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PARTE II- ETNOGRAFIA: ASPECTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

CAPÍTULO 4- ASPECTOS METODOLÓGICOS

4.1 PROCEDIMENTOS PARA AUTORIZAÇÃO DO ESTUDO E TOMADA DE

4.1 PROCEDIMENTOS PARA AUTORIZAÇÃO DO ESTUDO E TOMADA DE DECISÕES

Ainda no processo de elaboração do projeto de pesquisa, demos início aos procedimentos para a obtenção de autorização do colegiado de graduação da EEFFTO para a realização da pesquisa.

Sendo assim, entramos em contato com um professor da instituição que já conhecíamos, a fim de que ele pudesse nos apresentar aos atuais coordenadores do Colegiado de Curso.

Em agosto de 2015, fizemos o primeiro contato, pessoalmente, com a coordenadora do colegiado e a mesma nos informou que, em virtude do fim do seu mandato, era necessário esperar a posse da nova gestão para solicitar o pedido de autorização para a realização do estudo.

Naquele momento, entregamos o documento de autorização para a coordenadora e para o vice-coordenador, a fim de que eles apresentassem a proposta para a nova gestão em reunião de colegiado que aconteceria no mês de setembro de 2015. No documento que apresentamos, solicitamos autorização para:

- Citar o nome da instituição no estudo, de forma a respeitar os princípios éticos e morais que envolvem uma pesquisa científica;

- Assistir e/ou participar de atividades desenvolvidas no curso de licenciatura em educação física: atividades de extensão, Programas Institucionais, laboratórios, eventos científicos, eventos culturais e aulas, exclusivamente, dos

94 professores/coordenadores que desejassem colaborar com o estudo, garantindo o anonimato de todos os envolvidos.

- Entrevistar e aplicar questionários aos professores e alunos do curso de Licenciatura que aceitassem participar do estudo, garantindo o anonimato destes. - Fotografar, analisar e citar documentos de planejamento de aulas dos professores

que aceitassem participar do estudo.

No início de outubro de 2015, após a posse dos novos coordenadores do colegiado, como ainda não tínhamos obtido resposta sobre a autorização do estudo, enviamos novamente um e-mail ao colegiado e, após uma semana, entregamos, pessoalmente, na secretaria do órgão o documento que solicitava a autorização.

Em meados de outubro, recebemos a confirmação, por e-mail. da autorização do estudo. O próximo passo foi cadastrar a pesquisa no comitê de ética31 para iniciar o trabalho de campo. Para tal, nos deparamos com alguns questionamentos acerca dos pressupostos teórico-metodológicos que nos orientaria. Frente a tantas disciplinas do currículo, projetos de extensão e grupos de pesquisa, algumas questões se fizeram pertinentes: Como proceder para delimitar o que vamos observar? Entrevistaríamos os alunos e professores? Quantos e quais professores entrevistar? Quais as disciplinas acompanhar? Em quais projetos de extensão e grupos de pesquisa realizaríamos uma observação participante? Quanto tempo iríamos disponibilizar para a realização da coleta de dados? Pensamos, por um lado, que para responder a essas perguntas, era necessário traçar um caminho; por outro lado, este teria que ser flexível, pois seria no processo de aproximação com a cultura curricular que poderíamos ter melhores condições de tomar as decisões sobre o que, quando, quem, como e onde realizar o recorte da nossa investigação. Para iniciar a nossa pesquisa de campo pensamos que seria interessante acompanhar as aulas de uma turma de alunos do curso durante todo o semestre, pois assim teríamos a oportunidade de nos aproximar melhor dos sujeitos em função do tempo em que passaríamos com eles. Essa ideia nos pareceu melhor do que a de tentar acompanhar várias turmas de alunos e mais professores de diferentes períodos, pois o foco estava na qualidade das relações que poderiam ser estabelecidas e não na quantidade destas.

Nesse momento surgiu outra dúvida: qual o período/semestre do curso escolher? Pensamos que o oitavo período do curso, por ser o último, seria interessante, pois teríamos acesso aos estudantes em uma fase em que eles teriam melhores condições de falar sobre o

95 currículo que vivenciaram. Mesmo assim, acabamos por escolher o sétimo período devido ao fato de o oitavo ter poucas disciplinas obrigatórias e mais disciplinas optativas, o que poderia fazer com que a turma se dispersasse bastante. Além disso, a possibilidade de trabalhar com a turma do sétimo período permitiria, caso houvesse necessidade, estender a nossa observação por mais um semestre com a mesma turma de alunos.

