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3.3 Metodologias Multicritérios de Apoio à Decisão (MCDA)

41 Tradução: dispositivo facilitador.

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"negotiative device"42 é usado por Eden (1988:03) como um modelo cuja finalidade é ajudar as pessoas envolvidas em um processo decisório a negociar sua visão do problema e a negociar de maneira mais efetiva, um consenso para uma ação.

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Figura 011: Teoria e conceitos orientando SODA (extraído de Eden, 1989:24)

Conforme visto na Figura 011, a SODA é informada por quatro perspectivas, que interagem. Cada uma desta perspectivas será, agora, detalhada com o propósito de

justificar a opção por tal método de estruturação, dentre tantos. Ou seja, deseja-se demonstrar que a abordagem SODA abarca todos os elementos, que, acredita-se, fazem

parte do contexto de um problema complexo. Assim, passa-se ao detalhamento de cada uma dessas perspectivas.

(i) a perspectiva individual:

Como o foco da SODA é o indivíduo ou a psicologia da solução de um problema, a “Teoria dos Construtos43 Pessoais”44 tem, em tal abordagem, significado prático, uma vez

4 2 T r a d u ç ã o : d i s p o s i t i v o n e g o c i a t i v o .

4 3 D e f i n e - s e c o n s t r u t o , d e u m a m a n e i r a g e r a l , c o m o u m a i d é i a c o m p l e x a f o r m a d a p e l a c o m b i n a ç ã o d e i d é i a s m a i s s i m p l e s n a m e n t e d e u m a p e s s o a ; u m c o n s t r u t o é a l g o c o n s t r u í d o o u c r i a d o ( v e r C o l l i n s C o b u i l d E n g l i s h La n g u a g e D i c t i o n a r y , 1 8 8 7 : 3 0 2 ) . N a s e ç ã o 3 . 3 . 3 . 3 s e r á a p r e s e n t a d a a d e f i n i ç ã o d e c o n s t r u t o

que o mapeamento cognitivo trabalha com a língua como ‘moeda comum’ da vida da organização: um mapa cognitivo não é outra coisa a não ser um modelo do ‘sistema de conceitos45’ usado pelos atores intervenientes para comunicar a natureza do problema. A

SODA focaliza aquela forma de comunicação que é mais legítima nas organizações, ou seja, a linguagem. Isto significa desconsiderar o papel da comunicação não-verbal. A SODA assume que o facilitador usará a linguagem como um meio de modelagem adequado para

capturar o significado que deriva da emoção, expressada através de entoação, movimento de corpo e personalidade (Eden, 1989:25). Daí a desconsideração da comunicação não- verbal.

(ii) perspectiva da natureza das organizações:

O facilitador que usa SODA precisa se familiarizar com a natureza particular da

tomada de decisão nas organizações. A organização é vista como um conjunto dinâmico de alianças, nas quais forças políticas, ideológicas e diferenças de poder, são fatores significativos na tomada de decisão organizacional. Na organização, os participantes estão, continuamente, negociando e renegociando seus ‘papéis’ e valores. Em outras palavras, a

organização é vista como um empreendimento negociado, intimamente ligado à questão do papel do indivíduo, conforme descrito na perspectiva anterior. E importante lembrar que, nesta visão, o indivíduo é visto como peça central: os objetivos e metas da organização nada são além de traduções dos valores e conceitos dos indivíduos que a constituem.

(iii) a perspectiva da prática de consultoria:

As duas perspectivas anteriores informam um terceiro segmento da figura, a prática de consultoria, que se concentra no papel da negociação entre todos os intervenientes, na busca por uma ‘solução de compromisso’ para um problema. O facilitador é o instrumento para promover está negociação e para gerenciar o consenso e o comprometimento entre os atores. Neste aspecto, o facilitador tem papel central, tanto no planejamento quanto no gerenciamento da negociação. p r o p o s t a p o r Ed e n ( 1 9 8 8 ) c e n t r a d a n a i d é i a d e ‘ b l o c o d e t e x t o ’ , c o m p o s t o p e l a s p a r t e s " p r e s e n t e d p o l e ” e “ c o n t r a s t p o l e ” a s e r e m d e v i d a m e n t e e x p l i c a d a s . 4 4 “ T h e o r y o f P e r s o n a l C o n s t r u c t s ” , d e K e l l y ( 1 9 5 5 ) . 4 5 D e f i n e - s e c o n c e i t o c o m o u m a i d é i a o u p r i n c í p i o a b s t r a t o q u e s e relaciona c o m u m a s s u n t o e s p e c í f i c o o u c o m u m p o n t o d e v i s t a e s p e c í f i c o d e s t e a s s u n t o ( v e r C o l l i n s C o b u i l d En g l i s h La n g u a g e D i c t i o n a r y , 1 8 8 7 : 2 8 8 ) .

