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PROGRAMAS FORMATIVOS COMO INICIATIVA PARA O FORTALECIMENTO

2 O PIBID NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO DE

2.2 PROGRAMAS FORMATIVOS COMO INICIATIVA PARA O FORTALECIMENTO

A partir das exigências da LDB n. 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996, no que se refere à formação de professores, ações do Ministério da Educação começaram a ser planejadas e executadas, mobilizando instituições de ensino superior de todo o país. A partir disso, foram criados e implantados cursos de licenciatura em diferentes modalidades – formação inicial ou treinamento em serviço, cursos presenciais e a distância, – ampliando significativamente o número de vagas, na educação superior. Essas vagas eram destinadas especialmente para os professores atenderem ao que estabelece o artigo 87, segundo o qual, ao final da Década da Educação, somente seriam admitidos em serviço, na Educação Básica, professores habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço.

Além da graduação dos professores que ainda não tinham formação em curso superior, a nova LDB também estabeleceu exigências quanto à formação continuada. Para atender à demanda e institucionalizar o atendimento, em 2004, dentro do prazo da Década da Educação, o MEC criou a Rede Nacional de Formação Continuada de Professores, com o objetivo de contribuir para a melhoria da formação de professores e alunos. O público-alvo prioritário da rede eram os professores de educação básica dos sistemas públicos de educação.

As instituições de ensino superior públicas que integram a Rede Nacional de Formação de professores passaram a produzir materiais de orientação para cursos a distância e semipresenciais, com carga horária de 120 horas, nas áreas de alfabetização e linguagem, educação matemática e científica, ensino de ciências humanas e sociais, artes e educação física. Em 2007, dentro das metas estabelecidas pelo Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, o MEC colocou à disposição de estados, municípios e do Distrito Federal instrumentos eficazes de avaliação e implementação de políticas de melhoria da qualidade da educação, sobretudo da educação básica pública. Foi então instituído o Plano de Ações Articuladas (PAR), tendo como objetivo principal viabilizar o atendimento às necessidades e demandas dos sistemas de ensino.

Criado e tutorado pelo MEC, o PAR deve ser compreendido como um processo de planejamento, cuja eficácia reside em proporcionar, de forma dinâmica, condições adequadas para instrumentalização e operacionalização do gerenciamento das redes de ensino, a partir de

quatro dimensões: gestão educacional; formação de professores e profissionais de serviços e apoio escolar; práticas pedagógicas e avaliação; infraestrutura física e recursos pedagógicos. Cada uma das dimensões divide-se em área que, por sua vez, desdobram-se em indicadores com critérios de pontuação6.

A título de ilustração da relevância dos programas formativos criados pelas políticas públicas de formação de professores, faço uma breve apresentação de seis programas que têm importância significativa no contexto da pesquisa, iniciando pelo Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR).

O PARFOR, na modalidade presencial, é um Programa emergencial instituído para atender ao disposto no artigo 11, inciso III do Decreto nº 6.755, de 29 de janeiro de 2009. Implantado em regime de colaboração entre a CAPES, os estados, os municípios, o Distrito Federal e as Instituições de Educação Superior (IES), tem como objetivo induzir e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para professores em exercício na rede pública de educação básica, possibilitando que esses profissionais possam obter a formação exigida pela LDB n. 9.394/96 e contribuam para a melhoria da qualidade da educação básica, no país.

Os cursos ofertados através do PARFOR se organizam em turmas especiais, com a seguinte estrutura:

I. Licenciatura – para docentes ou tradutores intérpretes de Libras em exercício na rede pública da educação básica que não tenham formação superior ou que, mesmo tendo essa formação, se disponham a realizar curso de licenciatura na etapa/disciplina em que atuam em sala de aula. II. Segunda licenciatura – para professores licenciados que estejam em exercício há pelo menos três anos na rede pública de educação básica e que atuem em área distinta da sua formação inicial, ou para profissionais licenciados que atuam como tradutores intérpretes de Libras na rede pública de Educação Básica.

III. Formação pedagógica – para docentes ou tradutores intérpretes de Libras graduados não licenciados que se encontram no exercício da docência na rede pública da educação básica.

O Quadro 2 mostra os números do PARFOR, no percurso de 2009 a 2018, onde é possível perceber sua importância para o processo de formação de professores e fortalecimento

6 Não é objetivo desta discussão detalhar a estrutura e operacionalização do PAR. A referência ao Programa

justifica-se em razão de esse fazer parte do contexto ora tratado, como instrumento de planejamento das ações do MEC, relacionadas à institucionalização de programas formativos para professores, apresentados neste capítulo, de acordo com informações de domínio público, disponibilizadas pelo próprio MEC.

da educação básica brasileira. No âmbito da UERN, esse Programa teve turmas implantadas em cinco de seus seis campi avançados.

Quadro 2 - PARFOR em números

AÇÃO NÚMEROS

01 Professores formados até 2018 44.843

02 Professores em formação até maio/2018 22.506

03 Total de IES participantes do PARFOR 103

04 Municípios com turmas implantadas 510

05 Municípios com professores matriculados 3.300

Fonte: elaborado pela autora com dados do Portal CAPES

Outro destaque se deve ao Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (PROINFO Integrado), cuja formação está voltada para o uso didático- pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) no cotidiano escolar, articulado à distribuição dos equipamentos tecnológicos nas escolas e à oferta de conteúdos e recursos multimídia e digitais oferecidos pelo Portal do Professor, pela TV Escola e DVD Escola, pelo Domínio Público e pelo Banco Internacional de Objetos Educacionais. O PROINFO Integrado se desenvolve através de cinco cursos: Introdução à Educação Digital (60h); Tecnologias na Educação: ensinando e aprendendo com as TIC (60h); Elaboração de Projetos (40h); Redes de Aprendizagem (40h); Projeto UCA (Um Computador por Aluno).

