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3 A RBH E A CONFIGURAÇÃO DO CAMPO HISTORIOGRÁFICO

3.1 A RBH NOS ANOS 1990: As redes intelectuais e institucionais que

Em seu memorial acadêmico intitulado “A invenção de mim” apresentado para o concurso de professor titular de Teoria da História da UFRN, em 2006, o historiador Durval Muniz de Albuquerque Júnior descreve o cenário institucional do início dos anos 1990, em especial o da UNICAMP, da seguinte maneira:

Dois anos depois de haver defendido a Dissertação, 1990, volto à UNICAMP para cursar o Doutorado em História. Sabendo que o Departamento encontrava-se agora dividido entre historiadores sociais e historiadores culturais e que a anterior aliança e o uso concomitante nas dissertações de autores como E.P. Thompson e Michel Foucault, o que também fizera em minha Dissertação, que ocorrera no momento em que as disputas pela hegemonia no interior dos Departamentos de História e do campo historiográfico davam-se entre a chamada nova história e a chamada “velha guarda marxista”, haviam sido rompidos com a aposentadoria da maioria dos professores e com o acirramento da disputa por espaços entre as novas gerações. (ALBUQUERQUE JR., 2006, p. 15)

De acordo com Albuquerque Jr. os anos 1990 haviam começado com uma maior definição teórica e metodológica das áreas, dos temas e, sobretudo, dos lugares a partir dos quais se pensava e se produzia a história, em especial na UNICAMP. Uma redefinição que, segundo ele, apontava não só para a construção de uma nova

hegemonia, mas, sobretudo, para a emergência de novas disputas políticas, institucionais e intelectuais no interior da academia. O discurso de Albuquerque Jr. aponta para uma mudança que já vinha sendo sentida de forma sensível no interior da própria RBH no final dos anos 1980, qual seja: a emergência de temas, abordagens e narrativas ligadas ao que se nomeava a época como “Nova História Cultural”, em especial a partir de sua vertente francesa. Ou como diz Albuquerque Jr., se nos anos 1980 a disputa era contra a “velha guarda marxista” e os ranços de um marxismo estruturalista, economicista, mecanicista e estalinista feita por historiadores que se instrumentalizavam da história nova, sobretudo a partir da perspectiva dos Annales, de Febvre, Bloch e Braudel, em especial, e de historiadores e teóricos como Thompson e Foucault, usados concomitantemente e sem maiores preocupações teóricas, para fazer o combate àquelas posturas e construir novos lugares de pertencimento político, institucional e intelectual, nos anos seguintes estas disputas irão ocorrer em torno de outros lugares e disputando outros espaços, como veremos mais adiante.

Outro historiador, José Jobson Arruda, ligado ao programa da USP e com forte influência sobre a RBH ao longo dos anos 1980 constrói esta viragem de década da seguinte maneira:

No primeiro momento [anos 60/70], a influência da tradição marxista e da tradição braudeliana é incisiva e se faz presente na seleção dos temas, no domínio conceitual, na reflexão teórica, na busca de sentido, na estruturalização compreensiva dos conteúdos, num diálogo permanente entre os textos de Marx, Braudel, Villar, Labrouse e, em menor escala, Bloch e Febvre (...) No segundo momento [anos 80/90], nas pegadas do movimento historiográfico francês que cria e alimenta a Nova História, indelevelmente vincado pela influência de Michel Foucault, instala-se o domínio da pequena história, da micro-história, reforçando a dimensão descritiva do arquivo, restauração indescartável de pródromos positivistas que haviam sido erradicados pelo movimento dos Annales, e que aproxima a história da etnografia, numa antropologização inequívoca do discurso historiográfico. Ao excesso de teorização, de análise do primeiro momento, se contrapunha a ênfase na documentação, no reforço da descrição e da narração. (ARRUDA e TENGARRUINHA, 1999, p. 98-99)

