• Nenhum resultado encontrado

Educação Básica (SEB), e desenvolvido pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), através da Faculdade de Educação (Faced).

Compõe-se de duas seções, sendo a primeira, dedicada a apresentar os preceitos do Programa, e a segunda, dedicada à caracterização do Curso, desenvolvido em sua segunda edição (2010-2011), dando ênfase às conexões deste com a construção colaborativa do conhecimento no coletivo da comunidade de prática composta pela equipe de gestão pedagógica.

1.1 O PROGRAMA NACIONAL ESCOLA DE GESTORES DA

EDUCAÇÃO BÁSICA

A educação básica, sobretudo no que tange à gestão das unidades escolares, tem sido tema recorrente nos meios políticos, acadêmicos e sociais como a primeira prioridade educacional do país, nas diversas esferas do governo, servindo de base para campanhas políticas, e também tem sido reclamada em reuniões político-pedagógicas de âmbito nacional e internacional. O próprio movimento em prol da criação do Sistema Nacional de Educação14, mobilizado pela Conferência Nacional de Educação (Conae) ocorrida em 2010, como evento concentrador e de culminância de diversas outras conferências municipais e estaduais, ocorridas entre 2009 e 2010, já mostra fortes sinais da importância que o tema hoje representa perante em toda a sociedade (BRASIL, 2010). A ideia central do Sistema Nacional de Educação é dar efetividade ao regime de colaboração entre os diversos sistemas de ensino das esferas federal, estadual e municipal, alvo perseguido historicamente pelos profissionais da educação e de toda a sociedade brasileira. Busca-se, com isso, minorar os diversos problemas enfrentados na oferta da educação brasileira, sobretudo a básica, tais

14 A criação do Sistema Nacional de Educação está previsto na Constituição, através da Emenda no 59, que

como a evasão e o analfabetismo funcional. Por outro lado, é importante destacar que muitos têm sido os avanços em termos de políticas públicas amparadas pela legislação, embora a velocidade com que estas vêm sendo implantadas, bem como seus mecanismos de avaliação e acompanhamento, não atende aos anseios da sociedade civil e acadêmica, sobretudo no que se refere à qualidade no aspecto social, como demonstram os diversos indicadores, dentre outros, originados de pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que reforçam a necessidade de incremento nos investimentos governamentais voltados a essas questões (HORTA NETO, 2010; MARCHELLI, 2010; INEP, 2012b).

Os indicadores educacionais evidenciam que a melhoria da qualidade da educação depende, de maneira integrada, tanto de fatores internos à escola, especialmente a sala de aula, fortemente influenciada pelo modo de gerir a unidade escolar, quanto externos (por exemplo, acesso a serviços públicos, condições de moradia, segurança, dentre outros) que impactam do processo de ensino-aprendizagem (GADOTTI, 2000). Logo, demonstra-se como necessária a implementação e articulação de um conjunto de políticas públicas sociais e educativas que viabilizem melhores condições sociais e culturais e de exercício pleno da cidadania visando a emancipação, o que inclui o direito à educação com qualidade social, envolvendo necessariamente a formação e a valorização dos profissionais da educação – aspecto bastante enfatizado na referida Conae.

Entre as iniciativas governamentais seguindo essa linha, está o Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica (doravante denominada Escola de Gestores), promovido pelo MEC, através da Diretoria de Articulação e Apoio aos Sistemas da Educação Básica (Dase), da Secretaria de Educação Básica (SEB), sob a gestão da Coordenação Geral de Articulação e Fortalecimento dos Sistemas (Cafise). A Cafise/Dase/SEB contava com a colaboração da antiga Secretaria de Educação a Distância (Seed), inicialmente, e do Fundo de Fortalecimento de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A Escola de Gestores surgiu da necessidade de se construir um processo de formação de gestores escolares que contemplasse a concepção do caráter público da educação e da busca de sua qualidade social, baseada nos princípios da gestão democrático-participativa, apoiada em dispositivos teórico-práticos que viabilizem uma educação escolar básica com a perspectiva da inclusão social e da emancipação humana (GADOTTI, 200o).

Nesse sentido, as diretrizes da Escola de Gestores enfatizam que o direito à educação escolar se constitui como dimensão edificante da cidadania, estando reconhecido em diversos documentos de caráter nacional e internacional. Esse direito, em âmbito nacional, está claramente definido, por exemplo, no Artigo 6o combinado com o Artigo 205 da Constituição Federal de 1988 e nos Artigos 4o e 5o da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei no 9.394/1996), e, em âmbito internacional, no artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos do Homem de 1948 (salientando que o direito à educação perpassa todos os níveis, incluindo o técnico e o superior), no Artigo 13 do Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966 e, mais recentemente, na Declaração Mundial sobre Educação para Todos de Jomtien, elaborada durante a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, de 1990 (MEC, 2009).

