentá-los e que tenham êxito em suas iniciativas.

É importante destacar que ao iniciar pelos problemas mais simples, os agricultores se vão

autocapacitando (aprendendo a solucioná-los), vão adquirindo autoconfiança (perdendo temor às

inovações e aos riscos) e se vão capitalizando (gerando na propriedade os recursos necessários para outras inovações de maior custo). Ao enfrentar de maneira gradual a solução dos problemas, os agricultores estarão eliminando três importantes e freqüentes obstáculos ao desenvolvimento; isto é, falta de conhecimentos, falta de autoconfiança e insuficiência de recursos. Assim começam a romper o círculo vicioso do subdesenvolvimento, porque a gradualidade tem um forte efeito educativo e motivador para a ação. Por outra parte, pretender solucionar problemas complexos e de alto custo com agricultores não devidamente capacitados, com baixa autoestima e escassos recursos, conduz a fracassos, frustrações, desperdícios, descréditos; estes últimos de muito difícil reversão. A gradualidade, ao melhorar o cotidiano cotidianamente, facilita e torna factível a estratégia proposta neste documento; com ela é mais fácil fazer a transição do subdesenvolvimento indicado no desenho no.4 à prosperidade ilustrada no desenho no. 8; sem ela é mais difícil. De acordo com as circunstâncias de cada agricultor, a gradualidade poderá ser horizontal

(avançar de menos a mais em superfície de terra ou número de animais) ou vertical (avançar de menos para mais em complexidade de tecnologias).

Dentro do princípio da gradualidade, se propõe iniciar com inovações tecnológicas e gerenciais que sejam de

baixo custo; sua adoção produzirá aumento nos rendimentos e consequentemente na renda; com estes

lucros adicionais, se poderá financiar a aquisição dos insumos necessários para a adoção das tecnologias de

médio custo (vacinas, inoculantes, sementes melhoradas) as quais provocarão outro adicional de

rendimentos e lucros; estes novos lucros adicionais serão utilizados para financiar a obtenção dos fatores necessários para a adoção das tecnologias de alto custo (instalações, reprodutores, equipamentos, etc). Esta gradualidade permite a autogeração endógena dos recursos requeridos para financiar as etapas mais avançadas de tecnificação, sem necessidade de esperar pela ajuda de recursos externos.

Em outras palavras, as "tecnologias de processo" financiam as "tecnologias de produto" e os "insumos intelectuais" financiam a aquisição dos "insumos materiais". O mesmo princípio da gradualidade (avançar de menos a mais) se propõe aplicar à instalação de pequenas unidades industriais para efetuar, no lar ou na comunidade, as primeiras etapas de transformação das colheitas; idem à construção de outras instalações; idem à organização dos agricultores.

Tudo isto porque é mais fácil e seguro optar por mudanças graduais que pelas espetaculares. A gradualidade é uma alternativa eficaz e acessível para que o agricultor prescinda (ou pelo menos diminua sua dependência) do crédito, geralmente inacessível.

8) Iniciar o desenvolvimento com o que os agricultores possuem e com o que fazem; depois de forma

gradual e paulatina, ir potencializando com recursos externos o que eles possuem e melhorando

com novas tecnologias o que fazem. Antes de executar atividades novas se deve melhorar e corrigir o

que os agricultores já vêm fazendo. Fazer o possível hoje para habilitar-se ao desejável de amanhã. O impossível de amanhã não pode e não deve ser um obstáculo, um motivo ou uma justificativa para não fazer o possível de hoje. As mudanças muito amplas e profundas entram em conflito com a idiossincrasia dos agricultores e provocam o seu rechaço, em vez de obter a sua necessária adesão e apoio.

9) Utilizar plena e racionalmente os recursos locais mais abundantes e aplicar os recursos externos e

escassos só como complemento. Enquanto existirem recursos subaproveitados e ociosos, a

prioridade deverá ser utilizá-los plenamente e não (como costuma suceder) pedir recursos externos adicionais, antes de haver utilizado totalmente os recursos disponíveis. A título de exemplo, se o

produtor ilustrado no desenho no. 2 deseja aumentar a sua produção de leite, não necessariamente,

deverá endividar-se para adquirir mais vacas; mas sim deverá melhorar a pastagem e desparasitar as

vacas já existentes.

Com estas duas medidas de baixo custo, aumentará a produção de leite e com a renda adicional poderá incluir alguma leguminosa em sua pastagem e dar sal mineral aos animais; estas novas tecnologias gerarão outros incrementos na produção e na renda com os quais o agricultor poderá melhorar as instalações, dar aos animais um concentrado protéico e, agora sim como último recurso, adquirir um maior número de vacas.

10) Priorizar as medidas preventivas normalmente de baixo custo, sobre as corretivas que costumam ser

de alto custo. A título de exemplo, a eficácia e o baixo custo relativo das vacinas frente aos resultados produzidos confirmam o princípio.

