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Capítulo 2 – Métodos e Procedimentos

4. Desenvolvimento de Metodologia

4.2. Pesquisa de Campo

4.2.2. Inquérito por Questionário

4.2.2.1. Procedimentos

a) Pré- questionário

Para se iniciar a primeira fase do questionário foi necessário percorrer um percurso de diversas etapas, nomeadamente a elaboração do guião e aplicação das entrevistas semidirectivas, de seguida foi aplicada a técnica de análise de conteúdo, de forma a se encontrarem temas comuns que representassem as variáveis mais importantes a estudar na nossa investigação. No entanto, ao longo destas etapas, fomos fazendo a revisão da literatura, bem como a análise da legislação, a fim de estarmos preparados para dar início à construção do nosso instrumento de pesquisa – inquérito por questionário.

A primeira etapa desta fase, antes de iniciarmos concretamente a elaboração do questionário, foi a análise e redefinição dos objectivos gerais e específicos, bem como das hipóteses e das variáveis definidas na Parte II, Capítulo 1 – Objecto de Investigação. Na segunda etapa procedemos a algumas considerações relativas à formulação das questões, nomeadamente:

- Optámos por questões fechadas, que segundo Ghiglione e Matalon (2005, 115) se deve à estandardização e uniformização igualada das respostas, em que o entrevistado escolhe a resposta que mais lhe convier dentro de uma lista preestabelecida de respostas possíveis. Estas questões foram realizadas a partir da análise de conteúdo das respostas das entrevistas, da revisão da literatura e ainda tendo como base outros questionários, nomeadamente de Loureiro (2000). (Anexo VIII)

- Em relação ao tipo de questões, ou seja, no que concerne ao conteúdo das questões, considerámos na primeira parte, questões de identificação do inquirido (questões 1,2,3,4,5,6,7,8,9) e ao longo do questionário, optámos pelas questões destinadas a averiguar as opiniões e acções dos mesmos, pelo que tivemos de ter diversos cuidados na

sua formulação, indicados por Carmo e Ferreira (1998, 139-142) e Ghiglione e Matalon (2005, 139-144), designadamente: elaborar questões com uma estrutura lógica, evidenciando a simplicidade, clareza e objectividade, para que não haja necessidade de explicações extras, a fim de não se tornem ambíguas; não introduzir duas ideias numa mesma questão; evitar uso de termos vagos como “frequentemente”, “raramente”, entre outros; não introduzir juízos de valor; evitar que a resposta possa ser dada por diversas razões; em questões com respostas de escolha múltipla devem-se redigir de modo a que cubram o maior leque possível de posições; também, o seu número deve ser reduzido o quanto baste e abranger todos os pontos que queremos questionar.

No âmbito do tipo de resposta, considerámos formular no nosso questionário com três tipos de respostas:

1- Perguntas que permitem respostas de escolha múltipla, tendo sido considerado como última opção de resposta a alínea “Outra. Qual?”, que segundo Ghiglione e Matalon (2005, 118) se traduz numa forma de se reduzir a possibilidade de enviesamento, por serem questões fechadas, permitindo assim respeitar o pensamento de cada pessoa inquirida (questões 10, 11, 12, 13, 14, 15; 16, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29, 30);

2- Itens que expressam uma afirmação em que existe a hipótese da escolha de cinco possibilidades de resposta, numa escala de 1 a 5 (1- Discordo totalmente, 2-Discordo Parcialmente, 3-Sem opinião, 4-Concordo Parcialmente, 5-Concordo Totalmente) – Escala de Likert (questão 17, composta por 17 itens);

3- Resposta sobre avaliação com uma escala numerada de 1 a 5 (1-Má, 2-Medíocre; 3- Média; 4- Boa e 5- Muito Boa) – Escala de Avaliação (questão 19);

A nível do tipo de instrução para questões fechadas, optámos por empregar dois tipos de instruções: em dezasseis questões (10,11,12,14,15,16,20,21,23,25,26,27,28,30,31,32) que permitem respostas de escolha múltipla colocámos a instrução “Assinale com um X apenas as 3 respostas mais importantes”; nas restantes questões colocámos “Assinale com um X a sua resposta”, com uma variação diferente para a questão 17, relativa à Escala de Likert e para a questão 19, relativa à Escala de Avaliação.