Conforme mencionado anteriormente, o referido ‘Programa’ se articula com outros correlacionados em temática e propósito, tais como o Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, o Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Educação (Pró-Conselho), Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação (Pradime), dentre outros. O Programa Escola de Gestores está em operação desde 2005, quando foi desenvolvido um curso piloto de 100 horas, com a parceria da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e das secretarias estaduais de educação. Neste curso piloto, foi utilizado o e-Proinfo como plataforma AVA, e foram envolvidos como cursistas pesquisadores e técnicos das secretarias estaduais de educação. Tinha como propósito avaliar o material didático elaborado pela comissão de especialistas contratados pelo MEC, e, com isso, redelinear o projeto básico do Curso de Especialização em Gestão Escolar15. Além do curso piloto, também serviu de base para essa revisão um estudo realizado pelo Inep de cinco programas voltados para a formação de gestores escolares, indicando suas principais características em relação às novas tendências educativas. São eles: Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares (Progestao), Escola de

15 Este documento foi elaborado pela equipe técnica da Dase/Cafise/SEB/MEC, com contribuições do

documento sistematizado pelas Professoras Márcia Ângela Aguiar e Sonia Sette (UFPE), intitulado “Subsídios para a discussão do curso de especialização em Gestão Escolar”. Esse texto incorpora elementos que foram debatidos em reuniões com Assessores e Equipe Técnica da Dase/Cafise/SEB/MEC e com o Professor Jamil Cury, sob a coordenação do Professor Arlindo Queiroz. Inclui, ainda, sugestões da 1ª Reunião Técnica/Oficina de Trabalho do Programa Nacional Escola de Gestores da Educação Básica, realizada no dia 08 de março de 2006, em Brasília, contando com a participação de pesquisadores dos núcleos de política e gestão da educação de universidades federais, da direção da Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação (Anped) (GT 5), da Associação Nacional de Política e Administração da Educação (Anpae) e do Fórum Nacional de Diretores de Faculdades/Centros de Educação ou Equivalentes das Universidades Públicas Brasileiras (ForumDir).

Gestores, Programa de Formação Continuada de Gestores da Educação Infantil e Fundamental (Proged), Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores (Cinpop), e Programa de Formação de Gestores da Educação Pública (MEC, 2009).

Após essa etapa, o MEC convocou, em meados de 2006, 10 universidades públicas federais para apresentarem planos de trabalho para o desenvolvimento do que seria a primeira edição do Curso de Especialização em Gestão Escolar, ação pública primeira a ser implantada pela Escola de Gestores. Entre as universidades envolvidas, estava a Ufba, responsável pela execução do curso analisado neste trabalho. Um dos motivos que levou a Ufba a ser escolhida no primeiro grupo, foi o fato de que dos seus 417 municípios baianos, 280 (67,1 %) estavam entre os prioritários para intervenção por parte dos sistemas de ensino, por apresentarem Ideb médio inferior à média nacional (INEP, 2012a; MEC, s.d.b). A parceria com as universidades federais é destacada pelo MEC como ponto crucial para a implementação da Escola de Gestores, “pela compreensão e reconhecimento de que essas se constituem locus privilegiado de formação e produção de conhecimento” (MEC, 2009, p. 5). Em 2007, foram incorporadas à Escola de Gestores mais 17 universidades federais e atualmente são 27 universidades no total.

A formação em gestão escolar, proposta pela Escola de Gestores, visa criar novos espaços para o debate na esfera da gestão democrático-participativa no âmbito das escolas públicas estaduais e municipais da educação básica, ou seja, contribuir com a qualificação permanente dos gestores para que os mesmos possam refletir e ressignificar suas práticas na perspectiva de desenvolver projetos e atividades, voltados para a efetiva participação dos segmentos escolares e sua significativa e real aprendizagem (MEC, 2009).

Tomando como base esses preceitos, é que se constitui o currículo do Curso em questão, tendo como temática central a gestão escolar na perspectiva democrático- participativa, apoiada por temas entrelaçados tais como direito à educação, políticas públicas educativas e planejamento e práticas político-pedagógicas. No Capítulo 3, essas temáticas, dentre outras, são abordadas mais detalhadamente, para melhor caracterizar o dispositivo analítico deste trabalho de pesquisa.