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PROPOTERAPIA EM DOENÇAS INFECCIOSAS (PELOS AUTORES)

Classicamente define-se infecção como penetração, multiplicação e/ou desenvolvimento de um germe ou parasito em um determinado hospedeiro e doença infecciosa como as manifestações pelos danos causados pelo agente infeccioso no organismo e sua exteriorização clínica através de sintomas e sinais. Ou seja, infecção eh o estabelecimento da interação parasito-hospedeiro e doença infecciosa é o conjunto das manifestações clínicas e patológicas quando ocorre dano na relação parasito-hospedeiro1.

Elas são provocadas por organismos como bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Temos diversos organismos que vivem em nosso corpo. Geralmente inofensivos ou mesmo úteis, mas alguns em determinadas condições podem provocar doenças.

As doenças infecciosas podem ser transmitidas de pessoa para pessoa, através de picada de inseto, mordidas de animais ou podem ser adquiridas través da ingestão de águas ou alimentos contaminados.

Diversos sinais e sintomas das doenças infecciosas são traduzidas como: febre, cefaleia, cansaço, sonolência, dor de garganta, tosse, dor torácica, abdominal, ruídos adventícios pulmonares, distúrbios gastrointestinais, hepatoesplenomegalia e às vezes coma.

Referências

Condutas em infectologia/editores Sérgio Cimerman, Benjamin Cimerman : 2 ed, São Paulo: Editora Atheneu, 2011.

AÇÕES ANTIMICROBIANAS DA PRÓPOLIS

A própolis apresenta naturalmente atividade antimicrobiana, em função de sua aplicação pelas abelhas na colmeia. Inúmeros artigos têm demonstrado suas propriedades antimicrobianas, incluindo ações contra vírus, bactérias, fungos e parasitas.

Orsi e colaboradores (2005) demonstrou que a própolis tem ação antimicrobiana parcialmente mediada pela ativação macrofágica. Os macrófagos pré- estimulados com própolis brasileira ou búlgaros, foram posteriormente desafiados com Salmonella Typhimurium em diferentes relações macrófagos/bactérias. Após 60 min de incubação, as células foram colhidas com Triton-X para lisar os macrófagos. Para avaliar a atividade bactericida, o número de unidades formadoras de colónias (CFU) de S. typhimurium foi determinada por plaqueamento de 0,1 ml de ágar de Mueller Hinton. Após 24 h, CFU foram contadas, e a percentagem de atividade bactericida foi obtido. Própolis do Brasil e Bulgária aumentaram a atividade bactericida dos macrófagos, de modo dependente da sua concentração. Os dados também mostraram que o aumento da atividade bactericida dos macrófagos é dependente da participação peróxido de hidrogênio (H2O2) e de óxido nítrico (NO).

D'Auria e colaboradores (2003) provaram que a possue ação antimicrobiana contra Candida albicans, mostrando atividade citocida, e reduzindo o comprimento de hifas. A própolis também causou uma inibição do tempo da atividade da fosfolipase no microorganismo.

Mirzoeva e colaboradores 1997, investigaram o efeito dos produtos de própolis sobre a fisiologia de microorganismos como B. subtilis, E. coli e R. sphaeroides, demonstrando que um extrato etanólico de própolis teve um efeito bactericida causado pela presença de ingredientes ativos. O efeito bactericida da própolis foi dependente da espécie: era eficaz contra bactérias gram-positivas e algumas gram-negativas. A própolis e alguns dos seus componentes cinâmico e flavonóides demonstraram desacoplar a transdução de energia na membrana citoplasmática e por inibir a motilidade bacteriana. Estes efeitos sobre o estado bioenergética da membrana pode contribuir para a ação antimicrobiana da própolis e seu sinergismo observado com antibióticos seleccionados.

