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CAPÍTULO 2 – SISTEMA DE ENSINO BRASILEIRO E POLÍTICAS

2.4 QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

A baixa qualidade da educação brasileira tem se tornado cada vez mais evidente. O índice de analfabetismo é um indicativo da qualidade do sistema educacional de um país e, por conseguinte, da qualidade do ensino. Os números apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE – e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP – mostram uma grande perda de eficácia no processo de ensino-aprendizagem. Segundo dados do IBGE (2012), em 2011, 1,9% da população entre 10 e 14 anos era analfabeta (ver Figura 3). Entre as pessoas com mais de 15 anos, este índice sobe para 8,6% (ver Figura 4). Como pode ser observado nas Figuras 3 e 4, de 2007 a 2011 houve um declínio das taxas de analfabetismo no Brasil.

FIGURA 3: Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 a 14 anos (adaptado de IBGE, 2012). 0 0,8 1,6 2,4 3,2 4 4,8 2007 2008 2009 2011 %

Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 a 14 anos de idade, por sexo - Brasil - 2007/2011.

FIGURA 4: Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais (adaptado de IBGE, 2012).

A avaliação de desempenho dos estudantes brasileiros é apresentada através do indicador educacional Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. O IDEB é calculado a partir da taxa de aprovação escolar e das médias de desempenho obtidas nos exames padronizados aplicados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP (INEP, 2011). Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar, realizado anualmente pelo INEP. Os exames padronizados, também aplicados pelo INEP, são a Prova Brasil, que avalia o desempenho a nível municipal, e o SAEB, que avalia o desempenho a níveis estadual e nacional. A Prova Brasil avalia os alunos quanto ao desenvolvimento das competências e habilidades de leitura (Língua Portuguesa) e de resolução de problemas (Matemática). A prova Brasil é aplicada aos alunos de 5° e 9° anos. O SAEB avalia os alunos quando ao desenvolvimento dessas mesmas competências. As diferenças existentes entre SAEB e Prova Brasil são: o SAEB também avalia alunos do 3° ano do Ensino Médio; o SAEB avalia apenas uma amostra de escolas, enquanto a Prova Brasil avalia todas as escolas com mais de 20 alunos matriculados (INEP, 2011).

A forma geral do Ideb é dada por: IDEBji = Nji Pji; em que,

i = ano do exame (Saeb e Prova Brasil) e do Censo Escolar;

N ji = média da proficiência em Língua Portuguesa e Matemática, padronizada para um indicador entre 0 e 10, dos alunos da unidade j, obtida em determinada edição do exame realizado ao final da etapa de ensino; 0 3 6 9 12 2007 2008 2009 2011 %

Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade, por sexo - Brasil - 2007/2011.

P ji = indicador de rendimento baseado na taxa de aprovação da etapa de ensino dos alunos da unidade j; (INEP, 2011).

O IDEB apresenta resultados alarmantes (INEP, 2012). Em 2013 os anos iniciais do Ensino Fundamental das escolas públicas brasileiras obtiveram IDEB 4.9 (ver Tabela 1). Ainda em 2013, o IDEB dos anos finais do mesmo nível de ensino foi de 4.0 (INEP, 2012) (ver Tabela 2). A pontuação máxima a ser atingida é 10.

TABELA 1: Resultados e metas do IDEB – anos iniciais do Ensino Fundamental – Brasil (adaptado de INEP, 2014).

RESULTADOS E METAS Anos Inicias do Ensino Fundamental – 4º e 5º

IDEB Observado Metas do IDEB

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021 Total 3.8 4.2 4.6 5.0 5.2 3.9 4.2 4.6 4.9 6.0 Pública 3.6 4.0 4.4 4.7 4.9 3.9 4.0 4.4 4.7 5.8 Estadual 3.9 4.3 4.9 5.1 5.4 3.6 4.3 4.7 5.0 6.1 Municipal 3.4 4.0 4.4 4.7 4.9 4.0 3.8 4.2 4.5 5.7 Privada 5.9 6.0 6.4 6.5 6.7 3.5 6.3 6.6 6.8 7.5

TABELA 2: Resultados e metas do IDEB – anos finais do Ensino Fundamental – Brasil (adaptado de INEP, 2014).

RESULTADOS E METAS

Anos Finais do Ensino Fundamental – 6°, 7°, 8° e 9°

IDEB Observado Metas do IDEB

2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2021 Total 3.5 3.8 4.0 4.1 4.2 3.5 3.7 3.9 4.4 5.5 Dependência Administrativa Pública 3.2 3.5 3.7 3.9 4.0 3.3 3.4 3.7 4.1 5.2 Estadual 3.3 3.6 3.8 3.9 4.0 3.3 3.5 3.8 4.2 5.3 Municipal 3.1 3.4 3.6 3.8 3.8 3.1 3.3 3.5 3.9 5.1 Privada 5.8 5.8 5.9 6.0 6.0 5.8 6.0 6.2 6.5 7.3

No âmbito estadual, no Rio Grande do Norte, os números são ainda mais preocupantes. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental o IDEB foi 4.0 (ver Tabela 3). Já nos anos finais o IDEB foi 3.2 (ver Tabela 4). Apesar dos resultados apresentarem uma tendência crescente, e serem superiores às metas projetadas pelo Ministério da Educação – MEC, eles ainda são baixos se comparados à nota máxima a ser alcançada, que é 10. No Rio Grande do Norte, seguindo o mesmo padrão observado em âmbito nacional, os alunos de escolas privadas apresentam um desempenho superior ao dos alunos de escolas públicas. Em 2013 o

IDEB das escolas privadas foi 25% maior que o das escolas públicas nos anos iniciais do Ensino Fundamental e 24% maior nos anos finais.

