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5.2 DISCUSSÃO DOS ACHADOS DE PESQUISA

5.2.4 PROCESSO DE GESTÃO DO CONHECIMENTO

O conjunto de variáveis que trata da gestão do conhecimento considera a percepção dos sujeitos de pesquisa para estudar o processo de gestão do conhecimento, enfatizando o modo como esse processo influi no cotidiano organizacional.

Estas variáveis foram elencadas por meio dos seguintes indicadores: definição do cargo, objetivos organizacionais, objetivos da equipe de trabalho, sistema de informação, conversão das informações, fontes de conhecimento, utilidade do conhecimento e nível de participação.

Ao se questionar os sujeitos de pesquisa sobre o principal objetivo do seu cargo três respostas tornaram-se marcantes. Grande parte dos entrevistados afirmou que administrar a empresa representa o objetivo central do cargo que eles desempenham (38,1%). Outros responderam que o objetivo do cargo que desempenham está relacionado ao desenvolvimento de estratégias da empresa (28,6%). E outro resultado também importante nessa variável no sentido do desenvolvimento de novos projetos (19,0%) no cotidiano dos cargos. As respostas que obtiveram os menores escores foram atribuídas à abertura do mercado para os produtos da empresa, à venda de produtos através da divulgação e à coordenação da rede paraibana de design.

Essa preocupação levantada pelos sujeitos de pesquisa ao contextualizarem o objetivo do cargo que desempenham confirma a teoria de Michael Porter com relação à acirrada concorrência entre as empresas, onde se torna possível a percepção dos fatores essenciais para a definição do planejamento estratégico das organizações: o contexto de atuação, as estratégias setoriais, o processo de competição e o posicionamento das empresas concorrentes.

Quanto à influência dos objetivos do cargo sobre os objetivos organizacionais, os sujeitos de pesquisa afirmaram que a forma de buscar oportunidades no mercado traz influência para o alcance dos objetivos organizacionais. No entanto, foram

apontadas outras questões, como: vender o produto com qualidade, atingir a imprensa na divulgação dos produtos e serviços, transformar a empresa incubada em empresa auto-sustentável e fechar novos contratos.

Nos dados que buscaram compreender os principais objetivos das equipes de trabalho dos entrevistados, observou-se que desenvolver produtos e projetos foi o objetivo mais destacado na percepção dos sujeitos de pesquisa (23,8%), mas existiram também outros escores relevantes, tais como: gerar novos empreendimentos (19,0%), vender a imagem dos produtos oferecidos pela Fundação Parque Tecnológico (19,0%) e suprir as necessidades de mercado (14,3%). Também foram apontados outros objetivos da equipe de trabalho (em escala bem inferir), como: cumprir prazos estabelecidos e trabalhar com eficiência e dinamismo.

Nas variáveis que identificam o tipo de informação que é gerada sobre a atividade que os entrevistados exercem, as informações sobre a venda do produto e a criação de um banco de dados alcançaram os maiores escores dentro do resultado da pesquisa. Outra preocupação demonstrada pelos participantes foi no sentido de considerar que as informações geradas a partir de suas atividades repercutem no aperfeiçoamento do produto, no desenvolvimento de novas tecnologias e na definição da base tecnológica.

Na percepção de todos os entrevistados as informações que são geradas no cotidiano organizacional são transformadas em conhecimento. A partir desta concepção os entrevistados apontaram vários aspectos que demonstram o processo de conversão das informações em conhecimento. Dois importantes modos de conversão das informações em conhecimento se destacaram nos resultados da pesquisa: a troca de experiência (38,1%) e a transformação de idéias em produto (33,3%).

Outros entrevistados consideram que as informações que são transformadas em conhecimento surgem por meio das conversas informais, do esforço de criação de um modelo comercial, da compreensão das necessidades dos clientes e na emissão de relatórios no cotidiano do trabalho da incubadora. Isto talvez seja possível pelo fato de serem empresas que estão começando um negócio e investem demasiadamente na comunicação.

pesquisa sobre como as informações são transformadas em conhecimento, são apresentados alguns discursos coletados nas entrevistas gravadas. As diversas situações que demonstram como se dá o processo de conversão das informações em conhecimento, relatadas nos discursos dos entrevistados (abaixo), podem contribuir para o enriquecimento da abordagem qualitativa.