11) Privilegiar as "tecnologias de processo" (as quais para ser adotadas não requerem de insumos, apenas

necessitam de novos conhecimentos para melhorar as práticas de produção e administração) sobre as "tecnologias de produto" (as quais exigem insumos). As tecnologias de processo (época e maneira de executar os trabalhos, rotação e diversificação de culturas, administração rural, manejo dos animais e das pastagens, etc) requerem, para ser adotadas, somente do fator conhecimento; uma vez que este tenha sido repassado aos agricultores, poderá ser apropriado por eles a custo zero e utilizado ad infinitum.

Por sua vez, para poder adotar as tecnologias de produto se requer que os agricultores comprem os insumos necessários, cada vez que vão adotá-las; isto os mantêm permanentemente dependentes de tais insumos e do crédito necessário para adquiri-los; se estes não forem acessíveis, provavelmente a tecnologia não

poderá ser adotada. Em outras palavras, as tecnologias de processo não se esgotam no ato da adoção; porém no caso das tecnologias de produto, os insumos se esgotam cada vez que se as adota. As tecnologias de processo deveriam, de acordo com as circunstâncias, anteceder, substituir,

complementar e/ou potencializar as tecnologias de produto.

A correta adoção das tecnologias de processo contribuiria (ou criaria as condições mais favoráveis (29*)) para que as tecnologias de produto e os insumos que elas requerem fossem mais eficazes; isto significa que as duas categorias de tecnologias não necessariamente devem ser excludentes ou estar em contraposição; mas sim, devem ser complementares. Os insumos materiais evidentemente que são necessários, porém é melhor que eles sejam considerados como complementos e não com condicionantes da tecnificação da agricultura.

12) Iniciar a tecnificação por aqueles problemas que afetam a um maior número de famílias rurais, cuja

solução é mais fácil e de menor custo. Com tal fim se deve difundir poucas tecnologias que sejam de fundamental importância para muitas famílias, em vez de abarrotar com muitas inovações de pouca relevância a umas poucas pessoas. Ao iniciar com soluções de menor custo, complexidade e dependência externa se contribui a conseguir que um maior número de famílias rurais se beneficie dos projetos de desenvolvimento.

13) Ir do concreto ao abstrato, dando mais importância a atividades ou tecnologias visivelmente vantajosas,

de impacto imediato e resultado palpável, que dêem respostas concretas às necessidades mais sentidas pela maioria das famílias rurais. Estas não mudarão de atitudes nem adotarão uma inovação apenas porque se lhes diga que o façam; elas mudarão na medida em que vejam que o sugerido lhes traz vantagens e benefícios pessoais; daí a grande importância de que os resultados sejam rápidos e visíveis.

É necessário que o agricultor se sinta premiado e recompensado por adotar uma determinada inovação; que se sinta gratificado, econômica e psicologicamente; e isto se consegue enchendo o seu bolso e o seu ego. Não devemos esquecer-nos de que o dinheiro e o prestígio (reconhecimento social) são duas importantíssimas "locomotivas" do desenvolvimento. Resultados rápidos, concretos e visíveis são o melhor "argumento" para que os agricultores inovadores continuem adotando tecnologias mais complexas e de maior custo; também, são o melhor meio para que a adoção das tecnologias se irradie a outros produtores

não tão inovadores.

14) Substituir o enfoque parcializado pessoa-produto pelo enfoque holístico, sistêmico e integrador família-

propriedade; com isto se pode aproveitar integral, permanente e racionalmente a contribuição de todos os membros da família rural, e as potencialidades e complementariedades de todos os recursos produtivos existentes nas propriedades; ambos (a família e os demais recursos produtivos) devem ter uma função sinérgica, complementar e de múltiplo propósito. É necessário ter uma visão empresarial, na qual se aproveite ao máximo todas as oportunidades de utilizar recursos, de aumentar a produção e a renda, e se reduza ao mínimo as possibilidades de gastos, ociosidades, perdas, riscos e vulnerabilidades. A propriedade deverá ser encarada e desenvolvida com uma visão globalizadora e um enfoque holístico.

15) Privilegiar as atividades e investimentos em conjunto sobre as individuais, estimulando a cooperação, a

solidariedade e o compromisso pelo desenvolvimento da comunidade. Ao organizar aos agricultores é necessário definir claramente os objetivos e as metas que se pretende alcançar, porque objetivos abstratos e metas difusas dificilmente conseguem motivar e comprometer aos agricultores; igualmente se deve programar e executar atividades concretas, que produzam resultados também concretos; consequentemente, não se deve organizar por organizar, porque a organização deve ser encarada só como um meio para conseguir resultados palpáveis e mensuráveis; estes deveriam estar prévia e claramente estabelecidos. Muitas organizações têm fracassado por não haver definido claramente o que querem fazer e onde querem chegar(30*). A organização só terá êxito se a totalidade dos seus membros se compromete, assume e compartilha responsabilidades e atividades.

Quando apenas uns poucos têm atribuições concretas (geralmente os membros da diretoria) e a maioria só assiste como meros espectadores, é muito provável que esta maioria critique aos dirigentes, não valorize o esforço da organização e não se comprometa com o seu êxito. Por tal motivo, as atividades e responsabilidades deveriam atribuir-se (de forma rotativa ou permanente) ao maior número possível de sócios; oxalá a todos eles.

16) Ao estimular a organização, é preferível partir de grupos autóctones, naturais ou informais já existentes