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(iv) a perspectiva da tecnologia e da técnica:

O último segmento da figura, tecnologia e técnica, considera os instrumentos para lidar com a complexidade dos problemas. Assim, tem-se o mapeamento cognitivo como técnica fundamental e o software COPE ou o DECISION EXPLORER, sua versão mais atual, como a tecnologia que irá viabilizar este processo de gerenciamento de complexidade.

A metodologia SODA caracteriza-se, essencialmente, por sua capacidade de estruturar situações complexas, aquelas envolvendo, entre outros fatores, aqueles

qualitativos e aqueles de trabalho em grupo. Nesta perspectiva, os mapas cognitivos constituem-se como a técnica ‘fundamental’ para auxiliar no processo de definição do problema. Se se considerar que um problema só será definido a partir da compreensão da maneira como o indivíduo percebe e interpreta tal problema (ou evento), tem-se o mapa

cognitivo como o mecanismo para se atingir tal propósito.

A abordagem SODA e, em seu contexto, a técnica/ferramenta de construção dos mapas cognitivos, são, fundamentalmente, informada pela onipresença da subjetividade inerente ao processo decisório. Como ilustração desta afirmação, um exemplo simples é a forma como as pessoas ‘vêem’ os eventos. Diante de um evento, cada pessoa, de acordo com seu sistema de valor, irá concentrar atenção em certos aspectos, ignorar outros, e considerar uns mais significativos do que outros, uma vez que cada ator tem um quadro de

referência mental próprio, que o faz interpretar o ambiente de forma diferente. Por exemplo:

São 20:30hs da noite e dois grupos de pessoas estão no laboratório de Informática de uma Universidade. O primeiro grupo é formado por dois professores que estão desempenhando suas atividades profissionais, ao ministrar sua aula, cujo horário de início e término são das 20:30hs às 22:00hs. O segundo grupo é formado pelos alunos de graduação do Curso de Direito, que, embora não gostando de tal disciplina, são obrigados a cursá-la em função de exigências curriculares. As 20:45hs, falta energia elétrica e a aula tem de ser suspensa. Existe um problema a ser resolvido? Do ponto de vista dos docentes, existe, sim, um problema a ser resolvido: a compensação da aula perdida pela falta de energia elétrica. Do ponto de vista dos alunos, não existe problema: ao contrário, houve uma ‘solução’ para um evento considerado não desejado.

Constata-se, assim, que, dificilmente, duas pessoas terão, exatamente, as mesmas percepções com respeito a algo, embora alguns aspectos possam ser compartilhados por várias pessoas. Conclui-se, então, que a subjetividade conduz à noção de que nenhum evento é ‘incontestavelmente’ um problema. Ao contrário, o problema identificado como tal por uma pessoa pertence unicamente a esta pessoa.

Neste contexto, o indivíduo é enfatizado e o conjunto de seu sistema de valores vem por gerar uma construção pessoal do chamado problema. Historicamente, a origem da teoria de construtos pessoais pode ser resgatada no trabalho de Kelly (1955), que veio por informar a proposta dos mapas cognitivos por Eden (1988). Tais mapas, representam o quadro de referência mental de uma pessoa frente a uma situação que demande algum tipo de ação, de tal forma que esta representação venha por gerar a definição do problema. A próxima subseção apresenta um detalhamento dos mapas cognitivos. Cumpre salientar que será dada atenção especial aos Mapas Cognitivos (MC), em fimção da natureza fundamental

do processo de estruturação de problemas e a possibilidade de sua orientação para a construção da árvore de valor, etapa requerida pelo modelo de agregação aditivo, a ser adotado neste trabalho.

3 . 3 . 3 . 3 - M a p a s C o g n i t i v o s ( M C )

Atualmente, os estudiosos da área de processo decisório reconhecem, de maneira consensual, a importância da percepção e o papel da cognição dos atores envolvidos em

uma tomada de decisão (Schwenk, 1988:41). Este reconhecimento foi se consolidando através de diversos estudos, em que foi constatado o fato de que o decisor percebe o meio- ambiente e a organização em que ele está, de acordo com seu quadro de referência, o qual é informado por seus valores, suas crenças pessoais, seus objetivos, suas hipóteses, seus preconceitos (Lawrence & Lorsch, 1969:23-30). E, são exatamente estes, os fatores que funcionarão como elementos norteadores da definição do problema percebido (Schwenk, 1988:41). Diante da constatação da presença da subjetividade dos decisores, tomou-se

necessária uma ferramenta/técnica que possibilitasse a explicitação de todos os aspectos relacionados à percepção de tal problema. Esta ferramenta objetivaria, em primeira instância, uma melhor compreensão do problema em estudo, o que viria por conduzir à

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definição do problema. Acredita-se que a ferramenta/técnica que melhor atende a esta

necessidade é o Mapa Cognitivo (MC), apresentado a seguir.

