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PROPOSTAS LEGISLATIVAS PARA A REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO NO BRASIL

Conforme observamos, a reivindicação por uma jornada de trabalho menor faz parte da história das relações de trabalho em todo o mundo; registros revelam que as primeiras leis a regular tal assunto foram criadas no fim do século XVI.

No Brasil, a última redução de jornada de trabalho, ocorreu por ocasião da promulgação da Constituição, em 1988, que estabeleceu a jornada de trabalho diária em 8 horas, a semanal em 44 horas, e a mensal, em 220 horas. Antes da Carta Magna de 1988 as horas trabalhadas eram de 8 por dia, 48 por semana e 240 por mês, em razão do Decreto nº 21.364, de 4 de maio de 1932.

Assim, houve uma efetiva redução de jornada de trabalho em 4 horas semanais, 20 horas mensais e 240 horas anuais.

Nestes últimos 24 anos, a contar da promulgação da Constituição, as relações de trabalho se tornaram cada vez mais complexas, demandando novas habilidades e mais concentração de esforços dos trabalhadores.

Nesta esteira, as novas especificidades das relações de trabalho exigiram dos trabalhadores cada vez mais dedicação e atenção; foram atribuídas mais responsabilidades e, consequentemente, aumentou a necessidade deles aprimorarem seus conhecimentos.

Eles perceberam que as suas jornadas poderiam ser diminuídas em face destas novas especificidades que passaram a integrar as relações trabalhistas.

Assim, em virtude da conscientização de que era necessário readequar a jornada de trabalho, muitos projetos de lei foram apresentados visando reduzi-la. E não foram somente aqueles que pretendiam diminui-la do atual patamar de 44 para 40 horas semanais.

Existem diversos outros projetos de lei que têm como objetivo alterar a jornada de trabalho de categorias profissionais específicas, como por exemplo, o

Projeto de Lei nº 3338/08, que fixa em até 30 horas a jornada semanal dos psicólogos.

É de se destacar que diversas atividades profissionais já têm a jornada de trabalho reduzida se comparada à atual (44 horas semanais), já que as atividades desenvolvidas demandam um tratamento diferenciado.

Nestes casos, há necessidade de mais tempo livre para o restabelecimento da força física e mental do trabalhador, como forma de preservação da saúde do indivíduo.

Elencamos abaixo algumas profissões ou funções, que pelas suas especificidades, demandam um controle de jornada diferenciado, em função dos trabalhos desenvolvidos:

I. Advogado (Lei nº 8906/1994);

II. Aeronauta e Aeroviário (Lei nº 7183/1984);

III. Artistas (Lei nº 6533/1978 e arts. 59 a 61 da CLT); IV. Ascensorista (Lei nº 3.270/1957);

V. Bancário (art. 224 da CLT);

VI. Cirurgião dentista (Lei nº 3999/1961); VII. Digitador (Art. 227 da CLT);

VIII. Empregados dos serviços frigoríficos (Art. 253 da CLT); IX. Empregados nas explorações de petróleo (Lei nº 5811/1972);

X. Jornalista (arts. 303 e 304 da CLT); XI. Médico (Lei nº 3999/1961);

XII. Mineiro (art. 293 da CLT);

XIII. Motorista profissional (Lei nº 12619/2012). XIV. Músico (Lei nº 3857/1960);

XV. Operador cinematográfico (Art. 234 da CLT);

XVI. Operador de telemarketing (Art. 227 da CLT – cancelamento da OJ nº 273 da SDI-I do TST);

XVII. Operadores de telefonia, telegrafia submarina e subpluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia (art. 227, CLT);

XIX. Radialista (Lei nº 6615/1978); XX. Radiologista (Lei nº 7394/1985).

Ampliar a jornada de trabalho de profissional que integra “categoria especial” é proibida exatamente porque a jornada extenuante de tais profissionais pode causar sérios prejuízos à saúde destas pessoas.

Sebastião Geraldo Oliveira explica que reduzir a jornada de trabalho de profissionais expostos a agentes insalubres, perigosos ou penosos é uma forma eficaz e moderna de minimizar os efeitos danosos, pois irá lhes proporcionar um tempo menor de exposição e mais tempo para o descanso.

