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Quanto à área de atuação social declarada

C) O terceiro instrumento foi um formulário de pesquisa: encaminhou-se por e-mail um formulário de pesquisa com perguntas abertas e fechadas à

4. OS RESULTADOS LEVANTADOS

4.2. O olhar divulgado pela empresa: uma análise dos números levantados

4.2.2. Quanto à área de atuação social declarada

Uma primeira leitura foi feita, separando os projetos que declaram investir em educação e aqueles que não citam a educação enquanto área de atuação social pretendida. Esta delimitação aponta inicialmente uma realidade que condiz totalmente com os dados colhidos no GIFE, segundo os quais a educação tem sido área de atuação prioritária das empresas, conforme a tabela 8.

Tipo de associados por condição de

investimento Abs. %

Investe em educação 87 82,08

Não investe em educação 19 17,92

TOTAL 106 100,00

Tabela 8: Distribuição dos associados GIFE segundo investimento

realizado ou não em educação.

Fonte: Levantamento de informações dos sítios dos associados.

Foi levantado que 82% dos associados do Grupo declaram em seu sítios investir em educação. Tal informação apresenta um quadro mais acentuado que o apresentado pelo último Censo GIFE. Segundo a Tabela 1, apenas 18% de um total de 298 projetos implementados por associados atuavam na área de educação. No caso aqui apresentado, trata-se de um número referente ao universo dos associados e não de projetos, num total de 106, que aponta para um percentual muito maior de indicações para a área de educação.

Esta situação merece alguns comentários, em primeiro lugar não se teve acesso a um detalhamento da metodologia utilizada para o levantamento das informações do Censo GIFE, o que não permite uma comparação direta dos dados. Eles são apenas ilustrativos de determinada situação.

Em segundo lugar, a partir de um acompanhamento detalhado nos últimos meses do sítio do Grupo, detectou-se certa variabilidade no número de associados. Embora esta variabilidade não seja freqüente, ela existe e é de fácil percepção. Como o Censo trabalhou com os anos de 2005 e 2006, seria impossível inferir qual o universo total trabalhado no levantamento das informações.

Em terceiro, mesmo com as ressalvas metodológicas feitas anteriormente, esta informação aponta para a possibilidade de que os próprios resultados, ou a própria informação divulgada pelo GIFE, qual seja, a primazia da educação sobre as demais áreas possa ter um caráter determinante para o posicionamento dos associados. Isto acrescido ao dado levantado de forma direta pelos formulários, segundo o qual, das 23 empresas respondentes, a totalidade declarou investir em educação.

Resgatando a idéia trabalhada no levantamento anterior, a entrevista com o Secretário Geral do Grupo e as informações lá colhidas, trata-se de uma política de push and pull. Nesta lógica, portanto, não seria absurdo pensar que a divulgação pelo GIFE de uma opção prioritária pela educação tenha levado algumas empresas, que antes não priorizavam esta área, a rever seu foco e redirecionar sua atuação. Embora esta informação não seja passível neste momento de verificação, considera-se relevante levantar tal possibilidade, principalmente levando em consideração o percentual de opções pela educação levantado nas entrevistas realizadas.

Quando apresentado no conjunto total de possibilidades de áreas de atuação declaradas, verifica-se que a educação ainda assim apresenta uma supremacia de investimentos em detrimento das demais áreas.

Área de Atuação Social Abs. % Educação 87 24,03 Assistência Social 55 15,19 Cultura e Artes 34 9,39 Saúde 30 8,29 Desenvolvimento Comunitário 29 8,01 Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável 27 7,46

Cidadania 19 5,25

Direitos Humanos e Justiça Social 19 5,25 Fortalecimento de Organizações da Sociedade Civil 18 4,97

Esportes 14 3,87

Outros 13 3,59

Desenvolvimento da Economia Popular 7 1,93 Tecnologia e Produção de Conhecimento 6 1,66

Comunicação 4 1,10

TOTAL 362 100,00

Tabela 9: Distribuição dos associados GIFE segundo área de atuação social

declarada.

Fonte: Levantamento de informações dos sítios dos associados.

Conforme se verifica na Tabela 9, 24% das possibilidades de investimentos declarados pelas empresas em seus sítios estão concentrados na educação. É interessante lembrar que, quando trabalhada desta forma, a concentração parece menor pelo fato de que uma mesma empresa pode declarar investir em mais de uma área. Assim fazendo, as empresas acabam aumentando o leque de possibilidades e, numa relação inversa, diminuindo a concentração em apenas uma área.