Os cursos são destinados a professores e gestores das escolas públicas contempladas (ou não) com laboratórios de informática pelo ProInfo, técnicos e outros agentes educacionais dos sistemas de ensino responsáveis pelas escolas.

O Pró-Letramento – Mobilização pela Qualidade da Educação – é um programa de formação continuada de professores, criado para otimizar a qualidade de aprendizagem da leitura/escrita e matemática nos anos iniciais do ensino fundamental. Realizado pelo MEC, o programa desenvolveu-se em parceria com universidades que integram a Rede Nacional de Formação Continuada e com adesão dos estados e municípios. Dele participavam os professores em exercício do magistério, nos anos iniciais do ensino fundamental das escolas públicas.

Funcionando na modalidade semipresencial, o Pró-Letramento utilizava material impresso e em vídeo, com atividades presenciais e a distância, acompanhadas por professores

orientadores, também chamados tutores. Os cursos de formação continuada oferecidos pelo programa tinham duração de 120 horas com encontros presenciais e atividades individuais com duração de 8 meses. A partir da institucionalização do Ensino Fundamental de 9 Anos, a demanda do Pró-Letramento foi redirecionada gradativamente para o Programa Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC).

O Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – Gestar II foi criado para ofertar formação continuada em língua portuguesa e matemática aos professores dos anos finais (do sexto ao nono ano) do ensino fundamental em exercício nas escolas públicas. A formação possui carga horária de 300 horas, sendo 120 horas presenciais e 180 horas a distância (estudos individuais) para cada área temática. O programa inclui discussões sobre questões prático- teóricas e busca contribuir para o aperfeiçoamento da autonomia do professor em sala de aula.

O PNAIC, institucionalizado em 2012, é um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municípios para assegurar que todas as crianças estejam alfabetizadas até os oito anos de idade, ao final do 3º ano do ensino fundamental. Sua operacionalização se efetiva através de um curso presencial de 2 anos para os professores alfabetizadores, com carga horária de 120 horas por ano, baseado no Programa Pró- Letramento, cuja metodologia propõe estudos teóricos e atividades práticas. Os encontros com os professores alfabetizadores são conduzidos por Orientadores de Estudo, que são professores das redes, qualificados num curso específico, com 200 horas de duração por ano, sob a coordenação de universidades públicas. As ações do PNAIC são desenvolvidas com vistas a contribuir para o debate acerca dos direitos de aprendizagem das crianças do ciclo de alfabetização; para os processos de avaliação e acompanhamento da aprendizagem das crianças; para o planejamento e avaliação das situações didáticas; para o conhecimento e o uso dos materiais distribuídos pelo Ministério da Educação, voltados para a melhoria da qualidade do ensino no ciclo de alfabetização.

O Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio, instituído pela Portaria nº 1.140, de 22 de novembro de 2013, foi criado com a finalidade de articular e coordenar ações e estratégias entre a União e os governos estaduais e distrital na formulação e implantação de políticas para elevar o padrão de qualidade do Ensino Médio brasileiro, em suas diferentes modalidades, orientado pela perspectiva de inclusão de todos os que a ele têm direito. Expressando o compromisso com a oferta de uma Educação Básica plena (da Educação Infantil ao Ensino Médio), a proposta incluiu também a formação continuada dos professores da rede, como resposta às discussões dos últimos anos entre os órgãos gestores, o Conselho Nacional dos Secretários de Educação (CONSED), as universidades, o Conselho Nacional de Educação,

os Movimentos Sociais e o Fórum de Coordenadores Estaduais do Ensino Médio. Todavia, esse programa formativo ficou totalmente comprometido a partir da vigência da Lei n. 13.415/2017, de 16 de fevereiro de 2017, que converte a Medida Provisória n. 746/2016, que reformulou o Ensino Médio e altera a LDB n. 9.394/1996. Entre as mudanças, destaca-se o inciso IV, do Art.61, que dispõe sobre a atuação de “profissionais com notório saber” para ministrarem aulas no Ensino Médio.

A lista de programas formativos inseridos nas políticas públicas de formação de professores coordenadas pelo MEC não está encerrada, porém foram citados apenas os que tiveram impacto direto na área de investigação, contemplada nesta pesquisa. Muitas são as incertezas diante da conjuntura política do Brasil, desde a mudança na presidência da República, em maio de 2016, que se acentuou ainda mais com a eleição presidencial de 2018, visto que o atual presidente anuncia uma reestruturação profunda em todos os setores do governo federal, sendo o Ministério da Educação o que atinge mais diretamente os interesses desta pesquisa. Essa realidade compromete seriamente as atividades desses programas, desde a questão orçamentária até a organização estrutural decorrente das mudanças de gestão. Apesar de se manter o pagamento dos bolsistas, quando é o caso, houve drásticas e sucessivas reduções no repasse dos custeios, inviabilizando a realização de ações e as expectativas de continuidade. Na lista de programas formativos, ora apresentados, está também o PIBID que, sendo o objeto de estudo que norteia este trabalho, será discutido em item próprio, logo em seguida.