Nome Nascimento/
Data/Local Falecimento Filiação Formação
Antônio Diniz
Barreto 04/11/1821 – Capela, SE. 09/05/1886 Coronel Antônio Diniz Barreto e Tereza de Vasconcelos Barreto Fez o Curso de Humanidades Geminiano Paes de Azevedo 17/03/1837 – São Cristóvão, SE. 23/03/1915 Manoel Paes de Azevedo e Josefa Narcisa Gomes de Azevedo Fez o Curso de Humanidades Ignácio de
Souza Valladão S/D - Bahia S/D -- Fez o Curso Normal
Justiniano de
Mello e Silva – Laranjeiras, 08/01/1853 SE.
12/02/1940 Félix José de Mello
e Silva e Maria Alexandrina de Mello e Silva Cursou Humanidades e formou-se em Ciências Sociais Sancho de
Barros Pimentel S/D - Sergipe S/D -- HumanidadesCursou
Tito Augusto Souto de Andrade
S/D - Sergipe S/D -- Cursou
Raphael Archanjo de Moura Mattos -- -- -- --Thomaz Diogo Leopoldo -- -- --
--Fonte: Quadro elaborado a partir dos dados localizados no Diccionario Bio-Bibliográfico Sergipano (GUARANÁ, 1925) e nos trabalho de Alves (2005) e Santos (2016).
Com base no Quadro 2, nota-se que a maioria dos professores cursou Humanidades. Vale destacar, que antes de tornarem-se professores do Atheneu Sergipense, atuaram no ensi-no das Primeiras Letras em seus respectivos munícipios ou adjacências, ou ainda, como pro-fessores secundários em disciplinas avulsas. Destaco, também, que estes oito propro-fessores não ocuparam as suas respectivas cadeiras na instituição mediante concurso46 público, foram todos nomeados pelo Governo. Desse modo, havia duas possibilidades para a ocupação do cargo de professor do Atheneu Sergipense: via concurso ou nomeação, assim rezava o Regulamento Orgânico da Instrução Pública de Sergipe de 1870. Essa decisão ficava a cargo do Presidente da Província, que muitas vezes por questões financeiras ou por conveniência, preferia nomear professores que já lecionavam em regiões vizinhas, concedendo-lhes uma gratificação, já que a Província não tinha condições financeiras de arcar com os salários de novos professores.
Para que estes profissionais pudessem ocupar e se manter nas cadeiras do Atheneu Sergipense – tanto no Curso de Humanidades quanto no Curso Normal – precisaria, confor-me prescrito no Regulaconfor-mento em seu Capítulo I, Art. 70:
Capítulo I – Das condições para o Magistério Público e suas provas
Art. 70. Só podem ser professores públicos os indivíduos que reunirem as condições seguintes:
1ª Maioridade legal. 2ª Moralidade.
3ª Capacidade profissional.
(Capítulo I, Art. 70. Regulamento Orgânico da Intrucção Publica da Província de Sergipe, 24 de outubro de 1870).
46 O primeiro concurso para professor do Atheneu Sergipense ocorreu em 1875 para as cadeiras de História e Geometria (TELES, 2009).
Tais condições eram provadas mediante apresentação da certidão de batismo com jus-tificação de idade e atestado dos párocos, câmaras municipais e autoridades judiciárias. No caso das mulheres, se casadas, a apresentação da certidão de casamento; se viúva, o óbito do marido; separadas, a sentença que julgou a separação; e no caso das solteiras, documento que comprovasse o consentimento dos pais ou responsáveis. Desta forma, fica evidente que o perfil profissional do professorado do século XIX sergipano, baseava-se, sobretudo, nas questões de moralidade e capacidade intelectual, fatos levados em consideração no momento da nomea-ção. Tal cultura, estabelecida também com base nesta experiência que os membros envolvidos teriam que possuir, é um fator preponderante ao analisarmos os perfis destes intelectuais. Para Prost (1998):
[...] Toda a cultura – dizíamos – é cultura de um grupo. Só existe cultura partilhada, pois a cultura é mediação entre os indivíduos que compõem o grupo. É o que estabelece entre eles comunicação e comunidade. Mas a cultura é também mediação entre o indivíduo e a sua experiência; é o que permite pensar a experiência, dizê-la a si mesmo dizendo-a aos outros (PROST, 1998, p.135).
Assim, voltando ao Quadro 2 e às prescrições contidas no Regulamento de 1870, nota-se que os primeiros professores do Atheneu Sergipense não possuíam formações espe-cíficas nas disciplinas às quais ministraram, visto que não era uma exigência prevista nas Leis educacionais, levando-se em conta que durante o século XIX os cursos superiores abrangiam somente as áreas da saúde, Engenharia e Direito, quanto às formações de professores, eram dadas nos estabelecimentos de Ensino Secundário (COELHO, 1999).
Desta forma, os primeiros professores do Atheneu Sergipense que compuseram, ini-cialmente, as bancas avaliadoras dos Exames de Preparatórios em Sergipe, fizeram parte de um grupo de intelectuais com formações e experiências diversas, o que possibilitava a permuta das cadeiras entre eles. Mas, a partir das informações levantadas e apresentadas até aqui, o quadro docente no momento da implantação dos citados Exames, era composto pelos oitos membros em destaque. Portanto, todos esses intelectuais contribuíram para a instituição do Regime dos Preparatórios e para as tomadas de decisões posteriores referentes a ele, a exem-plo das formas de divulgação e aplicação do mesmo. Sobre isto, trato no próximo subtópico.
3.3 – Divulgação e aplicação dos Exames de Preparatórios
Neste último subtópico, apresento as formas de divulgação e aplicação dos Exames de Preparatórios e como essas informações chegavam aos candidatos, conforme prescrito no Regulamento. Assim, com base nas fontes consultadas, os Exames eram divulgados por meio de editais publicados nos jornais, a exemplo do Jornal do Aracaju (1871-1875) e A Liberdade (1873-1874). Neles, pude encontrar editais contendo as datas de aplicação dos Exames,
no-mes dos alunos por disciplina, resultados e nomeação de Bancas Examinadoras, estas, sempre compostas pelos professores do Atheneu Sergipense, conforme publicações feitas no Jornal do Aracaju, com maior frequência entre os anos de 1874 e 1875; e no A Liberdade, mensalmente, durante os anos de 1873 e 1874. Porém, alguns dados estão ilegíveis por conta do tempo, mas, ainda assim, é possível verificar a presença de tais elementos.
E quanto à aplicação, era realizada sempre ao final de cada ano letivo e os pontos de cada disciplina eram divididos em duas modalidades: aqueles que seriam aplicados na pro-va escrita e outros na forma oral. Assim que as propro-vas eram realizadas, os resultados eram divulgados nos jornais para o conhecimento da população. Caso aprovado nos Exames que constituíssem o Curso Superior ao qual o candidato almejasse a entrada, encontrava-se, assim, apto a matricular-se. Desta forma, os Exames Parcelados de Preparatórios foram implantados em Sergipe, no Atheneu Sergipense, em fins de 1873, contribuindo assim, para a formação intelectual e cultura escolar local.