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Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios

3. PARÂMETROS PARA A SELEÇÃO DE MATERIAIS SUSTENTÁVEIS

3.4. Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios

Os Ministérios de Minas e Energia e da Indústria e Comércio criaram em 1985 o PROCEL, sendo esse gerido por uma Secretaria Executiva subordinada à Eletrobrás. Em 1991 o PROCEL foi transformado em Programa de Governo, o que aumentou sua abrangência. O objetivo principal desse programa é promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica no país, eliminando desperdícios e reduzindo os custos (SERRADOR, 2008).

Em 1993, o PROCEL desenvolveu a certificação de equipamentos e aparelhos elétricos através do Selo Procel de economia de energia. Os objetivos dessa certificação eram: orientar consumidores, informando os produtos que apresentam melhores níveis de eficiência energética e também estimular a fabricação e a comercialização de produtos mais eficientes.

O potencial de redução do consumo de energia no setor de edificações estimulou a reavaliação dos principais focos de atuação do PROCEL e, em 2003, foi instituído um núcleo especialmente voltado à eficiência energética das edificações, o PROCEL EDIFICA28, pela ELETROBRÁS/PROCEL. Esse núcleo atua de forma conjunta com os Ministérios de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, as universidades, os centros de pesquisa e as entidades das áreas governamental, tecnológica, econômica e de desenvolvimento.

Os pesquisadores de várias universidades, em parceria com o PROCEL, concluíram, em 2007, a regulamentação para etiquetagem voluntária do nível de eficiência energética de edifícios comerciais, públicos e de serviços e em fevereiro de 2009 foi aprovado o Regulamento Técnico da Qualidade para a Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos obteve a aprovação pela Portaria n.º 53 (BRASIL, 2009a). A Portaria n.º 163 aprovou, em junho de 2009, a revisão do Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (BRASIL, 2009b).

Atualmente estão disponíveis quatro volumes que apresentam os principais conteúdos referentes à etiquetagem. O volume 1 contém um texto de apresentação do processo, o volume 2 apresenta o Regulamento Técnico da Qualidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ_C), o volume 3, o Regulamento de Avaliação da Conformidade do Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de

44 Serviços e Públicos (RAC_C) e o volume 4 apresenta um manual referente ao RTQ_C e RAC_C.

O RTC_C contém os quesitos necessários para classificação do nível de eficiência energética do edifício. Já o RAC_C apresenta o processo de avaliação das características do edifício para obter a Etiqueta Nacional de Conservação de Energia (ENCE) junto ao Laboratório de Inspeção acreditado pelo Inmetro. O procedimento para a etiquetagem é formado por duas etapas de avaliação: etapa de projeto e etapa de inspeção do edifício construído, onde se obtém a autorização para uso da etiqueta do Inmetro.

A Etiquetagem é obtida através de avaliação dos requisitos contidos no RTQ-C para o edifício usando o método descrito no RAC-C. A avaliação do edifício é aplicável a edifícios a edifícios com área total útil mínima de 500 m2 e/ou com tensão de abastecimento superior ou igual a 2,3 kV. Essa avaliação é de caráter voluntário para edificações novas e existentes e passará a ter caráter obrigatório para edificações novas em prazo a definir (BRASIL, 2009b).

Iniciando o processo de etiquetagem, o proprietário deverá encaminhar ao laboratório de inspeção o pedido de avaliação, juntamente com os documentos exigidos, como projetos e memoriais. Esta etapa é obrigatória mesmo para edifícios já construídos, pois é na etapa de avaliação de projeto que é identificado o nível de eficiência energética através dos métodos prescritivos ou de simulação.

A etiquetagem de eficiência energética de edifícios atende aos requisitos técnicos relativos ao desempenho da envoltória, à eficiência e potência instalada do sistema de iluminação e à eficiência do sistema de condicionamento do ar. Além destes, há uma opção alternativa de classificação através da simulação computacional do desempenho termo- energético de um modelo do edifício proposto para ser etiquetado. A Etiqueta é dita parcial quando referente à envoltória ou combinando a envoltória com um dos outros dois sistemas – iluminação ou condicionamento de ar.

Para obter a classificação geral do edifício, cada requisito é avaliado separadamente e recebe uma classificação do nível de eficiência. O nível de classificação de cada requisito equivale a um número de pontos correspondentes. A classificação final é calculada de acordo com a distribuição de pesos por requisito através de uma equação presente no regulamento. As classificações parciais e a final da edificação podem variar de A (mais eficiente) a E (menos eficiente).

A Regulamentação para Etiquetagem Voluntária de Nível de Eficiência Energética para Edificações Residenciais está em fase de desenvolvimento, enquadrada em parâmetros mais adequados a esse perfil.

