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Processo de Obtenção de Protótipos

6. DESENVOLVIMENTO DE MOTORES

6.3. Processo de Desenvolvimento de Motor

6.3.5. Processo de Obtenção de Protótipos

O processo clássico interativo projeta-verifica, tendo em vista o plano de ensaios experimentais proposto pelo tópico anterior, tem como premissa que para sua realização é necessário que se obtenham componentes representativos das características que se deseja avaliar, denominados protótipos. Ulrich e Eppinger (2007) definem os protótipos como uma “aproximação do produto em uma ou mais dimensões de interesse”. Tendo em vista que o protótipo é uma representação física de um projeto ou processo que se deseja avaliar, e considerando-se também que seu processo de obtenção pode ser por vezes bastante oneroso e demorado (considerando, por exemplo, componentes que requerem ferramentais), propõe-se a classificação dos mesmos em três categorias:

- Componente Conceito: Estrutura qualquer capaz de prover avaliação de uma dada característica. Não precisa seguir desenhos e sim apenas algumas (que se desejar avaliar) características do mesmo. Suas avaliações subsidiam as definições técnicas da fase de conceituação de projeto (antes mesmo da fase de verificação do mesmo), quando assim se julgar necessário. Sugere-se que seja obtido do fornecedor definitivo, caso já tenha sido selecionado (no caso de Co-Design), ainda que sejam utilizados métodos produtivos

alternativos, visando maior aproximação e estreitamento do relacionamento com o mesmo (Engenharia Simultânea).

- Componente Protótipo: Componente deve seguir na íntegra desenho protótipo (já emitido no pedido de compra), recomendando-se fortemente que se faça controle de qualidade mediante um Plano de Controle de Protótipo, se possível já envolvendo o departamento da Qualidade e adiantando o processo de aprendizado e familiaridade com o novo projeto. Tendo em vista que seu objetivo é a verificação e validação do projeto, não há em princípio preocupação ou demanda quanto à sua representatividade com o processo produtivo definitivo, sendo entretanto recomendado que, para alguns casos mais críticos, seja feita uma avaliação do quanto o protótipo se difere da peça de produção, no sentido de entender a integridade do protótipo e validade dos testes que serão realizados – os exemplos mais típicos são componentes de alumínio injetado que normalmente tem seus primeiros protótipos fabricados em processos alternativos como alumínio fundido por coquilha (gravidade). Essa variedade de processos produtivos alternativos do protótipo pode lhe dar diferentes níveis de representativade da peça final, que via de regra vai ficando cada vez mais semelhante à peça definitiva quanto mais avançado o projeto, em linha com a proposta de realização de avaliações estatísticas preliminares na fase de Validação do Produto, como se discutido no Item anterior. Sugere-se que a obtenção se dê pelo departamento de Compras, considerando-se a fase de projeto avançada e o adiantamento das características de processo que são avaliadas em avançado.

- Amostra: Peça totalmente representativa de produção, fabricada nos processos e ferramentais definitivos, avaliada a aprovada pelo processo de PPAP. É um componente de produção, porém, ainda não aprovada para uso como tal. A obtenção destes componentes somente deveria ocorrer por Compras,comenvolvimentodaQualidade(quecoordenaoprocessodePPAP). Eventualmente, se os prazos assim permitirem, algumas dessas peças pode ser utilizada para testes na fase de validação do projeto (confirmando mais ainda a vocação desses testes como avaliação estatística e de confiabilidade do produto como um todo), devendo a maior parte do lote permanecer nas plantas produtivas para as avaliações de validação da produção e lotes piloto.

Como pode ser visto, o controle de qualidade dos componentes protótipo deve ser uma preocupação constante no desenvolvimento do projeto, já que normalmente utiliza-se de processos e procedimentos alternativos de fabricação. Esses processos alternativos trazem consigo problemas de qualidade que poderão acabar por interromper e invalidar os testes, ou mesmo falhando e prejudicando a identificação da causa da falha, que por vezes se confunde com falhas do próprio projeto, desviandoaatençãoda equipeparaproblemasmenosimportantesqueoprojetoem si. Nesse ambiente de engenharia a experiência mostra também a necessidade de controle apurado do estoque de protótipos, quanto ao controle de nível de estoque para o planejamento de novos lotes ou mesmo para o controle de saída de peças que são normalmente bastante caros e não podem ser desperdiçados. O controle é também importante porque na prática o que se vê são diferentes lotes de um mesmo componente, podendo ter diferentes níveis de atualização de projeto ou lotes de fabricação (mais ou menos representativos, ou com particularidades significativas do processo de fabricação), e que precisam ser devidamente identificadas e rastreadas, facilitando eventuais análises de falha ou de desempenho desses componentes. A despeito das restrições definitivas de prazos, é de se esperar que quanto mais representativo de processo forem os protótipos, ou quanto antes as amostras estiverem disponíveis para testes, antes ocorrerá o processo interativo produto- processo, acentuando a sobreposição das fases como proposto pela Engenharia Simultânea. O resultado disso é o ganho de maturidade que o projeto tem como um todo, evitando alterações tardias do desenho do produto – bastante comuns assim que se define o fornecedor e processo produtivo. Isso, contudo, remete à outra decisão conflitante para as organizações, que é a liberação avançada de ferramentais definitivos. Embora todas as vantagens apresentadas sejam absolutamente boas para todas as áreas, a partir de liberada uma ferramenta, todas as alterações de produto subseqüentes implicarão em impactos onerosos, limitando a flexibilidade do projeto dali em diante. Outra desvantagem da liberação avançada dos ferramentais, que afeta sobretudo ao departamento de Compras e as negociações comerciais com os fornecedores, diz respeito à amortização dos custos das mesmas, uma vez que, se liberada muito cedo, pode chegar à ficar mais de dois anos, dependendo do projeto, sem que tenha se iniciado a produção, prejudicando a amortização financeira.