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Produção de orientações normativas, sentidos e identidades nas interacções

2. Paternidade, dinâmicas parentais e funcionamento familiar

2.2. Dinâmicas de interacção parental e familiar: eixos e dimensões

2.2.3. Produção de orientações normativas, sentidos e identidades nas interacções

Berger e Kellner (1971) combinam o pressuposto weberiano de que a sociedade é uma rede de significados, com a formulação de Mead de que a identidade é um fenómeno social e com a abordagem fenomenológica da estruturação social da realidade de Shutz, para analisarem os processos pelos quais são construídas, mantidas e modificadas realidades sociais, que dão significados às experiências sociais dos indivíduos. Defendem que o casamento e a família são cruciais nestes processos, na medida em que as representações e os valores sociais, que constituem a ordem simbólica da sociedade, são incorporados,

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reproduzidos e tecidos nas interacções familiares, criando realidades sociais. Cada indivíduo necessita de uma validação contínua do seu mundo, da sua identidade e do seu lugar na sociedade e esta provém da sua relação com outros significativos que ocorre no casamento. A realidade do mundo social (concebida como a forma como os indivíduos olham o que os rodeia, os outros e a si próprios) é sustentada através da conversação com os outros significativos, pois é nesta que são tecidas interpretações do mundo partilhadas. Nesse sentido, conceptualizam o casamento como uma relação social de construção nómica e onde são tecidas identidades: « (...) como um acordo social que origina para o indivíduo uma espécie de ordem em que a sua experiência de vida faz sentido.» (1971: 302. Com efeito, ao darem uma dimensão dinâmica e contínua a estes processos nómicos, os autores propõem uma visão das identidades enquanto processos de identificação subjectivos em constante construção nas interacções, contrariando perspectivas que as concebem como essências permanentes e finalizadas na socialização primária. Adicionalmente, o casamento é concebido como um novo contexto de socialização que implica uma ruptura nómica e identitária. É o indivíduo socializado que é trazido para o seio da abordagem interaccionista da família (Darmon 2006; Dubet 2005), permitindo estabelecer ligações entre o social incorporado no indivíduo ao longo da biografia anterior ao casamento e os processos de reprodução, transformação e aquisição de disposições que têm lugar neste novo quadro de socialização. No casamento, as experiências, as visões da realidade e as definições de si mesmo de cada cônjuge, acumuladas ao longo das suas biografias, passam a ser conjugadas e objectivadas num novo quadro de interacções, em que são entrelaçadas e estabilizadas continuamente duas definições da realidade, de si e do outro: «A definição da realidade de cada parceiro tem que ser continuamente ajustada às definições do outro (…). Além disso, a identidade de cada um passa a ter um novo perfil, que tem que ser constantemente igualado ao do outro (…)» (1971, 310). A parentalidade reforça este processo nómico, na medida em que o densifica e estabiliza: a vinda de uma criança implica a introdução da definição de pai, de mãe e de família na ordem de significações e nas identidades do casal, bem como o ajustamento de socializações passadas a um novo quadro de socialização.

Singly (1993; 2000) retoma as teses de Berger e Kellner (1971) e de Burguess (Burgess e Locke [1945] 1960) para realçar os processos de construção identitária que ocorrem na família contemporânea, que classifica de segunda família moderna. É essencialmente uma família relacional e, nesta medida, um lugar central da construção identitária, pela revelação de si na relação com os outros significativos. Mas também privatizada e sentimentalizada, onde se evidencia a ênfase nos afectos e na igualdade de

