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O problema é mal definido matematicamente, uma vez que vários aspectos qualitativos, tais como sociais e pedagógicos, interferem na decisão Assim, os modelos, nesta

3.2 Metodologias Multicritérios

3 O problema é mal definido matematicamente, uma vez que vários aspectos qualitativos, tais como sociais e pedagógicos, interferem na decisão Assim, os modelos, nesta

abordagem desenvolvidos, tem por objetivo gerar conhecimento aos atores, para que a decisão futuramente tomada esteja em conformidade com a meta do decisor, ou seja, construir a solução que melhor se adeque ao ‘seu problema’.

De forma sintetizada a Tabela 02, abaixo, apresenta as diferenças mais marcantes (básicas) entre MCDM e MCDA.

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Escola Européia Escola Americana

reconhecimento da presença e necessidade de integração, tanto dos elementos de natureza objetiva como os de natureza subjetiva;

• Reconhecimento apenas dos elementos de natureza objetiva;

o principal objetivo é construir ou criar algo (atores e facilitadores em conjunto) que, por definição, não preexista completamente;

• o principal objetivo é descobrir ou descrever algo que, por definição, preexiste completamente;

• busca entender um axioma particular, no sentido de saber qual o seu significado e o seu papel na elaboração de ‘recomendações’;

• busca analisar um axioma particular, no sentido de ele nos levará a uma verdade através de ‘ normas para prescrever’;

ajudar a entender o comportamento do tomador de decisão, trazendo para ele argumentos capazes de fortalecer ou enfraquecer suas próprias convicções.

• não existe a preocupação de fazer com que o tomador de decisão compreenda o ‘seu problema’, apenas que explicite as suas preferências.

Tabela 02: Diferenças básicas entre as Escolas Européia e Americana

Após devidamente apresentadas as características básicas, é conveniente, devotar uma pouco mais de esforço neste dois eixos. Desta forma, faz-se necessário distinguir as siglas geralmente usadas pelos pesquisadores da área para se referir a estes eixos,

respectivamente: MCDM e MCDA. Para explicar a distinção e, consequentemente, a direção que cada um dos eixos seguem, optou-se por reproduzir as idéias de alguns teóricos, que fornece subsídios suficientes para os recém-iniciados na área. Citam-se, então,

os seguintes artigos: Roy (1990:17-35), Roy (1993:184-203) e Bana e Costa (1993:09-20). Roy (1990:17-35) tem como preocupação central distinguir Tomada de

DecisãoÇDM) de Ajuda à Decisão{DA), enfatizando a diferença de atitudes, entre as duas, perante uma situação decisória. Enquanto DM procura desenvolver um modelo matemático, independentemente dos atores envolvidos, que permita descobrir aquela solução ótima que, acredita-se neste contexto, preexistir; DA, por sua vez, procura auxiliar a modelar o contexto decisional, a partir da consideração das convicções e valores dos atores envolvidos

no processo decisório, de tal forma a permitir a construção de um modelo no qual basear as decisões em favor do que se acredita ser o mais adequado. Neste sentido, Roy salienta o fato de que a pesquisa em DA aponta para a impossibilidade de se fornecer uma fundamentação verdadeiramente científica e objetiva para uma decisão ótima. Esta

impossibilidade é justificada pelas próprias limitações da objetividade (ver Roy, 1990:27-28) e pela necessidade de incorporação de fatores subjetivos nos processos decisórios, o que é

desconsiderado em DM.

