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A origem do nosso conceito de “conhecimento”. – (...) A grande segurança das ciências naturais, em relação à psicologia e à crítica dos elementos da consciência – ciências não naturais, poderíamos dizer –, reside justamente no fato de tomarem o estranho por objeto: enquanto é quase contraditório e absurdo querer tomar por objeto o não-estranho... NIETZSCHE67

Com o intuito de se posicionar esta reflexão científica nos termos que lhes são mais adequados, pretende-se inicialmente firmar as seguintes premissas que antecedem a uma apresentação das questões e hipóteses de pesquisa, de modo a firmar o contexto teórico- empírico em que se pretende articular os nexos, ambiguidades e contradições entre as variáveis de pesquisa: religião/espaço/cidadania.

Eis as premissas, relativamente ao fenômeno socioespacial da segregação e de suas relações com a cidade e com a religião, e, daí, com as práticas de cidadania que lhes são correspondentes, premissas estas que se avaliam adequadas firmarem-se de antemão a uma apresentação das questões e hipóteses de pesquisa relativas ao objeto de pesquisa e ao objeto

de verificação empírica:

I. Que a exclusão socioespacial caracteriza o espaço urbano como uma

estratégia de dominação de grupos hegemônicos sobre o conjunto da sociedade; por outro lado, há sempre atuantes diversas formas de resistência à dominação, mas que, na maioria das vezes, redundam em conformismo do dominado em face da dominação que lhe é imposta.

II. As expressões religiosas, ao instituírem um espaço religioso segregado

dos espaços profanos que caracterizam o mundo cotidiano, são elas mesmas fontes de segregação socioespacial, ou seja, o espaço religioso é segregado no contexto dos demais espaços da cidade, entre estes o espaço urbano, apesar de fazer parte deste. Possa-se, a partir dessas premissas firmadas, no sentido de uma construção das questões e hipóteses desta pesquisa, estar-se de posse de algumas das qualidades intrínsecas ao espaço da cidade e da religião, em termos do fenômeno da segregação socioespacial que os

caracteriza, e de seus significados relativos aos processos de controle e de dominação em uma sociedade marcada pela hierarquização do exercício do poder entre dominados e dominantes, por um lado.

E, de outro lado, esta segregação autoimposta ao espaço religioso no interior da cidade lhe impingiria uma qualidade de ‘sagrado’, e isso significaria apenas uma afirmação de um ‘poder religioso’, longe de estabelecer quaisquer qualidades inerentes a essas espacialidades.

Relativamente às metafísicas alimentadas pelas doutrinas religiosas, os espaços religiosos são também segregados em relação aos demais espaços da cidade, tendo-se em vista um determinado controle e domínio dos sacerdotes junto aos seus ‘rebanhos’, no contexto dos espaços da cidade, em seus poderes político-estatais e econômico- mercadológicos, entre outros.

Assim, a partir do exposto até o momento, da exposição teórica e das premissas firmadas, relativamente ao objeto de pesquisa e ao objeto de verificação empírica, algumas questões elencadas a seguir norteiam a posterior construção das hipóteses de pesquisa mais

gerais relativas ao objeto de pesquisa, e das mais específicas relativas ao objeto de

verificação empírica.

Eis, inicialmente, as questões mais específicas que norteiam esta pesquisa em relação ao seu objeto de verificação empírica, tomado nos seguintes termos, aplicáveis ao município de São José dos Campos, em seu processo histórico de urbanização, de transformações em suas estruturas produtivas e populacionais, no contexto das quais se buscará situar os processos de espacialização da PIBSJC, em dado período de tempo, entre 1930-2010:

A. Como tem se dado o processo de urbanização na cidade de São José dos

Campos e de espacialização desse grupo religioso, a PIBSJC, a partir de uma correlação entre modelos de gestão eclesiástica e modelos de gestão urbana no município, ao longo do período elencado para esta pesquisa (1930-2010)?

