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Programas e políticas públicas e os investimentos privados

Mapa 11 Espaço sub-regional da soja

6 OS ESPAÇOS SUB-REGIONAIS DO TURISMO LITORÂNEO E ARQUEOLÓGICO

6.3 Programas e políticas públicas e os investimentos privados

Na década de 1970, foram criados os órgãos para tratar do turismo no Estado, a exemplo da Rede RIMO, bem como a criação da PIENTUR e do CONPITUR. Vale destacar a criação, em 1971, do FUNGETUR, que fornecia incentivos fiscais ao turismo, sendo gerido pela EMBRATUR.

No final da década de 1980 e início da década de 1990, foram realizadas as primeiras intervenções por parte do Estado, no litoral piauiense, com a construção de uma rede de bares na cidade de Parnaíba e a construção de hotéis na Praia de Atalaia, na cidade de Luís Correia. Na década de 1990, foi criada a Coordenação Regional do Turismo em Floriano, promovendo a descentralização do Norte para o Sul do Estado. Em 1991, foi criado o PRODETUR, com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável da atividade turística na região Nordeste, de forma planejada e sistêmica, na intenção de que essas ações possam gerar emprego e renda na perspectiva de melhoria da população local.

O PRODETUR está sustentado com fontes de recursos apoiados pelo BIRD, da União, dos Estados, do BNB e do BNDES,94 atuando com um enfoque regional e investimentos, em todos os Estados da região Nordeste. Segundo SAAB (1998, p. 305), em “1998, no âmbito do Prodetur, foram inauguradas 38 obras e 121 iniciadas. Atualmente, o Programa contempla o total de 172 obras em andamento ou concluídas, desde o início efetivo de suas operações, em 1996”.

O PRODETUR, aplicado ao Piauí, está voltando a sua atuação para projetos ligados aos setores de transportes, saneamento básico, recuperação de patrimônio histórico e desenvolvimento institucional. De acordo com Lima (2000, p.7), o PRODETUR-PI foi

orçado inicialmente em US$ 27 milhões; o Programa foi efetivado em setembro de 1999, com um montante total de US$ 8,9 milhões. Até setembro de 2000, foram aditivados US$ 6,9 milhões, equivalentes a 77,5% do valor orçado, que representam investimentos significativos para o desenvolvimento do turismo do Estado.

No PRODETUR Nordeste/II, houve algumas alterações de ordem conceitual, e foram inseridos novos conceitos nos projetos e programas, como o de Polo de turismo, o processo de planejamento setorial integrado e participativo, com base nos

94 O BNDES tem fornecido diversas linhas de financiamento ao setor de turismo no Brasil. Em relação ao Nordeste, vale destacar o Programa Nordeste Competitivo (PNC), criado em 1993,

conselhos de turismo e no fortalecimento da capacidade municipal de planejamento e de gestão ambiental, administrativa e fiscal (LIMA, 2000). Em relação ao Polo de Desenvolvimento Integrado do Turismo, foi adotada uma escala de atuação a partir das atividades turísticas em mesorregiões vocacionadas que, aliadas ao processo de ampliação das parcerias, visam mobilizar e integrar os atores locais.

O Estado do Piauí estabeleceu para a implementação de programas direcionados ao setor turístico a definição de cinco regiões turísticas:95 Litoral, Teresina, Serrana, Médio Parnaíba e Gurgueia, distribuídas da seguinte forma: a) Um centro receptivo: Teresina; b) Sete centros turísticos: Parnaíba, Luís Correia, Piripiri, São Raimundo Nonato, Oeiras, Floriano e Corrente; c) Sete núcleos turísticos: Piracuruca, Campo Maior, Castelo do Piauí, Pedro II, Caracol, Amarante e Cristino Castro; d) Cinco unidades turísticas: Buriti dos Lopes, Esperantina, Pimenteiras, Guadalupe e Monte Alegre do Piauí. (LIMA, 2000, p. 7).

O Piauí, desde 1997, já implantava o PNMT, fortalecendo os municípios piauienses, fornecendo as condições necessárias, no âmbito técnico e organizacional, para a promoção do turismo na intenção de valorizar o patrimônio natural e cultural dos municípios, contribuindo assim para o desenvolvimento local, com a realização de cursos de capacitação para a formação de monitores (LIMA, 2000).

Em 1998, o governo federal criou96 mais um Parque no Piauí. Trata-se do Parque Nacional da Serra das Confusões, que possui uma área de 526.105,76 hectares, na intenção de preservar os sítios arqueológicos descobertos nesse território, que fica a Sudoeste do PNSC, localizando-se a apenas 50 km de distância.

Acrescente-se que, recentemente, foi realizado o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Turismo da região do Parque Nacional Serra da Capivara, desenvolvido entre o Ministério do Turismo e Agência Espanhola de Cooperação Internacional, que contempla uma gama de iniciativas. Segundo Oliveira Filho (2007, p. 140), visam “despertar o empreendedorismo para o turismo nas comunidades locais, qualificar através da educação para o ecoturismo e formar grupos de arte e cultura”.

envolvendo todos os Estados da região Nordeste e as áreas de Minas Gerais e do Espírito Santo, alcançadas pela atuação da SUDENE (SAAB, 1998).

95 Conforme o documento Macroestratégia Turística para o Estado do Piauí. 96 Decreto s/n de 02 de outubro de 1998.

O Programa Turismo nos Parques, idealizado pelo governo federal, busca investir 28 milhões de reais em vários parques nacionais no País. O PNSC, priorizado nesse programa, irá investir na revitalização dos parques, na construção de estruturas de recepção aos visitantes, na construção de torres de observação entre outros.