Os trabalhadores expostos a agentes insalubres, perigosos ou penosos sofrem desgastes acentuados pela presença dos fatores nocivos à saúde. Para compensar tais agressões, mormente quando a eliminação do agente prejudicial não for possível, a tendência moderna recomenda a redução da jornada de trabalho, concedendo ao trabalhador maior período de descanso e recuperação. Com isso, conjugam-se dois efeitos benéficos: menor tempo de exposição e maior período de descanso.140

Verificamos que, nestes casos, ao instituir uma jornada de trabalho diferenciada, com menos horas de trabalho, elimina-se o fenômeno tão repudiado nas relações de trabalho denominado “mercantilização da saúde”, como já estudado em capítulo anterior, e há o privilégio, por outro lado, da manutenção da saúde do trabalhador e do seu direito ao lazer.

Constatamos que, conforme os trabalhadores vão adquirindo consciência sobre a nocividade de suas funções, começa o processo de criação de lei, em muitas ocasiões, impulsionado pelos sindicatos de trabalhadores das categorias que se julgam prejudicadas.

O Projeto de Lei nº 3338/08, ao qual já nos referimos, estabelece a jornada semanal máxima de trabalho do psicólogo em 30 horas semanais, sem redução de salário. Apropriada a medida, já que como é sabido, o exercício profissional dos psicólogos demanda elevada atenção intelectual e emocional; é necessário limitar o

140 OLIVEIRA, Sebastião Geraldo. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 5. ed. São Paulo: LTR, 2010, p.

período de trabalho em benefício não somente da saúde do profissional, mas também dos pacientes, que necessitam receber um serviço de boa qualidade para o restabelecimento de sua saúde.

Atualmente, no Congresso Nacional, tramitam mais de 20 Projetos de Lei que tratam da redução da jornada de trabalho brasileira para profissionais da área de saúde.

Um exemplo bastante interessante sobre a necessidade de reduzir a jornada para certas categorias de trabalho é o dos enfermeiros. Não são raras as notícias a respeito de acidentes de trabalho que envolvem esses profissionais e, em muitas ocasiões, resultam em óbitos de pacientes. O Projeto de Lei nº 2295/00, em tramitação, determina a diminuição da carga horária dos enfermeiros para uma jornada de até 6 horas diárias e 30 semanais.

Tal iniciativa legislativa ratifica a extraordinária importância dos profissionais da área da saúde, que precisam gozar de boas condições físicas e psíquicas para o adequado desempenho de suas funções. O bom estado físico e mental destes profissionais está diretamente associado à preservação da vida dos pacientes sob os seus cuidados.

Não obstante a evidente necessidade de estabelecer limite de jornada de trabalho para tais profissionais, existem algumas preocupações, de ordem econômica e operacional, quanto à possibilidade da redução da jornada dos enfermeiros.

Argumenta-se que a medida ensejaria a necessidade de contratar muitos novos profissionais, e que o custo disto seria bastante elevado.

Não entendemos que tais argumentos sejam relevantes o suficiente para afastar a efetivação de melhores condições de trabalho aos profissionais da saúde, que lidam diretamente com vidas humanas.

Observamos por meio do noticiário brasileiro os sérios incidentes envolvendo enfermeiros que administram medicamentos equivocadamente, muitas vezes causando a morte do paciente.

Não devem ser criadas barreiras para a aprovação de leis que pretendam melhorar as condições sociais dos profissionais da saúde, ainda que possam existir consequências negativas de ordem econômica e organizacional, como defendido por alguns setores.

Neste sentido, relevante o pensamento de José Martins Catharino, em obra escrita há 30 anos (1982), mas incrivelmente apropriado e atual ao alertar sobre quais deveriam ser as nossas prioridades:

Como se sabe, o Poder é essencialmente conservador e o seu exercício vicia as pessoas que o exercem longa ou demasiadamente. Compreende- se, dessarte, a resistência do poder econômico em fazer concessões substanciais que realmente o afetem, como, p. ex., a de admitir seja partilhado, democraticamente, com o poder do trabalho. Uma coisa é fazer concessões conservadoras, outra, permitir as realmente evolutivas, transformadoras, e destruidoras de uma realidade tão conveniente a uns poucos, quão superada e inconveniente a uma esmagadora maioria.141

Ao pesquisarmos o site do Senado Federal constatamos 110 projetos de lei, de iniciativa da Câmara dos Deputados, e mais 175 projetos de lei do Senado Federal, que tratam da jornada de trabalho.