< Roy, em seu artigo de 1993 (184-203), enfatiza a distinção, opondo Ciência da Decisão a Ciência de Ajuda à Decisão, apontando esta oposição no próprio título: “Decision science or Decision-aid science?” Neste artigo, Roy utiliza a sigla OR-DA, no

contexto das metodologias multicritérios vinculando OR a Ciência da Decisão e DA a Ciência de Ajuda à Decisão. À primeira, ele atribui o propósito de busca por verdades objetivas em situações de tomada de decisão, e, especialmente, a busca da melhor decisão, através do uso dos modelos apresentados como simplificações da realidade. Quanto à segunda, Ciência de Ajuda à Decisão, Roy entende outro tipo de ciência cujo objeto não é

buscar a melhor decisão mas desenvolver um conjunto de condições e meios que sirvam de base para as decisões, em função daquilo que o decisor acredita ser o mais adequado, dentro de um dado contexto. É interessante notar que nos dois artigos de Roy discutidos

acima, as mesmas distinções e definições são apontadas, embora haja uma certa variação na forma de se referir a elas. Observe-se que, o que é referido em 1990 como MCDM eqüivale

ao que é descrito em 1993 como Ciência da Decisão, vinculada à sigla OR. Por outro lado, o que é referido em 1990 como MCDA eqüivale ao que é descrito em 1993 como Ciência de Ajuda à Decisão, vinculada à sigla DA.

Bana e Costa, em seu artigo de 1993 (17) já se instala no contexto de MCDA,

mencionando a sua “tomada de decisão em favor de uma concepção sistêmica soft de um processo de apoio à decisão, no seio do qual os actores intervenientes e os seus valores, objectivos e normas e as acções e suas características são componentes estruturantes”. Neste artigo Bana e Costa define, com clareza, a atividade que ele chama de apoio à decisão. Como não poderia explicar esta atividade de uma maneira tão clara como Bana e Costa o fez, e como concordo com suas colocações, baseio minha discussão sobre ajuda à decisão em seu pensamento. Primeiramente, é importante salientar que a atividade de ajuda à decisão não busca descrever uma realidade exterior preexistente. Ao contrário, busca a construção de uma estrutura partilhada pelos intervenientes no processo decisório, “para a

elaboração de um modelo de avaliação, seguindo uma abordagem interactiva, construtiva e de aprendizagem, e não assumindo um posicionamento optimizante e normativo” (Bana e

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n

“a um processo de debate permanente com os intervenientes”, mas sim, em uma série de etapas interativas e sucessivas (ibid). Bana e Costa (1993) alerta quanto ao risco de se querer reduzir a noção de participação ao diálogo e ao debate constante. Na verdade, ajuda

à decisão é um processo interativo também em um outro sentido: a uma fase de confronto com o sistema de valores dos atores, segue-se uma fase de análise e interpretação das conclusões do debate anterior, preparando as recomendações para seguir um novo diálogo,

e assim até a construção de um modelo de negociação.

A partir desta discussão inicial dos dois eixos básicos em metodologias multicritérios e as terminologias consensualmente usadas nesta área de pesquisa, algumas perguntas surgem: O que é que explica estas diferentes atitudes face a situações decisionais? Que tipo de caminho leva à obtenção do conhecimento gerado em cada um destes eixos? Quais as possíveis abordagens de síntese? Qual a diferença entre as abordagens, e desta forma, quais as noções que orientam cada uma delas? Para tentar responder as duas primeiras perguntas,

as discussões que se seguem serão calcadas nas reflexões de Roy (1993) sobre estas questões, pois acredita-se, que elas oferecem subsídios suficientes para uma compreensão mais global destas diferentes atitudes. A próxima sessão, 3.2.2 apresentará um detalhamento destas idéias, sugerindo os três caminhos principais15. No entanto, para tentar responder as

duas últimas perguntas, as discussões serão orientadas pelas reflexões de alguns pesquisadores (Roy citado em Bana e Costa, 1988; Stewart, 1992 e Vincke, 1992) apresentadas na seção 3 .2.3.

3.2.2 - Caminhos seguidos pelos pesquisadores para conferir significado aos resultados produzidos nas metodologias multicritérios

Para um entendimento das oposições salientadas na sessão anterior, é fundamental tentar uma compreensão mais profunda dos caminhos usualmente tomados pelos

15 Bana e Costa reconhece a existência de quatro caminho diferenciados, a saber, o modelo descritivista , o

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