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O homem é um ser social por natureza. As relações sociais fornecem aos indivíduos os elos necessários à compreensão e ao entendimento mútuo. A necessidade da socialização no campo do trabalho é de grande importância por tentar agregar harmonicamente os colaboradores da organização. Busca-se por meio da socialização o conhecimento das especificidades dos indivíduos, e não pelos cargos que eles ocupam ou por algum tipo de identificação imposta pela organização.

No trato social que um indivíduo mantém com o outro existem diferentes formas de jogos de identificação (e.g. introspecção, projeção, transferência e afinidades). É por intermédio das identificações que o indivíduo se interliga com os demais membros do grupo em que ele está inserido.

A constituição de todo ser humano, enquanto sujeito, passa por esta relação polifuncional com o outro. É também com a ajuda do outro que o indivíduo se constitui, se reconhece, sente prazer e sofrimento, satisfaz ou não os seus desejos e suas pulsões. Segundo Chanlat (1996), o indivíduo analisa se seus desejos e sua existência estão sendo reconhecidos ou não pelo seu grupo de pertinência.

A socialização acontece no espaço interior, por meio do qual o indivíduo reconhece-se enquanto ser. A descrição deste espaço pode ser entendida como um processo cognitivo individual capaz de consolidar o bem estar interior.

As pessoas basicamente se unem de acordo com as atitudes semelhantes por motivo de uma determinada situação, pessoa ou objeto, com o intuito de minimizar os aspectos discordantes que estão presentes quando elas (pessoas) se deparam com outros indivíduos que apresentam atitudes distintas das suas. Pode ser dado como exemplo, indivíduos que têm atitudes políticas “fortes”, cuja tendência é agrupar-se em função destas suas opções, e que, normalmente, se manifestarão oponentes às pessoas que postulam tendências antagônicas (KANAANE, 1999).

No ambiente de trabalho esta situação torna-se evidente no momento em que um determinado indivíduo usa seu processo de envolver outros companheiros do grupo para alcançar fins específicos. Os indivíduos socialmente estruturados conseguem fazer com que essas pessoas comunguem da sua filosofia de vida, manipulando a ação dos acontecimentos (positivos ou negativos) no meio em que

eles estão inseridos.

Nota-se que o indivíduo carrega dentro de si um arcabouço de processos cognitivos de ordem racional e irracional que se incorpora à sua vida interior como à sua vida exterior. Este arcabouço é algo que o indivíduo introjeta e exterioriza na medida que vai se firmando como “ser”, num determinado grupo ou equipe em que se encontra.

Conforme Cuschinir e Mardegan Jr (2001), é no universo do trabalho que as maquiagens mais sofisticadas são utilizadas e desenvolvidas. Na organização, o indivíduo utiliza camuflagens em todas as suas facetas, mascarando e disfarçando o verdadeiro “eu”.

No momento que o indivíduo tenta investigar o outro na tentativa de encontrar pistas que atendam suas expectativas (e.g. por meio do perfil que é montado pelo diálogo), e o colega chega a corresponder a estas expectativas, são criados laços de amizade. Estes laços ajudarão os indivíduos integrados no tocante ao enriquecimento das tarefas em que os mesmos desenvolvem no seu ambiente de trabalho.

É importante que o indivíduo lembre-se de momentos em que esteve em contato com outros indivíduos (e.g. em uma aula, numa reunião de trabalho ou numa conferência) e guarde a imagem daqueles momentos em que todos falavam com entusiasmo, animação, enquanto compartilhavam idéias ou analisavam algum problema. Tais encontros motivantes e mutuamente benéficos são uma perfeita ilustração do porque se relacionar é algo importante na vida dos indivíduos (AYAN, 1998).

Nota-se que é através do relacionamento que vão surgindo novas oportunidades para os colaboradores organizacionais se conhecerem melhor. A troca de idéias para resoluções de problemas pode ser dinamizada à medida que se estabelece confiança nos laços sociais, e também contribui para a descoberta de algo novo, como, por exemplo, o prazer de trabalhar em equipe.