É desta maneira que a maioria dos analistas descrevem os anos iniciais da década de 1990 quando se trata de avaliar a produção do conhecimento histórico produzido no país naquele período, muito embora tenhamos tomado aqui apenas o caso da UNICAMP, a partir do depoimento de Albuquerque Jr., e a análise de um dos

mais destacados dos professores da USP, José Jobson Arruda, como representativo deste quadro institucional que apontavam mudanças que diziam “respeito ao recorte espaço-temporal, predileção por áreas, diálogos interdisciplinares, uso de novas fontes com vistas a novos objetos, mudanças de perspectivas e influências teóricas”, (MELLO, 2012, p. 18) bem como rearranjos políticos e institucionais42. Iniciei este

tópico com esta discussão para apontar que a ANPUH e a RBH continuam, neste momento, ainda vinculadas às mesmas relações políticas e institucionais sob as quais se cerraram na década anterior. A Associação vai ser presidida, no biênio 1989-1991 pelo historiador da USP Arnaldo Daraya Contier, e a revista terá um Conselho Editorial formado por dois historiadores da mesma instituição, Laura de Mello e Souza e Vera Lúcia Amaral Ferlini, ambas de uma “terceira geração” de historiadores formados naquele programa. A primeira orientanda de Fernando Novais e a segunda de José Jobson de Arruda. Além das duas comporá o Conselho um professor da UFRJ, Manoel Salgado Guimarães, um da UNICAMP, Vavy Pacheco Borges e um quinto da UFPR, a professora Maria Ignes de Boni que fez sua formação no programa da USP sob a orientação de Anita Novinsky. Portanto, do ponto de vista institucional o PPGH da USP continua predominando nos espaços e lugares hierárquicos tanto da ANPUH quanto da RBH.

Embora neste biênio tenhamos a novidade de dois historiadores de programas fora de São Paulo, a UFRJ e a UFPR, essa presença parece não se traduzir em força institucional capaz de se expressar nas publicações da RBH ao longo do biênio, e fazer circular neste espaço a produção destes outros programas. Basta

42 A este respeito o historiador Ricardo Marques de Mello na sua tese de doutorado intitulada

“Tendências historiográficas na Revista Brasileira de História: 1981-2000” ao historiar e analisar a Revista nas suas primeiras duas décadas afirma o seguinte: “Uma análise mais detida dos artigos publicados na RBH permitiu-me identificar um período de alterações entre o final da década de oitenta e o início da década seguinte. Evidentemente, não se trata de uma ruptura a partir da qual determinadas preferências deixaram de ser praticadas e outras teriam ascendido. Ainda assim, é possível dividir as predileções por áreas em duas partes. A primeira diz respeito aos artigos publicados entre 1981 e 1990, que perfaz os primeiros vinte números da RBH; a segunda refere-se ao período compreendido entre 1991 e 2000, que concerne aos vinte números restantes. Os dados relativos a essa primeira parte apresentam um percentual significativo de textos alocados em história social, os quais já estão bem distribuídos nesses primeiros vinte números da RBH. Os artigos de História Cultural, por sua vez, começaram a aparecer apenas a partir do número 8/9, mas, no computo geral, ocuparam a segunda área mais procurada, o que demonstra um crescimento significativo. História política, historiografia e teoria da história mantiveram, cada um a seu modo, uma participação pequena, embora bem distribuída. Ensino de história e história intelectual concentraram-se em números específicos da RBH, resultado dos dossiês que lhes abrigaram. E, por fim, história econômica apresentou-se três vezes nos primeiros quatro números, perdeu fôlego e só voltou a figurar uma última vez no décimo segundo número”. (MELLO, 2012, p. 73). Cf. MELLO, Ricardo Marques de. Tendências historiográficas na Revista Brasileira de História: 1981-2000. Tese de Doutorado [Orientadora: Tereza Cristina Kirschner]. Brasília: UnB, 2012.

apontar que neste período foram publicados 36 textos nos três dossiês editados43. E

destes 36, 13 textos são de autores ligados a UNICAMP (quase todos os professores do programa publicaram na RBH neste período) 11 de autores ligados a USP, 7 de autores estrangeiros, cinco de autores ligados a instituições cariocas (2 da UFRJ, autores ligados a UFF, UFRRJ e UERJ comparecem com 1 texto cada). Além disto, quatro dos cinco autores ligados as instituições do Rio de Janeiro ou estavam terminando o seu doutorado naquele momento ou o haviam terminado muito recentemente na USP. O que, mais uma vez, explicita o predomínio e a ascendência institucional dos dois principais programas paulistas sobre a revista. O pertencimento a um destes dois programas parecia ser uma credencial fundamental para publicar na RBH. Embora os dossiês deste biênio apontem para as renovações temáticas, de objetos e perspectivas, apontando para uma maior presença da “Nova História Cultural” e de temas correlatos aos estudos culturais, os lugares predominantes de produção desta renovação permanecem os mesmos, a USP e a UNICAMP. Isto vai atestar uma outra característica desta historiografia circulada na RBH, a predominância do Sudeste como o espaço mais estudado por ela, como aponta o historiador Ricardo Marques de Mello:

Dentre os artigos que escolheram um espaço no território nacional para analisar, o sudeste foi o mais privilegiado [68,4% do total], ocorrência explicável pela localização dos principais centros de pesquisa e produção historiográficas do país; o nordeste recebeu a atenção de 14,6%, concentrando seus estudos em Pernambuco, Bahia, Maranhão e Ceará; a região sul foi objeto de 11,5% dos textos; e o centro-oeste de apenas 3,0 %. O fato mais marcante [talvez] seja a presença de apenas um artigo referente à região norte. Com cinco unidades federativas...e o maior território do país, a região norte foi a menos mencionada. Apenas um texto faz remissão específica ao Acre44. (MELLO, 2012, p. 84)

43 Neste período foram publicados os dossiês: “Reforma e Revolução” no Nº 20, quase todo ele

composto por textos de professores do programa da UNICAMP; o Nº 21 com o dossiê temático “América, Américas”, aberto por um artigo do historiador italiano Carlo Ginzburg intitulado “O inquisidor como antropólogo”, e que trará textos, em sua maioria de autores da USP e da UNICAMP, alternando abordagens caras a então chamada “Nova História Cultural” de matriz francesa, com alguns textos de micro-história, na perspectiva do próprio Ginzburg, com outros inspirados na Social History inglesa. O Nº 22, com o tema “Estruturas agrárias e Relações de poder traz apenas cinco textos, todos de autores ligados ao programa da USP, com abordagens que apontam para as mesmas perspectivas dos números anteriores.

44 E este único artigo que perscruta parte da história do Acre é de autoria de uma historiadora da PUC-

SP que teve toda sua formação feita no PPGH da USP, Maria Antonieta Antonacci. Cf. ANTONACCI, Maria Antonieta. Cultura, trabalho, meio ambiente: estratégias de ‘empate’ no Acre. In: Revista

Além desta tendência se explicar pelos lugares institucionais de onde a maior parte das pesquisas publicadas na RBH são produzidas, isto expressa como estes programas e os professores e historiadores a eles ligados vão perceber o que era a História do Brasil naquele momento. Ou melhor, o que poderia ser chamado de História do Brasil ou generalizado como tal. Para estes autores e para aqueles programas a história do Sudeste e, em especial de São Paulo, eram não só representativas da História do e no Brasil, mas contavam a própria história nacional. Tanto é assim que as narrativas históricas que se ativeram a discutir ou construir a história de outros espaços eram nomeadas de histórias regionais ou, simplesmente, histórias locais. Operando assim, na ordem do saber histórico, a mesma relação de poder que construíam as divisões geopolíticas do território brasileiro naquele momento. Como vai dizer Mello:

É surpreendente a quantidade de artigos que recortam seu espaço de análise em algum lugar do Sudeste e faz remissão ao Brasil como um todo, como se o caso estudado fosse representativo e aplicável ao restante do país. A predominância de determinados recortes espaciais, portanto, pode designar, além de uma relação afetiva, uma relação geoestratégica de poder.

Sem dúvida estes dois fatores condicionaram a maior parte dos artigos da RBH. Eles servem para compreendermos melhor como um determinado espaço é delimitado tendo em conta fatores afetivos, por relações de poder e práticos, por assim dizer. Torna compreensível, por exemplo, por que aumentou o número de regiões que estavam ausentes no primeiro período ou por que espaços pouco pesquisados na década de oitenta receberam maior atenção na década seguinte, uma vez que a expansão das pós-graduações em história ocorreram na década de oitenta e noventa. (MELLO, 2012, p.103)