Scazzocchio e colaboradores (2006) investigaram a atividade antibacteriana de concentrações sub-inibitória de extrato etanólico de própolis, e o seu efeito sobre a atividade antibacteriana de alguns antibióticos. Foram utilizadas algumas cepas Gram-positivas clinicamente isoladas. Além disso, as concentrações sub-inibitórias da própolis foram utilizadas para avaliar sua ação sobre alguns fatores de virulência importantes como enzimas lipase e coagulase, e sobre a formação de biofilme em

Staphylococcus aureus. Os resultados experimentais deste estudo indicaram que a

própolis teve uma atividade antimicrobiana significativa para todas as cepas clínicas testadas. Demonstrou ainda que a adição de própolis as drogas antibióticas testadas, aumentou drasticamente o efeito antimicrobiano de ampicilina, gentamicina e estreptomicina, moderadamente a um dos cloranfenicol, ceftriaxona e vancomicina, enquanto que não houve efeito com eritromicina. Além disso, nossos resultados apontaram uma ação inibitória da própolis na atividade da lipase, de 18 cepas de

Staphylococcus spp. e um efeito inibitório sobre a coagulase de 11 cepas de S. aureus

testadas.

Koo e colaboradores (2002) demonstrou em seu trabalho que a própolis, rica em polifenóis como, apigenina e tt-farnesol, demonstraram atividade biológica contra estreptococos do grupo mutans interferindo na atividade de glicosiltransferase, viabilidade do biofilme, e desenvolvimento de cáries experimentais em ratos.

Koo e colaboradores (2002) também demonstraram que a própolis inibiu o crescimento de microorganismos orais e a atividade de glucosiltransferases derivada de bactéria (GTFS).

Asawahame e colaboradores 2014, demonstraram que a própolis produziu atividade antibacteriana contra Streptococcus mutans e a inibição da adesão de S.

Verma e colaboradores (2014) demonstrou que a própolis a 25% solúvl em água, foi eficaz contra microorganismos presentes em canais radiculares de dentes decíduos durante os procedimentos endodônticos. Os pacientes crianças na faixa etária de 4-7 anos, com evidência radiográfica de exposição pulpar cariosa foram incluídos no estudo. As amostras bacterianas foram colhidas pré- e pós-irrigação e foram transferidos para ensaio microbiano. Eficácia antimicrobiana do extrato solúvel em água 25% da própolis nos canais radiculares de dentes decíduos foi confirmado neste estudo. Os resultados do presente estudo confirmaram que a eficácia antibacteriana de extrato de própolis nos canais radiculares de dentes decíduos in

vivo.

Inui e colaboradores (2014) demonstraram a atividade antibacteriana dos compostos fenólicos da própolis vermelha do Brasil. A análise quantitativa de 12 compostos fenólicos em amostras de própolis vermelha brasileira foi realizada utilizando cromatografia líquida de alta eficiência de fase reversa. Os principais compostos fenólicos na própolis vermelha brasileiros foram encontrados para ser vestitol, neovestitol, medicarpina entre outros, demonstrando atividade antibacterianas contra o Staphylococcus aureus, Bacillus subtilis e Pseudomonas

aeruginosa.

Barud e colaboradores (2013) demonstrou a possibilidade de inserir extrato de própolis em membrana biofilme, biocurativo, útil no tratamento de feridas e lesões contamidas com bactérias, especialmente aquelas sensíveis a ação da própolis.

De Aguiar (2013) avaliou a atividade antimicrobiana de três extratos de própolis brasileira em cepas de bactérias. Os extratos foram preparados utilizando diferentes concentrações de própolis e álcool, resultando em diferentes composições fenólicas. Os extratos de própolis inibiram o crescimento de Fibrobacter S85 succinogenes, Ruminococcus flavefaciens FD-1, Ruminococcus albus 7, Butyrivibrio fibrisolvens D1, Prevotella albensis M384, Peptostreptococcus sp. D1, Clostridium aminophilum F e Streptococcus bovis Pearl11, enquanto R. albus 20, Prevotella bryantii B₁4 e Ruminobacter amylophilus H18 eram resistentes a todos os extratos.

