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Processo de Desenvolvimento de Sistemas e Componentes

6. DESENVOLVIMENTO DE MOTORES

6.3. Processo de Desenvolvimento de Motor

6.3.1. Processo de Desenvolvimento de Sistemas e Componentes

Tendo em vista que os motores são compostos de diversos componentes, deve-se esperar que cada um acabará por ter seu próprio projeto de desenvolvimento, normalmente associado às atividades maiores do projeto do motor como um todo. Esse sub-projeto pode ter seu próprio gerenciamento e particularidades – a proposta quando se agrupam esses projetos em sistemas, e por vezes denominam inclusive times e gerentes de projeto específicos para o projeto de um ou outro sistema, é de que esses vários projetos de sistemas e componentes componham e sejam integrados pelo projeto do motor.

O processo de desenvolvimento de sistemas e componentes separadamente propõe que todas as atividades independentes do projeto do motor como um todo, tais como definição do projeto (especialmente no caso de co-design), definição de fornecedores, desenvolvimento de ferramentais, obtenção de protótipos, testes e validações sigam rotas cujos milestones principais sejam determinados pelos milestones do projeto do motor, tais como dados de entrada do cronograma de projeto de cada sistema ou componente. A antiga QS-9000, depois substituída pela TS16949 (2002), norma de qualidade baseada na ISO-9000 e acrescida de requisitos adicionais específicos do setor automotivo, ,estabeleceu o APQP (2003), um guia bastante completo para seguimento desse processo, colocado como requisito específico de alguns clientes como a Ford. No APQP são sugeridas 23 etapas (ou atividades) a serem cumpridas até que o sistema ou componente esteja totalmente liberado e aprovado para seu uso na produção do motor, como pode ser visto na Figura 6.3.

Planejamento Avançado da Qualidade do Produto Data:

Relatório de Acompanhamento Revisão Nº:

Fornecedor: Programa:

Avaliação do Risco: Peça:

Novo(a): Fábrica ( ) Tecnologia ( ) Processo ( ) Nº Peça:

Membros do Grupo Companhia/Título Telefone/E-mail

Fase do Protótipo Data Requerida Quantidade

Elementos do APQP Situação

(Status) Data Requerida Data do Fornec. Data de Conclusão Efetiva Respons. 1 Decisão da Fonte

2 Requisitos de Entrada do Cliente

3 FMEA de Projeto

4 Revisões de Projeto

5 Plano de Verificação do Projeto

6 APQP de Subcontradados

7 Instalações, Ferramentais e Disp. Controle

8 Plano de Controle de Protótipo

9 Construção dos Protótipos

10 Desenhos e Especificações

11 Análise do Grupo de Viabilidade

12 Fluxograma do Processo de Manufatura

13 FMEA de Processo

14 Avaliação dos Sistemas de Medição

15 Plano de Controle de Pré-Lançamento

16 Instruções de Processo ao Operador

17 Especificações da Embalagem

18 trial-Run de Produção (Lote Piloto)

19 Plano de Controle de Produção

20 Estudo Preliminar da Capabilidade do Processo

21 Testes de Validação da Produção

22 Certif. Aprovação de Peça de Produção PPAP

23 Entrega das peças de PPAP

Comentários:

O APQP sistematiza e estabelece padrões de avaliação para os principais tópicos relacionados com o desenvolvimento de um sistema ou componente, de modo que a interface Engenharia do Produto e Engenharia do Processo – no caso a segunda sendo o fornecedor – seja coberta por controles específicos. Destacam-se aí as atividades 2 a 4, que exigem o detalhamento dos dados de entrada do cliente e sua Engenharia do Produto quanto ao detalhamento e oficialização dos requisitos esperados para o sistema ou componente que deve ser desenvolvido, assim como eventos de revisão de projeto e análise do tipo FMEA.

Inclui-se na determinação dos requisitos de entrada não somente requisitos de projeto mas também outros, estabelecidos por outros departamentos do cliente tais como condições logísticas, embalagem, índices de qualidade esperados, etc. Para isso, metodologias e formulários adequados por parte do cliente (desenvolvedor do motor) se fazem necessários para que o cascateamento dos requisitos do motor seja feito para os sistemas ou componentes, e estes colocados claramente, desde o início do projeto, para o fornecedor que o vai desenvolver e fornecer – até mesmo para que ele possa avaliar, nesse momento, se será capaz de cumpri-los.

Figura 6.4. Cascateamento dos Requisitos do Projeto para os Fornecedores (APQP, 2003).

A Figura 6.4. mostra como o cascateamento de requisitos do projeto do motor se estende para o fornecedor do sistema e componente, e desse para seu sub- fornecedor, fornecedor de ferramentais e assim por diante. Cabe ressaltar que, no que se refere ao tempo de projeto, os milestones dos níveis mais baixos tendem sempre a ser mais adiantados que os níveis mais altos, uma vez que, como exemplo, para que o início de produção do motor ocorra em certa data, é preciso que a entrega das amostras para o lançamento do motor estejam prontas e disponíveis na linha de montagem do motor algum tempo antes.

O APQP sugere ainda um processo de controle robusto do processo de desenvolvimento do processo produtivo (atividades 11 a 20), introduzindo ferramentas de controle de qualidade importantes como FMEA de Processo, acompanhamento e garantia da execução e avaliação adequada do Fluxograma e Folhas de Processo, Plano de Controle, Avaliações estatísticas (CEP) e logísticas preliminares à produção e execução de Lotes Piloto. Todos esses controles são então registrados em uma documentação chamada PPAP (Processo de Aprovação de Peças para Produção), e sem sua aprovação, que é a garantia da certificação de qualidade do sistema ou componente, o mesmo não pode ser liberado para uso na linha de montagem do motor – requisito específico de alguns clientes (Ford por exemplo), a ser seguido pelas empresas certificadas QS9000 ou TS16949 (2002). Está inserido nesse contexto também o estabelecimento e acompanhamento do plano de verificação e validação do sistema ou componente em desenvolvimento (atividades 5 e 21), seja ele feito pelo responsável pelo desenvolvimento do motor (em testes em motor), seja ele realizado em avaliações outras (simulações, testes de bancada) pelo fornecedor.

Cabe ressaltar que, embora o processo de APQP sugira a metodologia mais clássica de entrega de um projeto de produto pronto para o fornecedor, na realidade atual da indústria automobilística, como já foi exposto anteriormente, pratica-se muito mais interação de projeto, seja praticando-se o co-design seja adequando sempre que possível o produto para o processo do fornecedor visando reduções de custo ou aumento de produtividade ou qualidade. Para isso, sobretudo nos projetos de co- design, o APQP não propõe um controle e acompanhamento muito detalhado dessa fase – tal como uma ferramenta de qualidade, cabendo às Engenharias do Produto das duas partes interagirem independentemente do APQP, mas com

acompanhamento do departamento da Qualidade (responsável pelo seguimento do APQP) durante essa fase inicial.

O APQP sugere também uma relação cliente-fornecedor, sendo o fornecedor uma empresa externa. Entretanto, sua metodologia é bastante robusta e deveria ser aplicada também aos fornecedores internos das empresas fabricantes de motores.