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5. CONSTRUÇÕES ESTRUTURADAS EM AÇO

5.6. Processo de produção do aço

Siderurgia é a indústria produtora de aço, a qual engloba os processos de obtenção de produtos à base de ferro (gusa, ferro-esponja, semi-acabados e laminados de aços). O aço é apresentado em grande diversidade de formas e especificações, objetivando atender à demanda de variados setores, como a indústria automobilística, construção civil, bens de capital, máquinas e equipamentos, eletrodomésticos, utilidades domésticas, embalagens, recipientes, entre outros.

O consumo de energia e a porcentagem de material reciclado utilizado na produção de aço dependem do respectivo processo de produção. Atualmente o aço é produzido por meio de dois processos básicos, a produção em alto-forno (Basic Oxygen Furnace), também chamado de processo Integrado e a produção em forno de arco elétrico (Electric Arc

Furnace) ou processo Semi-integrado.

Por exemplo, para a produção de 1 kg de aço a energia primária total no processo integrado (produção em alto-forno) é de 28,97 MJ, enquanto no processo semi-integrado (produção em forno de arco elétrico) a energia necessária é 9,50 MJ (GERVÁSIO, 2008b).

Segundo Gervásio e Silva (2005) cerca de 60% do aço produzido atualmente é feito pelo processo integrado a partir de matérias-primas (minério de ferro, calcário e coque) em alto-forno. A produção do aço em alto-forno utiliza entre 25% a 35% de aço reciclado, enquanto na produção do aço em forno de arco elétrico essa porcentagem é aproximadamente de 95%.

5.6.1. Processo integrado

No processo integrado, o aço é produzido, basicamente, a partir de minério de ferro, carvão e cal. A fabricação pode ser dividida em quatro etapas: preparação da carga, redução, refino e laminação.

A primeira parte da produção, denominada preparação da carga, tem lugar na instalação de sinterização, onde os minérios de ferro são recebidos sob a forma de rochas e preparados para a produção de sínter, um aglomerado de partículas sólidas. O oxigênio presente nos minérios de ferro deve ser retirado junto às outras impurezas por meio de um processo chamado redução. Nesta etapa, o sínter é conduzido ao alto-forno, onde é adicionado ao coque (substância combustível que resulta da destilação de carvão no forno de coque) em camadas alternativas. Em fornos menores utiliza-se o carvão vegetal ao invés do

84 coque. Ainda durante a redução outras matérias-primas são acrescentadas, tais como o minério de manganês, o carvão mineral e o calcário (USIMINAS, 2009).

O coque é basicamente um combustível composto de altos teores de carbono, com elevada resistência mecânica e alto ponto de fusão que, uma vez no alto-forno, fornece os gases necessários para a fundição dos minérios de ferro, funcionando como agente redutor. Assim, no alto-forno o ferro é extraído dos minérios de ferro. Enquanto que os minérios sólidos e o coque são introduzidos no forno pelo topo, uma corrente de ar muito quente (1200°C) é introduzida pela parte de baixo provocando a combustão do coque. Desta combustão resulta o óxido de carbono, o qual reduz o óxido de ferro, separando o ferro e libertando dióxido de carbono. O calor criado pela combustão funde o ferro e os minérios, dando origem a um material líquido designado “ferro gusa”. Deste processo resulta um resíduo, a escória (GERDAU, 2010).

Após o processo de redução, o ferro gusa é levado a uma panela de transporte e até o misturador. O misturador é um equipamento intermediário com função de estocar e levar o ferro-gusa até o conversor sem permitir que ele esfrie. O conversor é responsável pelo refino do ferro-gusa e sua transformação em aço. Nesta etapa, o ferro-gusa líquido misturado a ligas metálicas específicas, recebe uma injeção de oxigênio, que funciona como catalizador na elaboração do aço. Posteriormente o aço passa por uma etapa de refino secundário realizada em forno panela para ajustar sua composição química e temperatura. O processo integrado está esquematizado na figura 5.6 até a etapa de refino (GERDAU, 2009).

O aço refinado é transportado ao lingotamento contínuo e ali vazado em um distribuidor com diversos veios. A maior parte do aço líquido é solidificada em equipamentos de lingotamento contínuo para produzir semi-acabados, lingotes e blocos. Em cada veio o aço líquido passa por moldes de resfriamento para solidificar-se no formato conveniente para a

Figura 5.6: Esquema do processo integrado de fabricação do aço. Fonte: GERDAU, 2009.

85 laminação. Os semi-acabados, lingotes e blocos são processados por equipamentos chamados laminadores e transformados em uma grande variedade de produtos siderúrgicos, cuja nomenclatura depende de sua forma e/ou composição química (USIMINAS, 2009). As etapas de lingotamento e laminação são apresentadas na figura 5.7.