Mesmo assim, a educação ainda parece como a primeira opção de atuação das empresas. Acrescente-se o fato de que, a partir do levantamento realizado, verificou-se que uma significativa parcela dos projetos desenvolvidos em áreas tais como cidadania, cultura, desenvolvimento comunitário, fortalecimento de organizações da sociedade civil, meio ambiente ou saúde, por exemplo, também são projetos de educação. Embora não tenha sido possível um registro numérico ou pelo menos sistematizado deste dado devido à limitação temporal, verificou-se claramente a intersecção das atividades quando se levantaram em profundidade as atividades desenvolvidas por alguns destes projetos. Nesta perspectiva, um levantamento mais detalhado poderia apresentar um número mais elevado de projetos e investimentos na educação.

Ressalta-se que, em segundo lugar entre as áreas mais citadas, aparece a assistência social com 15,19% das indicações. Como não fica clara qual a

atuação vislumbrada sob este título, é difícil especificar quais as atividades ai agrupadas. Lembre-se que nas duas primeiras colocações encontram-se as duas atividades apontadas como tendo o menor investimento por beneficiário segundo o Censo GIFE, conforme visto anteriormente. Ou seja, as áreas de atuação social com maior número de indicações também são as mais baratas.

Em terceiro lugar, encontram-se as atividades de cultura e artes com 9,30% das declarações, em quarto as de saúde com 8,29%, em quinto o desenvolvimento comunitário, com 8,01% das indicações. Somente em sexto lugar aparece o meio ambiente, área que se supunha prioritária vis a vis o debate acerca de desenvolvimento sustentável que caracteriza esta discussão sobre responsabilidade social empresarial, conforme visto na revisão de literatura.

Ao analisar as informações obtidas pelos formulários respondidos, o mesmo movimento se repete conforme a Tabela 10.

Área de atuação social Abs. %

Educação 23 29,11 Meio Ambiente 21 26,58 Cultura 11 13,92 Inclusão Produtiva 9 11,39 Desenvolvimento Econômico 7 8,86 Saúde 4 5,06 Outros 4 5,06 TOTAL 79 100,00

Tabela 10: Distribuição das atividades dos entrevistados

segundo área de atuação social declarada.

Fonte: Levantamento realizado a partir dos formulários de pesquisa.

A educação conforme assinalado anteriormente, além de ter sido objeto de resposta de 100% dos entrevistados, ainda se mantém enquanto área prioritária para alocação de investimentos. Destaca-se o grande número de respostas que assinalaram a opção meio ambiente. De fato, dos 23 entrevistados, 21 declararam ter ações na área ambiental contrariamente aos 7,46% das informações declaradas nos sítios. Como com os formulários obteve-se uma informação mais detalhada da realidade levantada, pode-se verificar que, dentre os que afirmaram trabalhar com a área de meio-ambiente,

85,71% possuem projetos de educação ambiental, ou seja, agregam as duas áreas em projetos comuns. Isto talvez esteja camuflando este dado quando levantado a partir dos sítios.

Quanto às demais áreas apontadas, percebe-se uma pequena variação com relação ao levantado nos sítios, mas nenhuma tão representativa a ponto de merecer maior detalhamento. Ressalta-se apenas que, a exemplo do ocorrido com a área de meio ambiente, confirma-se a inferência feita anteriormente a partir dos nomes de projetos e objetivos levantados pelas entrevistas com as empresas, ou seja, muitos projetos parecem comuns a mais de uma área, sendo uma delas a educação. Assim, como nos formulários encontram-se projetos que comungam a educação com diversas áreas tais como cultura, inclusão produtiva, cidadania ou meio ambiente, é possível que projetos pensados prioritariamente para outras áreas se constituam também em projetos de educação.

Lembre-se que a área de assistência social não aparece aqui, justamente por ser uma classificação de difícil conceituação. Nos demais quadros, quando os dados surgem seja do Censo GIFE, seja dos sítios das empresas, esta categoria foi adotada, pois era utilizada na fonte original de informação. Neste caso, no entanto, com dados colhidos diretamente dos formulários de pesquisa, pode-se optar por qualquer tipo de classificação. Não quer dizer que a opção assistência social tenha sido excluída pela sua difícil conceituação e, sim, que, dentre as respostas apresentada, nenhuma pareceu atender a esta classificação.

Dado interessante também foi extraído da quantidade de projetos implementados ou financiados pelas empresas, conforme se observa a Tabela 11.

Número de Projetos Abs. % 2 projetos 10 43,48 3 projetos 7 30,43 1 projeto 4 17,39 4 projetos 1 4,35 5 projetos 1 4,35 TOTAL 23 100,00

Fonte: Levantamento realizado a partir dos formulários de pesquisa.

Tabela 11: Distribuição dos associados entrevistados

segundo número de projetos em educação.

Observe-se que, dentre os formulários respondidos, em nenhum foi encontrada referência a uma empresa com mais de cinco projetos distintos na área de educação. Na verdade, uma grande maioria dos entrevistados parece preferir trabalhar com número menor de projetos, já que 91,30% destes declaram ter implementado até três projetos, estando a maior concentração entre os que declararam ter dois, com 43,48%, ou três projetos, com 30,43% dos casos.