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1 INTRODUÇÃO

2.2 CAPITAL SOCIAL ORGANIZACIONAL

2.2.4 Modelo de capital social organizacional: dimensões,

2.2.4.3 Resultados do capital social

Os resultados do capital social organizacional, conforme o modelo de Román e Rodríguez (2004a), podem ser identificados e compreendidos através dos seguintes atributos: inovação, desempenho (melhoria nos resultados organizacionais) e aprendizagem e geração de conhecimento (ou capital intelectual), A seguir, trazemos algumas contribuições sobre cada um deles.

2.2.4.3.1 Inovação

O tema da inovação é tratado, normalmente, como exclusividade das empresas privadas, porém está presente, também, nas

organizações públicas (ADDISON BARACCHINI, 2002). Trazemos o

conceito a partir de Schumpeter (1982), para ilustrar e justificar os indicadores definidos para o estudo, apesar de não entrarmos muito detalhadamente no assunto. Com efeito, a inovação se constitui numa forma diferente de fazer as coisas num determinado mercado. Partindo- se de “novas combinações” de meios produtivos é que somos capazes de conduzir ao processo de desenvolvimento (SCHUMPETER, 1982).

Na área pública, a inovação é, frequentemente, definida a partir de Koch e Hauknes (2005, p.9) “implementação ou desempenho de uma nova forma específica ou repertório de ação social, implementada deliberadamente por uma entidade no contexto dos objetivos e funcionalidades de suas atividades”.

Segundo Rodríguez (2013), há vários estudos que buscam comprovar a relação entre os sistemas institucionais e políticos ou as várias formas de capital social entre os grupos e a sua influência significativa na capacidade de uma organização gerar inovação, bem- estar e crescimento. Por conseguinte, as organizações deveriam dedicar uma parte cada vez maior de seus recursos com o intuito de fomentar o seu capital social, pois o conhecimento que se encontra em redes e grupos de todas as formas se torna imprescindível para capturar o que conduz à inovação (RODRÍGUEZ, 2013).

Desta forma, a inovação como um dos resultados do capital social de uma Instituição de Ensino é verificada aqui através da aprovação e oferecimento de novos produtos educacionais, ou até mesmo modificações em processos, a partir do acesso e troca de

informações e da ação coletiva em âmbito organizacional, evidenciando a capacidade empreendedora da organização, por Schumpeter (1982).

Em outras palavras, a capacidade empreendedora de uma Instituição de ensino é demonstrada, basicamente, através da sua capacidade de inovação em produtos e em novas linhas de atuação dentro da área educacional com o intuito de promover o

desenvolvimento local9.

2.2.4.3.2 Desempenho

No geral, os níveis elevados de capital social estrutural, relacional e cognitivo podem permitir a geração de importantes bens coletivos pelas organizações, como o conhecimento, reciprocidade e comprometimento, o que pode conduzir a um melhor desempenho (ANDREWS, 2007). Desta forma, Andrews (2007) comenta e indaga até que ponto as realizações de organizações públicas podem ser atribuíveis ao engajamento organizacional nos assuntos públicos, o voluntariado da comunidade, sociabilidade informal e confiança social.

No contexto da administração pública, admite-se que os serviços públicos se beneficiam do capital social na medida em que as redes de engajamento cívico fomentam normas de reciprocidade generalizada e incentivam o surgimento da confiança social. Essas redes facilitam a coordenação e comunicação, permitindo que muitos dilemas sejam resolvidos pela ação coletiva (SCOTT, 2002).

No que tange ao contexto estudado, para se obter os resultados de capital social relacionados à inovação e o desempenho de uma Instituição pública de ensino é oportuna e necessária a adaptação dos indicadores, demonstrada em seguida. Lembramos que estes itens, como resultados de capital social não serão aprofundados em termos teóricos, mas sim como aspectos resultantes do capital social organizacional.

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Poderíamos nos estender e aplicar, de fato, a perspectiva de inovação no setor público, entretanto, só este item resultaria numa outra dissertação. Por isso, optou-se pela otimização do item, aplicando-o de forma simplificada. Além disso, este não seria o foco principal do trabalho, mas sim demonstrar o modelo e, a partir do interesse e foco da pesquisa, poderia ser melhor aprofundado.