A) Há rupturas/continuidades em termos das estratégias de

espacialização das atividades desse grupo religioso e das formas de gestão urbana no município, isso no contexto espaço-temporal ao longo do processo histórico (diacronia) e em termos das relativas espacialidades constituídas

B) Tais espacializações relativas a cada contexto espaço-temporal (diacronia/sincronia) promovem ou impedem a construção e o exercício da cidadania em nível local, tanto no governo desta cidade, quanto no governo desta igreja? E o que se processaria em termos globais?

Por outro lado, algumas outras questões mais amplas e gerais se apresentam a esta reflexão, tendo-se em vista seu objeto de pesquisa, que é o ‘espaço religioso’ no contexto do ‘espaço da cidade’, tendo como foco uma compreensão dos processos de exercício da cidadania que lhes são correspondentes.

Eis tais questões mais amplas e gerais a que se fez referência acima:

1. Que relações se dariam, a cada caso, entre o fenômeno religioso, o

fenômeno da segregação socioespacial e os variados tipos de exercício da cidadania? 2. Em que situações a prática religiosa tenderia a reforçar os padrões de uma segregação socioespacial ou a atenuá-los, tendo-se em vista os tipos de cidadão implicados em cada caso?

3. Que papel a segregação na cidade possui na instituição do espaço

religioso, posto que, muitas vezes, este também se apresenta segregado? E quais os desdobramentos em termos das cidadanias aí envolvidas?

4. A segregação urbana e religiosa seria um elemento fundamental do

poder secular e religioso? E, por conseguinte, implicado necessariamente no estabelecimento dos diversos tipos de cidadania?

5. Esses poderes socioespaciais estariam a legitimar/questionar outros

poderes hegemônicos, sejam estes seculares e/ou religiosos, através dos expedientes da alienação do indivíduo massificado e/ou da estruturação do sujeito autônomo?

6. Como os instrumentos de análises teóricas interferem nas conclusões

apresentadas nestas reflexões, dado que o fenômeno religioso se apresentaria ora promovendo uma integração, ora uma segregação socioespacial, com seus respectivos desdobramentos para as práticas de cidadania, também, variando suas análises conforme as situações verificadas e as ideologias do pesquisador em questão? Sem

contar as variantes necessárias nas exegeses e hermenêuticas desses pensamentos? Haveria alguma unidade na diversidade de interpretações relativas à religião, ao

espaço e à cidadania?

Assim, tais questões mais gerais, e outras mais, permitiram situar as hipóteses desta pesquisa, desde que se admita que a segregação socioespacial da cidade e da organização religiosa possua imbricações dialéticas e implicações para construção/obstrução das práticas de cidadania, sobretudo no que diz respeito ao governo da religião, da cidade e dos cidadãos.

Essas relações entre as variáveis de pesquisa, por vezes ambíguas, por vezes contraditórias, são as quais se pretende tornar explícitas ao longo desta tese. E, a partir dessas questões apresentadas, propõem-se as seguintes hipóteses gerais para esta pesquisa:

1) Sob determinada ótica da produção social do espaço da cidade e das práticas religiosas, essas espacialidades se apresentariam contraditórias e ambíguas, pois tenderiam à reprodução da lógica socioespacial hegemônica e excludente da cidade, que promove uma fragmentação do espaço urbano e uma crise dos espaços públicos, expressões materiais e simbólicas de uma cidadania tutelada e restringida.

2) Portanto, parte dessas características do espaço da cidade e dos espaços religiosos os tornaria pouco aptos como elementos de articulação a uma participação mais ampla da população no governo da cidade e da religião, em suas respectivas formas de governo.

3) No geral, haveria, desse modo, certo alinhamento, das formas de espaço religioso, espaço público e urbano, em torno a centralidades hegemônicas favoráveis aos representantes dos poderes públicos e do capital, materializadas e simbolizadas nas cidades e nas religiões, atuando em detrimento à cidadania tida como participação e construção ativa da realidade do mundo.

