• Nenhum resultado encontrado

Profissionais que elaboram normas técnicas de acessibilidade

As 18 ideias centrais classificadas em gestão da prestação de serviço são apresentadas a seguir (Quadro 14):

6.2 Entrevista individual

6.2.3 Profissionais que elaboram normas técnicas de acessibilidade

Foram aplicadas entrevistas online com profissionais responsáveis pela coordenação dos textos das normas técnicas por meio do envio de questões por e-mail e recebimento de respostas escritas. Foram enviados seis questionários em 08/06/2011, cinco dos quais foram recebidos preenchidos entre os dias 09/06/2011 e 04/07/2011. O roteiro das entrevistas realizadas consta do Apêndice E. Em relação aos temas abordados, destacam-se os listados a seguir:

 importância, características e especificidades das normas técnicas;  dificuldades para a elaboração dos textos;

 facilidades relacionadas à configuração e sinalização para os passageiros;

 segurança e autonomia das pessoas com deficiência visual em ambientes com grandes fluxos de pessoas;

 contribuições da informação integrada (tátil/visual/sonora).

A coleta de dados possibilitou a identificação de recomendações relativas à acessibilidade dos serviços de transporte, que impactam de forma positiva o cotidiano das pessoas com deficiência visual. Isso fica mais visível em aspectos relacionados à mobilidade e à gestão do serviço durante a utilização do sistema metroviário a partir da experiência desses profissionais na elaboração ou coordenação dos trabalhos de redação/aprovação de textos e desenhos técnicos que são a base das normas técnicas.

A entrevista aplicada aos cinco profissionais que coordenam a elaboração de normas técnicas de acessibilidade possibilitou a compreensão das dificuldades enfrentadas para a realização da atividade. Essas normas são elaboradas por um fórum multidisciplinar, do qual participam pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida, profissionais das áreas técnica, biomédica, bem como fornecedores e prestadores de serviços. As Comissões de Estudo (CE) têm como desafio obter o consenso entre representantes da indústria afim e correlata (produtores), do público-alvo (consumidores), dos órgãos de defesa do consumidor, do governo, de entidades de classe, universidades, escolas técnicas e pessoas neutras. Para as normas de acessibilidade, a principal dificuldade hoje enfrentada é constituir e manter ativa uma Comissão de Estudo, com a participação voluntária dos diversos segmentos da sociedade, para alcançar um objetivo comum. A presença de todos é essencial na promoção de debates para se atingirem objetivos eficazes, porém nem sempre todos os envolvidos têm disponibilidade de participar, ou ainda muitos não tomam conhecimento da realização das reuniões. Em um país de dimensões continentais, torna-se mais difícil que essas pessoas consigam viajar para participar voluntariamente de todas as reuniões; assim, o prazo para finalização dos trabalhos se estende, aumentando a expectativa daqueles que tanto necessitam de soluções.

As normas técnicas constituem um registro documentado que possibilita a padronização de conceitos e requisitos para determinado bem ou serviço e que, simultaneamente, enseja revisões ou atualizações periódicas, em conformidade com o desenvolvimento tecnológico e as imposições legais. Ao estabelecer a padronização de conceitos, requisitos, parâmetros e diretrizes para que seja alcançada a acessibilidade, as normas técnicas manifestam sua

importância: atender e acolher a maior gama possível de capacidades da população. A partir do reconhecimento federal, as normas passam a ser consideradas compulsórias.

A elaboração de normas técnicas de acessibilidade para os sistemas de transporte busca trazer à tona as necessidades dos usuários com deficiência. Na opinião dos especialistas responsáveis pela elaboração de normas técnicas, as normas de acessibilidade podem contribuir para a segurança e independência de pessoas com deficiência visual em sistemas metroferroviários porque apresentam soluções para o universo de pessoas que utilizam tais sistemas. Essas soluções estão relacionadas à configuração, à sinalização e à iluminação dos ambientes; contudo, é a configuração padronizada ou a padronização de soluções que permite maior agilidade nos deslocamentos. Pessoas com deficiência visual necessitam de referências para orientar seus deslocamentos com independência e segurança.

As referências necessárias para auxiliar a orientação de pessoas com deficiência visual podem ser criadas a partir de estímulos táteis e sonoros, ou ainda visuais, para aqueles que possuem baixa visão, bastando que seja estudada sua aplicação e eficácia. É consenso entre profissionais e estudiosos, além dos próprios usuários, que a soma dessas referências é mais eficaz do que cada uma isoladamente. Portanto, é conveniente que haja redundância para se atingir a diversidade existente dentro do grupo de pessoas com deficiência visual: as informações tátil, visual e sonora são as referências para as pessoas poderem entender como funciona o ambiente, equipamento ou serviço, garantindo-lhes mais segurança e confiança ao utilizá-lo. Nesse sentido, as normas técnicas buscam apresentar os parâmetros mais adequados – de configuração e sinalização – dessas referências. A satisfação pode ser atingida com simples ações de melhoria no sistema de informação. Em relação à sinalização, deve ser clara, objetiva e completa, permitindo que os passageiros alcancem seus destinos no ambiente. Não é possível estabelecer todas as possibilidades de configuração e de sinalização nas normas vigentes devido à abrangência nacional e às diferenças inerentes aos sistemas de transporte metroferroviário, inviabilizando a generalização de soluções que atendam a todas as situações. Normas técnicas não criam tecnologias ainda que o grupo envolvido na sua elaboração busque conhecer tudo o que possa auxiliar as referências. Por esse motivo, normas técnicas por si só não conseguem resolver todos os problemas nesses ambientes, mas contribuem bastante. O sistema de informação integrada certamente contribui de forma generosa para garantir o uso do transporte, com segurança e autonomia, por todas as pessoas. Quando informa para atingir os recursos sensoriais disponíveis (nem sempre na mesma intensidade e proporção) em cada

um de nós, acolhe a grande diversidade de capacidades da população, de diferentes faixas etárias, possibilitando que a informação alcance seu alvo e seu objetivo. A informação tátil é acessível a pessoas com déficit de visão, de audição, ou de visão e audição, que disponham de percepção tátil. Recursos táteis possibilitam a captação da mensagem por pessoas com baixa- visão, cegas ou surdo-cegas, bem como por ouvintes e videntes. A informação visual apresenta uma variedade de recursos que, combinados, permitem a transmissão da mensagem a pessoas com diferentes características desde que disponham de percepção visual. Pictogramas com texto, por exemplo, transmitem a mensagem a pessoas com surdez, com baixa visão, com ou sem o domínio do português escrito, entre outras. A informação sonora, desde que decodificada, atende a pessoas que disponham de percepção auditiva, inclusive surdo-cegas (com audição residual), cegas e outras. O uso adequado dos recursos táteis, visuais e sonoros, fundamentado no princípio da redundância para transmissão da informação, ensejará mais segurança e autonomia aos usuários.