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4.1 Rede pública e rede privada de educação pré-escolar: o mesmo grau de ensino, as mesmas regras?

Estando provados os benefícios cognitivos, sociais e académicos da educação pré- escolar, esta continua nos dias de hoje a lutar pelo seu reconhecimento quer pelos seus pares quer pela sociedade em geral como constata Godinho (2005, p. 43), ‖com o advento da universalização da educação de infância em idade pré-escolar, as instituições que se lhe destinam autojustificam-se por propósitos de complementaridade à família, reiterando a interdependência entre o doméstico e o público (…) voltado para o enquadramento social da criança‖.

Como vimos anteriormente, a existência de diferentes instituições (publicas, privadas e cooperativas) com diferentes formas de encararem a educação pré-escolar (como primeira etapa do ensino básico – nas instituições públicas ou como complemento solidário às famílias – nas instituições privadas), vem agudizar as diferenças já existentes e que se pretendem cada vez mais ténues.

No que concerne à avaliação institucional, as diferentes instituições são também avaliadas por diferentes organismos, recorrendo a diferentes referenciais e propósitos. Assim:

No setor público, os JI, integrados em agrupamentos de escolas, são avaliados juntamente com outros centros de formação de escolas e escolas não agrupadas, pela IGEC, que tutela não só a educação pré-escolar como todo o ensino não superior, a educação especial e extraescolar dos estabelecimentos de educação e ensino da rede pública.

O novo modelo da IGEC, já aqui apresentado e analisado no capítulo II, parece ter mais em conta a especificidade da educação pré-escolar uma vez que os domínios de avaliação no campo dos resultados incluem os resultados sociais, mais visíveis neste grau de ensino do que

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os resultados académicos. O modelo contempla ainda a educação pré-escolar nos seus domínios da prestação do serviço educativo e na liderança e gestão.

Uma vez que as inspeções da IGEC são efetuadas em períodos de tempo de quatro em quatro anos, as escolas podem e são ainda visitadas pelas respetivas DGestE (Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares) de forma mais sistemática.

Também a rede privada, cooperativa e solidária detentoras de licença para o ensino obrigatório são avaliadas pela IGEC, assim como as instituições de educação pré-escolar no âmbito do Programa de Expansão e Desenvolvimento da Educação pré-escolar, onde se propõe:

―Esta atividade tem como objetivos operacionais:

 Observar e acompanhar a ação educativa dos jardins de infância integrados nas instituições particulares

de solidariedade social;

 Analisar a organização e gestão do currículo e a avaliação das aprendizagens das crianças;

 Apreciar a articulação entre as atividades letivas e a componente de apoio à família;

 Apreciar participação dos pais e encarregados de educação no trabalho educativo desenvolvido com as

crianças e a comunicação entre o jardim de infância e as famílias;

 Contribuir para a melhoria dos processos e para a indução de boas práticas de gestão dos recursos‖. In

http://www.ige.min-edu.pt

Contudo, habitualmente, este organismo descentraliza essas funções nas DGEstE, que tem por missão:

―garantir a concretização regional das medidas de administração e o exercício das competências

periféricas relativas às atribuições do Ministério da Educação e Ciência (MEC), sem prejuízo das competências dos restantes serviços centrais, assegurando a orientação, a coordenação e o acompanhamento das escolas, promovendo o desenvolvimento da respetiva autonomia, cabendo- lhe ainda a articulação com as autarquias locais, organizações públicas e privadas nos domínios de intervenção no sistema educativo, visando o aprofundamento das interações locais e o apoio ao desenvolvimento das boas práticas na atuação dos agentes locais e regionais da educação, bem como assegurar o serviço jurídico-contencioso decorrente da prossecução da sua missão‖. http://www.dren.min-edu.pt.

Para tal a DGEstE assume as seguintes atribuições:

―a) Assegurar a execução das políticas educativas definidas no âmbito do sistema educativo de forma articulada pelas diversas circunscrições regionais;

b) Acompanhar, coordenar e apoiar a organização e funcionamento das escolas e a gestão dos respetivos recursos humanos e materiais, promovendo o desenvolvimento e consolidação da sua autonomia;

c) Prestar apoio e informação aos utentes do sistema educativo, em particular aos alunos e encarregados de educação, às entidades e agentes locais;

d) Participar no planeamento da rede escolar;

e) Assegurar a concretização da política nacional no domínio das instalações e equipamentos escolares;

f) Definir, gerir e acompanhar a requalificação, modernização e conservação da rede de escolas; g) Divulgar aos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas as orientações e a informação técnica dos serviços do MEC;

h) Recolher as informações necessárias à conceção e execução das políticas de educação e formação;

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i) Acompanhar os procedimentos e as atividades desenvolvidas no âmbito do sistema educativo respeitantes ao controlo da qualidade do ensino;

j) Cooperar com outros serviços, organismos e entidades, tendo em vista a realização de ações conjuntas em matéria de educação e formação profissional;

k) Prestar apoio técnico aos municípios nas intervenções que estes realizem no parque escolar; l) Promover, coordenar e acompanhar a prevenção e intervenção na área da segurança escolar e assegurar a atividade de vigilância no espaço escolar, garantindo a necessária articulação com o Programa Escola Segura, realizando a formação de pessoal docente e não docente na área da segurança escolar;

m) Assegurar o apoio jurídico e contencioso nas diversas circunscrições regionais, no âmbito das atribuições da DGEstE, em articulação com a Secretaria-Geral‖ http://www.dren.min-edu.pt.

Para além das visitas da DGEstE, as instituições de educação pré-escolar privadas, com prestação social de creche, quer pertençam ao Ministério da Segurança Social, à Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, à União das Misericórdias ou à União das Mutualidades Portuguesas, são também avaliadas de acordo com o Modelo de Avaliação da Qualidade das Respostas Sociais (MAQ) já analisado no capítulo II.

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Capítulo IV:

Metodologia

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1- Metodologia

O objetivo principal deste capítulo é apresentar a metodologia seguida para a concretização deste estudo e as principais razões para a sua escolha, as técnicas de recolha de dados que melhor o serviram, as técnicas de análise dos dados obtidos e, finalmente, as questões éticas tidas em consideração ao longo de todo o processo.

―Só há boa metodologia quando adaptada aos seus objetivos. O essencial é, pois, se pretendemos conferir credibilidade à avaliação, precisar ‗com o que é que se joga‘, tanto no que respeita às intenções que presidem à sua realização, como em relação ao uso que será feito socialmente dos seus resultados‖ (Hadji, 1993, p.51)