De todos eles, no entanto, o Projeto de Emenda Constitucional nº 231, que prevê a redução de jornada semanal para 40 horas, sem redução do salário, e o aumento do adicional de horas extras para 75% do valor pago por hora de trabalho, foi o único aprovado pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, em 30 de junho de 2009; porém aguarda a votação em plenário.

A iniciativa brasileira de reduzir a atual jornada de trabalho semanal para 40 horas, sem alteração salarial, merece aplausos, pois está em sintonia com a realidade de muitos países desenvolvidos.

Como vimos, é incontestável que a tendência mundial para implantar uma jornada de trabalho semanal de 40 horas, deixou de ser uma mera tendência e se transformou em realidade em diversos países, conforme verificamos nos anexos deste trabalho.

141

Neste sentido, temos que a limitação de uma jornada semanal em 40 horas é uma reivindicação antiga da OIT, que já havia observado, em 1935 e reiterado em 1962, a tendência mundial para fixá-la em 40 horas.

Esta limitação é uma tendência nos países desenvolvidos, conforme esclarece Sangheon Lee, Deirdre McCann e Jon C. Messenger, ao mencionar alguns deles:

Todos os países industrializados que têm um limite de jornada normal estabelecem a semana básica de trabalho de 40 horas ou menos, exceto a Suíça em relação a certos trabalhadores. O limite de 40 horas está também presente em todos os países da Europa Central e Oriental abordados neste capítulo. Além disso, quase metade dos países africanos adotou a jornada semanal de 40 horas ou menos, enquanto apenas três têm limites acima de 45 horas. Em contraste, a América Latina permanece numa situação à parte no que concerne a limites de jornada. A maioria dos países da região tem jornada semanal de 48 horas e todos os outros, à exceção do Equador, têm jornadas intermediárias.142

É de se destacar que o principal objetivo da criação da lei que limitará a jornada semanal de trabalho em 40 horas, sem redução do salário, é garantir ao trabalhador seu direito constitucional ao lazer, que trará, por sua vez, benefícios diretos à manutenção de sua saúde.

O dispositivo do projeto de lei, que estabelece o patamar mínimo de 75% a ser pago no caso de realização de hora extra, apesar das críticas que lhes são atribuídas, tem como finalidade coibir que o principal objetivo da norma – a efetiva redução da jornada – seja descumprido.

Manuel Alonso Olea pondera que a redução, se prevista em lei, mas não cumprida na prática, somente irá aumentar os salários.

(...) uma redução na jornada legal sem redução na real não é senão uma elevação de salários, ao pagar-se a tipos superiores aos normais as horas em excesso da jornada legal; de fato, este costuma ser o efeito primeiro da

142 SANGHEON LEE, Deirdre McCann e Jon C. Messenger. Duração do trabalho em todo o mundo. Suíça.

limitação legal da jornada independentemente da forma de retribuição (...)143

Não é isso o que se pretende com a criação da lei. A intenção principal é dar efetividade aos direitos sociais dos trabalhadores, previstos na Constituição e, indiretamente, criar novos postos de trabalho.

Ainda que haja significativas críticas quanto ao projeto de lei que visa estipular o pagamento de hora-extra no patamar mínimo de 75%, a medida é necessária, pois poderá surtir o tão desejado efeito de efetivar os direitos sociais dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, gerar novos postos de trabalho.

A redução da jornada de trabalho poderá trazer mais oportunidades de emprego, no entanto, acreditamos que isto não ocorrerá automaticamente, já que a criação de novas vagas não depende apenas desta medida, mas de uma série de outras questões de ordem econômica.

A majoração das horas extraordinárias de trabalho, para um patamar mínimo de 75%, poderá, em alguns casos, motivar o empregador a contratar novos funcionários em vez de pagar horas extras aos demais. Assim, a lei alcança a sua finalidade, ainda que indiretamente, de estimular a criação de novas vagas de emprego.

Um obstáculo relevante à efetiva criação de novas vagas de emprego – presumida pela majoração das horas extraordinárias no patamar mínimo de 75%, que por sua vez, visa desestimular o empregador a exigir horas extras – sem dúvida, está relacionado aos baixos salários.