Em 2005, o governo federal, reconhecendo a importância dos muitos sítios arqueológicos entre os Parques Nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões, decretou a criação97 do Corredor Ecológico de Interligação dos Parques Nacionais da Serra da Capivara e da Serra das Confusões, na intenção de promover a conservação e o uso racional desse território, que envolve 10 municípios (OLIVEIRA et al., 2007).

A pesquisa de Oliveira et al. (2007) destacam que nas áreas do corredor ecológico existe, ainda, o Projeto de Assentamento Serra Branca/Serra Vermelha, consolidado a partir das famílias que foram desapropriadas em razão da criação dos Parques Nacionais. Em sua opinião, a criação do corredor ecológico “não levou em consideração a realidade social existente na área, conforme se constatou em visita à região” (Ibid., p. 5); fato que gerou uma situação de extrema precariedade às condições de vida dos assentados em relação aos serviços básicos e à necessidade de equipamentos. Oliveira et al. (2005 p. 14) evidenciam: “o que se verifica são dois grandes Parques Nacionais isolados e de forma frequente agredidos pela ação humana, o que torna inviável a conservação da biodiversidade local e, por que não, regional, carecendo, pois da adoção de estratégias a serem efetivadas por meio de políticas públicas”. Ou seja, existe um impasse entre instituições e os atores locais que tem dificultado a viabilização do Corredor Ecológico enquanto estratégia de promoção do desenvolvimento local.

No Litoral Piauiense estão em andamento muitas intervenções. Está em execução um projeto de urbanização da Orla de Atalaia na cidade de Luís Correia, com investimento de R$ 7 milhões, com o apoio do Ministério do Turismo e financiamento com recursos do BID e do PRODETUR NE II. Existem projetos de reurbanização do Porto das Barcas em relação à conservação do patrimônio histórico e do projeto de saneamento de 75% da cidade de Parnaíba, a urbanização

97 Portaria n. 76 do Ministério do Meio Ambiente (MMA), envolvendo 412 hectares que somados ao PNSC e ao Parque Nacional da Serra das Confusões atingem juntos uma área de aproximadamente 1 milhão de hectares (OLIVEIRA FILHO, 2007).

do Porto dos Tatus com recursos de R$ 3,6 milhões, da reurbanização da orla de Luís Correia e da Lagoa do Portinho, da despoluição da Lagoa do Bebedouro em Parnaíba, do Projeto da Ecocity, ligado à hotelaria com um resort na Baía das Canárias no Delta do Parnaíba, dos Tabuleiros litorâneos, da ampliação do Aeroporto de Parnaíba e dos investimentos da indústria eólica e do Laboratório nacional de Maricultura na Praia da Pedra do Sal. E, por último, o projeto de construção de um anel viário que ligue as principais rodovias ao litoral sem precisar passar por dentro da cidade de Parnaíba em direção às praias litorâneas. A Figura 20, a seguir, indica uma valiosa concentração de residências históricas situadas no antigo porto de Parnaíba.

Figura 20 – Porto das Barcas em Parnaíba. Fonte: Acervo Façanha (2009).

Os investimentos privados no litoral estão ocorrendo em uma velocidade muito intensa, nos últimos anos, ocorrendo em diversos segmentos da cadeia do turismo. No litoral piauiense, os projetos de investimentos estão chegando de países como Itália, Portugal e Suíça. Um fato marcante, em Parnaíba, foi a compra de significativo número de residências históricas, da área central da cidade de Parnaíba, por portugueses, espanhois e italianos. Compram, também, hotéis, restaurantes e terrenos; em alguns casos, eles atuam em forma de consórcio com empresários de vários países. Na Ilha Grande, município vizinho a Parnaíba, existe um empreendimento em andamento, a Ecocity, que visa construir um grande resort

na Baía das Canárias, próximo de uma das entradas do Delta Parnaíba, adquirindo enormes extensões de terras em Ilha Grande. A Figura 21, a seguir, indica o marketing ambiental, lançado pelos agentes promotores que atuam na Ilha Grande, Parnaíba e Luís Correia.

Figura 21 – Outdoor de divulgação do empreendimento Ecocity Brasil na Ilha Grande.

Fonte: Acervo Façanha (2009).

No caso do PNSC, a relação com o setor privado ocorre a partir da rede hoteleira, situada na cidade de São Raimundo Nonato, que executa a fusão de comando, principalmente na condução dos visitantes, desde a hospedagem até o uso de táxis, por parte dos visitantes que não possuem transporte privado nem vieram em excursões. Especificamente em relação ao Parque, o sistema de segurança é terceirizado, bem como o restaurante e o centro de produção de cerâmicas que comercializa suas peças com os visitantes. Além do restaurante, o Centro de Produção de Cerâmicas e o Projeto da Apicultura pertenciam, anteriormente, ao Parque, e foram depois repassados para a gestão privada. Sobre o Centro de Produção de Cerâmicas, localizado em Barreirinho no município de Coronel José Dias, trabalham pessoas sob a gestão que é comandada por uma “empresa privada”, onde apresentam um acervo de mais de 150 peças com cores (branco-azul, branco-verde e branco bege), com a existência de lojas em Teresina,

Parnaíba, São Raimundo Nonato, e no PNSC com vendas para o mercado de São Paulo e outras cidades, além de venderem diretamente às redes de supermercados das lojas Pão-de-Açúcar e Tok&Stok.