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Tradução: processo pelo qual o conjunto de condições apresentadas inicialmente é traduzido em um conjunto de problemas, assuntos e questões suficientemente bem definidas para permitir uma ação de

3.1 Processos Decisórios

8 Tradução: processo pelo qual o conjunto de condições apresentadas inicialmente é traduzido em um conjunto de problemas, assuntos e questões suficientemente bem definidas para permitir uma ação de

pessoas. Com base nas exposições destes autores, serão explicadas, de forma resumida,

estas correntes.

(i) A corrente de checagem de listas - a estruturação é vista como uma receita,

devendo as etapas serem seguidas passo-a-passo, ou seja, o problema deve ser examinado em termos de uma estrutura pré-ordenada. Em outras palavras, existe uma lista que oferece as informações que o decisor necessita para modelar o problema. O ponto central desta corrente de pensamento é que a ‘solução do problema’ consiste em encontrar a sua causa e eliminá-la e, a partir dai, solucionar

o problema.

(ii) A corrente da definição - a estruturação é vista como um conceito subjacente à teoria da decisão, ou seja, o processo consiste na identificação dos elementos do

problema, tais como: os tomadores da decisão, os objetivos, as alternativas, etc.. Em outras palavras, é um procedimento utilizado para se obter um conjunto de variáveis a partir das quais um modelo deverá ser construído. O ponto central desta corrente de pensamento é a interpretação do contexto decisional em que o problema está inserido.

(iii) A corrente da pesquisa científica - a estruturação é vista como o estudo da realidade física, principalmente através de dados quantitativos, sendo o problema examinado seguindo a direção exterioridade-interioridade. Em outras palavras, há uma consciência da necessidade de descobrir o que está acontecendo objetivamente através de uma metodologia científica. O ponto central desta corrente de pensamento é o estudo do sistema decisional como objeto.

(iv) A corrente das pessoas - a estruturação é vista como uma função das percepções das pessoas, as quais devem ser a linha norteadora, ou seja, o problema ‘não’ deve ser examinado como uma entidade concreta existente no mundo real, pois o que

existem são percepções diferentes de uma mesma situação, ou realidades diferentes construídas por um ou vários indivíduos. Em outras palavras, situações podem ser vistas como problemáticas ou não, dependendo de quem as percebe. Assim, a

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estruturação passa a ser um processo de negociação de sua definição entre os intervenientes, até ser aceita por todos. O ponto central desta corrente de pensamento é a percepção das pessoas quanto à situação decisional.

Analisando estas quatro correntes de pensamento, observa-se que a diferença entre

elas, está no deslocamento do objeto de estudo. Assim na corrente (i) tem-se a busca da causa; na corrente (ii) tem-se a interpretação do contexto decisional; na corrente (iii) tem-se a investigação do sistema decisional como objeto; e, finalmente, na corrente (iv) tem-se a consideração da subjetividade como motor da estruturação.

Na verdade, contrariando o pensamento tradicional que tende a considerar estas

correntes como mutuamente excludentes, esta dissertação se baseia na aceitação do fato de tais correntes devem ser mutuamente incidentes. Neste sentido, conclui-se que o ideal seria,

de alguma forma, agregar os aspectos teóricos e práticos ‘robustos’ de cada uma delas,

objetivando uma representação real da situação decisória.

Antes de prosseguir com a evolução histórica da Pesquisa Operacional Tradicional, apresentar-se-á, muito resumidamente, um esquema geral dos processos decisórios na subseção 3.1.2.1.

3.1.2.1 - Um esquema geral dos Processos Decisórios

Conforme já mencionado na seção 3.1.1, “The decision process is initiated by the problem recognition and diagnosis”9 (Beinat, 1995:05). Este problema se apresenta, inicialmente, de forma muito vaga, obscura e, normalmente, mal definida aos olhos dos decisores. Nesta perspectiva, Mintzberg et al (1976:250) faz um alerta no sentido de que, na pressa de resolver os problemas a tendência das pessoas envolvidas em um processo decisório é dispender mais tempo na etapa da resolução dos problemas do que na etapa de definição do problema. Neste ponto convida-se o leitor a contrastar esta postura tradicional com a perspectiva atribuída a Einstein, mencionada na seção 3.1.2.

Mintzberg (1976), mais voltado para a visão da Ciência da Administração (um ramo da PO), centraliza, como se pode perceber pelo parágrafo anterior, na preocupação com a

análise dos processos decisórios como um todo, não só na aplicação de uma modelo matemático.

Por ser Mintzberg um teórico consensualmente aceito na pesquisa da área, optou-se

por apresentar na Figura 002, a estrutura do processos decisórios por ele proposta [extraída

do livro de Beinat (1995:06)]:

Figura 002: Estrutura de um Processo Decisório

A partir da figura, acima, apresentada, pode-se constatar que as fases do processo decisório, bem como as etapas de cada fase, estão intimamente ligadas, ou seja, cada etapa necessita de retroalimentação de outra etapa como uma corrente contínua, conforme pode ser constatado no comentário abaixo.

A fase de estruturação tem por incumbência analisar, interpretar e incorporar todas as variáveis - quer sejam objetivas ou subjetivas - que venham por influenciar este processo. Em outras palavras, a realidade do contexto decisório onde o problema está inserido deverá

ser retratada de forma o mais completa e específica possível, pois o uso ineficiente da

informação poderá comprometer os resultados das etapas do processo. Desta forma, os intervenientes encontrar-se-ão em condições de analisar as alternativas existentes ou de

desenvolver novas alternativas. A fase de avaliação, por sua vez, tentará encontrar a

alternativa mais adequada, através da identificação dos prós e contras de cada alternativa, com base no julgamento de valor dos intervenientes. Em outras palavras, pode-se dizer, por exemplo, que o delineamento das soluções depende dos objetivos dos decisores (Beinat,

1995:05).

Uma vez que foi apresentada a questão da incorporação de todos os elementos

integrantes do contexto decisório, um problema, de maior vulto, surge:

Uma vez que o meio científico da PO tradicional, é dominado pelos “postulados do decisor racional, do óptimo e, também, do quantitativo” (Bana e Costa, 1993:11), como incorporar esses elementos subjetivos onipresentes em qualquer decisão?

Com o propósito de contribuir para superar as limitações da PO tradicional conforme discutido aqui, e, em hipótese alguma com o propósito de substituir as

metodologias monocritérios, surgem, as proposições de Metodologias Multicritérios. A seção seguinte tem por objetivo apresentar o surgimento das Metodologias Multicritérios, bem como sua evolução, ou seja, os dois eixos centrais destas metodologias.

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