Sobre os baixos salários e a realização de horas extraordinárias, Arion Sayão Romita assim se manifesta:

Os baixos salários correspondentes à jornada normal são reforçados pela paga advinda das horas suplementares. Se os trabalhadores querem trabalhar mais para ganhar mais, a Justiça não se opõe: às favas a limitação da jornada. As elocubrações dos teóricos (necessidade de repouso, acesso

143 OLEA, Manuel Alonso. Introdução ao direito do trabalho. Tradução de Regina Maria Macedo Nery Ferrari,

ao lazer, prevenção de acidentes, combate à fadiga, etc.) cedem diante da realidade econômica: é preciso que os trabalhadores ganhem mais. Os empregadores, docemente constrangidos, aderem: os custos da produção se reduzem, já que não precisam admitir novos empregados.144

É de se destacar, por todo o exposto, que o Brasil, atualmente, ainda não está preparado para seguir a tendência mundial de que as limitações das jornadas de trabalho devem ser regulamentadas por meio de negociações coletivas, tendo em vista a situação atual do sistema sindical brasileiro.

Assim, é imprescindível que a limitação da jornada de trabalho seja regulamentada por dispositivo legal.

Partindo dos estudos da OIT, bem como da evolução da duração da jornada de trabalho no mundo e no Brasil, constata-se que sua redução está estreitamente ligada à eficácia da preservação dos fundamentos da dignidade da pessoa humana.

Isto posto, compreendidas as dificuldades das novas relações de trabalho, mais intensas e complexas em relação às mais variadas funções, é perfeitamente justificável a limitação da jornada de trabalho semanal em 40 horas. Acreditamos, porém, repita-se, que a eficácia de tal redução, no Brasil, somente poderia ser alcançada por força de lei.

Orlando Gomes e Elson Gottschalk, em estudo realizado há 22 anos já previam que a redução da jornada de trabalho é um objetivo que evolui com o tempo, na medida em que surgem novas tecnologias para viabilizá-lo:

Já se afirmou, com muita autoridade, que se pode e se deve reduzir a duração do trabalho na proporção em que os progressos da técnica o permitam. Deve haver certo sincronismo entre o aumento do descanso e o aperfeiçoamento da técnica. Contudo, o progresso técnico não deve vir necessariamente antes da redução da duração do trabalho. Esta última pode, em certos casos, antecipar o movimento técnico e o estimular. O computador, a robótica, a telemática e a informática são instrumentos eficazes à redução da jornada.145

144

ROMITA, Arion Sayão. Direito do trabalho – temas em aberto. São Paulo: LTR, 1998, p. 259.

145 GOMES, Orlando e GOTTSCHALK, Elson. Curso de direito do trabalho. 1. ed. Rio de Janeiro: Forense,

Assim, plenamente justificado o projeto de lei brasileiro que tem como objeto reduzir a jornada de trabalho, visto que desde 1988 não houve nenhuma atualização para limitá-la em período menor.

Em que pesem os argumentos contrários à fixação de uma jornada semanal de 40 horas, é fato que estamos diante de uma constante evolução do direito trabalhista, cujo tema já foi objeto de diversos movimentos operários na história da humanidade. Como exemplo, citemos a redução da jornada semanal, de 48 para 44 horas semanais, fixada há 24 anos, com a promulgação da Constituição.

A constante evolução da redução da jornada é um fenômeno que acreditamos ser cíclico, na medida em que, de tempos em tempos, é aperfeiçoado para garantir ao trabalhador mais vantagens diante das rotinas de trabalho cada vez mais intensas e complexas, considerando as novas tecnologias disponíveis para o seu exercício.

Neste sentido, Domenico de Masi:

Só muito recentemente vem se difundindo a exata percepção de que a sociedade pós-industrial, de forma diferente das sociedades rural e industrial que a precederam, é caracterizada por uma progressiva delegação do trabalho a aparelhos eletrônicos e por uma relação cada vez mais desequilibrada entre o tempo dedicado ao trabalho e o tempo livre (evidentemente, um desequilíbrio que favorece este último). 146

Consideramos natural a resistência de alguns setores da economia brasileira, contrários à redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais.

Por outro lado, é fato que o Brasil possui uma das maiores jornadas de trabalho, em comparação aos demais países, conforme observa Rodrigo Garcia Schwarz:

Atualmente, no Brasil, a jornada de trabalho ainda é bastante superior, em termos gerais, à dos países centrais, e frequentemente é desrespeitada.