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género, propícios às lógicas de revelação identitária. Torna-se, assim, o palco da autenticidade, uma vez que cada membro da família é avaliado pelas suas qualidades como pessoa, em detrimento do que possa ser percepcionado como desempenho de papéis sociais. Pegando na formulação do processo histórico de individualização, o autor argumenta que as sociedades actuais oferecem aos indivíduos uma estrutura de modelos culturais e de oportunidades muito diversificada e, desta forma, biografias potenciais muito diversas. Neste quadro, os indivíduos necessitam de usar a sua autonomia para escolher e hierarquizar as suas filiações e os seus projectos e, ao mesmo tempo, construir-se como seres únicos. A família cumpre esse papel, por ser um espaço de relações afectivas que cria o ambiente necessário para que o “eu”, tanto de cada um dos cônjuges, como o infantil, possa construir-se através de uma tripla descoberta: dos seus recursos escondidos, da unidade e da estabilidade. Contudo, realça que a norma da autenticidade fundamentada nos ideais do subjectivismo e da importância do clima afectivo nas relações familiares, não anula as funções mais clássicas da família - como a troca de serviços - nem exclui posições, estatutos ou lugares, apenas modifica as suas justificações: «não apenas o sangue mas também o amor; não apenas a herança mas também a competência pessoal…» (Singly, François 2000, 300).

Kaufman (1994) desenvolve estas perspectivas centrando-se nos modos como a construção relacional implica a elaboração progressiva de habitus e de papéis. Desta forma, realça a dimensão da influência das estruturas sociais, na forma de disposições incorporadas, nos processos de construção nómica e identária que ocorrem nas interacções conjugais. Assim, sustenta que o eixo central de construção do casal é a descoberta e a negociação de

habitus nas interacções, tomando como exemplo o início da vida conjugal e o processo

progressivo de negociação da organização doméstica ao longo do tempo. Tal como Berger e Kellner, considera que o casamento ou o início da vida em casal implica uma redefinição identitária, mas realça que é a adopção de novos papéis que a promove. Com efeito, o autor advoga que a análise dos processos de reconstrução nómica e identitária deve beneficiar da articulação dos conceitos de identidade (definido como processo de identificação a partir da subjectividade individual) e de papel social (como ordem de significações que define o indivíduo), pois este último permite introduzir um nível de análise que articula a interacção presente e o passado incorporado. A seu ver, o novo contexto nómico formado na construção do casal não produz directamente novas identidades, uma vez que estas são redefinidas em ligação estreita com o passado incorporado de cada cônjuge: «Ao desempenharem os seus papéis e ao negociarem ajustamentos na interacção, os actores participam na recomposição do seu património de esquemas incorporados, redesenhando assim os quadros de definição da sua

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identidade» (idem., 306). Enquanto novo contexto de socialização desenhado por etapas de modalidades de interacção, a construção do casal acarreta uma reformulação identitária mútua que pode implicar quer a reactivação, quer a inércia, quer, ainda, a recomposição de disposições incorporadas, consoante a dinâmica interactiva do casal determine a combinação, sempre complexa e, por vezes, contraditória, entre constrangimentos nómicos da interacção presente e a força estruturante da reserva de experiências acumuladas.

Lahire (2005, 17-24) dá novas dimensões a estes processos ao considerar que nos

habitus incorporados nos múltiplos processos de socialização devem ser diferenciadas as

crenças (normas, modelos, valores, ideais), na forma de disposições para crer (hábitos mentais e discursivos), e as disposições para agir (hábitos de acção), sendo que as primeiras, embora possam ser confirmadas pela experiência corrente, não estão necessariamente assimiladas às segundas. A distância entre crenças e disposições para agir, ou possibilidades reais de acção, pode ser identificada no modo como os actores podem incorporar crenças sem ter os meios (materiais ou disposicionais de acção) para as respeitar e concretizar, ou podem fazer coisas contrárias às suas crenças. Dá como exemplo desta distância o modo como mulheres com disposições para crer igualitárias se vêm enredadas em divisões familiares tradicionais, porque as incorporaram como disposições para agir na família de origem, tal como os seus companheiros. Por outro lado, o autor assinala que é preciso ter em conta que as disposições são múltiplas e heterogéneas, não funcionam da mesma maneira e em qualquer lugar e, portanto, não são automaticamente transferíveis e generalizáveis às várias situações e contextos de interacção, uma vez que podem ser actualizadas, inibidas ou desactivadas e recusadas consoante as solicitações dos quadros de socialização do momento.