4) Com isso, a religião transformar-se-ia em um ‘espaço coletivo privado’

impotente para fazer frente à crise dos espaços públicos e à fragmentação da cidade, reforçando certo cerceamento ao pleno exercício e à construção da cidadania, sobretudo se pensada como relativa autonomia das pessoas e das

Essas hipóteses de pesquisa mais gerais acima propostas permitem, em parte, uma reflexão, junto ao objeto de verificação empírica, a respeito de algumas das estratégias de construção do espaço da cidade de São José dos Campos, e, nesta, do espaço religioso da PIBSJC.

Isso desde que, em parte significativa das estruturas de uso e ocupação do espaço urbano, a PIBSJC apresentaria certo alinhamento com as transformações socioespaciais hegemônicas no município de São José dos Campos, cidade em que tal igreja se localiza, tendo-se em vista suas estratégias de ocupação socioespacial ao longo de sua história recente nesta ‘simbólica’ e ‘estratégica’ cidade brasileira contemporânea.

As evidências empíricas que serão apresentadas oportunamente no Capítulo 3 possuem suas respectivas implicações em termos da construção/obstrução a um exercício da cidadania no caso em tela, mas acabariam por exprimir certo ‘sentido histórico para uma urbanística e arquitetura contemporânea’, relativamente às complexas relações entre dominantes e dominados na cidade em questão, e em relação aos espaços regionais, nacionais e globais em

que se inserem tais formas de ‘espaços religiosos’ da igreja em questão68.

Desse modo, pretende-se verificar as seguintes hipóteses mais específicas, aplicáveis ao objeto de verificação empírica:

a) Haveria uma centralidade pretendida pela referida igreja em suas

estratégias de expansão e modelos de gestão eclesiástica, ao longo de sua história na cidade, que têm sido sensíveis aos significados econômicos, políticos, científico- tecnológicos, estratégico-militares, demográficos, urbano-regionais, assumidos pelo município de São José dos Campos em nível local, regional, nacional e global.

b) Além de que, há certa ressonância entre os modelos hegemônicos de

gestão urbana e os modelos de gestão eclesiástica nos referidos casos, em que ambos apontam para a confluência de interesses em relação à ‘gestão de um coletivo de fiéis’ com grande ‘potencial formador de opinião política’, em nível local, regional e nacional.

Tem-se, desse modo, para os propósitos mais gerais, e também específicos, das hipóteses afirmadas, que:

A. Toda forma de organização religiosa que priorize sua espacialização na forma de espaço urbano deverá apresentar tais características apontadas para este caso de verificação empírica, evidentemente guardadas as devidas especificidades em cada caso considerado, que, em síntese, admite também as seguintes outras hipóteses teórico- empíricas mais amplas, de que:

a. As massas urbanas, mesmo quando intelectualizadas através de

determinada teologia, cumprem seu papel psicossocial de massa, tendo, por uma de suas características fundamentais, determinadas formas de comportamento diante das relações de poder, que são marcadamente alienantes em relação à gestão das ‘representações simbólicas do coletivo’, entre estas as que dizem respeito à religião, à cidade e à cidadania;

b. E isso caracterizaria e seria caracterizado por uma forma de crise

estrutural do espaço público na cidade moderna, que põe a reboque, ou tem como um de seus motores, uma estruturação oficial dos espaços religiosos no espaço urbano, que visaria a uma construção da cidade, da religião e do citadino em favor dos interesses hegemônicos do Estado e do mercado.

Assim, em termos mais gerais e amplos, no estudo das relações entre campo religioso e sociedade, as cidades, com seus respectivos espaços, foi, é e, em que se pese a atual práxis,

continuará a ser um lugar de controle e de domínio das massas, longe de se constituir como lugar de esperança, de justiça social e de vida, para as amplas camadas sociais que a compõem, independentemente das promessas de tal ou qual fé, cidade ou cidadania, ou de

1.5.