146 DE MASI, Domenico. (1938). O ócio criativo / Domenico de Masi; entrevista à Maria Serena Palieri;

Já é tempo de, seguindo uma tendência global, reduzir a jornada de trabalho de 44 (quarenta e quatro) para 40 (quarenta) horas semanais.147

Historicamente, no embate capital versus trabalho, vislumbramos interesses antagônicos envolvendo o confronto entre a economia e a efetividade de direitos sociais da classe trabalhadora, estes últimos, conquistados por meio de muitas lutas da classe trabalhadora.

Em outras palavras, o empregador, mesmo sendo um líder em seu segmento de exploração econômica, salvo raras exceções, jamais oferecerá, espontaneamente, qualquer benefício social aos que já são regulados por lei, acordo ou convenção coletiva.

Como o trabalhador, em regra, é a parte mais fraca da relação contratual de trabalho, e considerando que a redução da jornada é um procedimento eficaz para garantir melhores condições sociais, em especial, as de lazer e saúde, devemos observar o preâmbulo da Constituição de 1988 que aduz estar o Estado destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais.

Assim, se cabe ao Estado assegurar o exercício dos direitos sociais e se comprovada que a atual jornada de 44 horas semanais é prejudicial aos trabalhadores – em razão do desenvolvimento das novas tecnologias e da necessidade de mais tempo para o trabalhador estudar, descansar e cuidar da família – concluímos que o limite de jornada semanal deve ser reduzido para 40 horas e estabelecido em lei.

Desta forma, ao mencionar o projeto de Emenda Constitucional nº 231 de 1995, Rodrigo Garcia Schwarz entende que se trata de uma relevante conquista social para os trabalhadores:

No entanto, mais do que isso, é preciso ressaltar que a aprovação final do texto da PEC nº 231/1995 constituirá uma inquestionável conquista social para os trabalhadores, de forma que as reflexões a respeito da sua conveniência e oportunidade não podem permanecer restritas ao tom que orbita em torno da empregabilidade e do custo do trabalho, sobrepondo-se

147 THOME, Candy Florêncio e SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Direito individual do trabalho: curso de revisão e

a ele, ensejando um resgate do sentido mais genuíno do direito do trabalho e da limitação legal da duração do trabalho normal, que não pode ser outro que não a tutela do trabalhador, da sua dignidade e das múltiplas dimensões da sua vida.148

Conforme verificamos, são vários os projetos de lei que reclamam uma redução de jornada de trabalho, destacando-se entre eles o projeto de Emenda Constitucional nº 231. É certo que os principais fundamentos da proposta são àqueles que visam a efetividade dos mais fundamentais direitos dos homens, quais sejam, à saúde e ao lazer; indiretamente ainda existe a possibilidade da criação de novos postos de trabalho e o natural aquecimento da economia brasileira como consequência desta medida.

148 THOME, Candy Florêncio e SCHWARZ, Rodrigo Garcia. Direito individual do trabalho: curso de revisão e

CONCLUSÃO

Os Direitos Sociais, previstos em nossa Constituição Federal, são espécies do gênero Direitos e Garantias Fundamentais, elencados nos artigos 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 11; o art. 6º da Constituição dispõe que são direitos sociais, entre outros, a saúde e o lazer. Por fim, em seu art. 3º, III, a Carta Magna estabelece que é objetivo fundamental da República Federativa do Brasil a redução das desigualdades sociais. Neste estudo, tratamos, especificamente, dos direitos à saúde e ao lazer, ambos efetivados por uma redução da jornada semanal de trabalho brasileira que proporcionará aos trabalhadores o uso do tempo livre para o lazer, trazendo benefícios não só ao empregado, mas também à sua família.

Por outro lado, constatamos que existe a probabilidade de que com a redução da jornada surja, no mercado de trabalho, mais empregos. O surgimento de novos postos de trabalho produzirá um efeito benéfico imediato na economia brasileira. Tal fenômeno poderia reduzir o número de desempregados e, consequentemente, reduzir as desigualdades sociais no Brasil.

Pode-se concluir que a redução da jornada semanal de trabalho poderá diminuir a taxa de desemprego e, consequentemente, gerar uma melhor distribuição da riqueza brasileira.

Uma jornada de trabalho menor acarretará mais benefícios à saúde do trabalhador, pois reduzirá substancialmente o número de acidentes de trabalho e doenças profissionais.

Por outro lado, com a surpreendente velocidade de criação de novas tecnologias, constatamos que a redução da jornada de trabalho é um fenômeno