Na realidade, a construção nómica e identitária não ocorre apenas na relação conjugal, mas igualmente na parental, em que se estabelecem também interdependências entre o passado incorporado e as dinâmicas culturais e materiais inscritas nas interacções do presente (Lahire 2003), sendo que este passado pode reportar-se quer a processos de socialização anteriores à conjugalidade e à parentalidade quer ao seu percurso nestas. A interpretação da construção nómica nas interacções é um meio de aferir as relações entre os sentidos e as identidades fabricados nas interacções e os quadros de representações e valores dominantes num dado contexto social, bem como os processos de construção social de identidades, como iremos ver no próximo ponto. Por outro lado, a compreensão das interdependências entre o passado incorporado e a construção nómica e identitária nas interacções é um modo de captar como o passado é percebido a partir dos contextos do presente que o solicitam, como as transformações estruturais se inscrevem nos percursos pessoais e como os indivíduos

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confrontam modelos culturais na construção de si e na escolha de cursos de acção, através de modalidades individuais de conciliação de produtos de socializações anteriores com o quadro de experiência do presente (Darmon 2006).

Ora, a importância dos processos de socialização na construção de modelos de paternidade nas interacções tem sido uma das linhas de estudo da paternidade, da qual destacaremos alguns exemplificativos das abordagens interaccionistas. Certas perspectivas procuraram aferir a influência dos modelos paternos no envolvimento do pai; outras, a que daremos maior atenção, analisaram o modo como, nas interacções, os processos de construção da identidade de pai são referenciados a interpretações dos modelos parentais vividos na família de origem e como as comparações geracionais iluminam os elementos que os homens consideram mais ou menos significantes na sua paternidade (Daly 1995; Dermott 2003). Cabe sublinhar que os processos de socialização familiar não ocorrem apenas na família de origem, mas nas socializações sucessivas inscritas nas biografias individuais, sendo que os indivíduos são expostos a modelos familiares em várias instâncias e contextos de socialização, bem como por vários agentes de socialização, como sublinha Darmon (2006). Deste modo, esta relação entre a construção da paternidade e a comparação geracional de modelos parentais não é linear nem causal, é apenas uma relação de interdependência (Lahire 2003). Contudo, alguns autores sublinham que a interpretação e reinterpretação das influências dos modelos familiares no processo de construção social da identidade de pai são dimensões importantes para a sua compreensão. De facto, alguns estudos evidenciam que os homens reflectem e avaliam o que fazem e o que pensam como pais comparando-se com os seus pais e usando as experiências que tiveram como filhos para exprimirem o que pretendem reproduzir e, ou, modificar na sua paternidade. Ao mesmo tempo, os modelos de paternidade tendem a ser fragmentados, reunindo um acervo de experiências que não incluem necessariamente apenas identificações dos homens com os seus pais, mas também com as suas mães, com as suas companheiras e com outros parentes ou amigos - o que é sublinhado por Daly (1995). Masciadrelli, Pleck e Stueve (2006) verificam que os pais muito envolvidos tendem a referenciar como modelos amigos que também têm filhos, em vez do seu pai ou da sua companheira, ao contrário dos pais pouco envolvidos. Daly (1995) afere que a influência dos modelos familiares é mais experimentada nos comportamentos em situações concretas, do que como figuras parentais a seguir ou modelos culturais de relacionamento pai-filhos, na medida em que estes tendem a ser encarados como não correspondendo aos parâmetros actuais da paternidade. Para grande parte dos homens que entrevistou, o modelo paterno ou era negativo, ou um ponto de referência para o que queriam mudar na sua paternidade, embora tenha