Após isso, enviamos um e-mail a todos os professores que ministrariam aulas no sétimo período do curso no semestre 2016/1, solicitando autorização para observar suas aulas. O acesso aos e-mails dos professores foi feito mediante o site da instituição e em alguns casos com o auxílio dos departamentos aos quais os professores estão vinculados.

O sétimo período do curso possui sete disciplinas obrigatórias: Ensino de Lutas, Ensino de Handebol, Ensino de Basquetebol, Ensino de Natação, Ensino de Dança Contemporânea, Seminário de TCC I e Análise da Prática e Estágio em Educação Física II. No e-mail enviado aos professores explicamos o objetivo do estudo e anexamos o termo de Consentimento Livre Esclarecido. Avisamos aos professores que a nossa participação nas aulas poderia ser feita de forma “passiva”,32 ou seja, apenas como

observadora, ou como colaboradora da disciplina, assumindo atividades que eles considerassem convenientes.

Com exceção dos professores de duas disciplinas que não responderam aos e-mails a tempo de iniciar o trabalho de campo, todos os outros nos informaram da concordância e condições de participação no estudo. Sendo assim, conseguimos acompanhar cinco das sete disciplinas do sétimo semestre do curso. Avisamos aos professores que o período de observação iniciaria no primeiro semestre de 2016, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

Após o término do trabalho de campo referente ao primeiro semestre de 2016, resolvemos dar continuidade ao estudo e seguir acompanhando os alunos no oitavo período nas duas disciplinas obrigatórias que eles possuem nesse estágio do curso: Seminário de Orientação de TCC II e Análise da Prática e Estágio em Educação Física III. O motivo pelo qual decidimos seguir acompanhando os alunos foi o de manter contato para a realização das entrevistas, bem como participar da apresentação de seus trabalhos de conclusão de curso. Em função da disciplina Análise da Prática e Estágio em Educação

32 O termo “passiva” foi usado em contraposição a possibilidade de participação nas aulas de forma mais

“ativa”, ou seja, como uma espécie de auxiliar dos professores. Ressaltamos que em qualquer uma das situações existe o pressuposto de relação entre pesquisador e grupo pesquisado, pois a simples presença do pesquisador já interfere no cenário da investigação.

96 Física III ser realizada na Faculdade de Educação, acompanhamos apenas a disciplina Seminário de Orientação de TCC II.

Além disso, decidimos também acompanhar uma turma do primeiro período a fim de conseguir captar a dinâmica curricular em dois estágios diferentes da formação, ou seja, quando os alunos estão ingressando na universidade e quando estão em processo de finalização do curso.

O primeiro período do curso é composto pelas disciplinas: 1) Antropologia e Educação Física, 2) História e Educação Física, 3) Ginástica, 4) Jogos, Brinquedos e Brincadeiras, 5) Anatomia e 6) Formação e Atuação em Educação Física.

O mesmo procedimento de solicitação de acompanhamento das aulas foi realizado com os professores que ministravam aula no primeiro e oitavo períodos. A disciplina de Anatomia foi descartada, pois não era ofertada por professores da EEFFTO. Em função de incompatibilidade de horários das disciplinas do primeiro e oitavo períodos e também das autorizações concedidas pelos professores regentes das disciplinas, acompanhamos as disciplinas de Antropologia e Educação Física, História e Educação Física e Formação e Atuação em Educação Física. Sendo assim, acompanhamos um total de 09 (nove) disciplinas, sendo 05 (cinco) disciplinas do sétimo período, 01 (uma) disciplina do oitavo e 03 (três) disciplinas do primeiro período, envolvendo um total de dez professores, pois algumas disciplinas possuíam mais de um professor, além de dois alunos do Programa de Pós-Graduação da EEFFTO que auxiliavam os professores em aula.

Devido ao movimento de ocupação das escolas e universidade em função da Proposta de Emenda Constitucional PEC 241/5533 que acabou suspendendo as aulas no dia 01 de novembro e retomando em janeiro, o período de trabalho de campo teve seu término em 30 de janeiro de 2017.