“Essas informações naturalmente vão sendo repassadas, as pessoas vêm em busca de informações, vêm discutir com a gente aqui o processo de incubação de empresas [...]. E da troca são repassadas as dúvidas e as deficiências, que são transformadas em curso. Um exemplo disto é o licor de leite de cabra [...]. Então em conversa se descobriu que era possível se fazer o licor da fruta do xique xique, utilizando o leite de cabra com a fruta do xique xique”.

“Te dou como exemplo, estas estruturas aqui de quiosques foram aproveitadas das estruturas dos caixas eletrônicos do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e de outros bancos. Eles tinham isso e jogavam fora, aí o pessoal disse: por que a gente não tenta utilizar essas estruturas para fazer alguma coisa? Então, a gente foi e fez alguns quiosques desses. E está sendo utilizado na Biblioteca Pública Municipal de Campina Grande, tem no IPSEN, tem na STP, [...]”.

“[...] Então desenvolvemos e foram colocados em pontos estratégicos que é pra dar esse suporte de informações, tanto pra o pessoal que trabalha na secretaria, como pra o usuário que vem em busca de informação. Eles estão ligados em rede e pode ser acessado pelo público também”.

“Temos um trabalho que foi feito aqui, juntamente com o Parque Tecnológico, que desenvolvi embalagens pra uma cachaça regional, que era um programa da universidade do município de Areia, onde eles estavam desenvolvendo uma cachaça de qualidade. Então foi pegar aquele conhecimento técnico deles, trabalhamos e demos uma cara nova pra aquele produto, através de embalagens de rótulo, caixa...Tentamos transformar coisas verbais em visuais. É transformar a idéia do cliente em coisa visual, que as pessoas visualizem ou possa tocar”.

“Por exemplo, tem um produto nosso que saiu de uma conversa em mesa de bar. A gente finalizou há dez dias um produto que se chama Atualizare Parlamentar, que é um sistema pra gerenciamento de site web para parlamentares [...] Então, é um sistema de gerenciamento de informação que saiu de uma conversa. A gente detém a tecnologia e desenvolveu esse produto”.

Por meio dos relatos dos entrevistados, é possível se colocar em evidência os resultados da pesquisa. Nota-se que os discursos assinalados sobre o processo de conversão das informações em conhecimento consideram as grandes contribuições de pequenos eventos gerados no cotidiano organizacional, onde a discussão em torno dos recursos disponíveis pode ser transformada em importante aplicação de conhecimento em diferentes setores.

De acordo com a variável que investiga as fontes de conhecimentos disponibilizados na empresa, 42,9% dos sujeitos de pesquisa informaram que a empresa disponibiliza dos bancos de dados como fontes de conhecimento organizacional. A internet foi outra importante fonte de conhecimento apontada pelos entrevistados (28,6%). Também se evidenciou a utilização de livros e manuais (14,3%) e relatórios de atividades como fontes de conhecimento disponibilizadas no ambiente de trabalho.

Quando argüidos se os conhecimentos surgem internamente por meio da incubadora, 81% dos entrevistados acreditam que sim, e, apenas 19% não tiveram uma opinião formada a respeito do assunto. Para aqueles entrevistados que acham que os conhecimentos surgem internamente por meio da incubadora foi elaborada uma questão complementar, como forma de confirmar a percepção do entrevistado. Partindo-se do princípio de que esses entrevistados consideram a incubadora como um ambiente de geração de conhecimento, a maioria deles afirmou que conhecimento é compartilhado internamente por meio da troca de idéias e informações, dos treinamentos e reuniões realizadas com os membros da incubadora e dos convênios mantidos com outras instituições.

Procurou-se investigar se no processo de gestão do conhecimento os clientes externos também são incorporados como fonte geradora de conhecimento para a empresa. Nesta indagação, todos os participantes responderam que sim, o que confirma questões anteriores, quando são mencionadas as preocupações com o

atendimento das necessidades dos clientes como forma de se buscar a melhoria de processos de produção.