TABELA 3: Resultados e metas do IDEB – anos iniciais do Ensino Fundamental – Rio Grande do Norte/BR (adaptado de INEP, 2014).

RESULTADOS E METAS DO IDEB Anos Iniciais do Ensino Fundamental 4° e 5°

IDEB Oservado Metas Projetadas

Estado: Rio Grande do Norte 2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Escolas Públicas 2.5 3.2 3.5 3.8 4.0 2.5 2.8 3.2 3.5 3.8 4.1 4.4 4.7 Escolas Privadas 5.0 5.0 5.8 5.8 6.1 5.1 5.4 5.8 6.0 6.3 6.5 6.7 7.0

TABELA 4: Resultados e metas do IDEB – anos finais do Ensino Fundamental – Rio Grande do Norte/BR (adaptado de INEP, 2014).

RESULTADOS E METAS DO IDEB Anos Finais do Ensino Fundamental - 8° e 9°

IDEB Observado Metas Projetadas

Estado: Rio Grande do Norte 2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Escolas Públicas 2.5 2.8 2.9 3.0 3.2 2.6 2.7 3.0 3.4 3.7 4.0 4.3 4.5 Escolas Privadas 5.1 5.3 5.6 5.5 5.6 5.1 5.2 5.5 5.8 6.2 6.4 6.6 6.8

Na capital do Estado do Rio Grande do Norte, Natal, o IDEB atingido foi 4.3 entre os anos iniciais e 3.2 entre os anos finais (ver Tabelas 5 e 6). As metas projetadas não foram alcançadas.

TABELA 5: Resultados e metas do IDEB – anos iniciais do Ensino Fundamental – Natal/RN (adaptado de INEP, 2012).

RESULTADO E METAS DO IDEB Anos Iniciais do Ensino Fundamental – 4° e 5°

IDEB Observado Metas Projetadas

Cidade 2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Natal 3.3 3.7 3.7 4.0 4.3 3.3 3.7 4.1 4.4 4.7 4.9 5.2 5.5

TABELA 6: Resultados e metas do IDEB – anos finais do Ensino Fundamental – Natal/RN (adaptado de INEP, 2012).

RESULTADO E METAS DO IDEB Anos Iniciais do Ensino Fundamental – 8° e 9°

IDEB Observado Metas Projetadas

Cidade 2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Natal 3.0 3.2 3.2 3.2 3.2 3.0 3.2 3.5 3.9 4.2 4.5 4.8 5.0

A rotatividade é outro fator que pode indicar a urgência por melhorias na profissão docente. De acordo com o Ministério do Emprego e Trabalho, em 2007, entre os profissionais do ensino a taxa de rotatividade – excluídas as transferências, aposentadorias, falecimentos e desligamentos voluntários – foi de 17,5%, em 2008 subiu para 19,2% e, em 2009, foi de 19%, número bastante expressivo (MTE, 2013, p. 17). A rotatividade docente consiste na transferência de professores de uma escola para outra.

A elevada taxa de rotatividade entre os professores brasileiros pode ser explicada pelos casos de violência que se repetem em várias escolas, como roubos, agressão e o trafico de drogas dentro das escolas. Esses fatores levam os professores a procurarem emprego outras escolas, na expectativa de que elas sejam menos caóticas (DUARTE, 2009). “A rotatividade docente ocorre há tempos e está associada à preferência a estabelecimento de localização privilegiada” (AZEVEDO; SILVA, 2012, p. 6). Outro fator que contribui com a rotatividade é o número elevado de professores temporários (AZEVEDO; SILVA, 2012, p. 5), que são demitidos ou remanejados para outras escolas ao final dos contratos.

A alta rotatividade apresentada pelos professores brasileiros prejudica o processo de ensino/aprendizagem. As transformações que ocorrem nas salas de aula em decorrência da mudança de professores durante um mesmo ano letivo requerem uma adaptação por parte dos alunos e dos professores, o que dificulta a aprendizagem (DUARTE, 2009).

A rotatividade docente está relacionada na interação professor–aluno prejudicando a capacidade de aprendizagem dos alunos, nas desarticulações e descontinuidades dos trabalhos pedagógicos que vinham sendo desenvolvidos entre um ano letivo e outro, na desmobilização do conjunto dos profissionais e a natural demora na adaptação na relação professor–aluno (AZEVEDO; SILVA, 2012, p. 5).

Os números apresentados anteriormente revelam o cenário da educação pública brasileira. O analfabetismo ainda se faz presente entre os brasileiros. Os níveis de aprendizagem são baixos, tanto em âmbito nacional, quanto no âmbito do estado do Rio Grande do Norte e da cidade de Natal. A taxa de rotatividade entre os profissionais do ensino foi alta nos anos de 2007, 2008 e 2009, o que repercute negativamente no aprendizado dos alunos, conforme citado anteriormente. Esses fatores são um indicativo de que o sistema de ensino brasileiro é deficiente e não tem favorecido o processo de ensino/aprendizagem. A alta taxa de rotatividade entre os professores é um indicativo da necessidade de melhorias das condições de trabalho desses profissionais.