O tipo de escala de medida ficou determinado, após a definição do tipo de respostas, no primeiro caso relativo às respostas de escolha múltipla considerámos a escala nominal, que obedece a uma série de características, que segundo Hill e Hill (2005, 106)

“consiste num conjunto de categorias de resposta qualitativamente diferentes e mutuamente exclusivas”, cujos dados aparecem em forma de frequências e percentagens,

sendo as técnicas não-paramétricas as mais adequadas em termos de análises estatísticas. Relativamente aos outros dois tipos de respostas, considerámos a escala ordinal, que segundo Hill e Hill (2005, 108) admite “uma ordenação numérica das suas categorias,

ou seja, das respostas alternativas, estabelecendo uma relação de ordem entre elas”. Em

relação à resposta de avaliação – Escala de Avaliação utilizámos os métodos paramétricos.

b) Organização do Pré-questionário

O presente pré-questionário foi constituído por três partes, organizadas da seguinte forma:

- Na primeira, optámos por introduzir na parte superior da primeira página do pré- questionário, dentro de um rectângulo, a apresentação do investigador e do tema, explicando aos inquiridos o que se pretendia com o estudo e solicitando que preenchessem o questionário, garantindo a confidencialidade e o anonimato e agradecendo a colaboração e participação dos inquiridos no estudo.

- A segunda é referente à identificação dos inquiridos, quer a nível pessoal, quer a nível profissional, e é composta por nove questões fechadas, solicitando-se aos inquiridos que assinalem com um X o seu sexo, idade, habilitação académica, situação profissional, profissionalização, tempo de serviço, anos de experiência como Director de Turma, o Ciclo em que desempenha as funções de Director de Turma e se frequenta acções de formação específicas sobre o cargo de Director de Turma. Cada pergunta é composta por diversas alternativas de resposta, nomeadamente: na variável sexo, existem duas opções: o masculino e o feminino; a variável idade é composta por quatro opções: 20-29anos, 30- 39anos, 40-49anos, mais de 50anos; a variável habilitação académica é composta por cinco opções: bacharelato, licenciatura, mestrado, doutoramento e outra; a situação profissional é composta por cinco opções: efectivo – QE, efectivo – QZP, provisório, contratado e outra; a profissionalização é composta por duas opções: profissionalizado e não profissionalizado; o tempo de serviço é composto por seis opções: 0-4anos, 5-9anos, 10-14anos, 15-19anos, 20-24anos e mais de 25anos; anos de experiência como Director de Turma é composto por quatro opções: 1-2anos, 3-5anos, 6-10anos e mais de 10 anos; o ciclo é composto por duas opções: 2ºciclo e 3ºciclo e por ultimo, a frequência de acções de formação que é composta por duas opções: sim e não.

