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PARTE IV – RELATOS DE PESQUISA SOBRE PRODUÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DE ACERVOS

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Buscou-se verificar a práxis do desenvolvimento coleções de livros eletrônicos, nas bibliotecas universitárias federais por meio de pesquisa descritiva e qualitativa. A pesquisa documental foi adotada, e baseou-se na correlação de dois corpora: políticas de desenvolvimento de coleções e os portais de livros eletrônicos dessas universidades, coletados on line. A análise dos portais de livros eletrônicos visou confirmar o trabalho de aquisição (incorporação, assinatura, compra) de livros eletrônicos; bem como o trabalho de relacionamento como usuário, que deveriam estar projetados nas políticas. Os portais foram gravados no programa WinHTTrack, para que pudessem ser analisados como documentos com acesso off-line. Os corpora foram analisados com base modelo teórico de Cogswell (1987), que apresenta as seguintes funções: Planejamento e elaboração de políticas; seleção de materiais; análise das coleções; manutenção de coleções; gestão fiscal; relacionamento com o usuário; compartilhamento de recursos; avaliação do programa. As funções foram adotadas como categorias de análises na fase de classificação. Seguem as etapas da pesquisa e análise documental:

a) na ordenação dos dados foi realizada a tabulação dos dados dos corpora, uma primeira categorização, em leitura flutuante;

b) na classificação dos dados, com base no modelo teórico de Cogswell (1987), atualizado em pesquisa bibliográfica, os dados foram interpretados e reinterpretados, buscando refletir a prática dessas Instituições;

c) na análise final, os documentos foram cotejados e analisados com base no referencial teórico, formando uma síntese, que proporcionou a construção de modelo para elaboração de políticas de gestão e/ou desenvolvimento de coleções para livros eletrônicos de bibliotecas universitárias federais (MINAYO, 1993).

RESULTADOS

Foram localizados 18 documentos relativos à política de desenvolvimento de coleções, dentre as 63 universidades federais brasileiras, 15 apresentaram aspectos relacionados aos livros eletrônicos. Foram identificados poucos critérios recomendados pelo referencial teórico (YU; BREIVOLD, 2008; INTERNATIONAL FEDERATION OF LIBRARY ASSOCIATIONS AND INSTITUTIONS, 2012; RODRIGUES; CARVALHO, 2013; JOHNSON, 2014; EMERY; STONE; MCCRACKEN, 2017). Em geral, as políticas apresentaram os livros eletrônicos apenas como mais um formato. Estas políticas não sinalizaram a existência dos seus respectivos portais, apesar desses 15 portais confirmarem a aquisição de livros eletrônicos. Nestes portais, registrou-

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se também a existência de trials; ferramentas de comunicação, divulgação e acessibilidade, como: Redes sociais, telefones de contato tipo help desk, barra de acessibilidade, tutoriais, oferecimento e vídeos para treinamento, conforme recomenda a literatura (KRUG, 2006; VASILEIOU; ROWLEY, 2011; LONSDALE; ARMSTRONG, 2010; ALONSO ARÉVALO; CORDÓN GARCÍA; GÓMEZ-DÍAZ, 2013; JOHNSON, 2014). Mas, apesar desses portais de livros eletrônicos apresentarem ferramentas de comunicação estas, algumas vezes, levavam às páginas indisponíveis, o que pode denotar uma falta de monitoramento desses portais, prejudicando todo o trabalho de relacionamento com os usuários – uma das principais funções destacada por Cogswell (1987), na gestão de coleções. Com a fase de análise final dos dois corpora foi possível propor um modelo para uma política de gestão de coleções para livros eletrônicos em bibliotecas universitárias federais, com os seguintes elementos: Introdução; princípios gerais e específicos; relacionamento (que inclui programa de relacionamento interno e externo, com personalização); gestão fiscal; seleção; aquisição; manutenção (implementação; preservação; digitalização; análise; e desbastamento); compartilhamento e revisão; que serão apresentados no relatório final dessa pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das políticas de desenvolvimento de coleções das bibliotecas universitárias federais brasileiras mostrou que estas não estão sendo usadas como instrumento de trabalho. Ou melhor, que o resultado do trabalho exposto nos portais de livros eletrônicos, não foi programado por essas políticas. Deste modo, as políticas estão deixando de ser um instrumento útil para planejamento e orientação de diretrizes. Assim, através da análise documental foi observado que a prática dessas bibliotecas está distante da teoria em relação à gestão de coleções, que vem sendo discutida na literatura especializada desde a década de 1980, e até mesmo do desenvolvimento de coleções, principalmente em relação aos livros eletrônicos. Conclama-se o engajamento das bibliotecas universitárias brasileiras nessa discussão, o quanto antes, de forma a responder à altura os grandes desafios apresentados neste novo contexto. O planejamento para a gestão dos recursos informacionais heterogêneos, que estão formando as coleções das bibliotecas do Século XXI, se faz necessário. Assim, as políticas de coleções, como um planejamento tático, podem proporcionar a contextualização devida. A prática e a teoria relacionadas às coleções, documentos e livros eletrônicos que estão sendo apresentadas ao redor do mundo precisam ser uma realidade nessas bibliotecas e em outras bibliotecas no Brasil, para uma maior participação da Biblioteconomia Brasileira neste novo contexto.

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REFERÊNCIAS

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