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Publicações em formato de livro

No documento Relatório de atividade profissional (páginas 49-53)

2.2.1 Anuário de Lentes de Contacto 2000

2.2.1.1 Objetivo

Teve como objetivo ser um manual exaustivo de todas as marcas e lentes de contacto disponíveis em Portugal, referenciadas por tipo de porte a que se destinam, tipo de material, tipo de potência dióptrica e por ordem alfabética.

2.2.1.2 Introdução

Desde 1994 até 2000, desempenhei funções de Contactologista/Optometrista no Centro de Contactologia de Braga. Esse consultório dedicava-se a lidar com casos mais invulgares dentro da Contactologia. Transplantados, acidentados, afáquicos, idosos, bebés, altos míopes, altos hipermetropes, altos astigmatas, Retinose Pigmentar, cicatrização de erosões ou úlceras corneais, anisometropes, presbíopes ou qualquer outra situação, a quantidade e variedade de lentes de contacto adaptadas era enorme. Com frequência era necessário recorrer ao fabrico de lentes diretamente em laboratórios estrangeiros sem representação em Portugal, devido à necessidade de lentes de contacto de características invulgares. A recolha e manutenção dos dados de fabrico de cada lente, assim como das

especificações técnicas de cada lente, conduziu naturalmente à ideia de produzir um livro de reunião de todo estes dados - Anuário de Lentes de Contacto 200066. As secções que se

seguem apresentam uma descrição do trabalho realizado.

2.2.1.3 Desenvolvimento e criação do Anuário

Realizei uma pesquisa exaustiva e pormenorizada de todas as lentes do mercado português e dos seus parâmetros.

O primeiro passo consistiu na uniformização de linguagem e sua correspondência a conceitos claros e inequívocos. Este ponto, que parece evidente a priori, ganha relevo quando confrontamos a linguagem utilizada pelos pacientes e, por vezes, por especialistas ao identificar alguns aspetos das lentes de contacto.

Um exemplo de um desses equívocos é a designação de lentes “descartáveis”. Com base na minha vivência clínica mas comum a muitos Optometristas, imagino, a interpretação que

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um paciente dá quando se menciona lente de contacto descartável é toda e qualquer lente de contacto que seja utilizada por um período reduzido de tempo. A esmagadora maioria considera um mês como um período reduzido de tempo. Por consequência, todas as lentes de substituição mensal são vulgarmente designadas como lentes descartáveis.

A definição de Descartável (Disposable) da Federal and Drug Administration é muito específica.67 O uso descartável significa uma apenas utilização e descartada no final.

Decorre desta definição que toda a lente será descartável sempre que seja utilizada uma vez apenas, sem qualquer tipo de limpeza ou remoção, até ao momento de retirar e deitar fora, descartar. Assim, o descartável de uma lente de contacto não depende da duração da lente, mas sim se não há lugar ao sistema de limpeza e/ou remoção intercalar. Sempre que haja lugar à retirada da lente para limpeza e a sua recolocação no olho durante um

determinado período de tempo, referimo-nos a lentes de substituição programada. Caso o prazo seja inferior a um ano, designam-se por substituição frequente. Caso seja de um ano ou superior, designam-se de substituição anual ou de acordo com o tempo de substituição. Por instrução do fabricante, algumas lentes podem ser prescritas para uso descartável ou de substituição programada frequente, conforme o tipo de uso que entender adequado. No Anuário de Lentes de Contacto 2000, encontramos a correspondência entre tipo de porte e substituição e a designação de tipo de lente hidrófila.

“Os critérios usados na classificação das lentes de contacto foram os seguintes:

Lentes Hidrófilas

· Descartáveis diárias – lentes de porte diário e substituição diária, · Descartáveis semanais ou quinzenais – lentes de porte permanente e

substituição semanal ou quinzenal,

· Substituição frequente (quinzenal) – lentes de porte diário e substituição quinzenal,

· Descartáveis mensais – lentes de porte permanente e substituição mensal,

· Substituição frequente (mensal/trimestral) – lentes de porte diário e substituição mensal ou trimestral,

· Anuais de uso diário – lentes de uso diário e substituição anual.”66

As lentes Rígidas foram divididas em duas categorias: Lentes Rígidas Permeáveis ao Gás e Lentes Híbridas. A questão do porte não é identificada por não existir recomendação por parte do fornecedor e, como tal, a atribuição de tempo de duração é da responsabilidade do prescritor.

