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3 PERSPECTIVA DA POLÍTICA NACIONAL DE HABITAÇÃO(PNH) E O

3.2 O PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA (PMCVM) E SUA CONTRIBUIÇÃO

O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) é um programa de nível federal que se viabiliza como um instrumento da política de habitação no país foi “lançado em abril de 2009 com a meta de construir um milhão de moradias” (MOTTA, 2008, p. 8). Além de sua criação regida pela Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009, tem como objetivo conforme art. 2º “[...]criar mecanismos de incentivo á produção e à aquisição de novas unidades habitacionais pelas famílias com renda mensal de até 10 (dez) salários mínimos, que residam em qualquer dos Municípios brasileiros” (BRASIL, 2009b).

Tem abrangência na área urbana e rural, conforme relata Amico (2011, p. 46) “visa a implantar um subsídio governamental a ser utilizado pelas famílias de baixa renda das áreas

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Terceirização é uma estratégia de gestão/ manipulação do trabalhador coletivo do capital voltada para a dessubjetivação de classe, possuindo, deste modo, uma função ideológica (ALVES, 2011, p. 410).

urbanas e rurais”. Nesse contexto, considera-se que as políticas públicas habitacionais são fundamentais “para facilitar o acesso à moradia. Principalmente no segmento que atende às famílias que enfrentam dificuldades para arcar com os custos de financiamento imobiliário em condições de mercado” (BRASIL, 2012, p. 18).

O PMCMV disponibilizar crédito imobiliário com o auxílio da Caixa Econômica Federal, que é uma “instituição pública com longo histórico de parceira com o governo federal na promoção de políticas sociais junto às classes sociais mais pobres da população” (AMICO, 2011, p. 35). O financiamento para a população de renda baixa, é do nível 0 até 3 salários mínimos que está destinado na categoria de habitação de interesse social, esta “busca atingir principalmente os aspectos econômicos dos financiamentos habitacionais por meio da concessão de subsídios dados às famílias das classes sociais mais pobres” (AMICO, 2011, p. 45).Portanto, atende famílias com renda mensal de até R$ 1.600,por meio da transferência de recursos ao Fundo de Arrendamento Residencial (FAR), assim a maior parte do subsídio é da União. A parcela paga pelo beneficiário é de 5% da renda mensal, com prestação mínima de R$ 25.

Com renda superior há 3 salários até 10 salários mínimos, também é possível realizar financiamento mas não se insere enquanto pessoa de baixa renda, entretanto, pode ser acessado diretamente na Caixa econômica federal, entrando em outra categoria, inclusive há outros bancos (públicos e privados) que aderiram ao programa.

Não podemos deixar de destacar que o acesso ao programa é burocrático necessitando de vários documentos, sendo em um primeiro lugar identificado à realização de cadastro na Secretaria de Habitação do município de origem dos sujeitos, pois, este órgão público é que irá indicar as famílias para serem beneficiadas, assim o Governo Estadual ou Municipal assina o Termo de Adesão com a Caixa, que, passa a receber propostas de compra de terreno e produção ou requalificação de empreendimentos para análise. A Caixa avalia, ainda, toda a documentação necessária26. Além disso, destaca-se como regras de acesso ao programa:

Famílias com renda até 3 salários mínimos (S.M.): subsídio máximo (ou seja, a

maior possibilidade de auxílio fornecida pelo programa com recursos do próprio orçamento), com isenção do seguro, além de pagamento de prestações mensais limitadas a 10% da renda por um período de dez anos (120 meses) (ROMAGNOLI, 2012, p. 4, grifo do autor).

26 Comprovante de Cadastro Único, RG (identidade), CPF, Ficha de cadastro habitacional da secretaria municipal de habitação, Cópia carteira de trabalho ou comprovante de renda, certidão do estado civil e comprovante de endereço.

Quando o usuário acessar o programa, este irá assinar um contrato com seus direitos e deveres, sendo que o dever é realizar o pagamento das prestações (5%) um salário mínimo nacional), definido um pagamento de 10 anos e de suas despesas de energia elétrica, água, taxas do condomínio e as demais recorrente da manutenção do imóvel, não podendo comercializá-lo. Caso venha ficar desempregado, ou entra em óbito, além de outro problema, este poderá recorrer ao seguro incluso na parcela das prestações, para assegurar seu imóvel.