De acordo com a questão acima formulada, 47,6% dos entrevistados responderam que a forma da empresa viabilizar o alcance das necessidades dos clientes os torna fontes geradoras de conhecimento. Também foi afirmado que no momento em que uma sugestão do cliente é transformada em negócio já se configura esse cliente como uma fonte geradora de conhecimento para a empresa (23,8%), bem como nas idéias que surgem do contato com o cliente (14,35%).

Pelo que se observa, a grande maioria das respostas dos sujeitos de pesquisa aponta no sentido de viabilizar o cliente como fonte geradora de conhecimento a partir de suas próprias sugestões, entendendo que a produção de bens ou serviços tem uma direção específica – o foco no cliente.

De acordo com a fala dos sujeitos pesquisados é possível se evidenciar a contribuição que representa o cliente para a empresa, tornando-o uma fonte inestimável de geração de conhecimento.

“Quando ele chega com uma dúvida, uma idéia ou qualquer reclamação, a gente sempre procura tirar algum proveito daquilo [...]. Na realidade, as necessidades deles é que gera as fontes de conhecimento nossa”.

“É através do feedback dos clientes, com relação à utilização do software, que a gente tenta sempre melhorar o software para atender aquelas necessidades, ou aquele retorno que o cliente passa. E aí a gente reaplica no software”.

“Porque às vezes a gente está produzindo a coisa que acha que é a melhor do mundo, mas a gente percebe que o mercado não aceita. E então, a gente precisa entender o que o cliente está dizendo e adaptar essa vontade ao nosso produto”.

No momento em que o pesquisador utiliza os discursos dos sujeitos de pesquisa, reforçando os dados coletados nas variáveis levantadas, são desvendadas informações que colaboram com a teoria estudada e que serviram de base para os achados de pesquisa. No conteúdo da variável tratada é possível se concluir que os clientes são o começo, o meio e o fim do processamento de

informações que a empresa precisa considerar como fonte de geração de conhecimento.

Para contextualizar o processo de gestão do conhecimento que defina o sentido de utilidade do conhecimento foi formulada uma questão que procura investigar quem são os maiores beneficiados pelos conhecimentos gerados por uma incubadora tecnológica, visando confirmar quem mais se utiliza desse conhecimento gerado.

Conforme os relatos de pesquisa, 38,1% dos entrevistados consideraram que as empresas (incubadas e associadas) são as maiores beneficiadas pelo conhecimento da incubadora. No entanto, também foi destacado o benefício que o conhecimento gerado pela incubadora repercute para a população (28,6%) e para o público em geral (14,3%). Outras afirmações de menos peso, mas de semelhança no conteúdo, foram apontadas como prováveis beneficiários do conhecimento gerado pela incubadora, tais como: as empresas que se situam em torno do Parque Tecnológico e todos os clientes.

Para finalizar este conjunto de variáveis que estuda o processo de geração de conhecimento procurou-se investigar o nível de participação dos sujeitos de pesquisa. Quando argüida sobre sua participação durante as reuniões, a grande maioria dos entrevistados afirmou que participa e dá sugestões nas reuniões com outros participantes da incubadora (9,5%).

Um indicador importante do processo de gestão de conhecimento na incubadora de empresa foi confirmado na visão dos sujeitos pesquisados – o cliente. Conforme os achados de pesquisa, a equipe de trabalho nesse processo de geração de conhecimento deve desenvolver produtos e projetos com base nas trocas de experiências, de idéias e de informações, onde o cliente precisa ser considerado o foco central.

Com o intuito de destacar os processos cognitivos que suportam o estudo do engajamento organizacional dos indivíduos, a estrutura do instrumento de coleta de dados foi dividida em nove unidades: liderança, inteligência, criatividade, socialização, competência, motivação, experiência, habilidade e aprendizagem. Para não se tornar repetitiva, as questões que abordam a capacidade foram distribuídas de forma fragmentada no conteúdo das diversas unidades. A seguir serão estudadas as varáveis que caracterizam os processos cognitivos.