As usinas de aço que utilizam o processo integrado são chamadas de Usinas Integradas e produzem os produtos Semi-acabados, oriundos de processo de lingotamento contínuo ou de laminação de desbaste, destinados a posterior processamento de laminação ou forjamento a quente (Placas, Blocos e Tarugos), Laminados longos (barras, perfis, fio- máquina, vergalhões, arames e tubos sem costura) e Laminados planos (chapas e bobinas).

5.6.2. Processo semi-integrado

No caso da produção de aço pelo processo semi-integrado (processo em forno elétrico de arco) o principal insumo é a sucata proveniente de desperdícios de aço, materiais de construção, maquinaria, veículos ou aço recuperado do processo de produção. As usinas semi-integradas operam em duas fases do processo: refino e laminação. O aço é obtido a partir da fusão de metálicos (sucata, gusa e/ ou ferro-esponja) e refinado em forno elétrico.

A sucata, após ser prensada, cortada e triturada, é fundida no forno elétrico para ser utilizada como matéria-prima no processo de fusão e refinamento do aço. Neste forno a fundição da matéria-prima é obtida pelo calor fornecido pelo arco voltaico que se forma entre

Figura 5.7: Esquema das etapas de laminação. Fonte: GERDAU, 2009.

86 os três elétrodos verticais, geralmente de grafite. Durante este processo é comum a injeção de oxigênio de forma a acelerar a fundição e a queimar o carbono. O aço líquido assim produzido passa posteriormente pelas mesmas fases de refinação e lingotamento e laminação que o processo anterior (GERDAU, 2009). O esquema do processo semi-integrado está indicado na figura 5.8.

As usinas semi-integradas produzem apenas produtos semi-acabados e laminados longos (barras, perfis, fio-máquina, vergalhões, arames e tubos sem costura).

Além das Usinas integradas e semi-integradas, existem ainda as Unidades produtoras não-integradas, que não produzem o aço, operando apenas uma fase do processo: processamento (laminação ou trefilas) ou redução. Neste caso, entre as unidades não- integradas que trabalham a fase de laminação, estão os relaminadores de placas e tarugos, adquiridos de usinas integradas ou semi-integradas e os que relaminam material sucatado. As trefilarias são as unidades que dispõem apenas de trefilas, em que produtores de arames e barras utilizam o fio-máquina como matéria-prima. As unidades que trabalham apenas a fase de redução são as produtoras de ferro-gusa, também chamados de guseiros, que têm como característica comum o emprego de carvão vegetal em altos fornos para redução do minério (IAB, 2009b).

5.6.3. Comparação dos processos

De acordo com SPOT35 (2002, apud GERVÁSIO; SILVA, 2005), em cada tonelada de aço reciclado são poupadas 1,25 toneladas de minério de ferro, 630 kg de carvão e 54 kg de calcário. O processo Semi-integrado requer menos energia, conforme apresentado na figura 5.9, cria menos resíduos e emite menores quantidades de partículas poluentes do que a produção da mesma quantidade de aço a partir de matérias-primas.

35 SPOT, M. de. The application of structural steel to single-family residential construction. Node Engineering

Corp., Surrey, B.C., 2002.

Figura 5.8: Esquema do processo semi-integrado de fabricação do aço. Fonte: GERDAU, 2009.

87 Além disso,36comparando-se o consumo de materiais e de energia dos dois processos, como apresentada a figura 5.10, conclui-se que o processo que envolve maior gasto de recursos é o Integrado.

Na figura 5.11 apresentam-se os impactos ambientais associados à produção de aço. Comparam-se alguns dos principais impactos ambientais provocados pela produção de uma tonelada de aço de acordo com cada um dos processos descritos anteriormente. Observa-se pela análise dos dados, o melhor desempenho ambiental do processo semi-integrado.

36 INTERNATIONAL IRON AND STEEL INSTITUTE (IISI). World Steel Life Cycle Inventory: Methodology

Report 1999/2000. Committee on Environmental Affairs, 2002.

Figura 5.10: Consumo de materiais e energia consumida por processo de produção de aço. Fonte: INSTITUTO AÇO BRASIL, 2009b.

Figura 5.9: Energia consumida por processo de produção de aço. Fonte: IISI36, 2002 apud GERVÁSIO, 2008a.

88 Em conseqüência das diferentes percentagens de aço reciclado utilizadas nos processos de produção de aço descritos anteriormente, facilmente se pode constatar que as correspondentes emissões de carbono e de outras partículas são também consideravelmente inferiores para o processo semi-integrado, tornando este um processo mais eficiente em termos ambientais.

No caso das emissões de partículas poluentes, destaca-se a comparação da emissão de CO2: a produção de 1 kg de aço no processo semi-integrado produz cerca de 460 g de

equivalentes de CO2, enquanto que no processo integrado a produção de igual quantidade de

aço produz cerca de 2490 g de equivalentes de CO2 (IISI36, 2002 apud GERVÁSIO, SILVA,

2005).