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Quanto aos investimentos em educação por parte das empresas

C) O terceiro instrumento foi um formulário de pesquisa: encaminhou-se por e-mail um formulário de pesquisa com perguntas abertas e fechadas à

4. OS RESULTADOS LEVANTADOS

4.3. Analisando os diferentes olhares

4.3.1. Quanto aos investimentos em educação por parte das empresas

É importante de partida discutir a opção pelo investimento social privado por parte das empresas. Na entrevista com o Secretário Geral do GIFE, fica clara a importância dada pelo Grupo à opção por este tipo de atuação. Existe, assim, uma opção por parte das empresas pela atuação voltada para a comunidade

em geral e não para um público ligado à empresa. Esta, inclusive, é a definição de investimento social privado, conforme a resenha da literatura.

Ainda segundo a entrevista, esta opção surge a partir da criação de novo espaço aberto à atuação empresarial. Todavia, quando pesquisado nos sítios das empresas, não foi encontrada de forma significativa uma menção sobre esta opção. De fato, na maioria dos casos, conforme visto anteriormente, nem sequer é referenciada seja a atuação na responsabilidade social corporativa, seja no investimento social privado. Isto já apresenta um questionamento acerca da clareza que tais associados possuem de sua atuação enquanto infra- estrutura de sociedade civil, tal qual apontado pelo Secretário Geral do Grupo.

Segundo a literatura, o debate sobre a recente atuação social das empresas em projetos sociais, já é público e reconhecido socialmente. Este, contudo, não parece ser reproduzido pelas empresas em suas “vitrinas”. Mesmo optando por investir em projetos sociais, tais empresas parecem achar desnecessário definir melhor a sua atuação. Isso fundamenta a suposição de que, embora na prática tais associados estejam se comportando de acordo com uma demanda social, estes de fato não tenham internamente clareza conceitual sobre tal atuação.

Porém, é fato que, tanto no depoimento do Secretário Geral do Grupo quanto nos dados apresentados, sejam eles oriundos do Censo do GIFE, do sítio das empresas ou das entrevistas realizadas, é inequívoca a opção majoritária pela educação. Seja pela influência da participação em uma rede, tal qual citado pelo entrevistado, seja pela necessidade de definição de um foco de atuação, fato é que 82,00% dos associados investem em educação, grande maioria destes com mais de um projeto. Isto acrescido do fato de se tratar majoritariamente de empresas que atuam na área da indústria de transformação e que boa parte dentre estas declara a opção pela educação ou em seus próprios valores, missão ou objetivos, ou nos de seus institutos e fundações.

Na verdade, levando-se em conta novamente a literatura, trata-se, com efeito, de agentes da economia globalizada que sofreram diretamente as transformações advindas do mundo do trabalho. Tais agentes, que foram obrigados a flexibilizar suas atividades, acabaram por optar pela atuação em

educação. Mas, ao fazerem tal opção, na maioria dos casos também optaram por não fazê-lo de forma direta e, sim, através de organizações do terceiro setor das quais são mantenedoras. Tal escolha é perfeitamente condizente com a mencionada flexibilização, que esvazia a empresa e fragmenta a interlocução.

Entretanto, feita esta opção pela atuação por meio das suas ONGs, tais associados assumem para si a responsabilidade de atuação social, com uma significativa parcela que acaba optando pelo não financiamento de projetos. Ou seja, mesmo sem demonstrar de forma clara plena percepção de sua atuação no social, conforme tratado anteriormente, é incontestável a opção pela atuação, via ONGs, em educação.

Segundo o Secretário do Grupo, existe certa clareza por parte destes agentes da economia acerca de sua necessária atuação no social e da opção pela educação enquanto elemento de construção social e de sobrevivência empresarial. Esta clareza, contudo, não transparece nos demais dados levantados. Uma afirmação deste entrevistado cabe ser aqui lembrada, aquela segundo a qual existe uma demanda popular pela educação. Esta talvez seja a melhor explicação para a atuação recorrente das empresas neste setor, paralelamente ao tratamento da educação enquanto commodities.

Ressalte-se que o valor econômico da atuação social em educação não pode ser estabelecido apenas enquanto reprodução de mão-de-obra que garanta o bom preenchimento da demanda destas empresas por profissionais, principalmente na produção industrial, já que é este o maior investidor em educação, conforme visto anteriormente. Existe também um enorme valor gerado a partir da imagem projetada por este tipo de ação. De um lado, a imagem interna, voltada para emprega dos, fornecedores, investidores e acionistas, por exemplo, e, de outro lado, a imagem projetada para fora, para o público em geral, inclusive consumidores e comunidade beneficiada. Tudo isto com uma atividade que alcança significativo número de beneficiários a baixo custo.

Deve ser lembrada também a referência feita pelo Secretário Geral do GIFE à possibilidade de serem criados clusters. Ou seja, ao escolher atuar em determinada área, seja a educação, a saúde ou o meio-ambiente, toda

empresa se associa a um determinado grupo com afinidade de atuação. Este movimento seria interessante por respeitar a diversidade destes associados e, mesmo assim, ser capaz de agrupá-los. Todavia, o que se verifica com esta pesquisa é um outro movimento, que se caracteriza pela aglomeração dos associados em apenas uma área, qual seja, a educação.

Então, reestruturação produtiva destas empresas, flexibilização de suas atividades inclusive de sua imagem, abertura de seus mercados, atuação social em educação, todas estas mudanças parecem decorrentes de um mesmo processo de transformação do planeta, da economia mundial e da relação entre a produção econômica e o universo social. Isto não significa que de fato exista por parte das empresas uma plena visualização da situação por elas vivenciada e que acaba por conduzi-las para o investimento social privado em educação.

4.3.2. Quanto à distribuição geográfica no Brasil dos investimentos