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REPOSITÓRIOS DIGITAIS E SEU OBJETO, NA PERSPECTIVA DOS ESTUDOS

No âmbito dos trabalhos que resultaram da pesquisa no RCAAP, citando Leila Balcky (2011), Oliveira (2014, p. 72) define um repositório digital como uma estrutura que agrega tecnologia, recursos humanos e objetos digitais, considerando este como conteúdo numérico, cujo significado é garantido por intermédio de processos de codificação e descodificação e pelas políticas de incorporação, gestão e acesso continuado, dando importância, no âmbito arquivístico, à questão do repositório permitir a gestão, a importação, a exportação, a identificação, o armazenamento, a pesquisa e a recuperação, e a preservação desses ativos digitais. Tal permite perspectivar o repositório digital confiável, numa lógica de repositório institucional, mas identificando-o com os objetivos do arquivo digital, utilização que, defende, é dada ao sistema tecnológico da Câmara Municipal do Porto que pretende descrever (OLIVEIRA, 2014).

Lopes prefere perspectivar, em primeiro lugar, a biblioteca digital e, somente depois, o repositório digital, passando pelo repositório temático, até se centrar no repositório institucional. A autora considera o ‘objeto digital’ somente como surge no Preservation Metadata:

Implementation Strategies (PREMIS) (2005): unidade discreta de informação no formato digital.

Esta unidade pode ser de três tipos: file, bitstream e representation (LOPES, 2008, p. 12-22). De modo distinto, Guerreiro (2009) parte de uma visão museológica, considerando o repositório digital como local de depósito, catalogação e disseminação de imagens digitalizadas de objetos patrimoniais.

Por seu turno, Marques (2009, p. 5) entende o ‘objeto digital’ como qualquer objeto que se encontra em formato digital, fornecendo um ‘repositório digital’ um conjunto de serviços que permite captar, armazenar, indexar, preservar e redistribuir objetos digitais, sendo, por força desta definição, ‘um sistema de informação’. Definição igualmente cara a Rodrigues e Rodrigues

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(2014), que consideram os repositórios como sistemas de informação que permitem atenuar a dificuldade de acesso à produção científica das instituições e que, ao mesmo tempo, armazenam documentos em suporte digital, disponibilizando-os em texto integral e acesso livre. Desse modo, são sistemas inclusivos, porque recebem documentos de muitos tipos, como artigos científicos (peer review), livros e capítulos de livros, documentos de conferências, dados científicos, teses, dissertações, lições, entre outros.

Pais, Alves e Rodrigues (2014) consideram os repositórios institucionais como estruturas de apoio à investigação, que promovem a integração, a partilha e o acesso aberto à produção científica realizada e produzida pela comunidade acadêmica. Posição igualmente seguida por Miguéis et al. (2011), que consideram serem os principais objetivos do repositório digital da Universidade de Coimbra a preservação e a divulgação da produção científica dessa instituição.

Já Barbedo (2005) considera o repositório no âmbito da sua utilização e, no caso específico do RODA, como um Arquivo Digital, uma estrutura que compreende tecnologia, recursos humanos e um conjunto de políticas para incorporar, gerir e promover o acesso, numa perspectiva continuada, a objetos digitais de natureza arquivística.

Rangel (2010) parte da biblioteca digital para referir que o repositório de imagens é uma ferramenta; às vezes, uma website, outras vezes, apenas uma interface. Assim, é usado para fornecer aos utilizadores uma interface que permita a pesquisa por palavras-chave, data, tamanho e até mesmo padrões de cor, dependendo do que os utilizadores consideram ser importante. As bibliotecas digitais são então repositórios não só de livros, mas também de vídeo, sons, imagens e revista.

Coelho (2005) considera que o Repositório Digital se define por ser constituído por documentos primários digitalizados ou eletrônicos, quer sob a forma material (disquetes, CR- ROM, DVD), quer em linha através da Internet, permitindo o acesso a distância. Este conceito inclui também a ideia de organização composta de serviços e recursos cujo objetivo é selecionar, organizar e distribuir a informação, conservando a integridade dos documentos eletrônicos. Assim o Repositório Institucional é um ‘Repositório Digital’ com a função de interagir como um membro catalisador funcional, num contexto em constante mudança no sistema de ensino superior, nomeadamente através do desenvolvimento, da criação e da interação com as tecnologias de informação e comunicação.

Para Pombal (2008), os repositórios digitais definem-se como coleções de informação digital construídas com diferentes propósitos (por exemplo, promover a literacia e aprendizagem responsável) e formas, com potencialidades colaborativas e de controle de conteúdo e autoridade

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dos documentos (como o caso da Wikipédia) e dirigidos a públicos específicos de utilizadores (por exemplo, estudantes).

Vieira (2011) apresenta as definições de repositório digital de Weitzel (2006) e Viana e Márdero Arellano (2006), em que, o primeiro considera como um arquivo digital que reúne uma coleção de documentos digitais, e o segundo defende-o como uma forma de armazenamento de objetos digitais com capacidade de armazenamento, gestão e acesso apropriado de conteúdos a longo prazo. Apoia-se também em Heery e Anderson (2005) para quem um ‘repositório digital’ se distingue de outros tipos de coleções digitais pelo fato de os conteúdos poderem ser depositados pelo criador, proprietário ou terceiros, a sua arquitetura permitir a gestão do conteúdo e metainformação, por fornecer um conjunto de serviços, como o depósito, a recuperação, a pesquisa e o controle de acessos, e também por dever manter-se sustentável e confiável, bem apoiado e bem gerido.

Carvalho (2009) parte de Thiboudeau (2002) para definir ‘objeto digital’ como uma sequência de bits que, captada pelos nossos sentidos por intermédio de hardware e software, transmite-nos uma informação, sendo qualquer objeto de informação que possa ser representado através de uma sequência de bitstream1. Também lembra a definição do dicionário PREMIS, que define o ‘objeto digital’ como a unidade discreta de informação no formato digital, que pode ser subdividida em três tipos: file, bitstream e representation.

No que se refere ao objeto dos repositórios digitais, Costa (2015) abordou as tipologias documentais, avançando com a quantificação dos documentos nos repositórios que estudou (número que ultrapassou os 124 mil, no fim de 2012). Dividiu as tipologias por: Artigos (ind.); Trabalhos acadêmicos e de Investigação; Teses e Dissertações; Revistas; Relatórios e Documentos de trabalho; Recensões críticas; Publicações didáticas e Recursos educativos; Provas de aptidão pedagógica; Posters e Resumos; Patentes, Modelos e Protótipos; Outros documentos; Organização de seminários e conferências; Livros e Capítulos de livros; Dados administrativos; Comunicações em congressos; Catálogos; Atas de congressos; Artigos em periódicos nacionais; Artigos em periódicos internacionais. Simultaneamente, identificou o número de documentos de cada tipologia existente nos repositórios, por cada domínio científico. Referiu, também, existirem tipologias documentais que não se inserem na vertente de divulgação de conhecimento, como os dados administrativos. Por último, M. Rodrigues e A. Rodrigues (2014, 2015) defendem a existência de uma grande abrangência e diversidade de tipologias documentais, sendo que tal permite a preservação e a disponibilização de muita documentação que, de outro modo, ‘seriam votados ao esquecimento’ e/ou desapareceriam. Curiosamente, Costa (2015) e M. Rodrigues e A.

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Rodrigues (2015) ainda utilizam, em 2015, os conceitos de ‘tipologias documentais’ e ‘documentação’ e não o conceito de ‘informação’.

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