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3. Método

3.4. Procedimentos gerais para a coleta das informações

Para a coleta de informações foram utilizados fundamentalmente cinco tipos de fontes, tomados a partir da caracterização inicial feita por Luna (1998), a saber:

Relatos verbais diretos obtidos através das entrevistas com a diretora da escola, com a orientadora pedagógica e com a brinquedista (anexo 5). Com essas entrevistas, foi possível obter informações referentes à estrutura física, técnica e humana da escola e da brinquedoteca, o histórico das mesmas e suas organizações funcionais, assim como suas concepções e sentidos sobre o brincar na escola e na brinquedoteca.

Relatos verbais indiretos obtidos através de questionários enviados às famílias para

serem respondidos conjuntamente com as crianças. O questionário foi elaborado com a brinquedista e com a orientadora pedagógica da escola. Seu objetivo foi de levantar um banco de dados referentes à cultura lúdica da infância dos pais e das crianças, e que ficaria disponível para futuras consultas na brinquedoteca e que serviria também como

58 informações complementares no processo de contextualização da realidade das crianças e das suas famílias. Os questionários foram enviados pelas professoras de cada turma como tarefa escolar (anexo 4).

A consulta a Documentos, tais como o Projeto Político Pedagógico da Escola, o projeto da brinquedoteca e os relatórios das atividades ali desenvolvidas foi importante na medida em que complementou as informações obtidas nas entrevistas. Da mesma forma, a consulta do fichário dos alunos justificou-se para melhor caracterizar e compreender a realidade destes.

A observação participante e a intervenção direta em diferentes situações: nos Conselhos de Classe do I e do II Trimestre e nas festividades na escola, na organização de um momento de reflexão sobre o brincar na escola (proposto em parceria pela orientadora pedagógica e pela pesquisadora a toda equipe pedagógica da escola no final da pesquisa). Esse encontro foi um momento de reflexão entre os professores da escola e do NEI para discutirem e avaliarem as experiências realizadas até então na brinquedoteca (anexo 6).

A observação direta, via filmagem e diário de campo das experiências que aconteceram na brinquedoteca (e, posteriormente, na hora do recreio). Foram utilizadas também a observação exploratória e a observação focalizada (ALVES, 1991), em momentos específicos:

As observações aconteceram em 2 fases:

Fase 1: observação exploratória: A coleta de informações iniciou com a

observação livre que ocorreu do dia 22 de maio a 06 de junho de 2006, período que compreende a data da realização do conselho de classe do primeiro trimestre letivo e o início do segundo trimestre letivo (27/05). As quatro turmas foram então observadas livremente nos dias em que freqüentaram a brinquedoteca. Em um diário de campo foram registradas as primeiras impressões quanto à utilização do espaço e às atividades desenvolvidas pelos alunos, professores e brinquedista.

Neste período de observação, no ambiente foi experimentado aos poucos o uso da filmadora e do gravador que seriam usados regularmente na observação focalizada. Pretendeu-se, assim, familiarizar as crianças com tais equipamentos durante as atividades na brinquedoteca.

Fase 2: observação focalizada: No período indicado foram registradas as

atividades que aconteceram nesse espaço com as turmas de 1a, 2a, 3a, e 4a séries durante o segundo trimestre letivo. Este começou no dia 20 de junho, e abrangeu os meses de julho,

59 agosto e setembro de 2006 que compuseram o II Trimestre Letivo. Para isso, foram utilizadas filmagens (videografia) como recurso metodológico no registro dos eventos em imagens, as quais permitiram captar os fenômenos em processo. Obteve-se aproximadamente 35 horas de gravações.

Como procedimento de coleta de material de pesquisa, a filmagem permite o constante retorno às relações entre os sujeitos, foco deste estudo, o que possibilita ao pesquisador uma maior flexibilidade frente às informações registradas. Através desse recurso, no momento da análise, é possível resgatar as ações comunicativas e gestuais e apreender “[...] mudanças relativamente sutis nas relações entre seus agentes e suas ações” (MEIRA, 1994, p.60) que, de outra forma, passariam despercebidas. Partiu-se do princípio que:

Estudar algo historicamente significa estudá-lo em movimento. Esta é a exigência fundamental do método dialético. Uma investigação abarca o processo de desenvolvimento de um fenômeno em todas as suas faces e trocas, desde sua origem até o seu desaparecimento, o que implica evidenciar sua natureza, conhecer sua essência, já que somente em movimento é que um corpo demonstra que existe (VYGOTSKI, 1995, p.67-68) 41.

A apreensão do fenômeno em movimento requer do investigador uma posição atenta aos fatos que fazem parte do objeto de estudo. Desse modo, assumem relevância as ferramentas para coleta do material que permite resgatar a situação para ser analisada várias vezes. Somente com essa condição é possível tecer os vários olhares necessários para a busca e a explicitação das relações entre as diferentes situações (Peters & Zanella, 2002).

Para isto, a princípio foi planejado realizar as filmagens por cantos temáticos, onde a filmadora seria posicionada em um espaço de cada vez (canto da casinha, das miniaturas e do tapete) e numa posição a mais discreta possível para não atrapalhar as crianças e nem as inibir nas suas brincadeiras. A estratégia prevista era deixar a filmadora fixada num tripé. Como não foi possível por falta de espaço, a câmara ficou com a própria pesquisadora, que filmou aleatoriamente o que se passava, procurando focar todos os espaços disponíveis. A opção de não fazer as filmagens por cantos temáticos decorreu do fato de ser desigual a utilização dos espaços de diferentes dimensões.

41. Estudiar algo históricamente significa estudiarlo en movimiento. Esta es la exigencia fundamental del método dialéctico. Cuando en una investigación se abarca el proceso de desarrollo de algún fenómeno en todas sus fases y cambios, desde que surge hasta que desaparece, ello implica poner de manifestó su naturaleza, conocer su esencia, ya que solo en movimiento demuestra el cuerpo que existe (VYGOTSKI.,1995, p.67-68).

60 Paralelamente à filmadora, houve também uma tentativa de utilizar um gravador, para garantir a boa qualidade da captação das falas das crianças. Com a dificuldade de manejar os dois equipamentos ao mesmo tempo e a dificuldade de identificar as inúmeras vozes gravadas, optou-se pela não utilização do gravador.

É importante esclarecer que a pesquisadora reconheceu que a presença desse equipamento poderia fazer com que as crianças evitassem o local onde ela estivesse ou, ao contrário, poderia estimulá-las a se dirigirem onde ela estivesse. Estas situações foram levadas em consideração na análise das informações.