Krong, Ichijo e Nonaka (2001) esclarecem que nos diversos encontros é provável que os indivíduos se apresentem uns aos outros por meio de histórias ou narrativas pessoais. Os indivíduos descrevem as histórias da própria vida, carreira, desejos, esperanças, sonhos e pontos de inflexão, como forma de sensibilizar o outro sobre suas trajetórias de vida.

Desta maneira, o modo como cada indivíduo vai traçando seu perfil, suas expectativas, suas experiências e seus desejos, vai criando os laços de amizade. Este procedimento leva ao fortalecimento das relações de trabalho no tocante à resolução de um problema ou na criação de novos produtos ou serviços.

Observa-se que um problema que surge numa determinada divisão é como um quebra-cabeça do qual cada membro da equipe possui apenas algumas peças. Cada colaborador junta suas peças à sua maneira ou conforme percebe a realidade. Somente a união de todos permite partilhar as percepções e disponibilizar todas as peças para que o quebra-cabeça seja montado (TRANJAN, 1997).

Conforme Pontes (1999), uma equipe de trabalho deve constituir-se por indivíduos que possam somar seus conhecimentos para obtenção dos resultados esperados pela organização. A sinergia organizacional garante o fato de que o todo seja maior que a soma das partes.

No entanto, Mclagan e Nel (2000, p. 140) enfatizam que no contexto organizacional “os relacionamentos podem ser observados”, estando presentes nas interações visíveis que ocorrem entre duas ou diversas pessoas. O ato de descrever aquilo que se vê nos outros ajuda à formulação de alternativas. Quando se vê ou se escuta um dirigente criticar ou até mesmo humilhar um subordinado diante dos seus colegas, deve-se reagir imediatamente. Da mesma forma que, quando se vê um trabalhador ignorar um problema porque ele não é de sua responsabilidade, deve-se instruí-lo a atingir níveis mais altos de parceria e responsabilidade funcional pelo todo organizacional.

No momento em que a organização facilita os níveis de relacionamento entre seus colaboradores, as tarefas vão se tornando menos penosas, pelo fato de cada indivíduo contribuir com o seu conhecimento e com a sua experiência. Por meio da junção do conhecimento e da experiência de todos, as dificuldades de cada tarefa e os níveis de relacionamento também vão sendo resolvidos com mais facilidade.

Para Drucker (1999), poucos indivíduos trabalham e chegam a um resultado sozinhos, como no caso de alguns grandes artistas e atletas. Na maioria dos casos, os indivíduos trabalham com outros indivíduos e por meio deles são eficazes.

Isso demonstra que é por meio da convivência em equipe que os resultados das tarefas vão surgindo, à medida que todos os indivíduos vão tendo noção da tarefa a que seu companheiro foi designado. E, no momento que cada indivíduo sabe o que

o outro executa, tendo a noção do resultado que se pretende alcançar, a socialização passa a ser evidenciada no seu potencial cognitivo, na sua grande importância para o meio organizacional.

O apanhado teórico do presente trabalho é composto por entendimentos que vão se intercalando sistematicamente. Por meio desta revisão teórica, procurou-se nortear os caminhos que levam aos indicadores de engajamento organizacional dos indivíduos, enfocando o desempenho de papéis individuais, na perspectiva da gestão do conhecimento.

Para informar a base metodológica pela qual foi desenvolvido este estudo, a seguir será apresentado a estratégia que conformou a presente pesquisa.

4 ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

Este capítulo que trata da estratégia metodológica refere-se à exposição de elementos organizados dentro da lógica que explica o campo de ação da pesquisa desenvolvida. Para tanto, reporta-se inicialmente à estrutura que serviu de orientação para o plano de estudo desenvolvido, abordando em seguida a definição de termos e os elementos relativos à caracterização da pesquisa, à estratégia de coleta de dados e aos métodos de tratamento de dados.