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3 Caminho metodológico

3.3 Procedimentos metodológicos adotados

De forma retrospectiva, pode-se dizer que a elaboração da tese teve início desde que se teve contato com o GGP&D+I da CHESF, como integrante do trabalho de pesquisa realizado por Almeida (2013), cujo desdobramento levou à trajetória percorrida nos últimos dois anos pela autora deste trabalho, cujos passos foram sintetizados no Quadro 8(3).

Quadro 8 (3): Trajetória da pesquisa sobre P&D na CHESF.

2013

Antecedentes da Pesquisa

2014

Base Atual da Pesquisa Pesquisa sobre as características do Núcleo Positivo

da Equipe Gestora de P&D, em conjunto com Almeida (2013)

Pesquisa sobre a Generatividade e Investigação Apreciativa associadas à criação de valor público

Discussão sobre o que constitui um núcleo positivo da organização, produzindo reflexão e

autoconhecimento

Discussão sobre o que constitui um processo generativo e holístico, com reflexão na ação e investigação das evidências empíricas do estudo

Delineamento das características de excelência da Equipe Gestora de P&D, com aplicação do Ciclo 5-D em consonância com a busca do Núcleo Positivo

Delineamento das características da

Generatividade, com aplicação do Ciclo 5-D e IA w-holística, junto à Equipe Gestora de P&D+I, em consonância com a busca do que é benéfico para si, para seu grupo e para a sociedade

Fonte: elaboração própria.

Vale ressaltar que a coleta e a análise de dados na IA ocorreram simultaneamente (SEELOS, 2010; OLIVEIRA et al 2012), de modo concatenado e tomando forma por meio da interação social com os participantes do processo, com foco no diálogo positivo (COOPERRIDER; WHITNEY, 2006). Significa dizer que este é realizado, por meio da IA gerando um tipo peculiar de análise do discurso, que requer a adoção da ótica positiva. Dessa forma, o discurso positivo, valoriza o que é positivo por meio da busca de evidências que apontem para os valores positivos na organização, tanto os que constituem um resgate do melhor do passado, quanto àqueles valores que são escolhidos como visões de futuro. Como aceito na literatura, essediscurso positivo é resultado de uma análise sob a lente de múltiplos paradigmas (COOPERRIDER et al, 2013).

Assim sendo, somente cabe discorrer sobre os mecanismos que fundamentaram os procedimentos de coleta e análise de dados, sob a ótica do discurso positivo, que por sua vez, tem correlação com as abordagens multiparadigmáticas, ao auxiliarem o pesquisador na exploração de fenômenos particularmente complexos e paradoxais, ao mesmo tempo em que

o habilita na utilização de perspectivas teóricas distintas, aplicáveis ao processo de coleta de dados e à sua análise, como forma de contribuição para o posicionamento dos achados da pesquisa no campo organizacional (LEWIS; GRIMES, 2005).

Junta-se a isso a busca por formular perguntas generativas, integradas às entrevistas colaborativas e transformativas (MARUJO; NETO, 2011), que são parte central da abordagem da IA visando obter respostas coerentes com a proposta da pesquisa. Com base nessa ótica foi construído um guia de entrevistas (APÊNDICE A), estabelecendo um nexo causal entre (1) as questões apreciativas e as respostas dadas pelos integrantes do GGP&D da CHESF, com foco apreciativo, conforme pesquisa realizada por Almeida (2013)6, e (2) as questões generativas decorrentes do quadro de referência trabalhado nesta etapa da tese, com ênfase nos avanços a que se chegou no processo de reflexão na ação, sem prejuízo da literatura levantada. Sendo assim, no recorte utilizado dá-se destaque a Cooperrider; Whitney e Stavros (2009), e a Dávila (2012), Cooperrider et al (2013), Barros-Pose (2013) e Motta (1997), autores dos quais se extraíram os elementos que compõem o Quadro 5(2), relativo ao desenho generativo da pesquisa. Chama-se a atenção para a inserção do núcleo positivo nessa perspectiva de análise, já identificado pela expressão “Florescimento da capacidade

dinâmica de inovação por meio de uma transformação organizacional generativa”.

Deste modo, chega-se à Figura 6(3), que deve ser entrevista como uma metáfora das categorias interpretativas do discurso positivo, em cujo centro se encontra a ideia de florescimento, à qual se interligam as questões generativas utilizadas tanto na coleta como na análise dos dados, que conduziram à compreensão de como a transformação organizacional pode ser caracterizada como generativa para além do positivo delineado pela IA (objetivo geral da pesquisa).