2.2.4.3.3 Aprendizagem e geração de conhecimento ou capital intelectual

Nahapiet e Ghoshal (1998) argumentam que o grande motivo para se estudar e identificar as dimensões do capital social em organizações é o potencial existente neste recurso para o desenvolvimento de capital intelectual. As autoras referem-se a capital intelectual como sendo “o saber e a capacidade de conhecimento de uma coletividade social, tais como uma organização, comunidade intelectual ou de práticas profissionais” (1998, p.245). Desta forma, é necessário ir

além do conceito tradicional de capital social, partindo para uma noção de compartilhamento de conhecimento, significados e narrativas, que, por sua vez, pode ser potencial no que se refere ao desenvolvimento de capital intelectual nas organizações.

Para as autoras, o capital intelectual pode ser criado a partir de dois elementos: a combinação e a troca. Capital social facilita, neste sentido, o desenvolvimento do capital intelectual, afetando as condições necessárias para que ocorra a combinação e a troca. Seguindo Schumpeter (1982), firmam-se em sua tese, na qual o desenvolvimento ocorre através de novas combinações, ou seja, qualquer mudança incremental ou desenvolvimento de um conhecimento já existente - isso significa que qualquer novo recurso, incluindo o conhecimento, pode ser criado a partir destes dois processos.

A troca é o elemento-chave da organização apropriada para o desenvolvimento de capital social, o qual tido em um contexto, como laços, normas e confiança, muitas vezes pode (mesmo que nem sempre) ser transferido a partir de um contexto social para outro, influenciando, assim, os padrões de troca social. Como por exemplo, a transferência das relações de confiança da família ou, até mesmo, filiações religiosas para relações de trabalho. Porém, existe a possibilidade disso não ocorrer, já que algumas pesquisas mostram que as rotinas organizacionais podem, muitas vezes, separar ao invés de unir um grupo, restringindo ao invés de permitir a aprendizagem e a criação do capital intelectual (NAHAPIET; GHOSHAL, 1998).

Ainda assim, o capital social e o capital social organizacional, permeados pela confiança se tornam peças essenciais para conduzir ao capital intelectual. A partir de Nahapiet e Ghoshal (1998) e Leana e Van Buren (1999), os autores Teixeira e Popadiuk (2003), elaboraram a seguinte figura, que de forma simples e bastante clara, destacam as

hachuras que representam a confiança que alimenta e permeia os três conceitos:

Figura 3 – Capital social, capital social organizacional, capital intelectual e confiança.

Fonte: adaptado de Teixeira e Popadiuk (2003).

Apesar de Nahapiet e Ghoshal (1998) terem desenvolvido sua tese baseando-se no ambiente interno das organizações, as autoras afirmam que há possibilidade de utilização desta teoria para análise de outros tipos de arranjos institucionais, como é o caso das relações entre empresas.

Anand, Manz e Glick (2002), por sua vez, acreditam que o conhecimento adquirido fora das fronteiras da organização é mais relevante na criação e acumulação de capital social. Para os autores, uma grande parcela do conhecimento de uma organização reside em seus limites formais – chamam de conhecimento interno. No entanto, as organizações necessitam, frequentemente, do conhecimento que não se encontra em seus limites formais – é o chamado conhecimento externo, que pode assumir uma variedade de formas. Defendem, com isso, o capital social como um recurso essencial pelo qual as organizações importam conhecimento externo para a empresa.

Andrews (2007) comenta que, apesar dos níveis de confiança, colaboração e compartilhamento de valores dentro das organizações serem os principais constituintes deste capital, os benefícios da rede quando estendidos além dos limites da organização podem contribuir,

confiança confiança

também, para o crescimento do capital social como um todo (ANDREWS, 2007).

Com isso, tomando-se como base o modelo de capital social organizacional de Román e Rodríguez (2004a), utilizando-se, entretanto, as dimensões do modelo teórico de Nahapiet e Ghoshal (1998), estrutural, relacional e cognitiva, elaboramos uma síntese do modelo de capital organizacional desenvolvido para o presente estudo (Figura 4). No capítulo 3 do presente trabalho (Metodologia), explicitamos os elementos que foram utilizados, assim como a proposta de indicadores, em consonância com os objetivos propostos e a realidade estudada. Segue, com isso, a figura 4:

Figura 4 – Modelo de capital social organizacional adaptado para o

presente estudo

Fonte: elaboração da autora com base em Nahapiet e Ghoshal (1998) e Román e Rodríguez (2004a).