Portanto, me parece bastante claro como esta historiografia e os historiadores que ocupavam os lugares de sujeito de sua produção se viam e se pensavam como produzindo não só a historiografia nacional, mas a própria História do Brasil. Esta característica da historiografia produzida no país vai passar praticamente incólume ao longo das décadas de 1980 e 1990, em especial nas páginas da RBH, onde não encontramos nenhuma discussão acerca do conceito de espaço ou dos recortes espaciais propostos nos textos publicados e, muito menos, acerca desta divisão entre História do Brasil e História Regional e/ou local. Muito pelo contrário, a ausência de crítica e problematização sobre estes aspectos atestam apenas a naturalização da construção destes lugares e classificações. O mesmo se

pode dizer sobre a divisão operada entre História Social e História Cultural, quase sempre feita a posteriori – como vimos nas análises de Albuquerque Jr, Arruda e Mello – e que não corresponde ou adere totalmente às práticas historiográficas do período a que pretendem nomear, não neste sentido monolítico e homogêneo que aparecem nas análises e nas memórias posteriores. Como vimos acima, ainda não há, até os primeiros anos da década de 1990 esta definição de forma tão clara e contornada. Muito menos há uma discussão de ordem teórica e historiográfica, sobretudo nas páginas da RBH, que proponha estes recortes e os estabeleça a partir daquilo que estava sendo produzido e circulado pela revista. Como veremos na segunda parte desta tese, esta discussão e o estabelecimento do debate que busca nomear e classificar as práticas historiográficas do período se darão em outros espaços e instâncias e mobilizando outros sujeitos historiadores que, nem sempre, estiveram presentes nas discussões circuladas pela RBH.

No biênio seguinte, 1991-1993, há uma alteração sensível em relação aos sujeitos que ocuparão a presidência da ANPUH e que comporão o Conselho Editorial da Revista. Pela primeira vez a Associação seria dirigida por um historiador ligado a uma instituição do Rio de Janeiro, o historiador Afonso Carlos Marques, professor da UFRJ. Muito embora Marques tenha feito sua formação em nível de mestrado e doutorado na USP, sob a orientação de um dos principais expoentes daquela instituição, o historiador Fernando Novais, sua presidência vai significar um movimento de abertura política dentro da ANPUH e também da RBH para a presença de historiadores e da produção de outros PPGHs, ainda de forma pouco sensível, mas bem simbólico se comparado ao que se fazia até então. Isto parece se expressar na composição do Conselho Editorial para o período, formado por seis professores de instituições diversas: USP, UNICAMP, UNESP-Franca, UFRJ, UFPR e UFPE. Muito embora quatro deles (Vera Lúcia Amaral Ferlini (USP), Kátia Maria Abud (UNESP- Franca), Maria Ignes Mancini de Boni (UFPR) e Leila Mezan Algranti (UNICAMP)) tenham sido formados na USP, os mesmos pareciam estar, naquele momento, mais diretamente envolvidos no que se passava no interior dos programas onde lecionavam do que ligados ao seu programa de formação e as redes institucionais dele derivadas. Os outros dois membros do Conselho, Manoel Salgado Guimarães (UFRJ) e Luís Manoel Domingues do Nascimento (UNICAP-PE) haviam feito sua formação na Alemanha e na UFPE, respectivamente. Mas, apesar desta diversidade do Conselho Editorial, a mesma não consegue se expressar nos textos publicados nos dois dossiês

deste período. Uma vez que dos 27 textos publicados, onde constam 32 autores, devido aos textos em coautoria, 12 são de autores ligados a USP e 6 a UNICAMP, ou seja, a imensa maioria. Há mais cinco autores ligados a instituições paulistas (3 da PUC-SP e 2 da UNESP, todos com formação na USP ou UNICAMP) também com fortes vinculações com àqueles dois programas, quatro da UFPR (coautores do mesmo texto, dois deles com formação na USP)45 dois da UFPE46 (um com doutorado

na USP e outro com mestrado e doutorado na UNICAMP) e a UFF (Gladys Sabina Ribeiro, que havia terminado a pouco o doutorado na UNICAMP)47 e a Universidade

Federal do Ceará – UFC (autor com formação na USP)48 comparecem com apenas

um cada. Portanto, apesar da presidência da ANPUH estar nas mãos de um professor de uma instituição do Rio de Janeiro, a UFRJ, e o Conselho Editorial da RBH