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encontrado alguns casos em que os homens afirmaram querer reproduzir a presença e proximidade que pautou a relação com os seus pais – que o autor vê como uma excepção. Deste modo, diz que a relação que os homens tiveram com os seus pais é encarada como uma influência transformadora, na medida em que determina uma reconstrução da paternidade. Os diferentes quadros ideológicos e estruturais que enquadram as gerações estabelecem diferenças nas expectativas sociais quanto aos comportamentos paternos e à relação pai- filhos, criando a percepção de uma desadequação entre os modelos do passado e do presente. As experiências da ausência do pai dos quotidianos familiares são associadas à responsabilidade do homem pelo sustento da família e à ideia de que este não tinha outras alternativas, assim como os relacionamentos menos expressivos quanto aos afectos e menos participativos são relacionados a diferentes expectativas sociais quanto à relação pai-filhos. Deste modo, na maior parte dos discursos sobre a ausência e a distância paterna emergem as ideias de que os homens não tinham alternativas e que aquelas não significavam falta de interesse ou de afectos. Porém, não deixa de haver um distanciamento dos modelos paternos traduzido nas afirmações de que se é e deve ser um pai mais envolvido nos cuidados e na educação dos filhos, do que o seu pai foi. Mas se no plano relacional há este afastamento e mesmo recusa dos modelos paternos, já no plano educativo, quanto aos valores e princípios a serem transmitidos aos filhos, e no da responsabilidade em relação ao trabalho pago tal não acontece.

Dermott (2003), pelo seu lado, realça que em cada geração são comuns as afirmações de que se quer ser pai de uma forma diferente do que a geração anterior e, portanto, o que está em causa é a forma como as práticas do pai e o relacionamento pai-filhos vão adquirindo novos significados. Ora, como explica Martucelli (2006), este sentido de reconstrução social e identitária é inerente aos processos sociais de individuação dos actores na passagem para a vida adulta e na constituição da sua própria família. Pode traduzir-se tanto em finalidades que orientam a acção, como também na percepção de que a sociedade actual coloca novos desafios e oportunidades. No estudo de Dermott (2003; 2008) os homens classificam-se também como mais próximos dos seus filhos e mais participativos na sua vida, do que foram os seus pais. A relação próxima com os filhos é encarada como um modelo positivo de paternidade que vai ao encontro dos valores contemporâneos, independentemente de alguns homens terem tido uma relação próxima com os seus pais. Segundo a autora, em todos os casos, o que está em causa é como a proximidade pai-filhos é uma dimensão que se traduz numa relação com os filhos diferente, que distingue as gerações e vai ao encontro dos

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modelos actuais do «pai envolvido», ainda que este envolvimento possa ter diferentes significados para os homens.

Neste quadro, alguns homens caracterizam a relação com os seus pais de distante, referindo-se a paternidades estatutárias e pouco investidas nas interacções com os filhos. Mas esta distância não é referida à ausência do homem da vida familiar ou à falta de dedicação aos filhos, mas, sim, a uma relação em que a partilha e a comunicação era mais hierárquica e menos individualizada do que aquela que querem ter com os seus filhos. Quando a relação era composta da expressão de afectos, de partilha e de uma comunicação aberta, os homens referem que querem ser como os seus pais, mas reforçando a proximidade, com a intimidade, criando, do mesmo modo, distâncias em relação ao modelo paterno. Desta forma, o modelo de proximidade que os homens realçam como diferente em relação ao dos seus pais, é um modelo relacional centrado em dimensões de intimidade, uma vez que, em maior ou menor grau, visa um relacionamento com os filhos em que esteja mais presente a expressão de afectos e uma comunicação aberta, em que o pai procura conhecer o mundo da criança e colocar-se ao seu nível para a conhecer e compreender melhor. Por outro lado, é também traduzido nas diferenças na partilha de actividades, sobretudo no maior peso das brincadeiras, que expressa a moderação das hierarquias entre pai e filhos. Para a autora, a comparação intergeracional mostra transformações nas atitudes e nos significados associados à paternidade, ligadas ao afastamento de uma paternidade arredada das experiências e das emoções da criança, bem como da expressão dos afectos pelos filhos nas interacções: «Pressupõe-se que a alteração na sociedade contemporânea é que a relação emocional entre pais e filhos funciona actualmente como base de um modelo de paternidade. Segue-se o argumento de que uma vez que o papel de ganha-pão já não é o elemento mais importante desta posição, a ligação emocional transforma-se numa realidade evidente, mas vulgar, que funciona como o componente central da identidade da figura paterna.» (Dermott 2003, 5-6).