- A terceira é referente à obtenção de informações sobre a opinião dos inquiridos sobre: as funções do cargo de Director de Turma; as dificuldades no desempenho do cargo; a frequência da comunicação entre o Director de Turma e o Encarregado de Educação, bem como os motivos que traduzem essa comunicação e os factores que a condicionam; a relação entre a Família e a Escola; o Projecto Educativo de Turma; a área não disciplinar – Formação Cívica; a actuação do Conselho de Turma Disciplinar; a relação entre o Director de Turma e os Alunos face a situações de indisciplina, interrelacionando-se com o Encarregado de Educação. Esta terceira parte é constituída por 23 questões, sendo a maioria das perguntas composta por várias alternativas de resposta, onde os inquiridos devem assinalar com um ou três X as que consideram mais importantes, consoante a instrução da questão, já explicada anteriormente. Este tipo de questões, independente da nossa posição, acaba por fornecer aos inquiridos um quadro de referência que pode ou não ser o seu, lembrando-o de outros aspectos da temática que talvez não tivessem pensado espontaneamente, podendo-se tornar uma vantagem ou um inconveniente para o estudo (Ghiglione e Matalon, 2005, 118). No entanto, considerámos que talvez não corramos esse risco, devido à construção do questionário estar baseada na referência da própria amostra de população da nossa investigação, à qual aplicámos as entrevistas e recolhemos informações sobre a sua opinião. Relativamente à questão 17, que é composta pela escala de Likert, tendo 17 itens, onde os inquiridos devem assinalar com um X a opção que representa a sua convicção. Ao elaborarmos estes itens tivemos algum cuidado no seu tratamento, nomeadamente que as frases fossem simples, claras e que transmitissem apenas uma ideia, procurando-se evitar termos que pudessem enviesá- las. Destes itens formulámos 4 itens na negativa e 13 na positiva, que foram distribuídos aleatoriamente (Anexo IX). Ainda nesta terceira parte, importa referir que a maioria das questões não estão sequenciadas por temas de forma a evitar que as respostas sejam enviesadas, visto tratarem-se de questões de opinião, no entanto procurámos garantir uma articulação de ideias adequada e uma coerência no conteúdo. (Ghiglione Matalon, 2005, 113)

Neste âmbito, apresentamos a correspondência entre as categorias resultantes da análise de conteúdo das entrevistas semidirectivas, com as hipóteses do nosso estudo, que partiram dos objectivos específicos e as questões que formulámos para o pré- questionário:

ƒ Para a Categoria 3 – O Papel do Professor no Cargo de Director de Turma e a Categoria 5 – As dificuldades sentidas pelo Director de Turma, com a Hipótese a)

O tipo de escola tem influência no papel do Director de Turma, realizámos as

questões 10, 11 e 12.

ƒ Para a Categoria 4 – O Director de Turma e o Projecto Curricular de Turma, com a Hipótese b) O tipo de escola tem influência na elaboração do Projecto

Curricular de Turma, realizámos os itens 11, 13, 16 da questão 17 e as questões 18 e

19.

ƒ Para a Categoria 6 – A Dinâmica do Director de Turma na Gestão do Clima

Disciplinar/ Indisciplinar com três hipóteses: - Hipótese c) O tipo de escola influencia o tipo de manifestações de indisciplina que ocorrem com mais frequência na turma, realizámos as questões 21 e 22; - Hipótese d) O tipo de escola influencia as possíveis causas que propiciam situações de indisciplina, efectuámos

a questão 23; - Hipótese e) O tipo de escola influencia a acção/ estratégias

utilizadas pelo Director de Turma para combater a indisciplina, realizámos as

questões 24 e 25.

ƒ Para a Categoria 7 – A actuação do Conselho de Turma Disciplinar, com a Hipótese f) O tipo de escola tem influência na frequência com que actua o

Conselho de Turma Disciplinar, efectuámos na questão 17, os itens 5 e 6.

ƒ Para a Categoria 8 – A pedagogia do Director de Turma na Formação Cívica face

à Prevenção/ Intervenção de Situações de Indisciplina, com a Hipótese g) O tipo de escola tem influência nas medidas/estratégias que possam ser trabalhadas na área não disciplinar – Formação Cívica para reduzir a indisciplina na turma,

realizámos a questão 17 com os itens 4, 7 e 15 e a questão 26.