45 Os autores são Euclides Marchi, que tem mestrado em História pela PUC-SP sob orientação de

Casemiro dos Reis Filho e doutorado pela USP sob orientação de Augustin Wernet. Maria Ignês M. de Boni, professora da UFPR com mestrado na mesma instituição, sob orientação de Oksana Olga Boruzenko, e doutorado na USP, sob orientação de Anita Novinski. Márcia Teresinha Andreatta Dalledone Siqueira, também professora da UFPR com mestrado e doutorado feitos na mesma instituição sob orientação de Jayme Antonio Cardoso. Sergio Odilon Nadalin, professor da UFPR com mestrado em História na mesma instituição, sob orientação de Altiva Pilatti Balhana, e doutorado da EHESC em Paris sob orientação de Louis Henry. O texto em questão é o seguinte: Cf. MARCHI, Euclides, BONI, Maria I. M, SIQUEIRA, Márcia e NADALIN, Sergio. Trinta anos de historiografia: um exercício de avaliação. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, Vol. 12, Nº 25/26, Set. 1992/Ago. 1993, pp. 131-141. O historiador Jurandir Malerba produzirá uma crítica bastante ácida sobre o tipo de avaliação historiográfica proposta pelos historiadores paranaenses acerca do curso de História da UFPR e seus professores. Cf. MALERBA, Jurandir. Notas à margem: a crítica historiográfica no Brasil dos anos 1990. In: TEXTOS HISTÓRICOS. Vol. 10, Nº 1/2, 2002, pp. 181- 211.

46 O primeiro texto publicado em 1992, no dossiê conjunto “Política & Cultura”, que era composto pelos

número 23 e 24 no mesmo volume, 12, é de autoria do professor da UFPE, Antônio Jorge Siqueira que havia feito o mestrado na EHESC em Paris e o doutorado na USP, sob orientação de Maria Regina Rodrigues Simões de Paula. O segundo texto, publicado no ano seguinte, 1993, no dossiê conjunto “Memória, História, Historiografia: dossiê ensino de História”, comporto pelos números 25 e 26 que formam o volume 13, é de autoria do também professor da UFPE. Antônio Torres Montenegro. Este havia feito sua formação em nível de mestrado e doutorado na UNICAMP, sob orientação de José Roberto do Amaral Lapa e Edgard Savadori De Deca, respectivamente. Cf. SIQUEIRA, Antonio Jorge. O direito da fala (violência e política em “Vidas Secas”). In: Revista Brasileira de História. São Paulo, Vol. 12, Nº 23/24, Set. 1991/Ago 1992, pp. 91-98. e MONTENEGRO, Antonio Torres. História Oral, caminho e descaminhos. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, Vol. 12, Nº 25/26, Set. 1992/Ago. 1993, pp. 55-65.

47 Gladys Sabina Ribeiro fez o seu mestrado na UFF, entre 1981 e 1987, sob orientação de Robert

Slenes, depois migra, junto com seu orientador, para a UNICAMP, onde realiza o doutorado entre 1990 e 1997, também sob orientação de Slenes. O texto em questão é o seguinte: RIBEIRO, Gladys Sabina. “Pés de Chumbo” e “Garrafeiros”: a revista “O Progresso” e a (re)criação da monarquia constitucional no Brasil (1846-1848). In: Revista Brasileira de História. São Paulo, Vol. 12, Nº 23/24, Set. 1991/Ago, 1992, pp. 141-164.

48 O texto em questão é do professor José Ricardo Oriá Fernandes, da UFC, que fez sua formação em

nível de mestrado na UFC, em Direito, e o doutorado em Educação, na USP, no ano de 2009, sob orientação de Circe Bittencourt. No entanto sua graduação é em Direito, com duas especializações em História pela UFC. Cf. FERNANDES, José Ricardo Oriá. Educação Patrimonial e cidadania: uma proposta alternativa para o ensino de História. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, Vol. 12, Nº 25/26, Set. 1992/Ago. 1993, pp. 256-276.

expressar uma aparente diversidade institucional, o corporativismo e o paroquialismo uspiano e unicampista se fizeram sentir do mesmo modo de antes nas publicações circuladas na RBH ao longo deste biênio. Privilegiando os temas e as abordagens historiográficas que constituíam as tendências de pesquisa hegemônicas dentro daqueles dois departamentos, apontando para uma acentuação sensível dos temas ligados ao que era nomeado de “História Cultural”, como parece expressar o tema dos dois dossiês publicados no período: “Política & Cultura”, que congrega os números 23 e 24, e “Memória, História, Historiografia” composto pelos números 25 e 26 no mesmo volume.

Já o biênio que vai de 1993 a 1995 expressará mudanças mais sensíveis