Família, parentalidade e construção social de identidades

Com efeito, o que também está em causa nestas perspectivas é os modos como os processos históricos de mudança social introduziram alterações na maneira como os indivíduos se identificam, ou seja, na produção social de identidades. Façamos, então, uma breve incursão nalgumas formulações da construção sócio-histórica destas identidades e como se expressam nas relações familiares, na medida em que podem ajudar-nos a compreender como a articulação entre o quadro de representações e valores sociais alargados e a produção

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de significados nas interacções parentais e familiares se expressam nos modos como os homens se definem como pais e parceiros.

Afastando-se de concepções essencialistas e fechadas da identidade, Pinto (Pinto 1991) escreve que a produção social das identidades tem um carácter relacional, dinâmico, plural e interactivo, e assenta nos seguintes pressupostos: a relação entre atributos associados a uma pertença categorial e significados sociais singulares; os conteúdos estão em permanente recomposição e, por isso, a identidade é alterável e continuamente reconstruída; o mesmo indivíduo justapõe referenciais diversos, e mesmo ambíguos, em situações sociais diferentes; e é construída em relações de alteridade (reais ou de referência) ao longo do processo de socialização e da trajectória social. Deve ser avaliada em torno de dois eixos, o das sincronias e o das diacronias sociais, sendo que o primeiro implica o entrelaçamento de dois processos: o de identificação, relativo à integração dos actores sociais em conjuntos mais vastos de pertença ou de referência; e o de identização, pelo qual os actores sociais tendem a autonomizar-se e a diferenciar-se socialmente em relação aos outros, estabelecendo fronteiras mais ou menos rígidas. Realça, ainda, como a complexidade destes processos pode implicar que as identidades sejam povoadas de hibridismos e contradições: « (…) que as identidades sociais se constroem por integração e por diferenciação, com e contra, por inclusão e por exclusão, por intermédio de práticas de confirmação e de práticas de distinção classistas e estatutárias, e que todo este processo, feito de complementaridade, contradições e lutas, não pode senão conduzir, numa lógica de jogo de espelhos, a identidades impuras, sincréticas e ambivalentes.» (idem., 219).

Já o eixo diacrónico indica que a construção das identidades alimenta-se de trajectórias sociais incorporadas nos agentes, da sua posição nas estruturas sociais, dado que esta determina contextos de socialização e de sociabilidade duráveis, e dos projectos socialmente possíveis, que em cada um desses lugares sociais se vão elaborando a cada momento. A este respeito o autor sublinha: «Está-se longe, com um tal modelo, de conhecidos reducionismos que tentam encontrar o fundamento directo das identidades sociais ora na situação de classe dos agentes ora em processos de passiva aprendizagem de papéis sociais pelos sujeitos- actores (…).» (idem., 220-221). O autor insiste, assim, no lado relacional e na ideia de processo na construção das identidades, na sua vertente dupla de integração, enquanto movimento para o colectivo, e de diferenciação, que sublinha a autonomização. Aplicada às relações familiares, pode ser pensada como integração no grupo familiar e, simultaneamente, diferenciação como indivíduo, que tanto pode remeter para as questões da relação entre autonomia individual e compromisso com outros significativos, como também para o modo

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como tornar-se pai e companheiro remete para a identificação com categorias de pertença a grupos sociais (dos pais, dos homens casados, por exemplo), assim como para a diferenciação, ou seja, tornar-se dono do seu próprio destino ao construir a sua própria família ou mesmo dar o seu cunho pessoal à paternidade e à conjugalidade, comparativamente aos seus pais ou aos amigos e conhecidos.

Dubar (2001) caracteriza formas históricas de identificação, construídas pela combinação de dois eixos contínuos: um primeiro relativo a transições de natureza relacional,