Acima de tudo o beneficiário não poderá modificar o imóvel. Caso atrase até a 4ª prestação, poderá perder o imóvel, lembrando que os imóveis do PMCMV possuem um padrão de medida e de espaço “Especificação padronizada: - Tipologia 1 – casa térrea – 35 m²; Tipologia 2 – apartamento – 42 m²” (BRASIL, 2013c, p. 6).

Se uma família possuir um número elevado de membros, ficará complicado para se adaptar ao imóvel, pois, tudo indica que o espaço ficará “apertado” independentemente de ser casa ou apartamento sendo necessárias modificações, assim, esses fatores devem ser levados em conta para satisfazer suas necessidades. Se não tiver um suporte que viabiliza para o beneficiário residir no imóvel financiado pelo PMCMV, consequentemente irá retornar ao local em que residia, podendo muitas vezes fazer mau uso do imóvel como por exemplo, a venda ilegalmente por um preço irrisório, sendo que nas condicionalidades isso não é permitido, podendo ser suspenso do financiamento e não conseguir mais ingressar no PMCMV. Entretanto, fica evidente que somente a estrutura física do imóvel é insuficiente, deve haver outros subsídios como, por exemplo, de energia elétrica e água, o qual são serviços públicos de responsabilidade dos municípios.

Também, foi criado, junto ao PMCMV, o programa Minha Casa Melhor em que é concedido crédito de eletrodomésticos e móveis aos beneficiários podendo ser acessado nas lojas credenciadas, sendo assim o beneficiário poderá equipar o imóvel como deseja, financiando esses produtos. O programa Minha Casa Melhor é “crédito especial para quem conquistou sua casa pelo Programa Minha Casa, Minha Vida. São até R$ 5 mil para comprar até 14 produtos diferentes, entre móveis e eletrodomésticos” (CAIXA, 2014).

Desse modo, entende-se que o PMCMV de fato é contraditório analisando o contexto capitalista em que os programas sociais vêm se materializando, pois, historicamente visa atender as demandas habitacionais na garantia desse direito, da mesma forma em que busca conter moradias irregulares. Assim, identifica-se que o PMCMV tem como finalidade o enfrentamento de um das expressões da questão da social, que é a falta de moradia, porém as demais expressões também perpassam essa condição e necessitam serem desvendadas, pois, as “políticas sociais e a formatação de padrões de proteção social são desdobramento e até

mesmo respostas e formas de enfretamento - em geral setorializadas e fragmentadas - às expressões multifacetadas questão social no capitalismo” (BEHRING; BOSCHETTI, 2008, p. 51).

Enfim, são muitos os desafios há serem superados no Programa Minha Casa Minha Vida(PMCMV), entende-se que este possui falhas que devem ser esclarecidas para ser garantido o acesso do direito à habitação assegurando a qualidade de vida dos beneficiários.

O que pode ser considerado é que [...] a demanda por habitação está presente em todas as classes sociais e a busca pela moradia é inerente à sociedade. A “habitação deve ser reconhecida não só pela estrutura, mas pela sua representação social, pois a habitação é um bem caro na sociedade capitalista” (PACHECO; BOURGUIGNON, 2012, p. 3), assim quem não possui as condições básicas de sobrevivência, como a moradia, se torna excluído socialmente.

Contudo, necessitamos analisar a conjuntura atual em que o programa é operacionalizado, o que reflete em um sistema econômico que considera positivo, o consumismo em massa27 e que tende a transformar o programa em uma estratégia de mercado para manter a hegemonia do capital, perante a classe vulnerável socioeconômica, os financiamentos mantém o mercado “aquecido” pela inclusão dessa classe.

27 Consumo de massa -, cede espaço a um novo dinamismo, no qual a capacidade técnica de produção, a proliferação das mercadorias e a fragmentação crescente do mercado, induzem à instabilidade, à velocidade (Mancebo et al, 2002, p. 330).

4 A EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA SECRETARIA