6 O nexo causal teve também a intenção de rememorar junto aos integrantes do GGP&D da CHESF, o teor das respostas por elas dadas anteriormente, servindo igualmente como comparação das respostas dadas nessa nova fase da pesquisa.

Figura 6(3): Metáfora das categorias interpretativas do discurso positivo.

Fonte: Adaptado de Barros-Pose (2013) e Motta (1997).

Sobre a coleta de dados, Cooperrider; Whitney e Stavros (2009) indicam que os mesmos podem ser registrados e apresentados na forma de texto, imagem, desenho, figuras ou diferentes recursos visuais, não existindo uma forma única de investigação. Contudo, recomendam que a análise seja feita de forma simultânea à coleta dos dados.

A análise dos dados foi interpretativa e por meio da análise da ótica do discurso positivo, levando-se em consideração as singularidades da abordagem apreciativa e sua metodologia própria de condução da pesquisa. Chama-se atenção ao aspecto peculiar da interpretação apreciativa sugerida pela literatura da IA. Em seus escritos e notas de pesquisa, Cooperrider (2009; 2013) ressalta que o nosso futuro começa com os nossos pontos fortes. Além disso, as intervenções de desenvolvimento organizacional por meio da IA buscam transformar o ambiente de aprendizagem em algo positivo por meio de um esforço consciente

e dialógico, como pode ser observado no Quadro 9(3), de acordo com as categorias do discurso positivo, que permitem aflorar o que há de melhor no comportamento das pessoas. Com tais categorias, a fluência dos dados interpretados na pesquisa ganhou mais espaço para a apreensão dos significados positivos e generativos (COOPERRIDER; WHITNEY; STAVROS, 2009).

Quadro 9(3): Categorias do discurso positivo.

Valoração Positiva Qualquer menção aos valores positivos, presentes ou passados

Esperança no Futuro Qualquer menção de esperança, otimismo ou previsão positiva em relação ao futuro

Habilidade ou Competência: Qualquer menção de habilidade, competência, ação ou qualidade positiva sobre si mesmo ou sobre ou outros

Abertura, Receptividade, Aprendizagem

Qualquer menção de receptividade em si mesmo ou em outros, acompanhado de um resultado positivo, e, ainda, qualquer percepção da aprendizagem ou interesses de si mesmo ou de outros

Conexão Ativa, Esforço para Incluir, Colaboração ou Combinação

Qualquer sinal de esforços para incluir, colaborar, vincular e relacionar que possam estar acompanhados de, no mínimo, um resultado positivo deduzido;

Menção de Surpresa,

Curiosidade ou empolgação

Qualquer menção de curiosidade, surpresa, abertura para visões novas ou empolgação consigo ou com os outros

Sinal de Facilitação da Ação ou Movimento em Direção a um Resultado Positivo

Qualquer menção a uma ação facilitadora ou movimento em direção a um resultado positivo real ou imaginado ou qualquer menção de um objeto ou circunstância facilitadora. Ainda, um sinal de qualquer situação que reforce outro acontecimento, um estado efetivo ou pessoa; percepção de facilitação ou causa e efeito positivos

Esforço para Revisão em Termos Positivos:

Qualquer menção a uma emoção ou ação negativa acompanhada da possibilidade de um resultado positivo desejado. Também a menção de uma mudança de humor de negativo para positivo, incluindo-se qualquer menção a um obstáculo temporário ou superação de um estático negativo, ou recolocação de uma situação negativa para termos mais positivos;

Ideal Visualizado: Qualquer menção à articulação final de uma visão/valor com um resultado positivo visualizado para o futuro utópico ou pragmático.

Fonte: (COOPERRIDER; WHITNEY; STAVROS, 2009, p. 39).

As nove categorias do discurso positivo ora expostas serviram para que as sessões do ciclo de 5-D fossem cercadas de pressupostos teóricos e empíricos que fornecessem elementos hábeis para que quaisquer menções (falas), sinais, comportamentos ou atitudes pudessem ser capturadas de acordo com o olhar apreciativo. É importante dizer que, para Cooperrider; Whitney e Stavros (2009), não existe uma única forma de extrair sentido dos dados coletados que “podem ser reduzidos e exibidos em diagramas, cartazes, tabelas, figuras, livros de histórias, boletins informativos e outros recursos visuais” (COOPERRIDER, WHITNEY; STAVROS, 2009, p. 132).