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Reflexão 2: Reflexão da Primeira semana – Fase de Observação

Parte II – Prática de Ensino Supervisionada em contexto de jardim de infância

Anexo 4 Reflexão 2: Reflexão da Primeira semana – Fase de Observação

Ao longo desta semana de observação, tivemos oportunidade de observar o dia-a-dia das crianças da Sala Lilás, com o intuito de posteriormente elaborarmos uma caracterização deste grupo de crianças. Esta caracterização será fulcral nos momentos de planificação das nossas propostas educativas, pelo facto de ser essencial o conhecimento dos vários aspetos relativos às crianças, nomeadamente gostos, interesses, motivações, dificuldades, comportamentos, reações a determinadas situações, entre outros. É de mencionar que em três dias, não iremos conhecer de forma plena estas crianças em todos os domínios do desenvolvimento e da aprendizagem, sendo importante termos mais uma semana destinada à fase de observação. De acordo com a Portugal (2000, p. 86)

O bem-estar e desenvolvimento dos mais pequenos requerem profissionais com conhecimento sobre o comportamento e desenvolvimento das crianças, capazes de compreender e reconhecer as suas diferentes necessidades e promover a exploração, respeitando a sua curiosidade natural.

Deste modo, é fundamental o conhecimento integral do grupo de crianças com o qual iremos trabalhar, tanto agora durante a prática pedagógica, como no futuro a nível profissional, sendo que um educador deve promover o desenvolvimento harmonioso da criança.

Durante este período de observação, tivemos em constante interação com as crianças, verificando assim que este grupo de crianças se encontra no período holofrásico.

Segundo Sim-Sim (1998, p.155),

(…) o chamado período holofrásico, uma só palavra encerra o conteúdo de toda uma frase e o significado a atribuir à produção da criança depende totalmente do contexto em que a palavra foi pronunciada. (…) A mesma palavra pode veicular informação diferente consoante o contexto em que ocorre, a acção que a acompanha e a entoação que a modela. Deste modo, podemos afirmar que no período holofrásico uma palavra isolada corresponde a uma frase, apresentando vários significados consoante o contexto em que foi dita pela criança.

É muito importante que as crianças tenham oportunidade de interagir com outras, construam relações de confiança com o educador, sendo que este deve ter atenção às necessidades das crianças não só físicas como também psicológicas. Para além disso, é importante mencionar que as crianças devem ter liberdade para explorarem o que as rodeia, de forma espontânea, utilizando todos os seus sentidos e que necessitam de um ambiente seguro, agradável e adequado ao seu desenvolvimento a nível global. Assim, na creche deve existir uma junção de educação e cuidados, com a finalidade de proporcionar às crianças experiências essenciais que promovam a sua aprendizagem e o seu desenvolvimento (Portugal, 2000, p. 89).

Deste modo,

(…) na creche há que pensar que o principal não são as actividades planeadas, ainda que muito adequadas, mas as rotinas diárias e os tempos de actividades livres. As actividades planificadas são apenas uma pequena parte daquilo que será a educação na creche. As

25 crianças muito pequenas não se desenvolvem bem em ambientes «escolarizados», onde realizam actividades em grupo dirigidas por um adulto, mas em contextos calorosos e atentos às suas necessidades individuais (Portugal, 2000, p. 88).

