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1 INTRODUÇÃO

2.3 INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR E RELAÇÕES

2.3.2 O que é Extensão Universitária?

Dois marcos são considerados os mais relevantes na história da extensão universitária e com relação à construção de políticas de extensão no País: 1) a Lei da Reforma Universitária, de 1968, a qual instituiu como obrigatória a realização de atividades extensionistas nas Instituições de Ensino Superior, e; 2) a criação do Fórum de Pró- Reitores da Extensão das Universidades Públicas Brasileiras (FORPROEX), em 1987. Este último marco foi decisivo na construção da política de extensão que vigora na atualidade, tanto no que se refere à conceptualização da extensão universitária, quanto na construção de instrumentos de avaliação e acompanhamento de ações de extensão, e, também, na efetiva institucionalização da extensão como dimensão imprescindível da atuação universitária, ou então, como principal interlocutor na definição das políticas públicas de fomento à extensão.

Em suma, a extensão universitária no Brasil obteve diversos avanços

devido, em grande parte, aos esforços do Forproex (PAULA, 2013).

Desta forma, como definição constante do Plano Nacional de Extensão (1999), pactuado pelas Instituições Públicas de Ensino

Superior (IPES), reunidas no Forproex, fica estabelecido que “a Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade” (FORPROEX, 2007, p.17). Mais adiante, a partir de um amplo debate nos anos de 2009 e 2010, o encontro de Pró-Reitores de Extensão apresentou a seguinte definição de extensão, já incorporando aspectos de interação com outros setores da sociedade, numa concepção dialógica:

A Extensão Universitária, sob o princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, é um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade (FORPROEX, 2010, s/p).

As diretrizes-base que devem orientar a formulação e implementação das ações de Extensão Universitária, pactuados no FORPROEX (NOGUEIRA, 2000) são as seguintes: 1) a interação dialógica; 2) a interdisciplinariedade e interprofissionalidade; 3) a indissociabilidade Ensino-Pesquisa-Extensão; 4) o impacto na formação do estudante e; 5) impacto e transformação social (FORPROEX, 2012). Salientamos que, a partir da criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, no ano de 2009, foram estes incluídos no

Forproex, sendo agora denominado - Fórum dos Pró-Reitores de

Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras. E, com isso, trazemos a definição no âmbito dos Institutos Federais, integrantes da Rede Federal de EPCT (Educação Profissional, Científica e Tecnológica):

A extensão é compreendida como um processo interdisciplinar educativo, cultural, científico e tecnológico que promove a interação transformadora entre as instituições e os diversos setores da sociedade com vistas à sua sustentabilidade (IFSUL, 2013, s/p.).

E, ainda, na Lei de Criação dos Institutos Federais, Lei nº 11.892 de 29 de dezembro 2008, Art. 7º, §4º, a extensão constitui um de

seus objetivos fundamentais, focando-se no desenvolvimento de conhecimento científico e tecnológico:

§4º - desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos (BRASIL, 2008, s/p). Quanto às áreas de atuação da extensão universitária, o Forproex (2007) organizou da seguinte forma:

Quadro 6 – Áreas temáticas da atuação da extensão universitária

Áreas temáticas da atuação da extensão universitária

1) Comunicação 2) Cultura

3) Direitos Humanos e Justiça 4) Educação

5) Meio Ambiente 6) Saúde

7) Tecnologia e produção 8) Trabalho

Fonte: adaptado de Fórum dos Pró-reitores de Extensão (2007).

As ações de extensão, de acordo com o Forproex (2007), classificam-se em: programa, projeto, curso e evento. O quadro 7 traz suas principais características:

Quadro 7 – Classificação e descrição de cada tipo de ação de extensão

Tipo de ação de extensão Descrição

Programa

Trata-se de um conjunto de projetos e outras ações de extensão (cursos, eventos, prestação de

serviços), preferencialmente

integrando as ações de extensão, pesquisa e ensino, sendo executado a médio e longo prazo.

Projeto

“Ação processual e contínua de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico, com objetivo específico e prazo determinado”.

Cursos

“Ação pedagógica, de caráter teórico e/ou prático, presencial ou à distância, planejada e organizada de modo sistemático, com carga horária mínima de 8 horas e critérios de avaliação definidos”. Cursos abaixo de 8 horas caracterizam-se como evento.

Eventos

“Ação que implica na apresentação e/ou exibição pública, livre ou com

clientela específica, do

conhecimento ou produto cultural, artístico, esportivo, científico e

tecnológico desenvolvido,

conservado ou reconhecido pela Universidade”. Os eventos, por sua vez, classificam-se em: Congresso, seminário, ciclo de debates, exposição, espetáculo ou evento esportivo.

Fonte: elaborado com base no Fórum dos Pró-Reitores de Extensão (2007).

Loureiro e Cristóvão (2000) classificam extensão com base nas funções desempenhadas pela mesma, entendendo-a como uma multiplicidade de pontos interligando a Universidade e os diferentes setores da sociedade, conexão normalmente realizada mediante as seguintes formas:

[...] educação não formal (educação de adultos, formação contínua, formação profissional, que pode ser feita através de seminários, de congressos, de cursos etc.), relacionamento interinstitucional (a transferência tecnológica da universidade para empresas, a relação entre universidades, etc.), serviço universitário (levado a cabo sobretudo por alunos e que enquadra, entre outros programas, a ligação efetiva entre educação e emprego através de estágios), e da prestação de serviços diretos à comunidade (partilha de recursos humanos e técnicos, de instalações, intervenção cultural, participação em programas de desenvolvimento comunitário, investigação aplicada a problemas públicos, etc.), com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento dos indivíduos e do meio onde ela é aplicada (p. 09, grifo nosso).

Estas diferentes formas de realizar a extensão são complementares, ou seja, uma determinada ação ou programa de extensão pode ser enquadrado ao mesmo tempo em mais de um dos tipos apresentados (LOUREIRO; CRISTOVAO, 2000).

Cabe lembrar que mesmo não consideradas efetivamente ações de extensão, o processo de publicações e outros produtos acadêmicos proveniente delas faz parte da implementação da ação, obtendo-a como resultado. Entende-se, com isso, que toda ação deve ser relatada e registrada na forma de publicações e outros produtos acadêmicos (FORPROEX, 2007).