Tese

Origem do lógico. – De onde surgiu a lógica na mente humana? Certamente do ilógico, cujo domínio deve ter sido enorme no princípio (...) O curso dos pensamentos e inferências lógicas, em nosso cérebro atual, corresponde a um processo e uma luta entre impulsos que, tomados separadamente, são todos muito ilógicos e injustos; habitualmente experimentamos apenas o resultado da luta: tão rápido e tão oculto opera hoje em nós esse antigo mecanismo. NIETZSCHE70

A partir de uma introdução à problemática e à temática de pesquisa apresentadas, tendo-se em vista o objeto de pesquisa e o objeto de verificação empírica inserido nesse contexto, e, valendo-se por balizas das questões e hipóteses de pesquisa enunciadas, afirma-se como tese desta pesquisa:

As organizações religiosas atuam no sentido da construção de uma determinada lógica socioespacial que pode, ou não, promover um exercício de participação no modelo de gestão religiosa no contexto interno de um determinado grupo. E, mesmo que uma gestão participativa ocorra no contexto das práticas religiosas, esta pode não garantir um exercício da cidadania no contexto da cidade, esta também entendida como participação efetiva na gestão da cidade. Isso se daria desse modo porque, no Brasil, a cidadania ainda não se constituiu e nem é exercida localmente, sendo essa lógica socioespacial da não-cidadania (re)produzida na cidade e na religião.

Assim, a partir dessa tese, tem-se que a prática de um poder religioso, em suas formas variadas, em termos de um modelo ideal, mover-se-ia entre dois extremos, ora integrando grupos/sujeitos no seio da vida coletiva, ora promovendo a desintegração de grupos/indivíduos no contexto da vida social, tendo-se em vista determinados tipos ideais de cidadania.

E esse processo de integração/desintegração das pessoas no coletivo de que participam e que (as) constroem promoveria um alinhamento/conformismo ou contestação/resistência aos outros poderes seculares e hegemônicos, na medida mesma da abertura ou fechamento ao

pensamento crítico, seja este mítico ou racional, relativo às pessoas, aos grupos e instituições religiosas na cidade, e a partir dos processos de segregação socioespacial que lhes são correlatos, com seus devidos desdobramentos nas formas de exercício da cidadania.

Assim, na ‘cidade de muros’, de um modo geral, os fenômenos religiosos tenderiam a reproduzir uma lógica socioespacial que hierarquiza os territórios e as pessoas, marcando os tipos de cidadania que poderiam ter lugar em tais espaços de controle e de dominação.

Com essa forma de ocupação e hierarquização do espaço, os ‘lugares de culto’ formariam elementos da paisagem urbana que se construiriam e reafirmariam a mesma lógica de dominação socioespacial da fobópolis, apesar da presença de um discurso religioso de igualdade entre os fiéis, o que não deixaria de se refletir nas qualidades de construção e expressão de uma ‘cidadania restrita’.

Isso se daria com praticamente a totalidade dos grupos religiosos urbanos, desde que habitam e constroem uma religião e uma cidade, também em seus aspectos de segregação e fragmentação social e espacial, com profundos reflexos para as práticas de cidadania, sem dizer dos tipos restringidos de expressão desta última.

Nesses grupos religiosos, prevaleceria pouco interesse em intervir na problemática socioespacial da cidade, no sentido de fazer retroceder toda desigualdade entre as pessoas; e na medida em que demonstram esse desinteresse, reafirmariam as características de segregação do espaço urbano, na medida em que se insere, urbanística e arquitetonicamente, enquanto espaço religioso marcado por processos de segregação socioespacial, reafirmando as características da cidade, nos espaços da religião e da cidadania.

As práticas religiosas situar-se-iam, portanto, entre um ideal de diminuir esta segregação e na promoção da mesma, com implicações na construção ou não de certa autonomia do sujeito consciente de sua responsabilidade no exercício de uma relativa liberdade.

Isso dependeria, a cada caso analisado, das dinâmicas de poder em questão, das temáticas envolvidas, das instituições religiosas a que se fizer referência, de elementos culturais envolvidos, das escalas de análise (cidade/organização/grupo/pessoal), de variações geográficas e do processo histórico.

Conforme a composição de variáveis e de situações que possam caracterizar cada evento específico a ser analisado, e também dependendo dos instrumentos analíticos e dimensões da realidade a ser considerados, poderão ser verificadas certas contradições e ambiguidades relativas aos espaços religioso, urbano e da cidade, concomitantes nos processos de estruturação do ‘sujeito autônomo/indivíduo alienado’.