Ao longo deste período de observação, temos participado de forma ativa nos diversos momentos do dia-a-dia deste grupo de crianças, sendo um deles o momento de higiene. Apesar, de durante a Licenciatura em Educação Básica ter estado com crianças de dois e três anos, não tive oportunidade de participar no momento acima referido. Este ano foi-nos proporcionada essa experiência, o que para mim se traduziu numa aprendizagem relativamente à muda da fralda. Considero este momento não só uma mera ação, mas um momento de carinho, atenção e ternura, onde a criança e o educador estão ambos envolvidos. Magda Gerber (1979) citada por Portugal (2000, p. 92) refere que a muda de fraldas é “«tempo de qualidade em que se visa alguma coisa»”. Durante a muda de fraldas, estabelecem-se interações mais próximas entre o educador e a criança por ser um momento mais íntimo, diferentes das que acontecem em grupo. Durante a primeira semana no “Bambi – Creche e Jardim de Infância”, podemos observar momentos de brincadeira livre, que na minha opinião proporcionam às crianças situações de aprendizagem que apesar de não serem planificadas, podem ser muito significantes para elas. Ao longo destes momentos de brincadeira livre, tivemos oportunidade de presenciar situações em que as crianças tinham dificuldade em partilhar os brinquedos. Este é um aspeto importante a desenvolver com as crianças, no intuito delas começarem a partilhar com mais frequência os seus brinquedos e outras coisas.

No decorrer deste período, tivemos ainda oportunidade de observar a introdução de uma atividade que agora faz parte da rotina das crianças da Sala Lilás. A educadora cooperante trouxe uma caixa para a sala, que continha a fotografia de cada criança, e para lhes suscitar interesse, abanou a caixa de modo a produzir um som. Posteriormente deu oportunidade às crianças de repetirem esse gesto. À medida que cada criança produzia o som, a educadora dizia- lhe para passar a caixa à criança que estava imediatamente ao seu lado, no intuito de partilharem a caixa entre si. De seguida, a educadora colocou a fotografia de cada criança, de forma alinhada, na manta frente às crianças. Após a educadora contar, com a ajuda das crianças, as fotografias, perguntava quem era a criança da fotografia. Neste momento, as crianças tinham de observar a fotografia e verificar se eram elas, distinguindo-se “elas” dos “outros”. O objetivo desta atividade consistia na marcação das presenças pelas próprias crianças, que para isso tinham de colar a sua fotografia no quadro das presenças.

Entre um e dois anos, aproximadamente, a criança já reclama alguém ou algo como “seu” e identifica-se espontaneamente a si próprio num espelho ou fotografia (Figueiredo, 2008, p.3). Durante a marcação das presenças, algumas crianças tiveram mais facilidade em se reconhecer nas fotografias do que outras, no entanto todas se identificaram.

As crianças realizaram outra atividade alusiva ao outono, com a orientação da educadora. No início desta atividade, a educadora cantou uma canção nova sobre o outono, para introduzi-

26 lo como tema. Tendo em conta as reações das crianças, quando se canta uma canção, considero que este grupo de crianças gosta de canções bem como de as acompanhar com os gestos. A atividade consistia nas crianças colocarem aparas de lápis de cor, levadas anteriormente pela educadora, sobre a imagem da folha de uma árvore que continha cola.

Na minha opinião, foi uma semana bastante produtiva em que interagimos com as crianças, integrando-nos de forma mais ativa no dia-a-dia deste grupo.

Referências Bibliográficas

Figueiredo, M. A. (2008). "Colecção Mais" - n.º 13 - Projecto "Bola de Neve" Materiais

Pedagógicos. Ficheiro de Interesse na Creche 1-2 Anos. (2.ª ed.). Lisboa: Projecto "Bola de

Neve" de Manuel Alves Ribeiro Figueiredo.

Portugal, G. (2000). Educação de Bebés em Creche - Perpectivas de Formação Teóricas e

Práticas. In Revista GEDEI. (2000). Infância e Educação - Investigação e Práticas. (pp.85-

106) Porto: GEDEI e Porto Editora.

Sim-Sim, I. (1998). Desenvolvimento da Linguagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Bibliografia

Lima, R. (2011). Fonologia Infantil: Aquisição, Avaliação e Intervenção. Coimbra: Edições Almedina.

Vayer, P., & Matos, M. (1990). Diálogos com as Crianças na Creche e no Jardim de Infância. Brasil: Editora Manole LTDA.

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ANEXO 5 – Reflexão 6: Reflexão da terceira semana de intervenção – 4, 5