45 Para o desenvolvimento dessa dissertação foi avaliado o requisito relativo à envoltória que possui duas categorias que se relacionam com as características dos materiais de construção. Na classificação do nível de eficiência da envoltória devem ser atendidos os requisitos relativos à transmitância térmica, às cores e absortâncias de superfícies e à iluminação zenital, observando os valores estabelecidos para cada zona bioclimática29 estabelecidas na NBR 15220:2005- Parte 3 (ABNT, 2005), conforme a figura 3.1.

O Quadro 3.2 apresenta os valores para a transmitância térmica e para as cores e absortâncias de superfícies apresentadas no regulamento, relativas à cobertura, paredes externas e revestimentos externos. Além desses itens, o regulamento também apresenta valores básicos relativos à iluminação zenital, que não estão apresentados no Quadro 3.4 por se tratar de valores relativos à existência de aberturas zenitais na cobertura e ao fator solar do vidro.

29 A NBR 15220: 2005 subdivide o Brasil em 8 zonas bioclimáticas, considerando as condições climáticas

brasileiras para projeto. As zonas bioclimáticas podem ser definidas como regiões geográficas homogenias de características climáticas e necessidades humanas de conforto semelhantes.

Figura 3.1: Zoneamento bioclimático brasileiro. Fonte: ABNT, 2005.

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Quadro 3.2: Valores estabelecidos para classificação da envoltória

NÍVEL A

TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DA COBERTURA - ambientes condicionados artificialmente Qualquer Zona bioclimática Não deve ultrapassar de 1,0 W/m²K

TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DA COBERTURA - ambientes não condicionados Qualquer Zona bioclimática Não deve ultrapassar de 2,0 W/m²K

TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DAS PAREDES EXTERNAS Zonas bioclimáticas 1 a 6 máxima de 3,7 W/m²K

Zona bioclimáticas 7 e 8 máxima de 2,5 W/m²K para paredes com capacidade térmica máxima de 80 kJ/m²K e de 3,7 W/m²K para paredes com capacidade térmica superior a 80 kJ/m²K.

CORES E ABSORTÂNCIA DE SUPERFÍCIES

Zonas bioclimáticas 2 a 8 Pré-requisito obrigatório: utilização de materiais de revestimento externo de paredes com absortância solar baixa, α < 0,4 (cores claras)

Pré-requisito obrigatório: em coberturas não aparentes, a utilização de cor de absortância solar baixa, α < 0,4 (telas cerâmicas não esmaltadas ou teto jardim)

NÍVEL B

TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DA COBERTURA - ambientes condicionados artificialmente Qualquer Zona bioclimática Não deve ultrapassar de 1,5 W/m²K

TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DA COBERTURA - ambientes não condicionados Qualquer Zona bioclimática Não deve ultrapassar de 2,0 W/m²K

TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DAS PAREDES EXTERNAS Zonas bioclimáticas 1 a 6 máxima de 3,7 W/m²K

Zona bioclimáticas 7 e 8 máxima de 2,5 W/m²K para paredes com capacidade térmica máxima de 80 kJ/m²K e de 3,7 W/m²K para paredes com capacidade térmica superior a 80 kJ/m²K.

CORES E ABSORTÂNCIA DE SUPERFÍCIES

Zonas bioclimáticas 2 a 8 pré-requisito obrigatório: utilização de materiais de revestimento externo de paredes com absortância solar baixa, α < 0,4 (cores claras)

Pré-requisito obrigatório: em coberturas não aparentes, a utilização de cor de absortância solar baixa, α < 0,4 (telas cerâmicas não esmaltadas ou teto jardim)

NÍVEL C e D

TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DA COBERTURA

Qualquer Zona bioclimática Não deve ultrapassar de 2,0 W/m²K TRANSMITÂNCIA TÉRMICA DAS PAREDES EXTERNAS Zonas bioclimáticas 1 a 6 máxima de 3,7 W/m²K

Zona bioclimáticas 7 e 8 máxima de 2,5 W/m²K para paredes com capacidade térmica máxima de 80 kJ/m²K e de 3,7 W/m²K para paredes com capacidade térmica superior a 80 kJ/m²K.

Notas: A transmitância térmica a ser considerada é a média ponderada das transmitâncias de cada parcela da cobertura pelas áreas que ocupam e no caso das coberturas é a média ponderada das transmitâncias de cada parcela de paredes externas pelas áreas que ocupam.

Exceção: transmitância térmica em superfícies opacas (paredes vazadas, pórticos ou placas perfuradas) à frente de aberturas envidraçadas nas fachadas (paralelas aos planos de vidro), formando elementos de sombreamento. Estas superfícies devem estar fisicamente conectadas ao edifício e a uma distância até o plano envidraçado

47 inferior a uma vez a altura de seu maior vão. Este afastamento entre os planos deve possuir proteção solar horizontal como beiral ou marquise.

A absortância solar a ser considerada é a média das absortâncias de cada parcela da fachada (ou cobertura) ponderadas pela área que ocupam.

Fonte: BRASIL, 2009b.