Pontin et al. (2008) demonstrou a atividade leishmanicida in vitro da própolis verde brasileiras especialmente contra Leishmania (Viannia) braziliensis tanto contra quanto amastigota. No ensaio de citotoxicidade in vitro contra células Vero, BPE não mostraram citotoxicidade nas doses máximas testadas. A análise por cromatografia líquida de alto desempenho permitiu a identificação de ácido cafeico, ácido p- cumárico, aromadendrine-4'-metil-éter, 3-prenil-p-cumárico ácido (drupanin), e 3,5- diprenil-p-cumárico ácido (Artepillin C) como os principais compostos de BPE. Esta é a primeira vez que a atividade in vivo antileishmania foi reportado para a própolis verde brasileira.

Martins et al (2002) O presente estudo avaliou a suscetibilidade de cepas de

Candida albicans, coletadas de pacientes HIV-positivos com candidíase oral, onde o

extrato de própolis etanol comercial (EPE) a 20% e compará-la com a ação inibitória dos antifúngicos padronizados nistatina (NYS), clotrimazol (CL), econazole (CE), e fluconazol (FL). Doze linhagens de C. albicans coletadas de pacientes HIV-positivos com candidíase oral foram testados. Não foi observada diferença significativa entre os resultados obtidos com NYS e EPE, enquanto foram observadas diferenças significativas entre EPE e outros antifúngicos. As linhagens de C. albicans testadas apresentaram resistência aos restantes agentes antifúngicos. O extrato de própolis utilizada neste estudo inibiu o crescimento in vitro de C. albicans coletadas de pacientes brasileiros HIV-soropositivos. Este fato sugere que a EPE comercial pode ser uma medicina alternativa no tratamento da candidíase em pacientes HIV-positivos.

Santos et al. (2002) as própolis coletadas de uma área de cerrado no Estado de Minas Gerais, Brasil, foram testadas para a atividade inibidora contra a bactéria causadora da periodontite. Todas as espécies de bactérias testadas foram susceptíveis ao extracto de própolis.

Banskota et al. (2001) demonstrou que extratos metanólicos de própolis produzem efeito hepatoprotetor bem como atividade antibacteriana contra

Marcucci et al. (2001) demonstrou que quatro compostos foram isolados a partir de própolis brasileira, identificadas como: (1) 3-prenil-4-hidroxicinâmico (PHCA), (2) 2,2-dimetil-6-carboxietenil-2H-1-benzopyrane (DCBEN), (3) 3,5-diprenil ácido 4- hidroxicinâmico (HPPC), e (4) 2,2-dimetil-6-carboxietenil-8-prenil-2H-1-benzopirano (DPB). As estruturas dos compostos foram determinadas por técnicas de MS e de RMN. Todos os compostos foram ensaiados contra Trypanosoma cruzi e as bactérias de Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus e

Streptococcus faecalis. Os compostos (1) a (4) foram activos contra T. cruzi. Excepto

(1), todos os compostos apresentaram actividade contra as bactérias testadas. Quando os compostos (1) - (3) foram testados na traqueia isolada da cobaia, induzida todos um efeito relaxante semelhante ao extrato de própolis.

Bankova et al (1996) isolou quatro tipos de ácidos diterpênicos de labdanos e siringaldeído a partir de própolis brasileira. Todos os compostos exibem actividade antibacteriana. Os diterpenos, encontrado pela primeira vez na própolis, são típicos de algumas espécies.

Bankova et al. 1995 avaliando quatro amostras de própolis brasileiras por GC / MS identificou diferentes frações. Trinta e dois compostos voláteis, (dez delas novas para a própolis), bem como mais 12 compostos polares (uma delas nova para própolis). A atividade antibacteriana foi encontrada em algumas frações de própolis.

Referências

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9 PROPOTERAPIA EM DOENÇAS ODONTOLÓGICAS (POR CAMILO ANAUATE