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Quadro 3 – Aspectos favoráveis no processo de integração aplicado pela empresa em estudo

Fonte: Dados primários, 2014.

O Quadro 3 está relacionado com a segunda pergunta aberta feita aos gestores: Quais foram os aspectos favoráveis no processo de integração dos funcionários haitianos? Conforme o Quadro, foram citadas 10 pontos positivos, no entanto, o que obteve maior destaque foi a presença de um tradutor, que esteve auxiliando a equipe no processo de integração de funcionários haitianos. Vale destacar que além de uma pessoa específica para a função de tradutor, a empresa contava com o apoio de muitos haitianos que falavam espanhol, compreendiam o português e repassavam as informações aos demais haitianos, como os gestores citam nas seguintes falas:

[...] esse tradutor passa as normas de trabalho exigidas pela empresa. (G2).

Nós também tivemos alguns haitianos que entendiam nosso dialeto, [...] falavam espanhol e compreendiam o português, então isso facilitou, porque daí então nós fazíamos a explicação para esses que entendiam e esses repassavam as informações para os demais, isso facilitou (G3). [...] como é que eu vou passar uma informação pra eles se eu não sei me comunicar com eles. Com exceção de um dia que teve o tradutor. (G4). Uma das subcategorias que foi citada apenas uma vez foi a questão da grande concentração de pessoas que atendiam às necessidades da empresa, visto que na categoria anterior o principal motivo que levou à contratação de funcionários haitianos foi a falta de mão de obra. Na época dessa pesquisa, em 2014, a empresa realizava durante o ano pesquisa nos SINEs (Sistema Nacional de Emprego) de diferentes Estados brasileiros, procurando onde havia maior número de candidatos para um menor número de vagas, entendendo que este é o lugar ideal para realizar a contratação de vários funcionários de uma única vez. A contratação de muitos funcionários em um único momento foi um fator favorável para a empresa admitir haitianos, como observa-se em duas citações de um

dos respondentes:

Favorável, porque tinha uma concentração grande de pessoas que atendiam as nossas necessidades. (G3).

[...] na época tinha em torno de 400 haitiano lá... (G3).

Um dos gestores foi além, nas subcategorias referentes aos aspectos positivos afirma que os funcionários haitianos supriram a necessidade de mão de obra que a empresa necessitava. Afirmando que “Esses haitianos estão suprindo a mão de obra que faltava” (G3).

Um outro aspecto positivo relacionado à mão de obra é o costume com trabalhos pesados, sendo que isso é observado na seguinte fala:

Os que já faziam lá outras atividades como pedreiro, foram os que se adaptaram aqui. (G3).

Como as atividades desenvolvidas pela empresa são voltadas à limpeza urbana e à coleta de resíduos sólidos ou recicláveis, se referem a atividades pesadas, como a fala do gestor G3; nota-se que os profissionais que já desempenhavam atividades como pedreiro, são os que se adaptam

às atividades da empresa.

O Ministério do Trabalho e Emprego (BRASIL A, 2013, s/p) desenvolveu uma pesquisa sobre o perfil dos haitianos, identificando que de 758 haitianos que recebiam a Carteira de Trabalho, “a maioria (46%) dos haitianos tem prática em atividades da construção civil – pedreiro, bombeiro encanador, mestre de obras, pintor e marceneiro. Há também agricultor (7%), mecânico (6%) e técnico de informática (3%)”.

Outro ponto positivo para a contratação dos haitianos é que eles atendem ao perfil desejado pela empresa, conforme observa-se nas seguintes falas:

Aí foi lá, fez a entrevista, viu que eles tinham o perfil e atendiam ao que a gente precisava [...] constatou que realmente eles atendiam o nosso perfil. (G3). Conforme se observa no Quadro 3, o gestor G4 alegou não haver nenhum ponto positivo na contratação de funcionários haitianos, contrariando a afirmação dos demais gestores que citaram vários aspectos favoráveis. O desempenho de todo colaborador, independentemente de ser funcionário nacional ou estrangeiro, está diretamente ligado ao tipo de contato com seu gestor. Para Dubrin (2003, p. 186): “A percepção de uma pessoa sobre alguém, ou alguma coisa, geralmente determina se ela será um fator positivo ou negativo”. Assim pode-se dizer que o gestor G4 não possui grandes contatos com os profissionais haitianos visto não ter

notado nenhum aspecto positivo na contratação e nem no processo de integração, contrário dos demais.

Embora haja discordâncias em relação aos aspectos favoráveis, o gestor G3 apresentou outros pontos positivos notados na fala: “Facilitou também, que nós tínhamos um lugar disponível onde todos puderam ficar juntos. Então eles se sentiram seguros também, por estarem todos no mesmo local”. Convém destacar que a empresa possui contrato com uma pousada que hospeda os funcionários que vem de outra região e não têm condições de pagar o aluguel, cobrando apenas um valor simbólico de R$ 1,00 por dia, e os funcionários podem ficar alojados durante a validade do contrato de trabalho. Encerrando o contrato de trabalho se encerra o direito de moradia. Assim a empresa consegue deixar um conjunto de pessoas com as mesmas características culturais, fazendo com que as pessoas se sintam mais à vontade e seguras.

O Quadro a seguir apresenta a percepção dos gestores frente às fragilidades encontradas no processo de integração dos funcionários haitianos da empresa em estudo.

Subcategoria Respondentes

Comunicação 4

Diferenças culturais entre o Brasil e o Haiti. 2 Poucos entendem a língua portuguesa. 3 Sempre que precisa falar algo com os haitianos é necessário chamar

um tradutor. 2

Adaptação à alimentação regional. 9 Muitos haitianos não trabalhavam em serviços pesados no Haiti. 1 Muitos haitianos faziam curso superior, não se adaptando às

atividades realizadas. 3 O tipo de atividades desenvolvidas. 1 Os haitianos entendem apenas o que querem entender. 2 A falta de entendimento de funcionários brasileiros sobre a

linguagem haitiana (creole). 2 Falta de documentos em creole. 1

Quadro 4 – Fragilidades no processo de integração na empresa