O termo mapa cognitivo, conforme Eden (1988:01), foi usado pela primeira vez em 1948, por Tolman, em um artigo de psicologia46, embora com conotação um pouco

diferente da usada atualmente. Eden, se apropriou do termo e o aplicou à pesquisa de definição de problemas.

A partir da constatação, em suas consultorias, que os executivos, durante a maior parte de suas atividades, pensam e trabalham com idéias e linguagem (comunicação) em vez de símbolos e modelos puramente matemáticos, Eden (1988) desenvolveu os MC. Diante desta constatação, a questão que se apresentava era a de que os modelos deveriam capturar

e representar a maneira como estes executivos trabalhavam com suas idéias (Eden, 1988:01-02). Este pesquisador passou, então, a concentrar suas atenções nas dificuldades

que levam os executivos a procurar o consultor (facilitador). Constatou que, na maioria dos casos, quando o facilitador era procurado, não conseguia, de imediato, saber quais as razões que teriam levado os executivos a chamá-lo a auxiliá-los, por não terem uma noção

clara do problema a ser analisado. No entanto, estes executivos compartilhavam do sentimento de que existia algo insatisfatório, mas não sabiam exatamente o que era, nem

conseguiam apresentar esta insatisfação de forma explícita. Diante deste quadro, Eden começou a pesquisar e, nestas pesquisas, pôde constatar que, quando atuava como interventor no sentido de apresentar de forma clara/transparente e completa como cada membro de um grupo ‘via’ tal problema, estes membros passavam a se engajar em um processo interativo e participativo. Tal processo acabava por fornecer os dados

‘suficientes’ da construção da realidade de cada membro, possibilitando uma representação que incorporasse todos os dados suficientes de todos os membros. Esta representação, ou

seja, o modelo construído, servia como um dispositivo negociativo entre os membros. No trabalho de Eden (1988), pode-se entender a representação atingida como um ‘modelo’, cuja finalidade é ajudar os atores, envolvidos em um processo decisório, a entender e negociar sobre o problema.

Toda esta explanação vem por corroborar a idéia de que, na maioria das vezes, os

atores consideram o problema suficientemente complexo, necessitando, então, de ajuda para analisar melhor este ‘problema’, ou seja, o problema precisa ser definido. Segundo Smith

(1989:966), um problema pode ser definido como: “uma representação. Ela representa uma condição problemática, comumente em termos linguisticos, mas potencialmente através de outro meio de representação. ”

A questão, para Eden (1988), era, então, buscar suporte para o desenvolvimento de um modelo que fosse capaz de representar o quadro de referências mentais dos atores, uma

vez que o suporte dos modelos da Pesquisa Operacional não incorporavam estes elementos subjetivos, agora, emergentes como cruciais. Além do suporte para o desenvolvimento de tal representação, deveriam ser pensadas a inclusão de todos os elementos relevantes e a evidenciação dos relacionamentos existentes entre estes elementos. Eden (1988), afirma que, foi na psicologia, mais explicitamente, na Teoria dos Construtos Pessoais de Kelly, que encontrou embasamento para tanto. A essência da Teoria dos Construtos Pessoais está na

premissa de que o homem está, continuamente, buscando entender o ‘seu mundo’. Esta teoria é informada por um postulado e onze corolários. O postulado diz respeito ao fato de que um indivíduo se utiliza de um sistema de construtos para fazer sua interpretação do mundo. Dentre os onze corolários, três deles são destacados por se caracterizarem como fundamentais, quando a questão se refere a ajudar indivíduos e grupos de indivíduos em organizações a pensar: (i) individualidade, (ii) sociabilidade, e, (iii) comunalidade. O corolário da individualidade diz respeito ao fato de que as pessoas constróem eventos de

formas diferentes, uma vez que elas percebem, uma mesma coisa, de forma diferente. Esta diferença é decorrente de seu sistema de valores. O corolário da sociabilidade diz respeito ao fato de que se uma pessoa constrói o processo construtivo de outra pessoa, ambas podem atuar no processo social. O corolário da comunalidade diz respeito ao desenvolvimento de uma maneira comum de construir eventos futuros (Eden, 1988:02).

Com base nestas argumentações, Eden (1988) desenvolveu os Mapas Cognitivos (MC) como uma ferramenta de apoio ao processo de ajuda à decisão, contribuindo para a

difícil fase de estruturação, mais especificamente, na definição do problema: na medida em que o MC permite a representação gráfica da forma como o decisor percebe um problema, ajuda em sua compreensão. Cossette & Audet (1992:331) definem o Mapa Cognitivo como “a graphic representation of mental representations that the researcher conjures up from the discursive representations formulated by the subject about an object and drawn

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from his reservoir of mental representations”.4' Esta definição destaca o papel fundamental do facilitador que constrói, graficamente para o decisor (no momento tí), uma representação informada pelas representações mentais (momento t3), advindas das

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