Neste tipo de lentes, a ênfase à geometria é elevada e fulcral na prescrição por oposição à forma de prescrição de lentes hidrófilas, onde a ênfase é atribuído às potências disponíveis e materiais. Assim sendo, no Anuário, o material é encarado como mais um parâmetro a selecionar da lente de contacto conforme o Dk pretendido. Desse ponto de vista, o PMMA é apenas mais um material opcional nas várias geometrias com a particularidade de ter um Dk inferior a 1. Apesar de não ser permeável aos gases, seguindo as tabelas enviadas pelos fabricantes e atendendo aos argumentos apresentados acima, optei por integrar as lentes

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de PMMA na categoria das Lentes Rígidas Permeáveis ao Gás com indicação explícita do seu quase nulo Dk.

A classificação por potência está enunciada na seguinte citação: “Por potência foram classificadas da seguinte forma:

· Esféricas – destinam-se a compensar erros refrativos como a miopia e a hipermetropia,

· Tóricas (cilíndricas) – destinam-se a compensar erros refrativos como o astigmatismo com ou sem miopia ou hipermetropia,

· Bifocais – para presbiopia, · Multifocais – para presbiopia.”66

Esta forma de organização visa organizar e ordenar as diferentes marcas de lentes de contacto por tipo de potência dióptrica, facilitando a comparação entre diferentes marcas no que diz respeito ao material, raio de curvatura e gama de fabrico de potência.

Os assépticos e outros produtos de manutenção de lentes de contacto são parte integrante do cuidado da saúde ocular e utilização de lentes de contacto. Como tal, o especialista tem que encontrar no Anuário de Lentes de Contacto toda a informação necessária para poder tomar a decisão de prescrever, tal como composição, forma e indicação de uso.

A facilidade de acesso à informação desempenhou um papel crítico na elaboração do

Anuário. Centrado nesta questão, o Anuário possui índice rápido de localização de marca de lente de contacto e assépticos, por fabricante e fornecedor.

O Anuário possui também um segundo índice por ordem alfabética de marca e agrupado pelo tipo de material, potência, porte de uso e substituição com referência ao fabricante e distribuidor, material, espessura axial e parâmetros de prescrição.

Uma terceira forma de acesso, com indicação mais completa sobre cada marca de lente de contacto, é a tabela alfabética por fabricante e agrupadas por tipo de material, potência, porte de uso e substituição, incluindo indicação adicional de geometria, método de fabrico, Dk e hidrofilia de acordo com o tipo de material.

Os produtos de manutenção ou relacionados com lentes de contacto estão referenciados em secções, organizados por material de lente de contacto a que se destinam, e

subsecções por indicação de utilização/tipo de produto, em tabelas por fabricante, fornecedor com indicação de utilização, composição química e quantidade. O seguinte parágrafo é um excerto da página n.º 17 do “Anuário de Lentes de Contacto 2000”:

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“Para os produtos de limpeza foram definidas as seguintes categorias:

Lentes Hidrófilas

· Detergentes;

· Soluções únicas;

· Peróxidos de hidrogénio (um só passo);

· Peróxidos de hidrogénio (dois passos).

Lentes Rígidas

· Soluções de limpeza;

· Soluções acondicionantes, conservantes e humectantes.

Soluções gerais · Soluções salinas; · Lágrima artificial; · Comprimidos enzimáticos; · Soluções de desmaquilhagem.”66 2.2.1.4 Conclusão

O Anuário de Lentes de Contacto 2000 representa o esforço e empenho de um ano de trabalho, que sumariza e reflete a minha experiência particular como Optometrista. A necessidade de informação completa e detalhada sobre cada lente de contacto decorreu diretamente da particularidade da minha atividade à data no Centro de Contactologia de Braga.

A predominância de casos invulgares de Contatologia por encaminhamento de óticos, optometristas e oftalmologistas, potenciou a minha necessidade de informação específica e busca de soluções personalizadas.

O impulso de curiosidade e desenvolvimento profissional, enquadrado com a exposição a casos invulgares e necessidade de experimentação de adaptações em casos sobre os quais pouca ou nenhuma informação publicada existia, conflui com a abordagem estruturada e metódica na recolha de dados e desenvolvimento da capacidade de montar e gerir uma estrutura empresarial que suporte a criação, recolha e sistematização de dados, escrita, financiamento de edição, desenho gráfico e venda de um livro.

A edição do Anuário de Lentes de Contacto 2000 é um feito pioneiro em Portugal na área da Optometria. E, atrevo-me mesmo a dizer, a publicação de um livro sem recurso a qualquer editora ou outros meios já instituídos que tutorassem o processo, constitui um ato insólito, muito instrutivo, que revela elevada maturidade e perceção de como lidar com as

dificuldades que se apresentavam pelo caminho.

Com publicação em 1999 e registado na Inspeção Geral de Atividades Culturais, o “Anuário de Lentes de Contacto 2000” foi o primeiro livro publicado em Portugal sobre Optometria, na língua Portuguesa.66

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No documento Relatório de atividade profissional (páginas 49-53)