ƒ Para a Categoria 9 – A Relação entre a Escola e a Família, com três hipóteses: - Hipótese h) O tipo de escola influencia as perspectivas do Directores de Turma face

ao envolvimento da família na escola, de modo a contribuir para a diminuição da indisciplina, realizámos a questão 17 com os seguintes itens: 1, 8, 9, 10, 12; -

podem obter com o envolvimento parental na escola, efectuámos a questão 17 com

os itens 3 e 14; - Hipótese j) O tipo de escola tem influência nos factores que

condicionam o envolvimento parental na escola, realizámos a questão 16 e o item

17 da questão 17.

ƒ Para a Categoria 10 – A Gestão Relacional do Director de Turma face à Família

na Prevenção/ Intervenção da Indisciplina na Escola, com quatro hipóteses: -

Hipótese k) O tipo de escola tem influência na frequência com que os

Encarregados de Educação comparecem na escola, realizámos as questões 13, 14 e

15; - Hipótese l) O tipo de escola influência a interacção entre o Director de

Turma, o Encarregado de Educação e o Aluno, elaborámos as questões 27, 28, 29,

30; - Hipótese m) O tipo de escola influencia as estratégias que o Director de

Turma opta para o envolvimento parental, realizámos o item 2 da questão 17 e a

questão 31; - Hipótese n) O tipo de escola influencia as medidas de cooperação a

implementar na parceria Escola/Família, de modo a combater a indisciplina,

realizamos a questão 32.

Apresentamos no próximo quadro, de forma sucinta, a correspondência entre as categorias resultantes da análise de conteúdo das entrevistas semidirectivas, com as hipóteses do nosso estudo e as respectivas questões do questionário.

Quadro 12 – Correspondência entre as categorias, as hipóteses e as questões do pré-questionário

Categorias da Análise de

Conteúdo

Relação entre a variável independente – Tipo de Escola (Alfa e Beta) e as variáveis

dependentes

Questões do Pré- questionário

3 e 5

a) O tipo de escola tem influência no papel do Director de Turma.

10; 11; 12

4

b) O tipo de escola tem influência na elaboração do Projecto Curricular de Turma.

17.11; 17.13;

17.16; 18; 19

6

c) O tipo de escola influencia o tipo de

manifestações de indisciplina que ocorrem com mais frequência na turma.

21; 22

6

d) O tipo de escola influencia as possíveis causas que propiciam situações de indisciplina.

23

6

e) O tipo de escola influencia a acção/ estratégias utilizadas pelo Director de Turma para combater a indisciplina.

24; 25

7

f) O tipo de escola tem influência na frequência com que actua o Conselho de Turma

Disciplinar

17.5; 17.6

8

g) O tipo de escola tem influência nas

medidas/estratégias que possam ser trabalhadas na área não disciplinar - Formação Cívica para reduzir a indisciplina na turma.

17.4; 17.7;

17.15; 26

9

h) O tipo de escola influencia as perspectivas dos Directores de Turma face ao envolvimento da família na escola, de modo a contribuir para a diminuição da indisciplina.

17.1;17.8;

17.9; 17.10;

17.12

9

i) O tipo de escola tem influência nos possíveis benefícios que os alunos podem obter com o envolvimento parental na escola.

17.3; 17.14

9

j) O tipo de escola tem influência nos factores que condicionam o envolvimento parental na escola.

16; 17.17

10

k) O tipo de escola tem influência na frequência com que os Encarregados de Educação

comparecem na escola.

13; 14; 15

10

l) O tipo de escola influência a interacção entre o Director de Turma, o Encarregado de

Educação e o Aluno.

27; 28; 29,30

10

m) O tipo de escola influencia as estratégias que o Director de Turma opta para o envolvimento parental.

17.2; 31

10

n) O tipo de escola influencia as medidas de cooperação a implementar na parceria Escola/Família, de modo a combater a indisciplina.

É de realçar que todas estas questões apresentadas na terceira parte se relacionam com a questão 18, que nos indica o nível socioeconómico e cultural do agregado familiar das turmas de que são Directores de Turma os nossos inquiridos, que no seu conjunto de respostas nos indica o tipo de escola.

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