Por exemplo, poder-se-ia, em nível institucional, ocorrer um processo de integração, e, em outro nível (cidade, interpessoal ou intrapessoal), um processo de desintegração concomitante; tal como quando há uma integração e crescimento institucional à custa das liberdades pessoais, ocorrendo, nesse caso, integração organizacional e desintegração pessoal, o que em si é contraditório e ambíguo.

Ao assumir uma determinada espacialidade, o fenômeno religioso se diferenciaria dos demais espaços da vida social, e, em relação a estes, fundaria um poder que tenderia a se legitimar em função de uma trama de relações de hegemonias que caracterizariam a cidade.

E, por derivação, os espaços religiosos afirmariam os próprios grupos de poder que conformam esse espaço urbano, e que têm no fenômeno da segregação socioespacial um instrumento para a consecução de projetos de hegemonia.

Nesse sentido, à medida que a segregação do espaço religioso se afirme a partir da segregação socioespacial presente no espaço urbano, isso poderia contribuir para uma afirmação de um processo de dominação, que teria na cidade e na religião um elemento instrumental estratégico à formação de determinadas hegemonias, que, de fato, governariam os espaços da cidade, da religião e da cidadania.

Raramente as espacialidades religiosas se afirmariam em luta contra esses processos de dominação presentes na cidade, conforme se tem observado na práxis religiosa em geral.

A segregação se faria presente na construção do espaço, da sociedade e das pessoas, perpassando camadas mais objetivadas da vida coletiva e se imiscuindo com outras dimensões relacionais mais subjetivadas.

E, nesse contexto, as expressões religiosas atuariam ora visando à formação do sujeito autônomo, ora o reduzindo a um indivíduo consumidor de uma religiosidade pronta e de massas.

Daí se propor uma verificação dos momentos de integração e de desagregação presentes nas práticas religiosas relativas à produção do espaço urbano e à constituição ou não de sujeitos relativamente autônomos, a cada momento dos processos sociais, históricos e geográficos, a fim de apreender sua dinâmica na (des)estruturação dos grupos humanos.

A seguir, discutem-se alguns pontos relativos à metodologia adotada nesta pesquisa.

1.6.

Metodologia

Do “gênio da espécie”. – (...) Não temos nenhum órgão para o conhecer, para a “verdade”: nós “sabemos” (ou cremos, ou imaginamos) exatamente tanto quanto pode ser útil ao interesse da grege humana, da espécie: e mesmo o que aqui se chama “utilidade” é, afinal, apenas uma crença, uma imaginação e, talvez, precisamente a fatídica estupidez da qual um dia pereceremos. NIETZSCHE71

Particularmente, quanto ao campo de pesquisas acerca dos fenômenos religiosos, percebe-se que existem processos de segregação presentes nas próprias formas de encaminhamento disciplinar em cada área do conhecimento científico, podendo mascarar alguns dos antagonismos e ambiguidades relativos às análises das relações entre religião, espaço e cidadania.

Isso se dá desde que, sob uma ótica disciplinar, constrói-se uma determinada interpretação afirmativa, e, em outra abordagem científica, outra interpretação negativa dessas relações, isso nas interpretações relativas aos fenômenos religiosos e a suas relações com a segregação socioespacial, quando tais processos se reforçam mutuamente ou não, e em seus desdobramentos para constituição de sujeitos autônomos ou de indivíduos massificados e alienados.

Ao se tratar de perspectivas analíticas distintas, se postas em diálogo, poderiam contribuir para explicitar parte das contradições e ambiguidades socioespaciais presentes no

Essa forma de produção de conhecimento é algo típico a uma abordagem transdisciplinar, que se compõe a partir de diversas áreas das ciências que se dedicam à reflexão das variáveis desta pesquisa, sem que se vise a uma hierarquia entre tais visões disciplinares.

Desse modo, no Capítulo 2, esta tese pretende-se ancorada, de um ponto de vista